O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 9
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo gente, hoje quero dedicar esse capitulo a todos, assim como eu, que perderam os seus familiares para o corona vírus. Que Deus possa apará-los nesse momento de dor e desalento, e por favor, façam de tudo para se manterem seguros, nesse momento devemos nos afastar de qualquer contato social, mas isso é por um tempo.
Depois poderemos abraçar e visitar todas as pessoas que nos são queridas.
Fiquem em segurança.
Beijos.



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Dizer a Melissa que não estava interessado nela foi a pior mentira que contei na vida, e nem vamos falar do fato de ter devolvido a única coisa que me permitia ficar perto dela, a echarpe cor de rosa com cheiro de canela. Mas não havia sido um começo de dia tão ruim assim, afinal consegui convencê-la a permanecer na empresa, mesmo que tivesse que me contentar em apenas interagir com ela de maneira profissional, e pensar nisso fez meu lobo interior uivar de dor enquanto meu coração se apertava.

—Eu sei, também quero a nossa fêmea do meu lado, mas nem sempre temos o que queremos. Só podemos esperar que as coisas mudem. - sussurrei para mim mesmo deitado no sofá que havia na minha sala e ouvi um rosnar.

Ainda bem que não era o único insatisfeito ali com aquela situação, mas devia ser o racional e não forçar nada, pois queria que Mel escolhesse ficar ao meu lado de livre e espontânea vontade e não porque forcei algo. Enquanto tentava pensar em algo para me aproximar do meu imprinting, meu celular começou a tocar e sorri assim que o peguei em cima da mesa e vi a foto da minha mãe nele. Ela sempre sabia quando precisávamos dela, não importasse a distância ou o momento, minha mãe sempre dava um jeitinho de estar ao nosso lado.

—Está tudo bem filhotinho? - mamãe questionou com a voz preocupada assim que atendi e sorri.

—Estou mãe. Oi pai. - disse e ouvi o meu pai sorrir na linha antes de me cumprimentar.

Era praticamente impossível mamãe ligar para nós e nosso pai não estar ao lado dela, na realidade nunca vi meus pais separados. Eles possuíam uma cumplicidade de dar em inveja em qualquer pessoal. Papai sempre diz que o imprinting lhe abriu os olhos para uma possível felicidade com a mamãe, mas tudo só se tornou real porque os dois desejaram e trabalharam para isso.

—Sua mãe me contou que você precisava ouvir a nossa voz, e jamais discordo do que ela diz, mesmo que não entenda. - papai comentou e foi impossível não rir, afinal era verdade. - Tem certeza que está bem, amor? Se quiser podemos ir até aí.

—Estou bem pai, não se preocupem comigo.

—Como podemos não nos preocupar amor? Você é nosso filhote, sempre vamos nos preocupar com você. - mamãe disse carinhosa e meu pai concordou.

—Não importa a idade dos filhos, os pais sempre vão se preocupar amor, é nosso dever. - meu pai disse amoroso e mamãe concordou. -E não se preocupe, tudo irá dá certo no final, você só não pode perder a fé.

—Obrigado papai e mamãe, precisava ouvir isso.

—Eu sei filhote. Eu te amo Benjamin.

—Eu também te amo mãe. Amo muito os dois.

—Nós também te amamos, filho. - meu pai disse carinhoso antes de nos despedirmos e desligar o telefone enquanto me sentava no sofá.

Meu pai tinha razão, não podia perder a fé nas primeiras dificuldades, precisava ter confiança e perseverança. Se o imprinting havia escolhido Melissa para ser minha companheira ele iria se encarregar de nos juntar em algum momento, quando julgasse a hora certa.

—Só espero que seja logo. - sussurrei para mim mesmo, afinal tinha certeza que nem eu e nem meu lobo iria aguentar muito tempo longe de nossa fêmea.

Depois do telefonema dos meus pais tentei me dedicar ao trabalho, tentando assim ocupar a minha cabeça com contratos, patentes e outras coisas. Consegui obter êxito por algum tempo, mas as imagens de Mel sempre invadiam a minha mente, me fazendo perder o foco. Assim que percebi que não conseguiria mais voltar ao trabalho, me levantei da minha cadeira e fui olhar a vista pela janela de vidro que ocupava toda a parede atrás da minha cadeira, fiquei ali vendo o parque Landon que ficava atrás da sede do conglomerado Thompson, o mesmo havia sido idealizado como local de preservação e lazer para a comunidade. Mesmo perdido em pensamentos consegui sentir o cheiro familiar da minha irmã, antes dela entrar na minha sala. Meus pais e meus irmãos eram as únicas pessoas, além de Cíntia, que tinham liberdade de entrar no meu escritório sem precisarem ser anunciados.

—Oi Carol. - disse sem virar para ver a minha irmã mais velha.

—Você não sabe como é difícil surpreender os lobos da família. - ela reclamou e sorri antes de virar para vê-la. -Hei, você está bem?

—Minha aparecia está tão ruim assim? - questionei preocupado enquanto indicava as cadeiras que ficavam em frente à minha mesa.

—Você está parecendo um lobinho que se perdeu da mamãe lobo. - ela disse enquanto nos sentávamos e foi impossível não rir da sua comparação. - E então, quem partiu o coração do meu maninho?

—Porque você acha que alguém partiu meu coração?

—Porque não é normal vê-lo olhando a paisagem no meio do expediente. A uma hora dessas você estaria no laboratório brincando com o seu kit de química para adultos, enquanto sorri como um garotinho que ganhou uma bicicleta na manhã de natal.- Ária disse e foi impossível não rir de suas loucuras.- E então, quem foi a sem coração que te deixou triste?

—Melissa. -disse com pesar e só de falar seu nome meu coração doeu por estar longe dela.

—Ela nem é a minha cunhada oficialmente e já está fazendo meu irmão chorar. Essa garota precisa ouvir umas verdades. - Ária disse séria e se levantou da cadeira, mas segurei o seu braço impedindo-a de sair.

—Nada disso, você não vai falar e nem fazer nada. Você tem o péssimo hábito de se meter nos relacionamentos dos outros e estragar tudo. - disse me lembrando das inúmeras vezes em que Ária fez isso comigo e com Ethan.

—Que mentira. Você deveria ser mais grato, afinal se não fosse por mim dar um empurrãozinho no papai e na mamãe, nem você e muito menos o Ethan estariam aqui.- ela disse magoada por minhas palavras.- E quando me intrometia nos relacionamentos de vocês é porque queria que fossem felizes, porque amo os meus irmãos.

—Sei disso Carol, eu te amo e sou realmente grato por ter uma irmã incrível como você. Mas a Mel ainda não está pronta para o que sinto por ela, e não quero forçar nada. - disse e ela me olhou desconfiada.

—Como sabe se ela está pronta ou não?

—É coisa de lobo. Nosso instinto se adequa a necessidade do nosso imprinting, e por enquanto ela não deseja nada além de um bom relacionamento profissional.

—Essa coisa de lobo é complicada. - ela disse pensativa antes de me olhar nos olhos e colocar sua mão direita em baixo da cadeira antes de voltar a falar. - Prometo que não vou me meter na sua relação.

—Promete mesmo? - questionei sorrindo fingindo não ver seus dedos cruzados em baixo da cadeira.

—Prometo. Mas quer saber de uma coisa? A Melissa é uma tola por não querer namorar um dos homens mais incríveis que já tive a chance de conhecer e conviver.

—Você tem vários homens na sua vida Ária, com certeza deve se referir a todos do mesmo jeito. - disse me referindo ao seu marido, seus filhos, ao nosso pai e nosso irmão.

—Você tem razão. Mas cada um deles é incrível a sua maneira e sou uma felizarda por conviver com vocês. - ela disse suave antes de segurar a minha mão na sua e apertá-la de leve, como se quisesse me passar força.

—Eu te amo Ária Carolina. -disse olhando em seus olhos castanhos e ela sorriu com carinho para mim.

—Eu também te amo Benjamin Elliot. Agora respire fundo e coloque um sorriso nesse rosto, afinal a reunião com o concelho começa em vinte minutos.

—Você tem razão, mas antes preciso pedir para a Cíntia avisar a Mel da reunião. - disse enquanto nos levantávamos das cadeiras que estávamos sentados.

—Antes de entrar na sua sala ela já estava ligando para avisá-la. -ela esclareceu e concordei enquanto pegava meu paletó para colocá-lo e respirava fundo, tentando me animar um pouco, afinal não podia aparecer no concelho com a aparência de alguém que estava com o coração partido.

Assim que saímos da sala encontramos Melissa sorrindo com Cíntia enquanto as duas conversavam sobre algo, e vê-la sorrindo fez meu coração errar uma batida.

O sorriso dela era um dos mais lindos que já tinha visto na vida. Automaticamente comecei a andar em direção a Mel, como se um imã me atraísse em sua direção, mas antes de continuar senti alguém segurar o meu braço e me virar de costas para as duas, me impedindo de alcançar meu objetivo, o que me fez rosnar baixo em desagrado.

—Se prometeu um relacionamento estritamente profissional com a sua assistente, esse olhar de apaixonado não irá te ajudar em nada. - Ária disse segurando meu braço, me tirando do torpor que havia entrado.

—Estou tentando Ária, mas não é fácil, estou no meio de um dilema. Meu lado lobo, não entendi as convenções sociais, tudo que ele sabe é que ela me pertence e que devemos toma-la, mas o meu lado humano sabe que preciso ir com calma. As duas partes as vezes não entram em consenso. -expliquei para a minha irmã e logo um rosnado autoritário se propagou em minha cabeça.

Minha.

Minha fêmea.

Meu imprinting.

Você quer dizer nossa, pensei e meu lobo rosnou em desagrado.

Não, ela é minha.

Ótimo, tudo que me faltava agora era entrar em uma disputa comigo mesmo por Melissa.

—Acho bom vocês dois entrarem em um consenso ou vão acabar assustado a Melissa. - Ária disse me trazendo de volta a realidade.

—Estou tentando, mas não é fácil.  - segredei para a minha irmã antes de respirar fundo algumas vezes, tentando controlar meus sentimentos, como se fosse algo possível.

—Pronto, maninho?

—Sim. - sussurrei e ela olhou para o meu rosto antes de viramos e continuarmos nosso caminho.

—Que bom que já está a nossa espera Mel. - Ária disse sorrindo assim que nos aproximamos das duas. -Pronta para a sua apresentação ao concelho?

— Sim, mas estou um pouco. - Mel disse nervosa, mas era visível o receio em seus olhos.

—Vai dá tudo certo, você não precisará falar nada a não ser que lhe questionem algo. A sua participação só será requisitada quando eu não estiver no país. - expliquei suave tentando lhe tranquilizar e ela concordou.

—Não precisa ficar nervosa, vamos estar com você. - minha irmã disse suave enquanto segurava as mãos de Mel e olhava em seus olhos. - O concelho não é mais tão assustador assim. Quando assumi a empresa, era a única mulher do concelho e ainda cheguei para mandar em um bando de homens que tinham idade para serem meu pai ou meu avô, eles tentaram me intimidar, mas fui mais forte que eles.

—O que você fez? - Melissa questionou interessada e olhei orgulhoso para a minha irmã, afinal ela é uma mulher incrível, que fez um concelho de homens respeitar e acatar as suas decisões, não por medo de perderem o emprego, mas por respeito.

—Mostrei que o fato de ser mulher não me fazia menos qualificada que eles, mostrei que merecia o meu cargo, e sei que fará o mesmo. - ela disse e Mel concordou antes de agradecer a minha irmã e entramos no elevador.


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