O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 3
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos a mais um capitulo de O legado, meu amados leitos. Espero que estejam gostado da historia, e lembrem: Fiquem em casa, lavem as mãos e cuidem dos idosos e das crianças.
Fiquem seguros.
Beijos e boa leitura, até quarta.



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Depois que tive meu imprinting não conseguia me concentrar em mais nada, e minha irmã fez questão de me mandar embora. Assim que cheguei em casa, fui direto para o meu quarto e me joguei na cama com a echarpe cor de rosa de Melissa, sentindo seu cheiro de canela como um viciado, enquanto me culpava por não ter prestado mais atenção nela, por mais que tentasse me lembrar da cor da sua pela ou do seu cabelo, era como se as lembranças estivessem difusas. Por mais que tentasse acessar as suas memórias, as quais tive acesso quando a vi, não era a mesma coisa que vê-la com os meus próprios olhos, e ansiava desesperadamente em poder vê-la novamente.

—Posso entrar, meu amor? - minha mãe questionou assim que abriu a porta do meu quarto e espiou seu interior.

—Pode mãe. - disse suave e ela sorriu antes de vir até a minha cama e se sentar, automaticamente coloquei minha cabeça em seu colo.

Adorava receber cafuné da minha mãe, seu carinho sempre me acalmava, não importasse a situação em que me encontrava.

—Como se senti, meu filhote? - ela questionou fazendo carinho em meu cabelo.

—Perdido...Confuso e saudoso...Mal a conheço mamãe, só de estar longe dela sinto como se tivesse um buraco no meu coração. -disse com dor e ela beijou os meus cabelos com carinho antes de sentir o perfume que emanava deles.

—Isso é normal, Ben. Agora que achou sua fêmea, tudo que seu lado lobo e você querem é ficar perto dela. Mas nunca se esqueça filhote, você não pode deixar o seu lado lobo falar mais alto, ou as coisas podem ficar ruins. - mamãe me aconselhou e pisquei confuso.

—Ruins como? -questionei preocupado enquanto levantava a cabeça do seu colo e me sentava na cama para olhar seus olhos castanhos.

—Nosso lado animal não é racional filhote, ao menor descuido nosso ou perca de paciência podemos machucar o nosso imprinting, podendo ser uma ação sem volta.

—Não quero machucar a Melissa de nenhuma forma, mãe. - disse sincero olhando em seus olhos e ela sorriu compreensiva. - Ela nunca teve um relacionamento na vida e tenho medo de estragar tudo, sendo impulsivo. O que faço, mamãe? Como me aproximo dela?

—Há meu filhote... Por mais que queira responder a todas as suas dúvidas, não posso. Isso só o seu imprinting poderá responder. -minha mãe disse torturada por não poder responder as minhas dúvidas. -O único conselho que posso lhe dar é que escute o seu imprinting, pois saberá do que Melissa precisa e se adequará a isso.

—Isso foi uma péssima resposta, mamãe. - disse voltando a deitar minha cabeça em seu colo e ela sorriu.

—Não foi uma péssima resposta Benjamin, foi a mais pura verdade. - ela disse sorrindo e a olhei cético, o que a fez sorrir e se inclinar para beijar a minha testa com carinho. -Você me olhou cético do mesmo jeito que o seu pai.

—E a senhora ainda é completamente apaixonada por ele. - constatei e ela sorriu apaixonada o que me fez rir.

—Culpada. - ela disse e sorriu apaixonada só de lembrar do meu pai.

Nunca consegui imaginar sentir um amor tão grande quanto o que meus pais nutriam um pelo outro, um amor que só crescia com o tempo. Era praticamente impossível pensar nos dois separados, mas isso se devia ao imprinting, que resultou em um casamento de quase trinta e três anos e três filhos.

—O papai deve ter se apaixonado por você de primeira, afinal pelas fotos que vi a senhora era tão bonita quanto é agora. - disse e ela sorriu negando.

—Seu pai não caiu de amores por mim quando me viu pela primeira vez, na verdade ele me afastava sempre que tentava me aproximar.

—É estranho pensar no papai correndo de você, desde que me lembro vocês são completamente apaixonados um pelo outro.

—Apesar de ser viúvo quando nos conhecemos, Elliot ainda gostava da mãe da Ária. Conquistar seu pai foi uma tarefa árdua, da qual não me arrependo nem um pouco, afinal ele me deu três filhos maravilhosos. - ela disse amorosa e sorri surpreso em saber que meu pai não havia se apaixonado de primeira pela minha mãe.

—É meio difícil pensar no papai gostando de outra pessoa que não seja a senhora. - disse tentando imaginar e ouvi a risada do meu pai na porta do meu quarto.

—Às vezes esqueço que já fui casado antes da sua mãe. - papai disse suave antes de vir se sentar ao lado da minha mãe na cama. -Como se senti amor?

—Sinto saudades da minha fêmea, pai. - disse com dor e ele me olhou carinhoso antes de abrir os braços, um claro convite para um abraço.

Amava abraçar o meu pai, era como se ele fosse capaz de afastar qualquer sentimento ruim. Sempre que tinha pesadelos quando criança, corria para a cama dos meus pais e me aconchegava a noite toda nos braços do meu pai, o cheiro dele era tão bom e reconfortante, um verdadeiro bálsamo para mim.

Acho que seu cheiro me afetava, porque era filho da mulher que havia tido um imprinting por ele, e sabia que seu cheiro era importante para ela, afinal sentia o mesmo em relação a Melissa.

—Filho, você está mesmo bem? Porque estou sentindo um leve cheiro de canela em você. - mamãe disse preocupada assim que o vento que vinha da janela do meu quarto mudou de direção, soprando meu cheiro em seu rosto.

—Benjamin, você sabe que não pode chegar perto de qualquer coisa com canela. - meu pai me repreendeu sério assim que nos separamos e concordei, antes de pegar a echarpe cor de rosa que estava esquecida na minha cama. - O cheiro de canela está vindo da echarpe da Melissa.

Os dois me olharam confusos, antes de mamãe pegar o tecido delicado em suas mãos e leva-lo até o nariz.

—Apesar de fraco é cheiro de canela sim. - mamãe disse suave depois que sentiu o perfume da minha fêmea.

—E a sua alergia? - meu pai questionou preocupado e não poderia culpa-lo, afinal quando tinha seis anos meu primo Harry, filho mais velho do meu tio Seth, me desafiou a comer um pedaço de bolo de canela.

Querendo provar que era corajoso para o meu primo mais velho, comi um pedaço do bolo e quase morri sufocado. Só não aconteceu o pior porque Ethan, que só tinha quatro anos na época, começou a gritar desesperado chamando por nossos pais enquanto segurava a minha mão, já que meu irmão caçula não quis me deixar para pedir ajuda, enquanto isso Harry me olhava sem saber o que fazer, como se estivesse em choque. Desde então, eu e meu irmão evitamos qualquer coisa com canela.

—Não senti nada. É como se o cheiro dela não me fizesse mal.- disse e meu pai olhou confuso para a minha mãe, como se estivesse atrás de uma explicação.

—Isso é possível, amor?

—Não sei querido, todas as vezes que Ben ou Ethan sentem cheiro de canela, mesmo que de longe quando estão na forma de lobo, sentem a alergia de forma leve. - mamãe disse pensativa antes de voltar a cheirar a echarpe.

—Porque o cheiro de canela dessa garota não afeta o Benjamin? - papai questionou confuso, afinal ao contrario dele, que só manifestava sua alergia se consumisse algo com canela, eu e meu irmão, entravamos em crise até com o simples cheiro dessa especiaria, por causa do nosso olfato apurado.

— Talvez... Seja o cheiro natural dela, mas não dá para ter certeza, pois o aroma está fraco demais. O cheiro natural do Elliot é de mel, mas ele também tem cheiro de madeira, por causa da loção pós-barba, o que acaba interferindo no aroma natural dele. O que não acontece com o Ben, que ainda possui o mesmo cheiro de quando o peguei no colo quando nasceu, avelã e mel. -mamãe disse pensativa enquanto ainda sentia o perfume de Melissa.

Meu cheiro não tinha interferência de outros aromas, pois meu olfato era sensível demais aos aromas desde pequeno, uma qualidade que possivelmente havia herdado do lado lobo da minha mãe, o que me impedia de usar qualquer produto com cheiro forte, por isso até a minha loção pós-barba era sem cheiro e eu nunca usava perfume.

—Acho que o mistério do cheiro da sua fêmea só poderá ser respondido por você, quando conhecê-la melhor. - mamãe disse suave antes de me entregar a echarpe.

—Eu sei, mas depois do que fiz acho que ela não quer me ver tão cedo. - disse e os dois me olharam confusos.

—O que você fez? - meu pai questionou e gemi envergonhado antes de contar como sai da sala  feito um furacão no meio da entrevista.

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—Quer dizer que meu alfa achou sua fêmea? -Ethan questionou sorrindo assim que se sentou ao meu lado na varada que dava acesso ao jardim de inverno que pertenceu a nossa bisavó, a qual morreu quando tinha dez anos de idade, dois anos depois da morte do nosso bisavô.

Ao que parece, Ária fez questão de ligar para a família inteira e noticiar o ocorrido. Minha irmã fez questão de vir jantar na casa dos nossos pais para contar a todos como a minha fêmea era incrível, passei o jantar inteiro calado, apenas escutando o que as duas tinham conversado durante a entrevista.

 - Como ela é? Espero que seja bem gata pra te fazer esquecer da Sylvia. - meu irmão disse me tirando dos meus pensamentos.

—Aposto que ele nem se lembra mais da paixonite que teve pela Sylvia. - Ária comentou se sentando do meu outro lado e revirei os olhos.

—Não vou falar da Melissa com os meus irmãos. - disse e os dois me olharam chocados.

—Você não sabe que falar sobre seus interesses amorosos é o primeiro item no manual de irmãos? -Ária questionou me olhando com seus olhos castanhos, os mesmos olhos que nós dois herdamos do nosso pai.

—Isso nem existe Carol.

—Claro que existe Ben. -Ethan disse sério e Ária concordou enquanto revirava os olhos antes de satisfazer a curiosidade dos dois, pois sabia que eles não iriam me deixar em paz.

—Meu irmão mais velho é um idiota mesmo. Como é que você fica de frente para a sua mulher e foge dela?

—Não preciso de julgamento Ethan, já estou fazendo isso sozinho. - disse com raiva de mim mesmo e nossa irmã sorriu como se tivesse ganhado na loteria, antes de tirar o celular do bolso da calça jeans que usava.

—Ainda bem que sou a mais esperta dos dois. O que seria de vocês sem mim? - ela disse sorrindo e a olhamos confusos enquanto a mesma dedicava sua atenção ao celular antes de mostra-lo para nós. - Com vocês, Melissa Hastings.

—Até que ela é bonitinha. Tem foto dela de biquíni? - Ethan questionou e rosnei furioso para ele, antes de pegar o celular da mão da minha irmã para ver melhor a foto de Melissa. - Tudo bem, já entendi, nada de gracinha com a sua fêmea.

— Acho bom mesmo Ethan ou esqueço que é meu irmão. Ela é minha fêmea. - sibilei furioso enquanto olhava para ele.

Naquele momento não estava vendo Ethan como meu irmão, e sim como um macho que queria disputar a atenção da minha fêmea.

—Calma Ben. - Ethan disse levantando as mãos com cuidado como se quisesse mostrar que não iria me atacar. - Sei que a Melissa é a sua fêmea e respeito essa condição. Ela é sua e ponto final.

—Será que vou ter que chamar a mamãe para controlar vocês dois? - Ária questionou tomando o celular da minha mão e sua ação me fez piscar confuso, como se recuperasse o meu lado humano. - Benjamin, se não parar de agir como um macho territorialista e machista, não vou deixar você ver a foto da Melissa.

—Você não ousaria, Ária? - questionei suplicante e ela concordou séria.

—Peça desculpas ao Ethan agora, por supor que ele fosse disputar a Melissa com você.

—Não precisa Carol, sei que ele não fez por mal. É coisa de lobo. - Ethan disse tentando evitar que pedisse desculpas.

—Pode até ser, mas nós somos irmãos, na realidade somos meio irmãos, mas isso não importa. Jamais vamos brigar por causa de garotas ou garotos, ou vamos desconfiar uns dos outros. Somos uma família, e esperei muito tempo para ter irmãos, para depois vê-los brigando por causa do instinto de lobo. - minha irmã disse emocionada e concordamos antes de abraça-la com carinho.

—Desculpa Carol, prometemos que não vamos mais brigar. - Ethan disse abraçando a nossa irmã e beijando a sua bochecha com carinho. - Eu te amo.

—Ou nos comportar como machos territorialista e machistas. - disse suave antes de beijar o outro lado da sua bochecha. - Eu te amo.

—Eu também amo vocês seus idiotas. Mas ainda devem um pedido de desculpas ao outro. - ela disse e concordamos antes de nos separarmos.

Olhei nos olhos do meu irmão, que havia herdado tanta coisa da minha mãe, o qual sempre esteve do meu lado durante toda a minha vida e que havia se tornado o meu beta, me senti um idiota por achar que Ethan pudesse querer disputar a atenção da minha fêmea.

—Me desculpe Ethan, sei que jamais tentaria tirar a Melissa de mim. Será que você pode me perdoar? - questionei arrependido e meu irmão sorriu suave antes de me abraçar com carinho.

—Claro que sim, me desculpe pela brincadeira. Prometo que jamais vou fazer outra brincadeira desse tipo. Você me perdoa?

—Perdoo caçula.

—Agora que vocês fizeram as pazes, aqui está a sua recompensa Ben. - Ária disse assim que nos separamos e me devolveu o celular que mostrava uma foto de Melissa.

Melissa estava tão linda usando um vestido floral enquanto exibia um sorriso radiante, sua pele parecia ser tão alva e delicada como uma porcelana, mas não tinha como ter certeza por meio de uma foto, suas bochechas estavam levemente coradas, o que lhe deixava ainda mais linda. Seu cabelo castanho estava em ondas destacando seu rosto delicado e seus olhos cor de mel, ela parecia um anjo.

O meu anjo.

—Como conseguiu uma foto da Melissa? - questionei sem desviar os olhos da foto, tentando absorver cada detalhe da minha fêmea.

—Na rede social do Theo, o chefe do setor de advocacia lá da empresa. Lembra? - ela questionou suave e virei para vê-la surpreso.

—Porque o Theo teria uma foto da Melissa na rede social dele? - questionei ciumento e minha irmã riu.

— Você tem que começar a controlar esse seu sentimento de posse, maninho. Isso não é saudável. - ela recomendou e respirei fundo tentando me controlar antes da minha irmã voltar a falar. - O Theo é o irmão mais velho da Melissa, pelo que vejo nem você sabia disso.

—Não. - disse surpreso, afinal Theo trabalhava para a empresa por anos, desde que era um simples estagiário de advocacia. - Vi nas lembranças dela, quando tive o imprinting, que ela tinha dois irmãos mais velhos, bastante ciumentos, isso sem incluir o pai dela. Mas não prestei muita atenção neles, estava abalado demais para reconhecer alguém nas lembranças dela.

—Em que roubada você foi se meter mano... Sua fêmea é a caçulinha da família, nunca que eles irão deixa-lo chegar perto da Melissa. - Ethan disse preocupado assim que passei para outra foto em que Mel estava ao lado dos irmãos.

— Isso é verdade. Depois que Theo me disse que ela era irmã dele, questionei se Melissa estava se relacionando com alguém, e pensei que ele teria um derrame só de imaginar a irmã namorando. Fiquei pensando como seria ter irmãos ciumentos? A coitada deve passar por um tormento para arrumar um namorado. - Ária disse pensativa e Ethan revirou os olhos.

—Você não ganhou irmãos ciumentos, mas se tornou uma. - ele apontou e nossa irmã o olhou chocada por sua acusação.

—Isso não é verdade, Ethan.

—É sim. -meu irmão disse e Ária o olhou indignada, enquanto voltava minha atenção para o celular e deixava os dois se resolverem.

—Isso é mentira.

—Quem foi que ligou para a minha paquera da oitava série, inventando que eu estava com catapora, e não podia ir ao cinema? - Ethan lembrou sério e suspirei, pois, essa conversa iria longe.

—Tá legal, fui eu. Mas em minha defesa ela não parecia ter boas intenções. Ela só queria se aproveitar de você.

—Mais era isso o que eu queria Carolina. - Ethan disse obvio e foi impossível não rir.

—Me desculpe se estava tentando ser uma boa irmã, caçulinha. - Ária disse fingindo magoa e Ethan suspirou.

—Tudo bem, isso ficou no passado. - meu irmão disse antes dos dois voltarem sua atenção para mim.

—Ainda bem que o Ben é a prova de bala, porque tenho certeza pela reação do Theo hoje mais cedo, que será complicado ele se aproximar da Melissa. - Ária disse preocupada comigo.

—Não vou desistir da Melissa por nada nesse mundo. - disse suave acariciando o rosto de Melissa na foto.  

Enquanto olhava sua foto, prometi silenciosamente que faria de tudo para que pudéssemos nos conhecer melhor, nem que tivesse que enfrentar os três homens da sua vida, que era como Mel se referia aos seus irmãos e seu pai, e esperava que pudesse conseguir ser o quarto e último homem dessa lista.


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