O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 1
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a segunda parte da fic Recomeçar. Espero que se apaixonem pela história do Benjamin.
Boa leitura a todos.



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Corria pelo bairro em que morava ao som de um bom rock como se a minha vida dependesse disso, cada vez que as imagens do convite de casamento de Sylvia voltavam a minha mente apressava o passo, sem me importar se alguém estranharia a minha velocidade sobre-humana. Sei que já não estávamos mais juntos há um ano, mas ainda gostava muito dela.

Sylvia, havia sido muito importante para mim, afinal havia sido a minha primeira namorada, pois evitava qualquer tipo de compromisso mais sério pelo fato de ser um lobisomem. Só terminei porque o conselho de La Push não apoiou o nosso relacionamento, me forçando a terminar o que me deixou furioso por um tempo, no final acabei me conformando e acatando a ordem dos mesmos, mas receber o convite de casamento da minha ex, me fez lembrar de tudo que vivemos e o que não podemos ter.

—Acordou cedo para correr, filho. - meu pai disse assim que entrei em casa depois da minha corrida matinal.

—Não consegui dormi e resolvi correr um pouco. - disse tirando meus fones de ouvido antes de ir para a cozinha, e meu pai me entregou um dos meus isotônico que estavam na geladeira.

—Ainda é por causa da Sylvia? Ben, meu filho, você precisa superá-la. - ele aconselhou e sorri sem humor.

—Pra você é fácil falar pai, afinal não teve que abrir mão da mulher que gosta porque o conselho mandou. - disse antes de tomar minha bebida.

—Ben, você ouviu o que disse? Não gosto da sua mãe, eu a amo, são duas coisas completamente diferentes.

—Pra mim não há diferença pai. Você e a mamãe ficaram contra o meu relacionamento desde o começo e respeitei isso. Mas no fim, preferiram ficar ao lado do conselho do que do filho de vocês. Isso foi traição. - disse furioso e meu pai respirou fundo tentando se acalmar.

—Em primeiro lugar, baixe seu tom de voz Benjamin Elliot Clearwater Thompson, sou seu pai e você me deve respeito. Em segundo, não ficamos contra o seu relacionamento, só estávamos tentando protegê-lo, pois não queríamos que você sofresse por ter magoado a Sylvia quando o seu imprinting aparecesse, a culpa iria te corroer durante anos.

—Estou com vinte e oito anos pai, duvido muito que meu imprinting aconteça. - disse e ele sorriu carinhoso.

—Sua mãe só teve um imprinting com trinta e oito anos, filho. Você deveria ter um pouco mais de fé. - meu pai aconselhou e revirei os olhos antes de ir para o meu quarto me arrumar, afinal tinha uma reunião importante no laboratório.

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—O que pensa que está fazendo Ben? - Ethan questionou confuso assim que parei em frente à igreja em que Sylvia iria se casar pela manhã.

Como primogênito da alfa, o poder de comandar a matilha foi entregue a mim quando fiz dezoito anos, e meu irmão se tornou o meu beta desde então. Ethan é o meu irmão caçula, ele era dois anos mais novo que eu e havia herdado a alegria do meu tio Seth. Para o meu irmão, o mundo era um lugar feliz e divertido, bem parecido com a Disneylândia, às vezes a sua alegria me irritava. Já meus pais, se divertiam com a sede de viver do meu irmão.

—Preciso dizer algo para a Sylvia. - disse desligando o carro e meu irmão tirou a chave da ignição o que me deixou confuso.

—Me devolve a chave Ethan. - disse furioso e meu irmão me olhou sério.

—Nem pensar, você precisa deixar a Sylvia seguir o caminho dela, se fossem para vocês ficarem juntos ela seria o seu imprinting. - meu irmão disse sério e parei de escutá-lo assim que vi Sylvia saindo do carro do pai vestida de noiva, ela estava tão feliz que me senti um egoísta por querer estragar a sua felicidade. Nunca a tinha visto tão feliz como agora, só naquele momento percebi que estava sendo egoísta por querer estragar a felicidade que ela estava vivendo agora.

—Eu odeio a minha vida. - gemi antes de apoiar a minha cabeça no volante do carro e meu irmão sorriu.

—Não seja dramático Ben.

—Dramático Ethan? Não posso ficar com a mulher que gosto por causa da “herança” que ganhei da mamãe. - disse levantando a minha cabeça do volante do carro.

—Você já parou para se ouvir Ben? Nunca ouvi você dizer que amava a Sylvia, você sempre disse que gostava dela.

—É a mesma coisa. - disse sem importância e meu irmão negou com a cabeça.

—Não é não. Posso não ter tido o meu imprinting ainda, mas cresci vendo o amor dos nossos pais, o que você tinha com a Sylvia não chegava nem perto do que nossos pais tem. - Ethan disse me olhando nos olhos, com os mesmos olhos castanhos da nossa mãe. - Se você realmente gosta dela a deixaria seguir a sua vida, Ben.

—Você tem razão, Ethan. - disse me conformando e meu irmão deu um leve tapinha nas minhas costas, tentando me reconfortar.

—É isso ai cara. Agora me leva para o hospital, ou vou chegar atrasado para o meu plantão. - meu irmão disse me devolvendo a chave e sorri antes de colocar o carro em movimento.

Ethan havia seguido os passos dos nossos pais.

Ele se formou em medicina, mas decidiu fazer residência em pediatria, o que não me surpreendeu em nada, afinal ele era ótimo com crianças, nossos sobrinhos o amavam.

Depois que deixei meu irmão no hospital, já que a sua moto estava em manutenção e meus pais iriam para um congresso em outro hospital, fui para a sede dos laboratórios Thompson, pois faríamos entrevistas para o cargo de farmacêutico assistente, já que eu era o farmacêutico chefe, responsável pela pesquisa, produção e distribuição dos medicamentos. Mas para a minha irmã, eu precisava de um auxiliar para me ajudar a comandar as filias, por mais que desse conta de tudo.

—Pela sua cara, seu dia começou péssimo. - Ária disse assim que entrei na sala de reuniões da empresa, na qual realizaríamos as entrevistas.

—Nem me fale. Cíntia, pode me trazer um café, por favor. - pedi a minha secretária assim que ela entrou na sala.

—Claro Ben. Deseja um café também, Ária? - Cíntia questionou prestativa e minha irmã concordou, antes dela sair da sala.

Sempre incentivei meus funcionários a me chamarem pelo nome, odiava essa história de senhor pra lá e pra cá. Éramos uma equipe, ou melhor, uma família, onde cada um dependia do outro, e essa minha visão estava rendendo bons frutos para a empresa.

—Você foi ver a Sylvia. - minha irmã disse e concordei me sentando na cadeira, antes dela suspirar cansada.

—Não preciso de recriminação Carol, já tive a minha conta de hoje, com o papai e com o Ethan. Por sorte, consegui escapar do puxão de orelha da dona Leah. -disse e minha irmã se levantou da cadeira que estava sentada e veio me abraçar apertado, foi impossível conter as minhas lágrimas, pois no fundo só precisava de alguém que me entendesse. Que compreendesse a dor que estava dentro do meu coração, por ver a minha possível felicidade ir embora.

—Obrigado pelo abraço e por não me recriminar. - disse enxugando as minhas lágrimas assim que Ária me soltou e ela sorriu com carinho antes de beijar a minha testa.

—Você é o meu irmão Ben. Eu o vi nascer, troquei várias das suas fraldas, te ajudei a andar e a falar...Posso não ser a mamãe, mas sei do que precisa apenas de olhá-lo, e nesse momento você precisava de um abraço.

—Eu gosto muito da Sylvia, Carol. Apesar de estarmos um ano separados, ainda sinto algo por ela, só que não podemos ficar juntos.

—Eu sei, Ben. Mas tenho certeza que a mulher certa para você está por ai...Talvez, vocês estejam no lugar errado e só precisam ir ao encontro do outro, pelo menos foi o que aconteceu com o papai e com a mamãe.- ela disse esperançosa e sorri sem humor.

—Nem sei se quero ter um imprinting. Acho que não suportaria sofrer uma nova desilusão. -disse triste e a minha irmã sorriu como se soubesse de algo.

—Isso é porque você não encontrou a sua fêmea. - ela disse sorrindo e antes que pudesse argumentar, Cíntia entrou na sala com nossos cafés, anunciando que os candidatos à vaga de farmacêutico assistente haviam chegado.

—Mande-os entrar Cíntia. - disse assim que ela terminou de deixar a bandeja com nossos cafés e minha irmã foi se sentar ao meu lado, para recebermos os candidatos.

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—E então, gostou de algum? - minha irmã questionou assim que fizemos uma pausa para almoçarmos na sala após horas de entrevistas.

—Você quer que eu seja sincero? - questionei enquanto mergulhava meu pedaço de salmão no molho shoyu antes de comê-lo.

—Assim fica difícil maninho, parece que você não quer ajuda. - ela constatou deixando seu almoço de lado.

—E não quero mesmo, consigo ser responsável por todos os laboratórios. - disse seguro e ela me olhou seria com seus olhos castanhos, os mesmos que havíamos herdados de nosso pai. - Por acaso está duvidando da minha capacidade?

— Não, sei o quanto você é competente. Só que sou a chefe administrativa do conglomerado Thompson, sou eu que libero o seu salário todo mês e digo que precisamos de outro farmacêutico para te ajudar a gerir o setor de produção, e assunto encerrado. Se ousar contestar a minha ordem te demito. - Ária disse vitoriosa e revirei os olhos pois não podia reclamar, afinal ela estava certa.

Depois que terminamos de almoçar, minha irmã pediu a Cíntia que pedisse a próxima candidata para entrar, enquanto pegava seu currículo em minhas mãos, fiquei impressionado.

Melissa Hastings havia se formado com honras na mesma faculdade que eu, colecionava especializações e já havia feito estágio em uma das nossas filiais, o que já era um ponto positivo, tudo isso com menos de vinte e oito anos, o que me deixou impressionado.

—É um prazer conhecê-la senhorita Hastings, sou Ária Thompson, responsável pela administração dos laboratórios e este é Benjamin Thompson, farmacêutico chefe, responsável técnico pelos laboratórios Thompson. - minha irmã disse nos apresentando e desviei os olhos do currículo que estava em minhas mãos para ver a jovem em minha frente.

—É um prazer conhecê-los senhores. O senhor Thompson é considerado um deus entre os estudantes de farmácia da minha ex-faculdade. - ela disse sorrindo enquanto me olhava com seus olhos castanho mel.

Assim que vi seus olhos, algo dentro de mim se rompeu, inundando meu ser com um sentimento desconhecido enquanto ela sorria. Meu coração acelerou, como se quisesse sair do peito, minhas mãos suavam frio e meu corpo inteiro estremeceu de frio, algo impossível, afinal eu era um lobo. Em seguida senti cordas de aço invisíveis me prendendo a jovem em minha frente, antes de ver toda a sua vida em minha mente, logo um pensamento desconhecido e possesivo se apoderou da minha mente.

Minha.

Minha fêmea.

Meu imprinting.

O que estava acontecendo comigo, meu Deus?

—Me desculpem, mas preciso de um tempo. - disse sufocado e sai da sala sem me importar com a opinião da minha irmã ou da senhorita Hastings.

Me afastar da sala de reuniões foi um verdadeiro sacrifício, mas quando cheguei a minha sala estava exausto e suado, como se tivesse carregado uma montanha nas costas.

—Mãe...- solucei ao telefone assim que ela atendeu no segundo toque.

—Filho, o que foi? Você está machucado? - ela questionou preocupada e neguei. - Então, porque está chorando, meu amor?

—Aconteceu alguma coisa comigo mãe, quando olhei uma das candidatas. Acho que estou doente, porque não paro de pensar nela... Eu vi todas as lembranças dela na minha mente...- disse apavorado e minha mãe sorriu.

—Ben, meu amor, você teve o seu imprinting. - ela disse feliz e parei para respirar, pois não percebi que tudo o que senti quando olhei para a senhorita Hastings, tinham sido os mesmos sentimentos que minha mãe descreveu quando nos contou sobre o imprinting que teve com meu pai.

—Estou tão assustado mãe...- sussurrei entre lágrimas, parecia que o mundo estava desabando em cima da minha cabeça.

—Não precisa ficar meu bem, a sua vida de verdade está prestes a começar, meu filhote. - mamãe disse carinhosa e Ária entrou na minha sala indignada.

—Não acredito que me deixou sozinha na sala só porque não quer um assistente. Não precisava se ausentar da sala para deixar a sua opinião clara, porque já sei dela e a ignoro. - ela disse furiosa enquanto me olhava. - Para a sua informação contratei a senhorita Hastings.

—Mãe, depois conversamos. - disse antes de desligar o telefone e virar para ver a minha irmã. - Onde está a senhorita Hastings?

—Foi embora depois que a contratei. Ben, onde você vai? - Ária questionou assim que sai correndo da sala desejando encontrar a senhorita Hastings à espera do elevador, mas não havia ninguém.

Desesperado, desci correndo as escadas de emergência, antes de sair pela porta de emergência do térreo do edifício, correndo até a porta de vidro da entrada, mas antes que pudesse alcança-la, um carro parou em sua frente. Passei pela porta da frente no mesmo instante em que ela abriu a porta do carro e entrou no banco de trás, antes do motorista colocar o carro em movimento.

—Melissa...- gritei com dor por tê-la perdido, assim que cheguei ao local em que ela estava em pé minutos atrás, em seguida percebi que havia uma echarpe rosa claro no chão.

Confuso, me ajoelhei no chão e peguei a echarpe, reconhecendo-a.

Havia visto aquela echarpe alguns minutos atrás, presa na alça da bolsa de Melissa Hastings, quando a mesma entrou na sala de reuniões. Sendo guiado pelo instinto de lobo que estava curioso em sentir o cheiro de sua fêmea, levei a echarpe até meu nariz, e aspirei o perfume que vinha dela, o que me fez sorrir surpreso pela ironia do destino.

—Esperei tanto por você, Melissa...E você ainda possui o cheiro da única coisa que pode me matar. - sussurrei surpreso para mim mesmo, enquanto voltava a sentir o cheiro de canela que a echarpe possuía, o mais incrível é que não senti qualquer sintoma da minha alergia.

—Benjamin, o que deu em você para correr desse jeito? Você ficou doido? - Ária questionou se aproximando de mim e sorri antes de virar para ver a minha irmã. -Porque está com essa cara de maluco?

—Eu achei a minha fêmea, Carol. - disse suave e mostrei a echarpe para a minha irmã que me olhou feliz.

—Meu Deus, você teve o seu imprinting. - ela disse surpresa e concordei antes de ser abraçado por minha irmã.

—Quem é a felizarda? - Ária questionou assim que nos separamos.

—Melissa Hastings. - disse e ela sorriu feliz para mim.

—Sabia que ela fazia o seu tipo, dois C.D.F.- ela segredou e sorrimos. - Não entendi a maioria das coisas que ela falou, quando começou a me explicar sobre as suas especializações, mas a contratei porque foi a única que você perdeu mais tempo lendo o currículo, então sabia que era a garota certa... E quem diria, ela realmente era.

—Agora, só falta Melissa saber disso. Nem tive a chance de falar com ela. - disse frustrado por ter perdido a minha fêmea e minha irmã sorriu.

—Isso é fácil, ela começa na segunda-feira. Você terá alguns dias para pensar em como se aproximar dela, agora vamos voltar para a empresa e comemorar com uma taça de champanhe. Meu irmão do meio teve seu imprinting. - ela disse sorrindo animada e concordei antes de voltarmos para a empresa, enquanto minha mente pensava em Melissa Hastings.

Minha fêmea.

Meu imprinting.


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Notas finais do capítulo

Imagens do capitulo:

Benjamin Thompson:
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Ethan Thompson:
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Melissa Hastings:
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Encharpe:
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