O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 16
Melissa




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Tentei a todo custo parar de olhar para o meu chefe, mas era difícil.

A culpa não era minha se não estava acostumado a vê-lo com tão pouca roupa, só acho que a polícia deveria prendê-lo, por perturbar a mente das pessoas daquele jeito...Era impressão minha ou o tempo havia esquentado de repente?

Benjamin parecia aquelas estatuas gregas de mármore perfeitamente esculpidas, que vi quando visitei o museu no primeiro ano do ensino médio, e não ajudava em nada ele ficar me olhando daquela forma maliciosa, por perceber que estava reparando nele.

Eu não tinha culpa, era praticamente impossível deixar de olhá-lo.

—Que surpresa boa encontra-lo por aqui Ben. Aceita um suco de maça para se refrescar? - Cíntia questionou chamando a nossa atenção, quebrando assim o contato visual que ainda mantínhamos.

—Não obrigado, Cíntia. E é uma surpresa mesmo, não costumo correr aqui. Estou aqui hoje porque trouxe o... -Benjamin começou a dizer, mas se interrompeu apavorado como se tivesse esquecido de algo muito importante.

—Não precisa se preocupar... A mamãe não vai te matar...Por ter me esquecido. - um adolescente de cabelos claros e olhos azuis cristalinos, disse sem folego assim que parou atrás de Benjamin. - Será que posso terminar de morrer na sua toalha, Cíntia?

—Claro Charlie. - ela disse e o rapaz se jogou na toalha enquanto cantarolava uma marcha fúnebre, nos fazendo rir.

—Eu não te esqueci Charlie, você que não acompanhou meu ritmo. -Benjamin se defendeu e Charlie o olhou sério.

—Mentir é feio padrinho. - ele disse e Benjamin o olhou feio o que nos fez sorrir.

—Você gostaria de um pouco de suco de maça e um sanduíche? -questionei para o adolescente esparramado atrás de mim.

—Eu adoraria, vocês têm bolo de chocolate?- ele questionou esperançoso e sorri.

—Charlie. - Benjamin o repreendeu e ele revirou os olhos.

—Sou Charlie, sobrinho e afilhado do maratonista ali.- o jovem disse se sentando na toalha antes de me oferecer a sua mão.

—É um prazer conhece-lo Charlie. Sou Mel e trabalho com seu tio. - disse e ele me olhou surpreso antes de olhar para o tio e depois para mim.

—Espera, você é a Mel do ...- Charlie começou a dizer e Benjamin o olhou sério.

—A Mel do que? -  questionei confusa enquanto olhava para Charlie.

—Da entrevista...Na qual meu padrinho saiu correndo, mamãe contou para todos no jantar na casa dos meus avós. - Charles comentou e seu tio concordou.

 -Entendo. Na realidade nunca entendi porque o Benjamin saiu correndo no meio da entrevista. No começo fiquei temerosa em não nos darmos bem, mas graças a Deus isso não ocorreu.

—Agora vocês se dão bem até demais. - Cíntia comentou com segundas intenções e corei sem graça, enquanto entregava um copo de suco para Charlie e um pedaço de bolo de chocolate, que Cíntia havia trago.

—Não do jeito que meu padrinho espera. -Charlie comentou antes de tomar seu suco e ficamos sem fala por seu comentário.

—Agora já chega Charles, temos que ir. - Benjamin disse sério enquanto oferecia sua mão para ajudar seu sobrinho a levantar.

—Tá bom, adeus Cíntia e Mel, obrigado pelo lanche e pelo descanso. - Charlie disse após ter se levantando da toalha. - Foi um prazer conhecê-la Mel e vê-la Cíntia.

—O prazer foi nosso Charlie. - dissemos juntas e ele sorriu carinhoso para nós.

—Precisamos ir, foi um prazer vê-las. - Benjamin disse e me olhou uma última vez antes de sair com seu sobrinho.

E seu olhar havia sido tão cheio de dor e frustação, por termos que nos separar tão cedo, aqueles sentimentos eram tão fortes que estremeci assim que Benjamin me deu a costas.

—De uma coisa não podemos negar, vocês dois tem química. O jeito que se olhavam era tão íntimo e profundo que me senti deslocada. - Cíntia disse assim que os dois se afastaram.

—Você acha? - questionei incerta e ela concordou sorrindo.

— Tai um homem que não tem medo dos seus vários phds, porque ele também tem muitos.

—O que que vou fazer da minha vida, Cíntia? Não quero perder o meu emprego, amo o que faço. -disse desesperada e ela respirou fundo como se estivesse pensando.

—Não posso dizer o que fazer Mel, essa decisão é sua. Afinal o que escolher afetará a sua vida, tudo que posso fazer é lhe dá um concelho, tudo bem?

—Tudo bem.

— A vida é tão curta e preciosa, precisa ser preenchida de amor antes que seja tarde demais e você tenha ido.

—Isso parece mais um enigma de um biscoite chinês do que um concelho, Cíntia. - reclamei me deitando na toalha em que estávamos sentadas e ela sorriu.

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—Mãe? - questionei chamando assim que entrei em casa, por volta das quatro da tarde, segurando a mão de Hunter, que estava exausto mais feliz pelo dia incrível que tivemos.

—No quintal querida. - mamãe disse e fomos até lá.

Assim que fomos para o quintal vi meus pais plantando novas mudas, para o jardim da minha mãe, que era o único da vizinhança que não possuía flores por causa da minha alergia.

—Como foi dia? - meu pai questionou sorrindo e Hunter correu para os braços do avô que tirou as luvas antes de recebe-lo com beijos.

—Foi incrível, nos divertimos muito. Estamos pensando seriamente em fazer desse programa o nosso ritual do final de semana. - comentei e meus pais sorriram concordando.

—Agora que tal você subir e tomar um bom banho? E não se preocupe, que dou um banho no Hunter. -minha mãe se ofereceu e agradeci antes de subir para tomar um banho.

Subi e tomei um banho rápido antes verificar meu e-mail corporativo, afinal podia ser final de semana, mas a produção dos medicamentos não parava, fiquei aliviada em saber que não havia nada na minha caixa de entrada, em seguida desci para ajudar a minha mãe com o jantar, porque aos sábados sempre jantávamos em família.

—Mel, o Hunter só fala do passeio que vocês fizeram hoje. - Becca disse sorrindo enquanto estavam todos sentados à mesa compartilhado desse momento em família.

—Podemos ir de novo, tia? - Hunter questionou animado enquanto me olhava com seus olhos castanhos brilhantes e sorri com amor para ele.

—Claro, meu amor. Cíntia e eu prometemos que iriamos fazer desse programa uma rotina, enquanto não somos solicitadas pelo Benjamin. - expliquei e só de mencionar o nome dele senti meu coração bater mais rápido.

Precisava resolver de uma vez por toda essa atração maluca pelo meu chefe, antes que tenha um infarte ou acabe louca.

—Não sabia que você, iria trabalhar sem folga? - Rafaela questionou confusa enquanto se servia de mais salada de maionese.

—Trabalhamos com a produção de medicamentos, que possuem componentes sensíveis e muitas vezes voláteis, então tenho que estar alerta se algo errado ocorrer, pois o responsável pela produção irá me ligar e terei que resolver o problema, se não conseguir terei que ligar para o meu chefe, o que espero que não aconteça.- expliquei a ela que balançou a cabeça sinalizando que tinha entendido.

—Por isso autorizei a Mel, a ser a única a sentar nessa mesa com o celular.- mamãe disse olhando para todos ali. Ela odiava ter o seu jantar interrompido por um celular, dizia que as refeições eram sagradas, pois era o momento da família estar junta e agradecer por mais um dia e o celular só atrapalhava esse momento, segundo a mesma.

No meio da sobremesa meu celular corporativo começou a tocar e todos me repreenderam com o olhar, mesmo tendo a autorização da minha mãe para usá-lo a mesa, sem graça pedi desculpas antes de me levantar e atendê-lo na cozinha.

—Boa noite doutora Hastings é o Célio, sou o responsável pela produção noturna hoje. - a voz explicou assim que disse alô.

—Sim Célio, boa noite, me chame de Mel, por favor. - pedi sem graça, afinal não gostava de ter um título antes do meu nome, isso só deixava as pessoas mais desconfortáveis em falar comigo. -Aconteceu alguma coisa?

—Sim, começamos a produção do lote de aspirina, mas o mesmo não está saindo corretamente, as maquinas responsáveis por seu controle, estão apontando um erro na quantidade das substâncias.

—Certo, você foi até o manual dos produtos e verificou a descrição das substâncias que compõem a aspirina?

—Ai é que está doutora, o manual sumiu. Pedi para alguns funcionários procurarem o impresso e nada, e nem estou conseguindo acessá-lo pelos computadores da empresa. Decidi parar a produção, para que nenhum acidente acontecesse. - ele explicou e fiquei confusa, afinal ontem mesmo vi o manual no setor de produção quando o visitei e também acessei alguns documentos pelos computadores do local.

—Isso deve ser algum problema na rede da empresa, vou acessar daqui e enviarei a cópia para o seu e-mail. - garanti e ele concordou enquanto subia correndo as escadas que davam acesso ao meu quarto.

Tentei inúmeras vezes acessar a rede da empresa de casa, mas não obtive sucesso. Respirei fundo algumas vezes, antes de ligar para o responsável do setor de TI informando sobre o problema.

—Para onde você vai a uma hora dessas, Mel? - meu pai questionou confuso assim que peguei meu casaco e pedi a chave do carro de Daniel.

—Para a empresa, teve um problema na produção que preciso resolver pessoalmente.

—É algo muito grave? - mamãe questionou preocupada.

—Nada demais, não me esperem acordados, provavelmente vou chegar tarde. - avisei enquanto meu irmão me entregava a sua chave.

—Posso te levar se quiser, afinal, você odeia dirigir. - Daniel se ofereceu preocupado.

—Não está tudo bem.- disse e me despedi da minha família antes de sair de casa.

Cheguei na empresa em tempo recorde, graças aos poucos carros que circulavam na rua. Fui direto para o setor de produção e encontrei Célio lá, enquanto ainda tentava acessar a rede da empresa estava ao telefone com o responsável do TI, que já estava a caminho para tentar resolver o problema. Afinal, tínhamos que entregar aquele carregamento de aspirina na manhã da segunda feira, e cada minuto era precioso.

Depois que percebi que não poderíamos contar com a rede da empresa, para acessar o histórico dos componentes do medicamento, decidi que era a hora de ligar para o meu chefe e explicar o problema que estávamos tendo. Fazer isso me deixou frustrada, afinal era a primeira vez que ficava responsável pela produção e um problema desses acontece? Era como assinar seu atestado de incompetência para o seu chefe.

Enquanto o telefone chamava meu coração batia mais rápido, afinal poderia estar interrompendo algo. Com certeza Benjamin não iria passar a sua noite de sábado em casa comendo pipoca enquanto via um filme qualquer, ainda mais agora que ele ganhou os finais de semana de volta.

—Mel, aconteceu alguma coisa? - Benjamin questionou com a voz sonolenta assim que atendeu, olhei para o relógio que havia na parede e já passava das dez.

—Sim, teve um problema com a produção do lote de aspirinas, tentei resolver de todas as formas possíveis. - disse antes de começar a explicar todo o problema que estávamos enfrentando.

—Entendo, não podemos atrasar mais esse lote, pois não teremos tempo de terminar a produção até segunda. Estou chegando em vinte minutos. - ele disse e concordei antes de desligar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado dos capítulos e preparem porque semana que vem teremos grandes emoções.
Bom final de semana a todos, beijos e até segunda.



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