O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 30
Melissa


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde meus amados leitores, espero que todos estejam bem nessa sexta feira. Gostaria de agradecer novamente a todos os comentários que o Legado está recebendo, fico muito feliz que vocês estejam amando essa história.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Meu travesseiro estava diferente essa noite.

Estava mais quente, não de um jeito desconfortável, seu calor era reconfortante como um abraço repleto de amor, e ainda fazia um leve carinho por todo o meu cabelo, sem parar nenhum segundo, arrancando de mim suspiros de prazer enquanto abraçava-o mais forte de maneira inconsciente, me perdendo no barulho ritmado que ele produzia enquanto sentia seu cheiro delicioso de avelã com mel. Uma mistura incomum, que acabou se tornando meu aroma favorito de hoje em diante.

Definitivamente, aquele travesseiro era o verdadeiro paraíso.

Assim que amanhecesse, veria a etiqueta do fabricante e faria questão de lhe enviar um e-mail, elogiando seu produto em seguida, iria até a loja mais próxima comprar mais alguns dele, afinal um delicia daquela deveria estar em todos os cômodos da casa e no meu escritório também. Mas no meio do meu sono, alguém tirou meu travesseiro delicioso deixando em seu lugar apenas o vazio, atordoada abri os olhos e me sentei na cama furiosa, tentando ver quem havia tirado meu travesseiro delicioso de mim.

Não era adepta a violência, mas por aquele travesseiro seria capaz de bater em alguém.

—Desculpe amor, não quis te acordar...Só vim fechar as cortinas, porque a claridade do amanhecer estava te deixando inquieta. - Benjamin explicou suave enquanto caminhava em minha direção voltando da janela. Só então toda a noite de ontem, envolvendo nossa conversa e muitos beijos, dos quais só de lembrar ainda conseguia sentir a sensação de seus lábios em contato com os meus, passou pela minha mente.

Eu realmente havia beijado Benjamin, várias vezes antes de adormecer em seu peito, e como ele beijava bem, meu Deus, era uma sortuda por ele ter sido o primeiro cara que beijei e algo me dizia que seria o último. Mas tinha um problema mais urgente para resolver, depois poderia muito bem relembrar todos os beijos que havia ganhando do meu namorado, precisava achar meu travesseiro delicioso com urgência.

Determinada comecei a abraçar um por um dos travesseiros que estavam na cama, a procura do meu travesseiro delicioso, mas nenhum deles era igual ao meu, o que me deixou desolada. Como alguém teria coragem de roubar o travesseiro de outra pessoa? Mas se tratando do quanto aquele travesseiro era bom, tenho certeza que as pessoas seriam capazes de cometer loucuras para tê-lo.

—Amor, o que lhe deixou triste de repente? - Benjamin questionou preocupado assim que se sentou na cama e afastou meu cabelo para o lado.

—Alguém roubou meu travesseiro delicioso...Você não viu quem fez isso? - questionei sonolenta abraçada ao último travesseiro que peguei na cama e ele sorriu com carinho para mim.

—Você quer seu travesseiro delicioso de volta, meu anjo?

—Eu quero...Vou a qualquer lugar atrás dele.- disse convicta e ele acariciou meu rosto com carinho antes de tirar o travesseiro, ao qual ainda estava abraçada, e me puxar para os seus braços enquanto nos deitávamos na cama em seguida.

Apesar de ainda está sob o efeito do sono, percebi que o travesseiro delicioso com o qual passei a noite e que havia feito uma nota mental de comprar vários no dia seguinte, era o meu namorado, constatar esse fato me deixou extremamente corada.

—Me desculpe, não sabia que era você. - sussurrei envergonhada por chamar Benjamin de travesseiro delicioso e ele sorriu suave enquanto acariciava os meus cabelos. - Me desculpe se te ofendi, eu ainda não acordei direito.

—Eu percebi meu anjo, e está tudo bem. Você nunca dormiu abraçada com ninguém e natural que estranhe, não se preocupe porque não me senti nenhum pouco ofendido. - ele disse e beijou a minha testa com carinho sem parar de acariciar meus cabelos, tive a certeza que gostaria de ficar ali nos braços dele para sempre.

— O que está te incomodando, Mel? - ele questionou suave acariciando minhas costas de leve enquanto permanecia aninhada em seu peito como um gatinho manhoso, que exigia a atenção do seu dono.

—O fato de não poder tê-lo assim todas as noites...De não poder dormir e acordar com seus carinhos...Acho que estou pensando seriamente em te sequestrar...Será que seus pais iriam se incomodar? -questionei sonolenta enquanto considerava seriamente a ideia e Benjamin sorriu, antes de inclinar a sua cabeça em minha direção alcançando meus lábios e me beijando em seguida.

—Acho que eles fariam questão de fazer a minha mala e me entregariam a você, sem nenhuma resistência. - ele brincou assim que parou de me beijar e sorrimos.

Era incrível como estar ao lado de Benjamin me deixou mais leve, até mesmo divertida.

Como se ele tivesse despertado uma Melissa diferente, da qual estava gostando muito.

—Quem perde é eles. -segredei e ele sorriu antes de me beijar novamente com carinho.

—Bom dia minha linda. -Benjamin sussurrou amoroso acariciando meu nariz com o seu.

—Bom dia meu travesseiro delicioso. - disse sonolenta e ele sorriu da minha brincadeira.

—Vou fazer uma nota mental de nunca te acordar antes das seis, porque você fica confusa e começa a confundir seu namorado com um travesseiro. - ele brincou acariciando meu cabelo e meus olhos começaram a pesar.

—Não sou muito coerente de manhã cedo...Por isso...Sempre estudei a tarde... Espero que não se importe...- sussurrei levemente adormecida e Benjamin sorriu antes de beijar meus cabelos.

—Eu não importo...Essa é a desculpa perfeita para ficar mais tempo na cama. - ele segredou ao longe voltando a acariciar meus cabelos.

—Que bom...- sussurrei adormecida enquanto me aconchegava mais a ele sentido seu cheiro antes de voltar a dormi.

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Abrir os olhos novamente para aquela manhã, dessa vez totalmente desperta e dar de cara com o sorriso doce de Benjamin e seus olhos castanho escuros, era a verdadeira sétima maravilha do mundo, porque ninguém nunca me olhou com tanto amor, adoração e devoção quanto ele me olhava, como se eu fosse a pessoa mais linda e interessante desse mundo.

Eu poderia muito bem me acostumar a acordar dessa forma.

—Bom dia amor. - disse sorrindo enquanto apoiava meu queixo em seu peito e ele me olhou magoado o que me deixou confusa.

—O que? Nada de bom dia, travesseiro delicioso? Estou decepcionado. - ele brincou fingindo estar magoado e senti meu rosto esquentar de vergonha desejando sumir da sua frente.

—Adoro quando você fica toda corada porque te deixo sem graça. - ele disse suave antes de segurar na minha cintura e me puxar para mais perto do seu rosto.

—Estou começando a perceber isso, Ben. - comentei e ele sorriu doce enquanto me olhava nos olhos e acariciava as minhas costas sem pressa, e sua analisa me deixou confusa. - O que foi?

—Ainda não consigo acreditar que você está aqui comigo...Eu esperei tanto por você, que quase cheguei a pensar que nunca te encontraria...Me perdoe por duvidar que nos encontraríamos. - Benjamin implorou com os olhos cheios de lágrimas e a sua dor partiu meu coração.

Sem dizer nada, envolvi meus braços em seu pescoço e beijei cada centímetro do seu rosto, antes de olhar em seus olhos.

 -Está tudo bem, não precisa me pedir perdão. Vamos esquecer tudo que houve antes amor, eu estou aqui com você e é isso que importa. -sussurrei e ele concordou antes de envolver meu corpo em um abraço apertado e nos beijarmos.

Automaticamente, minhas mãos subiram para o seu cabelo onde pararam, tentando de alguma forma segurá-lo o máximo de tempo possível ali e ele parecia muito satisfeito com a minha tentativa, mas o nosso beijo não demorou muito pois o celular de Benjamin começou a tocar.

—Você precisa atender, pode ser importante. - sussurrei assim que interrompi o nosso beijo e Benjamin gemeu em desagrado.

—Não vou deixar de te beijar para atender ao telefone...Você é muito mais importante que qualquer telefonema, Melissa. - ele sussurrou sério antes de voltar a me beijar com muito mais paixão que antes.

Sabia que deveria ficar lisonjeada por ser a escolhida ao em vez do telefone, mas também sabia das responsabilidades que Benjamin carregava em seus ombros, algumas das quais só tive ciência ontem, e apesar de querer continuar nos seus braços sendo beijada por ele, não podia fazer isso naquele momento, precisava ser a responsável por nós dois, já que meu namorado havia esquecido momentaneamente seus deveres.

Usando toda a força de vontade do meu senso de responsabilidade, me afastei de Benjamin, que piscou confuso tentando entender o que havia acontecido, quando compreendeu que não estava mais nos seus braços ele me olhou com tanta dor enquanto a sua respiração ficava acelerada e as lágrimas caiam de seus olhos, vê-lo daquela forma tirou meu ar e me fez repensar o meu senso de responsabilidade.

—Você não me quer mais? - Benjamin sussurrou com dor assim que se sentou na cama e olhou nos meus olhos.

A dor que estava nos seus olhos foi capaz de apertar o meu coração e me levar as lágrimas, sem pensar em mais nada abracei meu namorado com força, tentando espantar dos seus olhos aquela dor que parecia querer consumir a sua alma e o seu corpo por inteiro.

—É claro que quero, meu amor. Benjamin, eu te amo e nunca pense que vou deixar de querê-lo.- sussurrei abraçando-o forte acariciando seu cabelo com carinho.

 -Eu também te amo Melissa...Mas se você me quer tanto assim, porque me afastou?

—Porque sei de todas as responsabilidades que você carrega em seus ombros, por mais que ache que seja demais para uma única pessoa, sei que não gosta de ser relapso com nenhuma delas. Você pode muito bem, ver quem estava te ligando tão cedo e depois voltar para os meus braços, o que acha? - ofereci e ele pareceu pensar um pouco antes de responder.

—Pra mim não existe opção...Continuo preferindo você. - Benjamin disse sério e sorri sem acreditar que o homem, que era conhecido pela empresa inteira por ser um workaholic, estava preferindo ficar comigo do que atender seu telefone, que começou a tocar novamente.

—Isso é lindo amor, mas você precisa atender...E se tiver acontecido novamente algum problema com a produção? E se alguém do laboratório se feriu? Ou se aconteceu algo na sua tribo? - questionei e ele pareceu ficar balançado com os meus questionamentos, aproveitei seu momento de distração e me afastei o suficiente para pegar celular que tocava em cima do criado mudo percebendo que se tratava do celular corporativo da empresa.

—Meu anjo...- ele sussurrou torturado por pensar em se afastar de mim enquanto lhe oferecia seu celular.

—Não vou a lugar nenhum enquanto você atendi o seu celular. - jurei olhando em seus olhos, ele suspirou resignado antes de me dar um beijo suave e se levantar para atender ao celular.

Esperei pacientemente Benjamin falar com Cíntia, sobre algumas questões pendentes da administração do laboratório, antes dele informar que só estaríamos na empresa no horário da tarde e desligar.

—Aconteceu algo grave? - questionei preocupada por minha amiga ligando.

—Graças a Deus nada do que essa sua cabecinha linda fantasiou aconteceu, Cíntia só queria saber que horas poderia marcar a minha vídeo conferência com a filial japonesa, já que passou da minha hora habitual de chegar. - ele explicou suave enquanto silenciava o celular, colocava-o em cima do criado mudo e voltava para a cama.

—Graças a Deus não aconteceu nada de grave. - disse aliviada e ele sorriu carinhoso.

—A partir de hoje, se estiver de acordo senhorita Hastings, vamos ter uma regra...Nada de celulares quando estivermos juntos. -ele propôs e o olhei surpresa.

—Mas nós trabalhamos com materiais sensíveis, altamente voláteis que podem machucar os funcionários, se forem misturados em dosagens incorretas...- comecei a explicar preocupada e Benjamin segurou meu rosto em suas mãos antes de me dar um selinho.

—Minha linda, você precisa parar de se preocupar. A nossa equipe é maravilhosa, temos protocolos de seguranças excelentes, que testei pessoalmente várias vezes, e se algo der errado todos sabem o que fazer, só irão ligar para nós em último caso. - ele disse suave enquanto acariciava a minha bochecha com o polegar. - Respira fundo e esquece tudo lá fora, vamos continuar a aproveitar a companhia um do outro, como se fossemos as únicas pessoas do mundo. Pode fazer isso por mim?

—Ótimo...Agora vem cá. - ele disse me puxando para os seus braços enquanto nos deitávamos na cama. - E então, o que acha da minha proposta de ficar fora do radar, quando estivermos sozinhos?

—Eu achei maravilhosa. - segredei levantando minha cabeça do seu peito para olhar seus olhos castanhos escuros.

—Então temos um acordo. - ele disse e concordei enquanto Benjamin entrelaçava as nossas mãos, que se encaixaram perfeitamente, como se tivéssemos sido feitos um para o outro.

E ficamos ali, deitados aconchegados um no outro, admirando o encaixe perfeito que nossas mãos tinham, aproveitando apenas a companhia um do outro sem nos importar com o mundo lá fora.

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—Amor, você esqueceu isso no banheiro. - disse saindo do banheiro devidamente arrumada e com uma delicada medalhinha de ouro nas mãos.

Me lembrava de ter visto a mesma medalhinha no pescoço do meu namorado ontem, e lembro de ter ficado curiosa para saber sua história, mas acabei esquecendo de lhe questionar depois de tudo que aconteceu entre nós.

—Nem lembrava que a havia deixado no banheiro. - ele disse surpreso assim que olhou para as minhas mãos enquanto fechava a sua bagagem de mão, que estava em cima da cama.

Apesar de querer continuar vivendo na nossa pequena bolha de felicidade e amor, tivemos que concordar que estava na hora de voltarmos para o mundo real, no qual tínhamos responsabilidades e familiares, que deveriam estar preocupados por não ter notícias nossas.

Depois que ligamos os celulares, passamos meia hora nos atualizando sobre o andamento do laboratório e tranquilizando a nossa família, decidimos que estava na hora de sairmos da cama e voltarmos ao mundo real.

—Ela é linda, mas não consegui identificar quem é o santo que está na frente. - disse confusa enquanto olhava para a medalhinha, que possuía a imagem de um santo na frente e atrás as iniciais “B.T”, que só podiam ser as iniciais do meu namorado.

Só de pensar que Benjamin era oficialmente meu namorado, meu coração acelerava de felicidade.

Uma felicidade que jamais senti em toda a minha vida.

—É a medalhinha de São Lucas, o protetor da minha família. Quando um Thompson nasce, ele ganha uma medalhinha de São Lucas com as suas inicias, para que nosso padroeiro o proteja. -Benjamin explicou suave e lhe pedi que se abaixasse, para que pudesse colocar a sua medalhinha, afinal ele era uns bons centímetros mais alto que eu.

—É uma tradição muito linda, amor. -disse suave enquanto repousava as minhas mãos em seu peito.

—É, mas você é muito mais linda. - Benjamin segredou e sorri envergonhada por seu comentário enquanto ele segurava minha cintura e me puxava para um beijo carinhoso, automaticamente envolvi seu pescoço com meus braços puxando-o para baixo e prontamente fui atendida, permitindo beijá-lo sem ficar na ponta dos pés.

Beijar Benjamin estava se tornando meu mais novo vicio, era praticamente impossível me manter afastada de seus lábios por muito tempo e ele parecia sentir o mesmo em relação a mim.

—Acho melhor tomarmos café antes que desista de leva-la para casa. -Benjamin disse assim que nos separamos quando o ar se fez necessário e sorri ao pensar nessa hipótese.

—Até que não é uma má ideia. - disse olhando em seus olhos e ele sorriu surpreso por minha sugestão.

—Você tem cada ideia meu anjo, vem vamos tomar café. - ele disse me soltando e em seguida segurou a minha mão, me conduzindo em direção a mesa do café que estava posta na sala de estar do quarto.

Tomamos nosso café em total harmonia antes de deixamos o hotel, do qual Benjamin já havia fechado a conta por telefone enquanto tomava banho. Nossa viagem de volta havia sido mais tranquila que a ida, sem nenhuma ligação que pudesse quebrar a nossa bolha de felicidade, mas sabia que todo esse clima seria quebrado quando chegássemos a Londres, onde a realidade estava a nossa espera.

A realidade na qual Benjamin era o meu chefe e sete anos mais velho do que eu, provavelmente seria julgada pelas pessoas se descobrissem nosso envolvimento, e pela primeira vez desde que me dei conta que estava atraída por ele, não me preocupei com esse fato.

Benjamin me amava e eu idem, e nosso amor nos ajudaria a vencer qualquer barreira imposta. Assim que seu carro parou na minha porta, percebi que era o momento de nos despedimos, segundo o que ele havia me explicado, enquanto tomávamos café da manhã no hotel, sempre que um funcionário ia para a sede de distribuição de medicamentos ganhava a manhã de folga, pois muitos preferiam pernoitar em Bristol do que enfrentar a estrada a noite.

 Não tive coragem de descer do carro imediatamente, pois sentia que se o fizesse seria como deixar uma parte de mim, que se tornou vital em tão pouco tempo, para trás e não estava pronta para isso.

—Está tudo bem Mel, eu entendo. - Benjamin sussurrou como se soubesse o que se passava em minha cabeça.

—Eu não quero te deixar. - sussurrei virando para olha-lo nos olhos, tentando fazê-lo entender que não queria me afastar dele.

—Você nunca irá me deixar, Melissa. Meu coração sempre estará com você.- ele disse suave enquanto me olhava nos olhos.

—E o meu com você. -sussurrei praticamente chorando só em pensar de ficar longe dele.

—Está tudo bem, meu anjo. - ele sussurrou suave olhando nos meus olhos antes de me envolver em um abraço apertado e me beijar com carinho, sem pressa de acabar o momento que compartilhávamos.

A cada beijo que trocávamos era como se fosse o primeiro.

Benjamin era tão carinhoso e delicado comigo, como se tivesse medo de me assustar ou me machucar, e isso só me deixava cada vez mais apaixonada por ele e com medo de que tudo terminasse tão rápido assim como começou.

—Que tal, se a levasse para jantar hoje à noite? - ele perguntou assim que interrompemos nosso beijo e Benjamin fazia um leve carinho em meu rosto.

—Adoraria. - disse empolgada por termos a possibilidade de ficarmos novamente a sós.

—Vou fazer a reserva e depois ligo, para lhe informar sobre o horário e o local.

—Tudo bem, mas posso lhe fazer uma pergunta? - questionei olhando em seus olhos e ele concordou com a cabeça, começando a fazer carinho em meus cabelos.

—Como será no laboratório? - questionei preocupada com a sua resposta, afinal sabíamos que devíamos agir com cautela no nosso ambiente de trabalho.

—Nada irá mudar Melissa, no laboratório continuo sendo seu chefe como antes. Podemos muito bem, trabalharmos juntos e termos um relacionamento, isso funciona a anos para os meus pais e tenho certeza que funcionará conosco também.

—Mas e se alguém desconfiar que estamos namorando?

—Por mais que queira propagar ao mundo todo que estamos juntos, sei as consequências que isso possa acarretar as nossas carreiras se não agirmos com cautela, pelo menos até acabar o processo de mudança de administração da rede de hospitais. Posso não contar para todos que sou seu namorado, mas não irei negar se alguém me perguntar, mas só farei isso se estiver de acordo.

—Por mim tudo bem. - disse e senti meu rosto corar com um pensamento que passou por minha mente.

—Sim. - Benjamin disse sorrindo e pisquei confusa por sua fala.

—Mas eu não perguntei nada. - disse sem entender e ele sorriu suave enquanto acariciava meu lábio inferior com seu polegar.

—Você não expressou em palavras, mas os seus olhos castanho mel e a sua face ruborizada, me dão uma ideia do que se passa na sua mente...Sempre que você fica assim é porque quer me beijar, mas ainda fica receosa de não ser bem recebida.

—Você por acaso ler mentes? - questionei assombrada e ele sorriu negando.

—Não, mas você é transparente como um cristal, meu anjo. E não precisa ficar receosa, sempre que desejar me beijar, vou correspondê-la da forma mais apaixonada e entregue possível.

—É bom saber. - disse contente e foi impossível não beijá-lo naquele momento.

Às vezes duvidava que Benjamin fosse real, não era possível alguém ser tão carinhoso, paciente e amoroso, quanto ele era comigo.

—Eu preciso ir...- sussurrei em seus lábios assim que interrompi o nosso beijo, afinal já estávamos parados a um tempo na porta da minha casa.

—Eu sei, mas posso ter só mais um beijo? - ele implorou segurando meu rosto em suas mãos e concordei antes de lhe dar mais alguns beijos.

Foi uma verdadeira batalha interna deixar a nossa bolha de felicidade e vê-lo partir, deixando um grande vazio em mim, só não o segui implorando que voltasse para mim porque fui interrompida pela senhora Scott, nossa vizinha do lado que estava molhando suas plantas, ou melhor, se atualizando sobre a vida dos vizinhos.

—Mel, querida, espere. - senhora Scott disse sorrindo enquanto acenava para mim, antes de deixar sua mangueira na grama e caminhar na minha direção.

Ótimo, seria a mais nova fofoca da semana no bairro.

—Senhora Scott, bom dia.- disse cumprimentando-a com um sorriso educado, mas por dentro estava louca para fugir dela.

—Bom dia querida, só parei para cumprimenta-la. Você está tão bonita, com os olhos tão brilhantes e a pele tão iluminada...Esse seu emprego está lhe fazendo muito bem. - ela disse curiosa, cheia de expectativa a espera de que lhe desse algum detalhe sobre a origem do que estava me fazendo tão bem, ou melhor, de quem...Como se eu fosse falar algo para ela.

—Obrigada pelo elogio senhora Scott, mas preciso realmente entrar, acabei de chegar de uma viagem de trabalho e estou esgotada. - disse e fiz a minha melhor cara de esgotada, talvez assim ela me deixasse em paz.

—Há querida sinto muito estar tomando o seu tempo...Mas quem veio deixa-la? Deve ter sido uma pessoa muito importante, afinal você demorou a descer do carro...E que carro, ele deve ter uma ótima condição financeira. -ela destacou maldosa e antes que pudesse lhe mandar cuidar da sua vida, minha mãe começou a me chamar da porta da nossa casa.

—Mel, filha, o que faz aí fora? Venha logo para dentro, você deve estar exausta da sua viagem. - mamãe disse vindo até nós e percebendo o clima tenso entre mim e a nossa vizinha. - Bom dia senhora Scott.

—Bom dia Sophia. -  senhora Scott cumprimentou a minha mãe com seu sorriso cordial falso.

Mamãe nunca gostou de ser chamada pelos vizinhos de senhora Hastings, ela sempre dizia que isso lhe dava a sensação de não ter identidade, as nossas vizinhas achavam tal atitude estranha, certa vez questionaram meu pai sobre o que achava do comportamento da minha mãe em não querer ser chamada por seu sobrenome e ele apenas disse que não se importava, que havia se casado por amor com a minha mãe, e não para exibi-la como um prêmio, como acontecia com algumas das nossas vizinhas.

Desde em então, elas pararam de questionar a forma como minha mãe gostava de ser chamada.

—Bom dia senhora Scott, me desculpe mas preciso terminar de fazer o almoço e a Mel precisa descansar, tenha um bom dia.- mamãe disse sorrindo falsamente enquanto me arrastava para dentro de casa, sob os olhares atentos da nossa vizinha.

—Já disse o quanto não suporto a senhora Scott? Ela é tão inconveniente, a senhora nem sabe o que ela insinuou quando me viu, mamãe. - disse revoltada com a atitude da nossa vizinha e mamãe me olhou de cima a baixo antes de sorrir de maneira maliciosa, o que me deixou confusa. - O que foi?

—Não é difícil imaginar, vendo-a com o cabelo desarrumado, o vestido amassado e os lábios vermelhos. - ela apontou e gemi envergonhada o que lhe fez rir.

—Deus, vou virar a fofoca do bairro. Se isso cair nos ouvidos do papai e dos meninos...- comecei a dizer preocupada e mamãe sorriu amorosa antes de segurar as minhas mãos com carinho e me olhar nos olhos.

—Eles não ligam para o que a senhora Scott fala, eles sabem que ela é a maior fofoqueira do bairro. - ela segredou e foi impossível não rir.

—Agora que tal, subirmos para que me conte tudo que aconteceu nessa viagem, porque pelo estado em que chegou em casa, às coisas foram muito boas. - mamãe disse maliciosa e corei sem graça.

—Mãe, não aconteceu nada demais.

—Melissa. - ela disse não acreditando nenhum pouco em mim.

—Tá certo, nós apenas nos beijamos...Beijos muito bons, diga-se de passagem. - confessei corada enquanto subíamos as escadas em direção ao meu quarto.


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