O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 11
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de o Legado.
Desejo a todos uma boa sexta feira santa e uma boa páscoa.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Assim que a reunião terminou respirei aliviado, afinal odiava participar daquelas reuniões monótonas e burocráticas, e hoje não havia conseguido me concentrar em nada do que eles discutiam, em parte por ter Mel perto de mim e outra por meu irmão ter sido expulso da reunião e ainda ter a sua capacidade de gestão hospitalar questionada por Abbot.

Conhecia Ethan como ninguém, não havia pessoa mais dedicada e entregue a profissão do que ele. Meu irmão amava a profissão antes mesmo de saber o que era ser médico, me lembro das vezes que meus pais sempre o surpreendiam brincando com seu estetoscópio enquanto o mesmo fingia auscultar o coração dos seus brinquedos, e sabia que ter sido expulso daquela forma havia lhe magoado, não só a ele mas ao meu pai também.

Meu pai odiava ser autoritário conosco, ele preferia conversar do que colocar de castigo, e pude perceber por seu rosto, que se sentia horrível por ter expulsado o filho daquela forma.

—Para a minha primeira reunião, ela foi bem movimentada. - Mel disse me despertando dos meus pensamentos enquanto os outros acionistas deixavam a sala após o termino da reunião.

Mel havia sido apresentada por mim e conseguido responder a todas as dúvidas que surgiram dos acionistas, transparecendo calma e confiança, deixando os mesmos satisfeitos com a minha escolha.

—Você não faz ideia. - disse e sorri antes de me levantar e puxar a cadeira dela, para que a mesma pudesse se levantar. - Mas lamento informa-la que essas movimentações são raras, na maioria das vezes as reuniões são monótonas e extremamente burocráticas.

—Espero que na próxima seja sim. - ela segredou e sorrimos enquanto pegávamos as nossas pastas. - Diga ao Ethan, que sinto muito pelo que houve, seu irmão não merecia passar por aquilo tudo, ele parece ser uma pessoa maravilhosa.

—Ele é. Mas de todos os filhos de Elliot Thompson, ele foi o único que puxou o gênio explosivo da minha mãe. - disse pensando na complexidade que era a dona Leah, que podia ser um doce e ao mesmo tempo uma força incontrolável da natureza.

—Já o seu pai parece ser tão calmo e sereno, pelo menos foi o que ele demonstrou enquanto cuidava da situação.

—E ele é. Meu pai e um poço de calma, nunca vi ele perder a cabeça por nada, nem sei se algum dia ele perdeu a paciência com alguém. - disse tentando me lembrar de algum fato sem obter êxito. -Sei que está no seu horário de almoço, mas gostaria muito de lhe apresentar o meu pai.

—Claro, seria um prazer. - Mel disse sorrindo e a conduzi até a cabeceira da mesa, onde meu pai estava sentando conversava algo com Ária.

—Pai, queria apresentar a minha farmacêutica assistente de forma apropriada ao senhor. Melissa Hastings, esse é Elliot Thompson. -disse assim que meu pai desviou os olhos da minha irmã para nos ver.

—É um prazer conhecê-la senhorita Hastings. - ele disse gentil e apertou a mão de Melissa com cuidado. - Fico feliz em vê-la melhor.

—Obrigada doutor Thompson é um prazer conhecê-lo e muito obrigada por ter me examinado quando passei mal.

— Não precisa agradecer foi um prazer, mas por favor, me chame apenas de Elliot.

—Só se o senhor me chamar de Mel. - ela pediu e meu pai concordou sorrindo surpreso por seu pedido.

—Me desculpe pela rebeldia do meu filho caçula. Ethan tem um bom coração e quer o melhor para os pacientes, mas não sabe ainda ser “diplomático” com o concelho.

—Tudo bem, tenho certeza que o senhor fez o que achou ser certo, e ainda verá seu filho sendo diplomático. - Mel disse suave tentando fazer o meu pai se sentir melhor e fiquei agradecido por sua atitude.

—Que São Lucas a ouça. - papai sussurrou e os dois sorriram.

—Benjamin e Mel, vocês irão almoçar conosco? - Ária questionou olhando para nós dois.

—Eu adoraria, mas combinei de almoçar com a Cíntia hoje. -  ela disse e olhou para a tela do seu celular que parecia estar cheia de mensagens. - E já estou atrasada.

—Tudo bem, não se preocupe, não nos faltará oportunidades. Benjamin? -meu pai questionou e concordei com a cabeça antes de me virar para Mel.

—Você poderia, por favor, entregar a minha pasta a Cíntia? -  pedi entregando a mesma a ela que concordou antes de pegá-la.

—Claro. Tenham um ótimo almoço. - ela nos desejou sorrindo.

—A você também, até mais tarde. -  disse olhando-a uma última vez antes dela sair da sala.

Não podia negar que fiquei desapontado por Melissa não ter aceitado o convite da minha irmã para almoçar conosco, mas tinha que entendê-la. Afinal deveria ser desconfortável almoçar com o chefe do seu chefe, ainda mais se você fosse recém contratado, isso seria a fofoca do mês na empresa se caísse no conhecimento dos funcionários, já sabia que o fato de ter carregando-a em meus braços pelos corredores até a minha sala, não escapou ileso dos olhares maldosos de algumas pessoas, por isso tinha que me manter o mais profissional possível por mais que quisesse fazer o contrário, não podia e nem tinha o direito de comprometer a imagem pessoal e muito menos profissional de Melissa.

Parei de pensar em tudo isso assim que minha irmã estacionou o carro no estacionamento de um restaurante que havia há duas quadras depois da empresa, era o local preferido dos meus pais, almoçávamos lá desde que começamos a trabalhar na empresa, pois quando  Ethan e eu éramos crianças, meus pais e minha irmã sempre fizeram questão de almoçar em casa para que pudéssemos vê-los sempre.

Assim que nos viu a recepcionista sorriu e nos encaminhou até a nossa mesa habitual, na qual minha mãe e meu irmão caçula já esperavam.

—Desculpe a demora amor, a reunião se estendeu além do previsto. -meu pai disse suave após ter cumprimentado a minha mãe com um beijo.

—Está tudo bem querido, Ethan me contou o que houve. Agora sentem-se, vocês devem estar morrendo de fome. - mamãe disse suave e lhe cumprimentamos com um beijo enquanto o garçom trazia os cardápios.

—Bom, acho que devíamos conversar sobre o que aconteceu na reunião do concelho, não acham? -mamãe questionou depois que tomou um gole do seu chá gelado após o garçom anotar nossos pedidos e sair.

—Há claro, que tal comentarmos o fato do papai ter me expulsado da sala, como se eu ainda fosse uma criança? - Ethan questionou de mal humor antes de tomar seu suco.

—Você se comportou como uma criança Ethan Harry, por isso foi tratado como uma. - papai disse sério e meu irmão revirou os olhos.

—Vocês nunca vão deixar de me ver como o caçula da família? Já tenho vinte seis anos, nessa idade o papai já tinha a Ária.

—Se quer ser visto como adulto pare de fazer birra na reunião do concelho, filho. - mamãe disse repreendendo meu irmão.

—Agora sou o errado da situação? Aquele idiota me ofendeu, e ainda por cima sugeriu que fizesse uni duni tê na recepção da emergência. Se for para agir assim prefiro me demitir agora mesmo. Porque não volto para trabalhar nessas condições. -Ethan disse revoltado e meus pais suspiraram.

—Porque o seu filho é sempre tão passional, meu amor? - meu pai questionou para a minha mãe que sorriu surpresa por sua pergunta, enquanto o garçom trazia nossos pedidos.

—Pelo que me lembre, sou responsável apenas por cinquenta por cento dele os outros cinquenta por cento são seus. Lembra? - mamãe questionou olhando para o meu pai que sorriu resignado.

—Só para constar, a rebeldia dele vem dos seus cinquenta por cento, e me lembre de nunca mais tomarmos várias taças de vinho tinto a noite em uma praia deserta de Saint-Tropez, e em seguida aceitar a sua sugestão de nadarmos nus. - meu pai sussurrou para a minha mãe que começou a rir como se lembrasse de algo.

—Espera ai, quando foi que isso aconteceu? Não me lembro de nenhuma viagem nossa para a Riviera francesa. - questionei confuso, afinal sempre passávamos as férias em família.

—Claro que você não ia lembrar, isso foi a vinte e seis anos atrás e você só tinha um ano e meio. Espera, vocês dois não fizeram o que acho que fizeram nessa praia? -Ária questionou chocada enquanto olhava surpreso para nossos pais, e o rubor leve que se espalhou pelo rosto do meu pai confirmou as nossas desconfianças.

—Meus Deus, vocês me fizeram em uma praia francesa? Depois ficam chocados com o meu comportamento passional. - Ethan apontou antes de rir enquanto olhava chocado para os nossos pais. -Quem diria? Papai e mamãe chocando a todos com as suas aventuras românticas pela riviera francesa.

—Você ficaria chocado se lhe contasse tudo que seu pai e eu já fizemos. - mamãe disse sorrindo como se lembrasse de algo.

—Leah. -meu pai a repreendeu sem graça enquanto riamos do seu jeito constrangido.

Após nosso momento de descontração, começamos a comer enquanto meu pai explicava a minha mãe e a Ethan, o que havia acontecido depois da expulsão do meu irmão, o qual ficou chateado por não ter visto Abbot ser expulso.

—Não acredito que o senhor me privou de ver o Abbot cair. Será que é cedo demais para pedirmos uma garrafa de champanhe e comemorarmos? - Ethan sugeriu e sorri da sua ideia, era visível o quanto meu irmão não suportava o Abbot.

—Harry. - meu pai repreendeu meu irmão por ele comemorar a expulsão de Abbot, enquanto esperávamos a sobremesa.

—Não me peça para ficar triste papai, o cara me odeia.

—E você não ajuda em nada com a sua rebeldia, só contribui ainda mais para que ele não goste de você. -meu pai apontou e tive que concordar com meu pai.

— Já disse o quanto não suporto esse tal de Abbot?! Nunca entendi porque você ainda o mantem no concelho do conglomerado. - mamãe disse e era perceptível a sua raiva ao lembrar de Abbot.

—Porque ele é da família, amor. Meu avô decidiu devolver  a parte das ações da empresa para os Abbot antes de saber que eu estava vivo, era a maneira dele de saber que o sonho do filho ia continuar vivo depois que ele se fosse.- meu pai explicou enquanto o garçom nos servia a sobremesa.

—Você quer dizer o lado ruim da sua família, já que o pai dele matou o seu. - mamãe comentou antes de comer um pouco do seu mouse de chocolate.

—Leah, não podemos julgar o Silvestre pelos erros do pai dele.

—Sei disso Elliot, mas não confio no seu primo e você devia fazer o mesmo, assim como todos dessa mesa. - mamãe disse nos olhando seriamente para seus filhos e concordamos.

—Não é para tanto Leah, você só é desconfiada com o Silvestre desde que me representou na reunião do concelho quando fiquei doente. - meu pai apontou e minha mãe o olhou ofendida.

— Eu tenho meus motivos Elliot. Além do mais, aquele idiota me tirou do sério sugerindo para o concelho que me casei com você para dá o golpe do baú, ele não respeitou nem meu estado na época. - mamãe disse furiosa e fiquei confuso, afinal não me lembrava de ter visto a minha mãe representar meu pai no conselho.

—Que estado, mãe? - Ária questionei tão confusa quanto eu, afinal sempre que meu pai não podia ir as reuniões ela o representava, já que a nossa mãe se negava veemente em fazê-lo.

—Estava grávida de seis meses do Ethan na única vez que representei o pai de vocês no concelho, Elliot ficou de cama por causa de uma forte gripe, Ária não podia lhe representar porque estava em lua de mel, e seus bisavôs estavam viajando. Não lembro muito bem como tudo começou... Tudo que lembro é que ele me ofendeu, e fui para cima dele tirar satisfações, mas tudo que fiz foi vomitar no sapato italiano caríssimo dele, antes de me levarem para o hospital. - mamãe disse vitoriosa e foi impossível não rir do seu ar de realizada por seu feito, mesmo depois de anos.

—Ai está a explicação do porquê odeio esse cara, isso vem desde que estava na barriga da mamãe. - Ethan comentou e sorrimos. -Mas no final nós ficamos bem, mamãe? E o que o fez papai?

—Vocês ficaram bem, filho. Depois que me certifiquei que sua mãe e você estavam bem, a levei para casa e depois fui ver o Abbot, afinal ele me devia muitas explicações por ter ofendido a minha mulher grávida.

—Resumindo...Toda essa confusão rendeu um belo processo para o seu pai. -mamãe disse e ficamos surpreso, afinal meu pai era um poço de calmaria.

—Não me orgulho de ter recorrido a violência, mas só de pensar que a minha mulher e meu filho tinham corrido perigo de vida por causa de uma atitude idiota, perdi a cabeça.

—Pelo que percebi, nosso adorado primo sempre arruma um jeito de jogar o concelho contra a nossa família, acho que devíamos seguir o concelho da mamãe e desconfiar das intenções dele.- Ária disse e tive que concordar com a minha irmã.

—Só me prometam, por favor, que não irão se colocar em risco. Não suportaria saber que meus filhos se machucaram por causa de dinheiro. - meu pai pediu olhando em nossos olhos e mamãe concordou.

—Vai ficar tudo bem papai, sabemos nos cuidar. Ben e eu não somos tão frágeis assim, e não deixaremos ninguém machucar a nossa irmã. - Ethan prometeu segurando a mão do nosso pai por cima da mesa.

—Prometemos pai. - dissemos e colocamos a nossa mão em cima da de Ethan.

—Isso faz meu coração ficar mais tranquilo. -papai disse e concordamos, afinal meu pai não podia se estressar tanto, ele não era mais um jovem e sim um senhor de idade, apesar de não aparentar a idade que tinha.

—Agora que tudo está resolvido, acho que meus garotos precisam se desculpar, não acham? - mamãe questionou olhando Ethan e papai, enquanto o mesmo digitava a sua senha na máquina para pagar a conta do nosso almoço.

—Você tem razão querida. - meu pai disse após o garçom ter lhe entregado o comprovante de pagamento antes de sair.

—Ethan, me desculpe por ter lhe tratado como uma criança na frente do concelho inteiro, foi errado da minha parte filho, mas não tive outra opção, não queria que você dissesse coisas que lhe prejudicassem ou das quais se arrependesse por ter dito em um momento de raiva. Será que você pode me perdoar? - meu pai questionou sincero para o meu irmão.

—Não há nada para perdoar pai, agora que minha cabeça está mais fria, consigo entender que demostrei o meu desagrado de forma errada. Eu é que peço desculpas por sempre ser teimoso, me desculpe.- meu irmão pediu emocionado enquanto olhava nos olhos do nosso pai.

—Não me peça desculpas pelo seu jeito meu bem, eu te amo do jeitinho que é, afinal você foi o único que herdou a teimosia e o carisma da sua mãe. -papai disse sorrindo antes de abraçar meu irmão caçula e beijar a sua testa com carinho.

Depois que terminamos de almoçar voltamos para os nossos trabalhos, afinal ainda tínhamos um longo dia pela frente.


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