Kalel - Dança de Sangue escrita por Natan Pastore


Capítulo 12
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Notas iniciais do capítulo

Oi galera, tudo bem?
Agora que a história está numa parte mais lenta, aproveitei para expandir um pouquinho o universo e plantar sementes para o futuro.
Espero que gostem!



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Lilithar, o Templo Profano.

Dias haviam se passado e os Vastag continuavam no Lilithar. 

Lentamente, Ikram recuperava-se do ferimento no abdômen, processo este que parecia ocorrer mais rápido na atmosfera agradável do vale de Saylem. Mesmo assim, ainda seriam muitos dias de descanso até que estivesse completamente curado. Esse tempo, então, serviu para que Ikram se ocupasse estudando os escritos armazenados na biblioteca do Templo, aprendendo sobre as mais diversas ciências que desconhecia. 

O que mais lhe surpreendera era a precisão dos mapas que tinha encontrado, detalhando ambos Nakur e Maerys perfeitamente. Estranhava-lhe, por outro lado, a presença de um outro continente muito maior que os outros dois ao sul. Não tinha visto menção alguma àquele grande pedaço de terra em qualquer outra mapa que já tivesse visualizado.

Já Melyria devotava seus dias a aprendizagem dos costumes e práticas das Filhas de Lilith, treinando com Antilaj e outras bruxas durante todas as manhãs, tardes e noites. Conheceu boa parte do Templo e demais estruturas que ficavam no vale: os jardins de ervas curativas e venenos, o altar de Lilith no topo de uma colina escondida entre duas montanhas, o mirante no extremo sul, os salões das artes, a câmara das conjurações, o lago dos pesares… Haviam tantas edificações no lugar que faziam o Templo parecer infinito. 

As memórias coletivas, como as Lilithares denominavam seu conhecimento mútuo transmitido mentalmente, já estavam praticamente assentadas no cérebro dela. A cada hora que se passava, tinha aprendido mais sobre o mundo do que teria aprendido em toda a sua vida. 

Entretanto, esse aprendizado acelerado teve suas consequências e, assim, Melyria sentia fortes dores de cabeça que acabavam impossibilitando-a de prosseguir seu treinamento e levando-a diretamente a seus aposentos para que repousasse. 

“A dor é, infelizmente, parte do processo”, dizia Antilaj, na tentativa de confortar sua aprendiz. “É um preço pequeno a se pagar pelo poder que você irá adquirir.”

Foi um destes momentos em que Melyria retirava-se para seu descanso que Kalel aproveitou para conversar com Antilaj. 

Estavam os dois num campo florido que ficava próximo ao rio. As montanhas se erguiam após a floresta na outra margem do curso d’água. Rosas e tulipas disputavam espaço entre margaridas e dentes-de-leão. Haviam madressilvas também, e o cheiro delas impregnava o olfato de Kalel com a saudade da Mansão na Floresta, o Antro das Adagas. Nesta época do ano, as madressilvas deveriam estar espalhadas por todas as partes em Hadbron.

O sol da tarde brilhava forte no topo do céu. Antilaj usava um vestido dourado e Kalel uma túnica carmesim sem mangas que deixava os braços expostos. 

“Há algo que você quer saber”, observou Antilaj. 

“O que a leva a supor isso?”, respondeu Kalel. 

“Seu olhar lhe entrega. Além disso, há dias que você me observa treinar Melyria.”

“Eu poderia simplesmente estar preocupado com ela.”

“Se você fosse Ikram, acreditaria nisso. Mas o Dançarino não é conhecido por se importar dessa maneira com quem ele salva após ter recebido seu pagamento.”

Kalel franziu o cenho, rugas de incerteza formaram-se em sua testa.

“Você já ouviu falar sobre mim”, deduziu. 

Antilaj sorriu:

“Seu nome é mais famoso do que você provavelmente gostaria que fosse, Kalel. Escutei histórias sobre seus feitos em vários lugares do mundo, há mais pessoas lhe observando do que você possa imaginar. Além disso, há algo especial em você, mas não sabemos exatamente o que é.”

Meus feitos, pensou Kalel. Ela fala como se eu fosse algum tipo de herói… Ledo engano.

“Quem me observa?”

“Nomes são dispensáveis… Mas são vários os que achariam interessante monitorar os passos de um assassino nato… Especialmente um que é protegido por outros dois predadores natos.”

Kalel não respondeu e desviou seu olhar para o chão, fitando os espinhos de uma rosa que crescia perto dele. Essas flores sempre lhe despertavam a atenção… Belas, mas perigosas.

“Então, conte-me… O que você quer saber?”, Antilaj perguntou, retomando o assunto inicial da conversa.

Kalel suspirou e jogou as tranças para o lado. 

“Não há muitas pessoas com o nosso tom de pele neste lado do mundo”, indagou ele. “Você não é daqui.” 

“Era isso que o incomodava?”, questionou ela. Kalel fez que sim com a cabeça. “Fiquei surpresa ao perceber que você não reparou em meu sotaque, Kalel de Nakur.”

Ao falar Nakur, Antilaj intencionalmente entregou um forte sotaque nakuriano. Os originários do continente do oeste falavam este nome dando ênfase a última sílaba, enquanto os originários de Maerys têm a primeira sílaba como forte. 

Agora, Kalel podia identificar resquícios muito sutis do sotaque nakuriano em palavras que Antilaj tinha dito anteriormente. 

Ela imita o sotaque dos maeryanos tão bem, pensou. Tamanho disfarce deve ser fruto de muita prática. A quantidade de técnicas que as Lilithares dominam parece não ter fim… E isto vindo de um Vastag, cujas maestrias não são nada escassas.

“De onde você veio, Antilaj?”, ele questionou.

“Saranje, Kalel… Das Estepes do Sol.”

O reino cercado pelas montanhas, lembrou Kalel. Saranje era uma terra árida de solo alaranjado protegida por montanhas intransponíveis no extremo sudoeste de Nakur. Um dos poucos lugares que Kalel nunca tinha conhecido, onde todas as pessoas eram como ele… Possuíam a pele escura que parecia brilhar na luz, chamavam-na pele reluzente. 

Informações surgiram em sua mente. 

“As crenças do povo do sol são fortemente relacionadas à feitiçaria”, falou. “Por que você trocou seu Sol pela Lua?”

“Houveram… Conflitos internos em Saranje”, respondeu ela. “Tive que me exilar neste lado do mundo e encontrei conforto no manto estrelado de Lilith.”

E trocou um vale por outro

“Ouvi várias histórias sobre as terras alaranjadas, mas nunca as conheci”, comentou.

Antilaj encarou-o:

“Sua ordem não é vista com bons olhos lá”, respondeu. “O povo do sol tem um histórico ruim com mercenários… E eles não perdoam facilmente. Muitos tentariam matá-lo simplesmente por pisar lá… E por suas tranças.”

Kalel arqueou as sobrancelhas.

“Qual é o problema com elas?”

“A vida em Saranje é severa, o que resultou numa sociedade bastante pré-definida em suas funções”, Antilaj explicou. “Chamamos essa divisão de castas, e cada cor de lã nos cabelos trançados representa uma.” 

“E qual casta a cor branca representa?”

“A cor branca é apenas utilizada pelo Consorte Real. A Filha do Sol lhe mataria por usar uma cor que não lhe pertence.” 

“Filha do Sol?”

“É a soberana das Estepes… Como um rei é para seu reino.”

“Uma mulher soberana… Nunca vi algo assim.”
“O povo do sol é matriarcal… Para eles, quem traz a vida ao mundo detém o poder de governá-la.”

Kalel sorriu. Era uma ideia que nunca tinha lhe ocorrido, mas que curiosamente o agradava. Em contrapartida, o problema com suas tranças deixava-lhe incomodado. Não conseguia lembrar-se de quando havia trançado os cabelos pela primeira vez, mas desde que se entendia por gente andava com o cabelo trançado com a lã branca. 

Sobretudo, esses pensamentos traziam à tona um outro questionamento que levava consigo por toda a vida, e que nunca tinha sido capaz de responder. Onde tinha nascido? Quem teriam sido seus pais? Manto Negro sempre lhe dissera que tinha encontrado-o numa cesta às margens de um rio em Hadbron, mas estaria ele falando a verdade? 

Talvez minha história tenha começado nas Estepes do Sol, ponderou. Quando voltarmos a Nakur, irei conhecer Saranje… Quer o povo do sol me aceite ou não.

Levantou-se, pronto para deixar Antilaj sozinha e afundar-se em seus próprios devaneios. Todavia, outra pergunta brotou em sua cabeça:

“Seus cabelos são trançados como os meus”, inferiu. “Mas não há lã entre eles… O que isso significa para o povo do sol?”

Sem se voltar para ele, Antilaj respondeu em um tom de voz sutilmente munido de amargura e… Kalel parecia interpretar arrependimento nele:

“Os cabelos trançados sem lã são para os exilados… Como eu.”

Nos fundos da Altíssima Catedral de Iseus, Lor-Al.

Nem mesmo a captura de um druida encontrado nas bordas da Floresta do Alvorecer foi suficiente para apaziguar a fúria do rei Balor.

Elir sofrera as consequências de seus fracassos: o acesso ao tesouro real fora quase que praticamente cortado, reduzindo a guarda de sua prisão a um par de homens mal equipados, os dois brutamontes e seu eterno Carrasco. Mais do que isso, as notícias que corriam soltas do Bairro Menor até o Passo Alto agora desacreditavam o poderio da Inquisição Loriana e da ordenação divina de Elir na fé de Iseus. Muitos ousariam dizer que o Alto Sacerdote desencaminhara-se do caminho sagrado.

Para piorar as coisas, Ovir, seu irmão Santo Sacerdote, a maior figura religiosa dos lorianos, retornara de suas andanças milagrosas pelas Planícies Aráveis. E ele estava completamente descontente com Elir. 

Para o inferno com as zombarias da plebe, do clero, da nobreza e do imbecil que senta no trono!, pensou enfurecido. 

“O que devo fazer com… com o druida… Alto Sacerdote?”, o sussurro do Carrasco era como um ruído desagradável aos ouvidos de Elir. 

O Alto Sacerdote estudou seu Carrasco da cabeça aos pés. Um manto cinzento lutava para esconder as deformações ósseas que se envergavam para fora das costas e da corcunda. Inclinado como era, ainda conseguia ser quase tão alto quanto Elir, que estava de pé. As fendas nas órbitas eram escuras como o buraco na parede atrás dele que levava em direção a Prisão. A abominação encarava seu mestre, ansiando por uma resposta.

 “Torture-o!”, sibilou. “Faça-o confessar a existência de outros hereges na Floresta… Uma grande fogueira com esses andarilhos faria bem a minha reputação.”

“E Iseus sabe que você precisa de uma boa reputação agora mais do que nunca… Não é mesmo, Elir?”, debochou uma voz que vinha da portinha discreta que conectava o cômodo escondido ao resto da catedral.

O Alto Sacerdote virou-se lentamente para a voz que já reconhecia como a do Caminhante. Desde sua chegada oportuna a Lor-Al, o homem tinha envenenado todo a corte do Palácio dos Herviet com sua fala mansa e lábia sedutora. Em questão de dias, tinha caído nas graças e cortejos das damas e conquistado a amizade de vários donos de grandes fazendas e cortesãos. 

Para Elir, era induvidável que o Caminhante era responsável pela represália violenta que Balor lhe tinha desferido. O rei costumava se transformar em marionete tão fácil nas mãos do Alto Sacerdote e de muitos outros, mas agora parecia ter desenvolvido uma percepção mais clara das conspirações a sua volta. Aquilo não era uma coincidência.

Mais curioso ainda era o fato de que o Caminhante parecia cruzar o caminho de Elir mesmo quando o Alto Sacerdote estava em locais que o estrangeiro não deveria saber onde ficavam. Parado na soleira da porta com uma túnica esverdeada e jóias nas mãos e ao redor do pescoço, ele sorria sarcasticamente.

“Não me recordo de ter lhe mostrado este lugar… Caminhante”, tentava falar com cortesia, mas o desdém exprimido nas palavras era quase palpável. 

O Caminhante deu alguns passos para dentro do recinto. 

“Então é aqui que fica a passagem secreta para a sua Prisão”, comentou, os dedos tocando a parede empoeirada. Seus olhos voltaram-se para o homem deformado. “E você… Quem é?” 

Algo dentro daquela figura repulsiva parada na frente dos homens congelou. O Caminhante exercia uma influência sobre ele que nunca antes tinha sentido. Era medo. 

“Eu… Eu sou o Carrasco”, murmurou numa voz diminuta. 

O Caminhante sorriu e avançou alguns passos em direção à abominação. 

“Então é esse o presente que lhe foi enviado de Ux’rass, Sacerdote”, falou. “Fico quase ultrajado com tamanha heresia à sua própria crença.”

Elir franziu o cenho. 

“Eu não sei do que você está falando”, disse.

A risada do estrangeiro reverberou por todo o cômodo. 

“Por favor, Sacerdote, poupe-me de suas cortesias e disfarces”, retrucou ele. “Olhe para o seu lacaio: não vê a luz do sol há anos, não consegue formar uma frase inteira sem parar para pensar no meio dela e faz tudo o que você mandar sem questionar”, o Caminhante se virou para o Carrasco. “Você nem ao menos está vivo… Coitadinho.”

Desgraçado… Como ele sabe disso?, pensou Elir. 

O Alto Sacerdote não respondeu, estava inquieto. As palavras fugiam-lhe da boca e ele lutava para encontrar outras com as quais pudesse contradizer as verdades que o Caminhante acabara de proferir. 

Este, ignorando Elir, voltou-se para o Carrasco, pondo-se à frente da criatura. A abominação se encolheu ao contato dos olhos escarlates do estrangeiro, olhos estes que penetravam em seu âmago, roubando-lhe as memórias esquecidas e decifrando todos os quebra-cabeças que contavam a história daquela violação às leis da natureza. 

Não há limites que este sacerdote não ultrapassaria para conseguir o que quer, refletiu. Um homem desses teria muita serventia a mim.

“É lamentável o que lhe fizeram”, falou numa voz clara de barítono. “E você nem ao menos sabe o que lhe aconteceu. Lamentável..”

“Cale-se!”, exclamou Elir, intervindo-se na discussão.

O Caminhante fez um gesto com a mão e Elir, como se tivesse tomado a toxina paralisante dos lagartos de Zalearas, ficou paralisado. Não conseguia se mexer, não conseguia falar, não conseguia nem ao menos piscar. 

“Você só abrirá a boca quando requisitado, Elir.”

E a voz do estrangeiro era tão ordenativa e impiedosa que todos os músculos do Alto Sacerdote sentiam-se na obrigação de obedecê-la. Agora, congelado num cômodo secreto de sua catedral, Elir entendia como o homem tinha conquistado o rei e sua corte num piscar de olhos. 

“Diga-me, Carrasco, quais memórias lhe preenchem a mente?”, perguntou o Caminhante.

O Carrasco demorou para responder, não porque tentava resistir ao controle vocal ao qual estava subjugado, mas sim porque lembrar de qualquer coisa era uma tarefa muito complicada para o cérebro dele. Só conseguia se lembrar de sua...

“Melodia…”, murmurou. 

O Caminhante arqueou as sobrancelhas e voltou-se para Elir, confuso. 

“É como chama a bruxa.”

“Que patético”, respondeu o Caminhante. Colocou a mão no queixo do Carrasco, sentindo a pele fria e os ossos deformados da criatura. “A razão pela qual você não é capaz de lembrar de nada mais antigo do que a sua melodia, Carrasco, é porque corpos secos como o seu já não funcionam como corpos vivos como o meu.”

“Perdoe-me, Carrasco não é seu nome. Chamavam-lhe Armon Melot, filho mais novo de uma família de Athor. Não sou capaz de imaginar o desgosto no semblante de seus pais ao verem a deformação humanóide que tinham gerado… Especialmente após terem tido um par de gêmeos saudáveis e viris!”

“Mas nada disso importa, não é mesmo? Porque os Melot de Athor foram expostos pelo sacerdote atrás de mim como incitadores de uma rebelião contra a fé loriana e todos vocês foram assassinados. Que trágico!”

“Pelo fogo de Iseus! Como estou vivo então?! Você deve estar pensando. Bem… Você não está, Carrasco Armon. “

“Elir fez um trato com os Profanadores de Corpos de Ux’rass: em troca de poderem se apoderar ocasionalmente do corpo de um ou outro fazendeiro descuidado, eles ressuscitaram os corpos dos três irmãos Melot para que eternamente sirvam a quem ordenou a morte dos pais deles.” 

“Se você não estiver entendendo, Armon… Refiro-me a você e a seus brutamontes.”

Algo dentro do Carrasco quebrou como se fosse vidro… Havia uma barreira impedindo-lhe de lembrar de sua identidade, do que lhe acontecera quando vivo. Mas o monólogo da voz hipnotizante do Caminhante estraçalhara esse bloqueio como se não fosse nada. Agora, ele se lembrava. 

“Eu devo admitir… Há um quê de poético nas artimanhas de seu mestre, Armon”, proferiu o Caminhante. “Quem poderia imaginar que o abominável Carrasco da Prisão Inferior torturaria Melyria, a garota que amou platonicamente durante sua vida! É tudo tão dramático!” 

Armon, o Carrasco, libertou-se de seu atordoamento e tentou partir para cima do Alto Sacerdote, sedento por vingança. Entretanto, um rodeio de mão do Caminhante devolveu a abominação para seu estado de torpor.

“Não, Armon… Elir me é útil”, murmurou. 

O Caminhante virou-se para o Alto Sacerdote, que estava paralisado e incrédulo diante de todas as revelações que o estrangeiro tinha contado. Não só descobrira por conta própria tudo que se passava ali como fora capaz de libertar Armon da escravidão que os Profanadores de Corpos tinham imposto à ele para Elir.

Este homem… Este homem é o próprio demônio, pensou.

“Você deve estar pensando que sou algum tipo de diabo… Não é mesmo, sacerdote?”, vociferou o Caminhante. “Quão limitada é a compreensão de vocês lorianos.”

O estrangeiro encarou Elir. Seus olhos vermelhos brilhavam como se fossem luas de sangue, assustadores e esplendorosos.

“De agora em diante… Você, Armon e qualquer um que lhe servir agora me servem”, falou. “Vocês irão sair deste cômodo e aguardarão por minhas ordens. Quando o momento chegar, Elir, você trairá este reino e seu fraco deus.”

“Quem… Quem é você?”, sussurrou o Alto Sacerdote.

O Caminhante riu e falou no ouvido de Elir:

“O Rei dos Desertores.”

 


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Notas finais do capítulo

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