Sem Influência escrita por British


Capítulo 3
Capítulo 3 - Gota d’água


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tudo bem com vocês? Estavam ansioso para ler o capítulo? Confesso que quero muito receber o retorno de vocês sobre o que estão achando da história e o que esperam dela! Boa leitura! Nos vemos nos comentários!



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Sakura voltou para casa magoada com Sasuke. Quando abriu a porta de seu lar, os filhos correram em sua direção e a abraçaram.  Então, ela retribuiu o carinho, enquanto deixou algumas lágrimas escaparem, pois havia sentido muita falta de Indra e Ashura. Sasuke surgiu logo atrás e sorriu ao ver a esposa ali.

— Seja bem-vinda à sua casa, Sakura. – Disse o Uchiha, antes de se juntar aos herdeiros no abraço à mulher.

— Eu senti muita saudade. – Contou Sakura cobrindo os gêmeos de beijos.

— A gente também, mamãe. – Respondeu Indra.

— Sentimos sua falta, mãe. – Falou Ashura.

— Todos nós sentimos. Agora deixem a mamãe respirar, ela precisa guardar a mala, tomar um banho pra relaxar, não é mesmo querida? – Perguntou Sasuke.

— Sim, o pai de vocês tem razão. Vou me recompor e já desço para contar as novidades. – Disse Sakura, largando os filhos depois do longo abraço.

[...]

Enquanto tomava banho, Sakura pensava sobre a conversa que gostaria de ter com Sasuke. Não seria fácil, mas precisava dizer algumas coisas que estavam presas em sua garganta. No entanto, eles precisavam ter a conversa a sós, sem as crianças por perto. Se eles ouvissem o que tinha para dizer, certamente ficariam tristes e tudo o que a Haruno mais queria era poupar os gêmeos de qualquer tipo de dor.

Depois de se arrumar, Sakura desceu para se reencontrar com a família. Ela distribuiu os presentes que comprou para os filhos, disse que também tinha trazido algo para Sarada e Saori e que pretendia entregar em breve. Assim que os gêmeos receberam as lembrancinhas, rasgaram os pacotes e ficaram com os olhinhos brilhando ao verem que eram jogos de videogame.   Já para Sasuke, não havia nada e o Uchiha já imaginava o que isso significava.

— Crianças, vocês podem ir brincar no quarto? A mamãe precisa ter uma conversa importante com o pai de vocês. – Pediu Sakura e os gêmeos assentiram, antes de saírem correndo para aproveitar os brinquedos novos.

— Eles vão ficar o dia inteiro brincando. – Disse Sasuke após observar o comportamento dos filhos.

— Toda criança fica eufórica com brinquedo novo. Normal. – Comentou Sakura.

— Mas sabe o que não é normal? O jeito frio como você está me tratando. – Rebateu Sasuke.

— Estou magoada com você. Preparei algo incrível para nós e você sequer apareceu. Sinceramente, Sasuke, um relacionamento precisa de mais do que você vem me oferecendo. – Criticou Sakura.

— Eu entendo o que você sente e já pedi desculpas.

— Suas desculpas não estão valendo muito agora.

— O que quer que eu faça?

— Eu só queria que você estivesse presente pra mim quando preciso de você. É pedir muito?

— Eu sempre vou estar aqui presente pra você, mas pra isso você precisa estar em Konoha.

— Está aí o ponto. Nem sempre eu estarei em Konoha. Tenho negócios fora daqui, preciso viajar e, sinceramente, necessito de um companheiro que me dê apoio nesses momentos também. – Confessou Sakura.

— Acho que não sou quem você precisa, então.

— Foi nisso que eu fiquei pensando durante todo o caminho de volta.

— E aí?

— Eu vi que fui me anulando para ficar ao seu lado nessa vida comum em Konoha.

— E não foi bom?

— Foi muito bom por um tempo, agora não é mais. Eu preciso de outra coisa.

— Precisa do que?

— Preciso ser eu de novo. Alguém que é relevante para outras pessoas. E eu posso ser assim outra vez, mas dependo de uma rede de apoio. Para isso, preciso que você seja mais compreensivo, mais companheiro. Você pode ser assim pra mim? Pra que esse casamento ainda tenha salvação?

— Eu estou me esforçando, Sakura.

— Não vejo esforço vindo de sua parte. Só briga comigo, quando te mostro o quanto estou insatisfeita.

— Eu vou me esforçar mais, Sakura. Acredita em mim?

— Eu não sei se acredito mais, por isso, quero um tempo.

— O que? Quer se separar? – Questionou Sasuke, incrédulo com a atitude da esposa.

— Não quero me separar, mas quero pensar sobre essa relação. Para isso, preciso que você respeite o meu tempo. Pode ficar alguns dias dormindo no quarto de hóspedes? – Pediu Sakura.

— Pra que isso?

— Eu acho que é necessário algum distanciamento para pensar melhor. Se você não quer, eu posso dormir no quarto de hóspedes. É... Vamos fazer assim então nos próximos dias.

— Quantos dias?

— Não sei. O tempo que for necessário. Enquanto isso, você pode se esforçar para melhorar.

— Como?

— Você pode começar não implicando com as minhas viagens e não me acusando de ser uma mãe ausente. Já seria ótimo.

— Sakura, eu não fiz por mal.

— Eu sei.

— Então, por que está me castigando desse jeito?

— Porque eu quero salvar esse casamento e o único modo que vejo disso ainda dar certo é você prestando atenção nos seus erros comigo.

— Ok.

— Se as crianças perguntarem sobre a mudança de quarto, vamos fizer que eu preciso de mais espaço. Pode ser?

— Como você quiser, Sakura.

— Obrigada.

[...]

Nos dias seguintes, Sakura e Sasuke dividiam o mesmo teto, mas não existia mais a dinâmica de casal. Eles não tomavam café da manhã na mesma hora, não almoçavam juntos e sequer reuniam a família na hora do jantar. Na parte da manhã, Sakura dormia até mais tarde e Sasuke era o responsável por dar café aos gêmeos e levá-los até na escola. Já na hora do almoço, o Uchiha permanecia dando aulas na Universidade, enquanto Sakura ia buscar as crianças na escola e almoçar com elas. Na hora do jantar, Sasuke continuava trabalhando e Sakura jantava sozinha com os filhos. Antes da Haruno pedir o tempo na relação, Sasuke se esforçava para chegar a tempo do jantar para terem algum momento em família no dia, mas agora ele evitada para não constranger a esposa.

As crianças notaram as diferenças, mas não falaram nada. Como os pais ainda moravam na mesma casa, os gêmeos supuseram que eles estavam brigados. Aliás, algo que já vinha acontecendo há meses, mas agora não havia mais gritos. Sakura e Sasuke estavam em guerra fria. Cada um de lado medindo forças para ver quem cedia primeiro.

Sarada sabia da última discussão dos pais, então, quando foi visitar a mãe para buscar a sua lembrancinha e a de Saori, resolveu perguntar mais detalhes sobre o que estava acontecendo.

— Mãe, não tá tudo bem com você e o papai, né? Quer desabafar? – Questionou Sarada, preocupada.

— Seu pai tem errado comigo. Estou fazendo-o rever nosso casamento. Quero que ele se ajuste a minha vida. Para isso, ele precisa reconhecer o que tem feito de errado. Aí resolvi pedir o tempo. Com ele dormindo em outro quarto, quero que sinta a minha falta, que me peça perdão de verdade e mude.

— A senhora sempre diz que ele mudou muito depois do meu nascimento. O que mais ele pode fazer?

— Ele nunca se adaptou à minha vida, Sarada. Sasuke sempre me teve em suas mãos. Fui eu quem mudou para Konoha, que diminuiu atividades de trabalho para ficar com família. Me diga uma coisa que o Sasuke tenha aberto mão por minha causa?

— Tem razão. Para ele sempre foi mais cômodo. Mas eu pensava que você estava de acordo com a diminuição do ritmo de trabalho, que era algo que você queria também.

— Sarada, eu estava de acordo porque queria ficar com o Sasuke.

— Você não quer mais? – Perguntou Sarada e Sakura hesitou em responder.

— Eu ainda quero, mas não do jeito como é hoje. Entende?

— Acho que sim, mamãe. Mas posso ser sincera com a senhora?

— Claro, querida.

— Não sei se o papai é capaz de mudar mais. Ele é assim desde que eu me entendo por gente. É teimoso, é rigoroso com a família, é ríspido quando é desagradado. Eu sei que a senhora desafiou tudo isso e o fez ser mais gentil, mas, ainda assim, não acho que ele seria capaz de aderir ao seu mundo. Uma vez, logo quando a gente se conheceu, ele me disse que você não pertencia ao nosso mundo, à Konoha, mas eu disse a ele que quando você estava aqui o seu mundo virava o nosso também. Só que eu acho que ele interpreta dessa forma. Quando você está aqui, é a Sakura que ele quer. A Sakura de vida luxuosa em Nova York é esquisita pra ele, de um universo diferente, distante. A senhora se adaptou a vida dele porque sabia que essa era a única forma de dar certo.

— Você acha que eu devo fazer o que?

— Eu amo vocês dois. Tudo o que eu mais quero é que ambos sejam felizes. Então, faça o que o seu coração mandar. Eu e gêmeos vamos entender. – Disse Sarada e então ganhou um abraço de Sakura.

— Você é incrível, Sarada.

— A senhora já tomou uma decisão?

— Ainda não, mas, seja lá qual decisão eu for tomar, tenho certeza que contarei com o seu apoio e isso tranquiliza meu coração.

[...]

Sarada chega à sua casa, então dá de cara com Boruto, eles se beijam e então o rapaz fala que Saori está dormindo. Ela mostra ao marido os presentes que a mãe trouxe de Nova York e aí ele pergunta por que seu semblante é de preocupação.

— Meus pais estão se separando. – Admitiu Sarada.

— Como assim?

— Eles estão dormindo em quartos separados, Boruto. Ela disse que é só um tempo, mas eu vi nos olhos dela que ela sabe que não é só isso.

— Seu pai fez que besteira agora?

— Não é de agora. Faz meses. Ela ficou acumulando uma série de mágoas e agora parece que tudo vai explodir a qualquer momento.

— O que você disse a ela?

— Que ficarei ao lado dela e que desejo que os dois sejam felizes.

— Sarada, tomara que você esteja errada e que eles não se separem.

— Eu também adoraria estar errada, mas conheço a minha mãe. Se ela fez isso é porque já não aguenta mais. Meu pai sabe ser desagradável quando quer e eu acho que ele tem agido assim com a mamãe.

— Se eles se divorciarem, Sasuke terá problemas.

— Como assim?

— Sua mãe vai querer a guarda de Indra e Ashura. E conhecendo o padrinho, ele também vai querer.

— É só eles compartilharem a guarda.

— Dois adultos racionais fariam isso, mas dois adultos magoados um com o outro e que querem coisas diferentes podem ser complicados.

— Você acha que eles não seriam capazes de fazer um acordo pelo bem dos meus irmãos?

— A Sakura faria um acordo, mas o Sasuke não. E aí, querida, a briga vai ser feia. – Avisou Boruto.

[...]

Após um dia exaustivo de aulas, Sasuke chegou em casa e flagrou Sakura assistindo à uma série na TV da sala. Ele deu boa noite, ela pausou a série e retribuiu o boa noite.  O Uchiha decidiu não falar mais nada e subir para tomar um banho. Já a Haruno ficou incomodada com a atitude do marido e subiu em seguida quando ele estava trancado no banheiro do quarto.

Sakura esperou Sasuke sair do banheiro. Enquanto ela estava sentada na cama do casal, ele saía trajando só uma toalha na cintura e secando o cabelo com outra. Ele ficou surpreso pela esposa estar ali, mas não demonstrou isso. A guerra fria continuava. Sem trégua.

— Recebi um bilhete da escola das crianças e a diretora está nos chamando para uma reunião. Indra bateu num coleguinha. – Relatou Sakura.

— De novo? – Perguntou Sasuke preocupado.

— É. Parece que ele não quis emprestar um livro pro colega e deu nisso. Já conversei ele e o coloquei de castigo. Você vai à reunião comigo?

— Você querendo a minha companhia para alguma coisa... Que milagre! – ironizou Sasuke.

— A gente tá dando um tempo, mas ainda somos casados e pais do Indra e do Ashura. Portanto, qualquer coisa relacionada a eles, eu vou falar com você. – Explicou Sakura.

— Ok. Eu vou à reunião com você. Mais alguma coisa?

— Sim, você tem pensado em nós?

— Em que sentido, Sakura?

— Em todos, oras! – Bufou Sakura e Sasuke sorriu.

— Tá sentindo minha falta na cama, não é? – Perguntou o Uchiha, enquanto se aproximava da esposa e deitava sobre ela na cama.

— Eu sinto. – Admitiu Sakura, então Sasuke aproximou seu rosto pronto para beijá-la, mas ela o empurrou para o lado. - Mas não vim aqui com esse propósito.

— Veio pra que então? – Retrucou Sasuke frustrado.

— Você quer que esse casamento sobreviva tanto quanto eu, certo?

— Certo.

— Pode fazer algo por mim?

— O que você quer, Sakura?

— Me convidaram para ser capa da Eighteen e eles querem que o editorial seja com fotos minhas com meu marido. Você topa?

— De jeito nenhum!

— Sasuke!!!

— Eu não vou posar de marido do ano com você nessa revista por três motivos. 1 – Não quero. 2 – Isso não é prova de amor. 3 – Estaríamos mentindo para os seus fãs dizendo que está tudo bem quando claramente não está.

— Se você posar para a revista comigo, eu te dou mais uma chance. – Propôs Sakura.

— Jogo baixo, Sakura...

— Estou usando as armas que eu tenho.

— Você quer me forçar a fazer algo que eu não quero.

— Tudo bem. Retiro o convite.

— Mas eu ainda quero a chance. Ela pode vir sem um sacrifício desses?

— Aí que tá a chave do nosso problema... Eu quero inserir você na minha outra vida, quero que entenda melhor a minha fama e esse editorial seria a nossa chance perfeita. Mas você tem os seus pudores e não quer abrir mão disso sequer uma vez pra me fazer feliz. Tudo é sempre sobre você. Só você importa. Só seus sentimentos são importantes. E eu? – Queixou-se Sakura.

— Você é tudo pra mim, Sakura.

— Não parece.

— Eu pedi pra me casar com você num programa de TV, ignorando tudo o que sou. Você se lembra disso?

 - Lembro. Acho que foi a única vez na sua vida que engoliu o seu orgulho por algo.

— Eu faço o editorial com você. – Concordou Sasuke.

— Jura? – Perguntou Sakura eufórica, se jogando nos braços do marido.

— Aham. Juro. Mas só faço porque você é mais importante pra mim do que meu orgulho. Terei a minha chance? – Perguntou Sasuke.

— Sim, você tem mais uma chance. A última! – Anunciou Sakura antes de beijar o marido de forma apaixonada.

— Não me deixa mais sozinho nessa cama? – Pediu Sasuke entre um beijo e outro.

— Nunca mais. – Prometeu Sakura, completamente rendida ao amor do marido.

[...]

Aparentemente as coisas tinham voltado ao normal na casa de Sasuke e Sakura. O casal havia combinado que tentariam viver em harmonia, voltaram a dormir no mesmo quarto, e tudo começaria com um editorial de fotos mais entrevista para a Eighteen. Sasuke odiava ser o centro das atenções, mas Sakura lhe disse que precisava dele, então o Uchiha fez esse esforço para agradar a amada. Não queria perdê-la.

— Quando será esse editorial, Sakura?

— Na próxima semana, no sábado. Já que você não dá aula, achei que seria melhor.

— E eles vêm até aqui para tirarem essas fotos?

— Sim, combinei de tirarmos no jardim botânico da cidade. É um ensaio primaveril.

— E a entrevista será aqui em casa?

— Sim.

— Você vai falar sobre a nossa crise pra eles?

— Eu pensei bem a respeito e acho melhor falarmos. Não quero mentir pra ninguém. Quero que nós dois sejamos honestos nessa entrevista.

— Ok. Eu também não quero mentir.

[...]

Karine estava devorando o diário de Karin o mais rápido que podia. A ruiva gostaria de entender a sua irmã, como eram seus sentimentos em vida e até o presente momento tinha entendi cinco coisas sobre a gêmea. 1 – Karin amava Sasuke. 2 – Havia sido traída e magoada constantemente por seu marido. 3 – Ela havia perdoado o Uchiha por seus erros. 4 – Tentava ser a melhor mãe que podia para Sarada. 5 – As últimas páginas do diário tinham sido rasgadas por algum motivo oculto.

— O que essas páginas revelariam sobre Karin? – Perguntou Karine a si mesma, mas a única pessoa que poderia ter essa resposta era Sasuke e, certamente, ele não lhe diria nada agora. Afinal, ela sentia que o Uchiha não confiava nela.

Aturdida com seus próprios pensamentos, Karine resolveu reler as páginas anteriores as que tinham sido rasgadas.

Diário,

Não sou uma boa mãe para Sarada. Tenho consciência disso, mas me esforço para que ela se sinta amparada nesse mundo. Sinto que Mikoto está sempre de olho nas minhas ações assim como Sasuke. Superei meu ódio pela menina. Sarada é a cara de Sasuke, então sentir carinho por ela tem sido mais fácil, pois vejo em seu rosto os traços de meu amado. Ela tem tudo para ser uma menina inteligente e amável.

Sarada me chama de mãe e confesso que fiquei emocionada quando a ouvi dizer isso pela primeira vez. Também acompanhei seus primeiros passos. Vê-la crescer me dá animo para levar esse casamento à frente. Sinceramente, ser esposa de Sasuke é bem diferente do que tinha imaginado.

No entanto, não tenho do que reclamar. Tenho um marido apaixonado, dinheiro suficiente para viver uma vida confortável. Não temos luxos, mas vivemos com o suficiente. De certa forma, é menos do que imaginei para mim, mas ainda assim é uma boa vida. Apostei todas minhas fichas nesse casamento e ele não pode dar errado.

 Karine então passou de página e reparou que o intervalo de tempo que Karin escrevia era bastante irregular. Depois do último relato, ela só havia escrito seis meses depois, o que deixava uma lacuna entre seus sentimentos e pensamentos.

Diário,

Nunca senti tanto medo quanto hoje. Sakura apareceu em nossas vidas novamente. Segundo meu sogro, ela queria Sarada de volta, mas acabou concordando que a garota ficaria melhor sendo criada pela família Uchiha. Fugaku também nos disse que Sakura ficou sabendo que a filha me chama de mãe.  Isso me fez sentir vingada, mas ainda é pouco perto de tudo o que essa perdedora me fez passar.

O que me deixou realmente com medo foi notar que Sasuke ficou interessado em saber como Sakura estava. Ele queria saber se ela realmente estava arrependida de ter abandonado a própria filha. Será que ele ainda sente algo por ela? Depois disso, eu o coloquei contra a parede e tivemos uma briga feia. Então, ele me disse que, se eu estivesse insatisfeita, deveria arrumar minhas malas e ir embora da casa dos pais dele.

Ele nunca se abre comigo sobre o que sentia pela Sakura. A única vez que conversamos sobre a traição, ele me disse que era um erro e pediu perdão. Acho que se desculpar pelas bobagens que faz é algo que Sasuke faz com frequência. Sei que hoje ele é fiel, mas nem sempre ele foi assim.

Se Ino não tivesse se casado com Sai e engravidado de Inojin, não sei se acreditaria em suas juras de amor. Sasuke era muito mulherengo, mas confesso que Sarada foi como um freio nesse tipo de comportamento que ele tinha. Mas acho que não devo temer mais a presença de Sakura. Ela foi embora da mesma maneira que chegou a nossas vidas, num piscar de olhos.

Agora, eu devo cuidar de Sasuke e Sarada. Eles são a minha família e eu os amo. Sei que não tenho tanta paciência com a menina como deveria, mas estou me empenhando para ser o modelo de mãe que Sasuke espera que eu seja para sua filha.

   [...]

No dia do editorial para a revista Eighteen, Sakura e Sasuke estavam radiantes. As conversas anteriores sobre o casamento tinham tido algum efeito e o Uchiha permanecia se esforçando para agradar e até surpreender Sakura com suas atitudes. Por isso, ele foi o mais gentil dos cavalheiros com a equipe da publicação de moda. A Haruno ficou completamente encantada.

Enquanto eles posavam no meio das flores no jardim botânico de Konoha, a equipe da revista colocou a música “Always” da banda Blink-182 de fundo para que o casal se soltasse mais entre um clique e outro. Sakura trajava um vestido floral em tons de azul de tecido leve e fluido, enquanto Sasuke vestia um terno azul bebê de tecido nobre que combinava com a roupa de sua esposa.

O casal começou tirando fotos de mãos dadas, caminhando pelo meio das flores. Depois, a equipe pediu para Sasuke segurar Sakura em seu colo enquanto ela fazia cara de apaixonada. E, é claro, não podia faltar uma série de fotos de beijos e abraços. Apesar de ser muito reservado, Sasuke fez tudo o que foi pedido sem retrucar. Ele queria muito que Sakura ficasse impressionada com o seu comportamento.

Na hora da entrevista na casa deles, já vestidos com roupas casuais, o casal não fugiu de nenhuma pergunta. Como Sakura havia instruído Sasuke, os dois tinham que responder de forma sincera à repórter.

— Qual é o segredo do casamento de vocês? – Perguntou a repórter ao casal.

— Não existe fórmula. Se houvesse, eu já teria vendido e ganhado muito dinheiro com isso. No entanto, posso lhe dizer que todo casamento precisa de diálogo. Eu e Sasuke tentamos de toda forma estabelecer uma comunicação clara em nossa casa sobre o que gostamos ou não. Assim, podemos nos ajustar dentro desse relacionamento. Não é fácil. Nem todos os dias conseguimos dialogar, mas confesso que todo esforço é sempre válido. – Disse Sakura.

— Eu concordo com Sakura. Comunicação é importante dentro de qualquer relação, principalmente num casamento. – Acrescentou Sasuke.

— Vocês tiveram um começo de relacionamento complicado. Por que demoraram tanto tempo para ficarem juntos? A filha de vocês já tinha doze anos quando vocês se casaram... – Continuou a jornalista

— Éramos muito jovens quando nos relacionamos pela primeira vez. O tempo nos deu sabedoria para lidar com nossas diferenças e encontramos uma vida comum juntos. – Falou Sakura.

— Demoramos a ficar juntos porque eu era imaturo e fugi de minhas responsabilidades, magoando Sakura. Eu sinto muito pelo o que fiz. Ela sabe o quanto me arrependo.

— O que vocês fariam diferente?

— Tudo poderia ter sido diferente, menos doloroso, mas acho que trilhamos o caminho que deveríamos para ficar juntos. Então, não mudaria nada. – Confessou Sakura.

— Se eu tivesse optado por ficar com a Sakura no passado, acho que teria estragado tudo como fiz com minha falecida esposa, Karin. Então, também não faria nada diferente. Acho que todas as dores pelas quais passei e todas as perdas que sofri me fizeram um homem mais preparado para ser a pessoas que sou hoje. – Contou Sasuke.

— Vocês enfrentaram alguma crise no casamento nos últimos anos? – Perguntou a repórter.

— Nos últimos meses para ser mais sincera, mas atravessamos essa fase com sabedoria. Estamos bem agora. Tivemos ruídos em nossa comunicação, porém resolvemos.  – Resumiu Sakura.

— Como já falamos, nenhum casamento é fácil. É natural que tenhamos algumas crises, mas nada que o amor não supere. – Completou Sasuke.

— Vocês têm uma filha adulta e dois pré-adolescentes. Como foi educá-los?

— Acho que é tarefa que mais me orgulho de ter feito. Participei pouco da infância de Sarada, mas, desde que ela começou a fazer parte da minha vida, eu a observei evoluindo e sinto muito orgulho de quem ela se tornou. Já Indra e Ashura são os dois presentes mais lindos que recebi na vida. Educá-los é difícil, mas ao mesmo tempo prazeroso. – Revelou Sakura.

— Educar Sarada sozinho não foi fácil, mas tive ajuda de meus pais e sou muito grato por toda sabedoria que eles me emprestaram para dar uma boa educação pra minha filha. Quando os gêmeos nasceram, eu também não sabia como agir direito, mesmo tendo experiência na tarefa, não tem sido nada fácil, pois eles são completamente diferentes de Sarada. Por sorte, tenho Sakura ao meu lado, além disso, meus pais são muito presentes e nos ajudam sempre. – Acrescentou Sasuke.

— Falando de moda, a marca La Haruno é muito querida entre o público jovem. No entanto, recentemente, a popularidade caiu e você se voltou a novas estratégias para reerguer a marca. Tem surtido efeito, certo?

— Sim, modifiquei algumas estratégias para fazer a La Haruno ainda mais forte do que era.

— O que a sua marca significa para você, Sakura?

— A La Haruno é parte de quem eu sou. Eu dou o meu melhor para que ela siga sendo relevante para todos que um dia depositaram sua confiança em mim e em minha equipe, que se sentiram bonitos e confiantes usando nossas roupas ou qualquer outro produto que leve a minha assinatura.

— Sakura, nós ficamos sabendo que você firmou parceria com uma importante marca de cosméticos internacional. O que podemos esperar?

— Bem, tenho trabalhado duro para desenvolver uma coleção de bases. Algo que faça bem a pele ao mesmo tempo em que embeleze. Estamos em fase inicial, mas espero que seja um produto eficiente e que cative o público que almejamos. – Adiantou Sakura.

— Obrigada Sakura e Sasuke pela entrevista. A matéria de capa ficará esplendida. – Agradeceu a repórter.

— Sairá no próximo mês, certo? – Quis saber Sakura.

— Sim, eu mando um exemplo para vocês assim que ficar pronto. – Confirmou a repórter. 

[...]

Um mês depois, o resultado do editorial de moda para a Eighteen estava nas mãos de Sakura e ela estava muito contente com o resultado, tanto que publicou a foto da capa em suas redes sociais e compartilhou o link para os seus seguidores lerem a matéria. Além disso, a revista soltou um vídeo com os bastidores do ensaio fotográfico, que deixou os internautas shippando loucamente o casal. Sakura mostrou tudo para Sasuke, mas ele não ficou tão empolgado quanto à esposa.

— Você não gostou do resultado das fotos? – Perguntou Sakura ao marido por vê-lo torcendo o nariz para a capa da revista.

— Eu fiz isso por você. Não me importo com essa bobagem de fotos. – Respondeu Sasuke, tentando se concentrar nos trabalhos de seus alunos que estava corrigindo.

— Bobagem?

— Ah, Sakura...

— Sasuke, a matéria de capa da Eighteen é algo muito importante. Eles deram muito espaço para nós, fala da minha marca, além de que todas as roupas usadas no editorial foram da La Haruno e nesse exato momento já estão esgotadas!

— Ok. É importante pra você e eu fiz essas fotos por isso, mas, sinceramente, eu não tenho nada a ver com isso.

— Eu não sei como ainda perco meu tempo tentando te fazer perceber o quanto meu trabalho é importante.

— Sakura, eu sei que você é incrível. Não preciso de uma revista pra me comprovar isso. Eu não faço o ranking do qual você está tentando voltar ao topo. Então, me deixe ficar concentrado no meu trabalho ok? – Sasuke não percebeu, mas seu comentário incomodou a esposa.

— É isso o que você pensa de mim?

— Eu penso que você é incrível.

— Não é isso. Você pensa que eu só fiz esse editorial para me provar para alguém.

— E não foi?

— Você é muito burro! Eu fiz esse editorial porque queria que você entendesse o meu mundo, esse universo da moda com o qual você tanto se incomoda e despreza. Queria que você visse nesse mundo a mesma beleza e relevância que eu vejo, mas você não consegue, Sasuke. Você é cego!

— Eu pensei que fazendo esse editorial ficaria tudo bem entre nós, mas estou vendo que foi tempo perdido.

— Foi mesmo! Você perdeu meu tempo e o seu!

— Se você quer tanto um marido que goste de moda, por que não casou com o Kakashi Hatake?

— Eu não casei com ele, porque me apaixonei por você. Mas, sinceramente, talvez esse tenha sido o maior erro da minha vida. – Desabafou Sakura.

— Tá arrependida?

— Sinceramente, eu nem sei mais.

— Sakura, vamos brigar outro dia? Eu preciso realmente terminar de corrigir os trabalhos dos meus alunos.

— Sabe por que você me trata assim? Você acha que tá garantido! Você acha que eu não tenho coragem de te largar porque eu te amo! Aí você me faz muita raiva, depois faz um agrado e fica nessa movimentação de morde e assopra, mas eu não vou cair mais.

— Como assim, Sakura?

— Eu quero o divórcio, Sasuke. Fim da linha pra gente. – Anunciou Sakura determinada.

— Você vai se separar de mim por que eu não quero dar atenção pra capa de uma revista, Sakura?

— Essa só foi a gota d’água que fez o nosso copo transbordar. Não estávamos bem antes, não estamos agora e nem ficaremos depois. Continuar nesse casamento é nos fadar a infelicidade eterna, Sasuke. E eu, querido, mereço mais. Eu posso ter mais.

— Vai correr pros braços do Kakashi agora?

— Se ele estivesse solteiro, eu bem que corria mesmo. Mas ele é um homem casado e apaixonado pela esposa atualmente. Diferente de você, ele sabe valorizar a mulher que tem ao lado. Mas não se preocupe Sasuke porque existem homens tão fascinantes como ele por aí pelo mundo e eu não vou hesitar em viver outra história de amor depois que a nossa acabar oficialmente. - Sakura jogou na cara de Sasuke e ele ficou nervoso.

— Você não pensa nos seus filhos?

— Não ouse em usá-los contra mim para me prender nesse casamento falido!

— Eu não vou usar ninguém, só estou te lembrando que se você sair dessa casa será configurado abandono de lar.

— Sasuke, quem vai sair dessa casa é você. Ou já esqueceu que a dona dessa propriedade sou eu? Aliás, eu ganho muito mais que você e sua família pode ser muito influente por aqui, mas eu também sou cachorro grande nessa briga e não vou perder.

 - Eu pensei que você me amasse, Sakura. Acreditei que um diálogo sincero resolvesse nossos problemas.

— Eu amo você. Eu também pensei que diálogo resolvesse, mas eu tento e sempre fracasso. Eu to cansada.

— Não vou te dar o divórcio.

— Então, nós vamos partir para o litígio. Agora, saia da minha casa.

— Agora?

— Vá para a casa dos seus pais por hoje. Amanhã eu mando as suas coisas pra lá.

— O que vai dizer pras crianças?

— Vou dizer a verdade, que o pai deles não vai morar mais com a gente porque estamos nos separando.


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