O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 6
Melissa


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado.
Espero que todos estejam bem e se cuidando durante essa pandemia.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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—Tem certeza que você está bem? - Theo questionou preocupado enquanto dirigia em direção a casa dos nossos pais. -Posso leva-la até um hospital se quiser?

Fisicamente me sentia bem, mas meu emocional estava abalado.

Nenhum rapaz havia mexido comigo daquela forma como Benjamin fez, só de me pegar no colo. E o fato de quase termos nos beijado em sua sala me deixou ainda mais confusa, pois não sabia o que estava acontecido comigo, ou melhor conosco, afinal ele também parecia bastante afetado com o nosso contato.

—Melissa? - meu irmão questionou ao fundo e pisquei confusa por ter meus pensamentos interrompidos.

—Sim? - disse ainda atordoada e ele parou o carro no sinal antes de olhar para mim.

—O que está acontecendo com você? Nunca te vi tão aérea assim.

—Me desculpe se não estou me comportando como sempre, afinal quase morri no meu primeiro dia de trabalho por causa de uma orquídea. - disse desviando do assunto e meu irmão suspirou culpado.

Odiava esconder algo do Theo, mas se ele soubesse que nosso chefe havia tentando me beijar as coisas sairiam do controle, e tenho certeza que meu pai e meu irmão do meio participariam dessa confusão.

—Me desculpe, você deve estar assustada com tudo que houve e ao em vez de lhe confortar fico te enchendo de perguntas.

—Está tudo bem, só me leva pra casa Theo, por favor. - pedi cansada e encostei minha cabeça na janela do carro, podia sentir o efeito do antialérgico tomando conta do meu corpo.

—Tudo bem fadinha. - meu irmão disse antes de colocar o carro em movimento e adormeci em seguida.

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Assim que abri os olhos e olhei ao redor pode reconhecer meu quarto, com certeza havia pegado no sono e meu irmão me levou no colo até lá. Me levantei da cama e senti meu corpo um pouco rígido, efeito das várias horas de sono, me espreguicei com cuidado antes de ir tomar banho e descer em busca de algo para comer.

—Que bom que acordou meu bem. - mamãe disse feliz se levantando da mesa assim que me viu entrar na sala de jantar.- Como se senti?

—Faminta e um pouco sonolenta. - brinquei e ela sorriu carinhosa antes de beijar a minha testa com carinho e me abraçar. Em seguida todos da minha família vieram me abraçarem e saber como estava, depois que tranquilizei a todos, eles voltaram a comer enquanto me servia do jantar que parecia estar delicioso.

—Mel, querida, você precisa ligar para o seu chefe e agradecê-lo por tê-la socorrido, e pelas ligações. - minha mãe me avisou enquanto me passava a travessa de arroz e a olhei surpresa por Benjamin ter ligado, pois tinha certeza que assim que meus pais me viram entrar em casa no colo do meu irmão, Theo não teve outra escapatória a não ser contar o que houve. -Ele ligou várias vezes enquanto ainda estava dormindo, querendo saber notícias suas.

—Ele deve estar preocupado com um possível processo, afinal você podia ter morrido pela irresponsabilidade da empresa dele.- Danny disse sério antes de olhar para Theo. - Não acha que devíamos processar o conglomerado Thompson, Theo?

—Temos provas suficientes, se a Mel quiser, podemos entrar com uma ação.

—Concordo com os meninos. - meu pai disse antes de tomar um pouco do seu vinho.

—Por Deus, vocês estão se ouvindo? - questionei séria olhando para todos que estavam a mesa. -Foi um acidente. Benjamim ficou tão assustado quanto eu com o que aconteceu hoje, e além do mais não seria ético e muito menos moral processar nossos chefes, por um acidente, Theo. - repreendi meu irmão mais velho que ficou sem graça por meu comentário.

—Concordo com a Mel. Conversei com o senhor Thompson todas ás vezes em que ligou para saber sobre a nossa filha, e em todas as ligações ele parecia bastante preocupado com o estado dela. Ele me garantiu que houve um problema no setor de RH que acabou extraviando a ficha medica da Mel, mas que esse erro já havia sido concertado e senti sinceridade em suas palavras. - minha mãe disse enquanto olhava para meus irmãos e meu pai. - Então, não vamos tomar nenhuma atitude da qual possamos nos arrepender depois.

—A minha sogra tem razão, essas coisas acontecem. - Becca disse suave enquanto ajudava meu sobrinho a cortar o seu frango. - Uma vez o computador da recepção do meu consultório trocou as informações dos pacientes foi uma verdadeira loucura, só não apliquei a anestesia errada em um paciente alérgico, porque sempre tenho o costume de confirmar as informações na ficha médica.

Becca era uma excelente dentista, o seu consultório era um dos mais procurados de Londres.

—Viram, essas coisas acontecem. Agora será que podemos jantar em paz, sem arquitetar algum plano maligno? - mamãe pediu e sorrimos antes de continuarmos o nosso jantar.

Após o jantar, fui liberada da tarefa de lavar as louças que ficou por conta dos meus irmãos, pois segundo mamãe era o castigo deles, por sugerir que prejudicássemos alguém que não teve a intenção de me machucar e achei justíssimo.

—Aqui está querida. - mamãe disse me entregando um pedaço de papel enquanto a ajudava a recolher as louças do jantar.

Confusa, abri o papel e vi um número anotado no mesmo, com a caligrafia elegante de mamãe.

—Você devia ligar para o seu chefe e dizer que está tudo bem.

—Não sei se devo fazer isso. - disse olhando para o papel que estava na minha mão e senti como se ele estivesse pegando fogo. - Acho melhor pedir demissão.

—Claro que não amor. - Mamãe disse suave e levantou meu queixo para que olhasse seus olhos. - Esse é o seu sonho Mel, não desista dele só porque houve um acidente, ou se arrependerá para o resto da sua vida.

—Tem razão, mamãe. - disse e ela sorriu beijando a minha testa com carinho antes de guardar o papel no bolso da calça que estava usando. - Vou ligar depois que terminar de ajuda-la com as louças.

—Nada disso, a Rafa pode me ajudar. - ela disse tomando os pratos da minha mão antes de chamar Rafaela para ficar em meu lugar.

Resignada subi para o meu quarto, sentindo o papel com o telefone do meu chefe queimar no bolso da minha calça jeans. Sentei em minha cama e respirei fundo antes de pegar meu celular e discar os números, torcendo para que ele não atendesse. Mas para o meu azar ele atendeu no terceiro toque.

—Melissa? - Benjamin questionou assim que atendeu e meu coração acelerou só de ouvi-lo dizer o meu nome.

O que estava acontecendo comigo, meu Deus?

Não podia estar nutrindo algo por meu chefe.

Isso era errado?! Não era?

— Você está aí? - ele questionou preocupado depois que fiquei um tempo em silêncio.

—Sim, estou.

—Como você está? - ele questionou angustiado em saber notícias minhas.

—Estou bem. - assegurei e ele pareceu respirar aliviado.

—Que bom, fiquei muito preocupado com você. Sua mãe me garantiu que estava bem, mas queria ouvir sua voz para ter certeza. - ele disse e meu coração errou uma batida, algo que ele nunca havia feito, me deixando preocupada.

—Não se preocupe, estou bem. E pode ficar tranquilo, pois não irei processar a sua empresa pelo que houve. - disse assim que consegui controlar o meu coração acelerado.

—Não liguei porque fiquei preocupado com um processo, Mel. Você tem todo o direito de querer me processar pelo que houve, coloquei sua vida em risco e peço perdão por isso. Liguei porque fiquei preocupado com o seu estado, só queria saber se estava bem. - ele disse realmente preocupado com o meu estado de saúde, era visível pelo som da sua voz que Benjamin se culpava pelo que houve na empresa.

—Estou bem, não precisava se preocupar. Talvez tenha sido uma péssima ideia aceitar esse trabalho...Talvez, esse acidente tenha sido um sinal. - disse preocupada e ele respirou fundo do outro lado da linha antes de voltar a falar.

Sabia que a minha atitude era de uma covarde, por estar fugindo das reações e sensações que meu chefe despertava em mim. Mas o que poderia fazer além disso?

—Se você acha que sim, não posso mudar o seu pensamento. Se quiser pedir demissão, pedirei para Cíntia cuidar de tudo, conversarei com o setor de direito para que não seja aplicada nenhuma penalização a você por quebra de contrato. - ele disse com pesar me despertando dos meus pensamentos e agradeci aos céus por Benjamin não querer me forçar a nada. -Mas se me permiti um concelho, não desista do seu sonho por causa de um acidente infeliz, às vezes coisas boas vem após as ruins.

E foi impossível não sorrir com o seu concelho, pois seria algo que minha avó diria para não me fazer desistir dos meus sonhos.

—Disse algo engraçado? - Benjamin questionou confuso do outro lado da linha e neguei sorrindo.

—Não, você só me disse algo que minha avó me diria.

—Então, ela deve ser uma mulher muito sábia.

—É sim. Mas de vez em quando ela viaja um pouco. - disse pensando na história da echarpe magica e ele sorriu.

—Ela deve ser uma mulher singular e muito divertida. Você tem sorte em tê-la, meus avôs morreram antes de eu nascer, e meu bisavós se foram quando era criança, só tenho minha avó materna. - ele disse e sorriu ao se lembrar da sua avó.

—Pelo jeito ela deve ser tão singular e divertida quanto a minha.

—Você não faz ideia. - ele disse e rimos ao telefone.

E ali percebi que conversar com Benjamin era algo fácil e natural, como andar de bicicleta. Nunca em minha vida havia sentido uma conexão tão profunda e verdadeira com alguém, o que tornava a situação cada vez mais estranha. Ficamos calados por um tempo, apenas escutando a respiração um do outro até que Benjamin quebrou o silêncio.

—Mel, sobre o seu emprego... Se precisar pensar, tome o tempo que precisar antes de tomar uma decisão definitiva. Se quiser continuar, será bem-vinda a empresa e me certificarei de tomar todos os cuidados necessários para evitar outro acidente, mas se não quiser...Ficarei triste por perder a chance de trabalhar com uma funcionaria tão capacitada quanto você, mas respeitarei a sua decisão.

—Obrigada Benjamin por me permitir pensar no assunto, prometo que amanhã mesmo lhe darei a minha resposta. - assegurei e ele concordou sério antes de nos despedirmos.

Assim que terminei a ligação, me joguei na minha cama olhando para o teto, enquanto pensava o que iria fazer da minha vida. Amava meu trabalho e exerce-lo nos laboratórios Thompson sempre foi o meu sonho, mas estava temerosa sobre o fato do meu chefe ter quase me beijado hoje, e o pior era que no fundo ansiava por isso o que era totalmente errado de inúmeras formas.

 Primeiro, ele era o meu chefe.

E todo o relacionamento que deveríamos ter era apenas profissional e nada mais.

Segundo, e se ele estivesse envolvido com alguém?

Eu seria responsável por destruir um relacionamento? Isso não. Não suportaria ver outra pessoa sofrer, porque não soube ser profissional.

E terceiro, o que realmente estava sentindo por Benjamin?

Será que era apenas uma atração qualquer, por ter recebido a atenção de um homem bonito ou era algo mais?

Meu Deus, me sentia tão culpada, angustiada e desesperada, pois não queria jogar fora tudo pelo qual me sacrifiquei, apenas por uma atração boba que talvez nem estivesse sendo correspondida. Nem sabia porque estava me sentindo tão culpada, afinal não havia acontecido nada entre nós, mas se decidisse continuar no meu emprego, deixaria as coisas bem claras entre nós.

—Você não pode desistir do seu sonho por causa de um cara, Mel.- disse para mim mesma enquanto me sentava em minha cama.- Você vai até os laboratórios Thompson e falará as suas condições de trabalho, se Benjamin não aceitar quem perde é ele. Você é uma profissional competente que pode arrumar outro local para trabalhar.

E naquele momento percebi que havia tomado uma decisão, só espero que não tenha sido a decisão errada.


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