1000 anos atrás

Ninguém saberia como explicar como tudo exatamente começou. Talvez tivesse começado quando a garota chegou na casa dos Malfoy? Quando se tornou a ama de Edmund, o pequeno herdeiro? Ou começara antes?

Podemos dizer com certeza que Eillen nunca poderia dar essas respostas de forma certeira, afinal, a pobre órfã só se lembra dos maus tratos que tivera antes de ser salva por Sir Edgar. A garota que mal se lembra da infância, mas tem certeza absoluta de como é sentir fome e receber o ódio. É claro que após se tornar a ama de Edmund seu mundo mudou. Entendera o que é o amor e quem sabe, descobriu o que é ter uma família.

Sir Edgar e Lady Kathryn eram o que Eillen poderia chamar de santos, seres que não poderiam ser explicados, o amor e cuidado que tinham com o próximo era uma ponta de luz em um mundo tão sombrio, durante a primeira cruzada, guerra entre cristãos e mulçumanos. Era perceptível que os cidadãos comuns não os compreendiam, aos olhos de Eillen, eram pessoas que mereciam a mais pura devoção.

Eles deram emprego, segurança e acima de tudo um lar. A garota, tomou o pequeno Edmund como o ser que devesse a todo custo ser protegido, até porquê até mesmo os pequenos animais o maltratavam.

Certa noite, Edmund estava muito febril e balbuciava palavras indecifráveis, como era de costume, a jovem ficou com ele a madrugada toda. Foi acordada com som de galopes de cavalos, gritos, o verdadeiro inferno na terra. O vilarejo de Gaunt, onde viviam, fora atacado por saqueadores, desertores de guerra. Pela janela era possível ver dezenas de homens em seus cavalos, matando, saqueando e pegando mulheres e crianças.

Instintivamente pegou Edmund nos braços e o amarrou com um lençol em seu corpo, a criança pequena pouco pesava, Eillen correu até o andar debaixo e pode ouvir a porta sendo arrombada, de repente pode ver fogo, muito fogo na parte leste da casa, correu ao sul com ele. Pode ouvir o grito de sua senhora, antes de sair de lá. Um grito estridente, que nunca mais poderá sair de sua cabeça.

Mais uma vez Eillen pensou, aquela família era ligada com os anjos, poucos dias antes, ela fora treinada para saber o que fazer caso isso acontecesse. Agora, mesmo contra a própria vontade repetia passo a passo do que lhe fora comandado dias atrás.

“Deveria sair da casa com Edmund antes de ser vista, para que pudesse salvá-lo. Ir até o galpão, pegar uma bolsa pequena, com moedas estranhas. Pegar o cavalo e trotar com o máximo de velocidade que eu pudesse”.

Sir Edgar a deixou como guardiã de seu filho, disse que só dependia dela para que Edmund sobrevivesse.

No lombo do cavalo e com Edmund bem preso em seu corpo, o choro veio silenciosamente. Não era só o pequeno que perdia a família, ela também a perdia. A única família conhecida, a única família que a aceitou, sem julgá-la pelas coisas estranhas que sempre a rondavam. Permitiu-se amaldiçoar àquela maldita guerra, arrependendo-se em seguida. A guerra, diziam os padres, homens santos, era para trazer a luz divina aos olhos daqueles hereges mulçumanos.

Voltando seus olhos para estrada pode notar que o cavalo já devia conhecer o caminho, foram dois dias e meio de cavalgadas, sem parada, sem água, sem comida. Ambos pareciam a ponto de não aguentar mais. O cavalo, ao contrário, parecia extremamente vigoroso ainda. E quando estavam em um caminho ladeado por grandes árvores florestais, um grande portão de aço crescia à medida que se aproximava poderia ser visto se a pobre garota, há muito não tivesse desmaiado.

Tempo atual

Silêncio, sangue e caos. Era isso que cercava Hermione naquele instante. O silêncio não reinava naquele lugar, muito pelo contrário, havia muito barulho, demais até para um simples ser humano suportar. Contudo, de alguma forma, seu cérebro soube bloquear todo e qualquer som.

Hermione viu vários amigos morrerem, viu Harry ser pego por Voldemort, Ronny morrendo bem na sua frente. E antes que pudesse ser atingida por uma luz verde, Hermione viu. Os olhos vermelhos e assustadores do Lorde a olhavam, mais profundamente, buscavam sua mente, foi nesse exato segundo que Hermione usou um feitiço atordoante, correu até um corredor, entrou em uma porta desconhecida e puxou a capa da invisibilidade da bolsinha de contas.

Sabia que só tinha uma chance. Só uma única chance. Precisava chegar na sala da diretoria, Snape e Dumbledore haviam a mandado para lá, se acontecesse… Só havia uma chance e não seria naquele presente, era isso ou o fim do mundo bruxo.

Havia um caminho “extra” que levava a sala do diretor, é claro que Hogwarts sempre ajudaria. Aquele caminho estava vazio. Escadas, uma única porta, um cubículo e a penseira.

Lembrou-se do que Snape disse. “Dumbledore ainda tem uma carta na manga. Há um fundo falso na penseira dele, pegue a carta, fuja. Se esconda na sala precisa e use. Essa será nossa última alternativa. ” Tateou todo pedestal da penseira, sentindo um pequeno espaço e abrindo a portinhola. Achou a carta e sentiu uma caixinha também. Ouviu passos e vozes. Voltou-se para a porta, desceu as escadas, encontrou uma outra porta, pelas suas contas, deveria subir mais dois andares.

Da forma mais silenciosa que pôde e mais rápida, andou até a sala precisa. Não havia ninguém ali, naquele momento, mas a porta estava aberta, a fechou rapidamente. Deu três voltas, desejando um lugar seguro.

Assim que uma nova porta, mais simples que a anterior apareceu, entrou fechando-a a suas costas. Abriu a carta.

“Hermione, sei que tudo deu errado, se não, você não leria esta carta. Dentro desta caixa há um vira-tempo, muito mais poderoso e mais perigoso que os outros, ele lhe levara a muitos anos antes. Gire 5 vezes. Não tema, estarei com você. Encontre-me, mostre seus pensamentos, confie em mim. Estará em segurança, assim como o mundo bruxo ainda estará em paz.

Me perdoe por despejar tudo em suas costas, mas você é a mais adequada para isso. Seu instinto de sobrevivência é assustador! Cuide-se e seja rápida. ”

Confiando em Dumbledore Hermione girou 5 vezes o pequeno vira tempo, viu que a sala pouco mudou ao seu redor. Entretanto para sua grande surpresa o objeto que estava em suas mãos desapareceu. Não importava a época que Hermione estivesse. Uma coisa ela sabia agora.

Nunca mais poderia voltar para o futuro.