Resilience escrita por Aurora


Capítulo 14
Capítulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788022/chapter/14

Lilian não gostava das reuniões de monitores.

Precisava manter Amy em seu quarto, e ela simplesmente odiava deixa-la presa no quarto. Nem poderia ir ao banheiro, porque mesmo que fosse com o boné de Annabeth, como explicariam a porta abrindo e fechando sozinha?

Então Lily fazia tudo o mais rápido possível, o que costumava ser bem aceito, já que nenhum dos monitores gostavam de desperdiçar o fim de tarde, mesmo que fosse uma segunda-feira. Mas naquela reunião, sua pressa foi confundida por dois garotos – Remus Lupin e Theodore McLaggen.

Remus havia saído da enfermaria no dia anterior, e James não sabia se poderia contar o que Lily havia feito, não queria acabar contando algo além do que deveria, então até onde Remus sabia, ele havia mordido Lily, que teria passado a noite gritando em dor – não que seus amigos teriam dito isso para ele, mas acabou escutando Sirius e Peter conversando quando pensaram que ele estava dormindo. A culpa estava o consumindo, e só foi para a reunião para conseguir conversar com Lily. Vê-la falando tão rápido, olhando frequentemente para seu quarto, obviamente com pressa para ficar sozinha, fez Remus considerar inúmeras vezes sair no meio da reunião mesmo, apenas para a deixar sozinha.

O problema é que ele havia feito aquilo com ela, e por mais que tudo que quisesse era sair de Hogwarts e viver excluído, como um monstro deveria viver, ele não queria deixa-la passar por tudo que viria sozinha. Queria se certificar que os outros marotos fossem cuidar dela, e pedir seu perdão, e então deixaria Hogwarts no meio da noite, para que nenhum de seus amigos pudesse tentar evitar.

Já Theodore McLaggen, que julgava conhecer Lilian tão bem, pensou que ela queria conversar. Ele era um rapaz esperançoso, e desde que sua antiga namorada voltou do recesso de natal, ele percebeu como ela estava ausente. Havia faltado durante uma semana inteira e não participava de nenhuma refeição no Grande Salão, e quando a viu tão triste na partida de Quadribol, teve a certeza que era por ele. Estava convencido que Lily sentia sua falta, que ainda o amava, e isso era simplesmente perfeito, porque ele também a amava. Havia cometido um erro terrível, sabia disso. Lilian o deixava com aquele tipo de vontade que parecia ser impossível de saciar, e Hestia não tinha nenhum problema em fazer o que Lily não faria. Por nove meses, Theodore havia sido o homem mais feliz de Hogwarts, com as duas garotas mais lindas do castelo. Mas depois que Lilian terminou com ele e Hestia percebeu que não seria pedida em namoro, ela também o deixou, e pela primeira vez em três anos, Theo estava sozinho. Mas vendo como Lily se esforçava para não olhar em sua direção e como se apressava para poder voltar ao seu quarto, ele teve a certeza de que iria a conquistar novamente. Então assim que a reunião acabou, ele a segurou quando Lily tentou escapar para seu quarto, antes mesmo do primeiro monitor sair. Remus estava atrás deles, parecendo querer conversar com ela também, mas teria que esperar.

— Você acha que podemos conversar? – ele perguntou, a voz baixa, o olhar arrependido.

Lily o avaliou por um instante, e logo percebeu que ele não iria embora.

— Pode falar.

— Nós podemos ir para o seu quarto? – perguntou, olhando inconfortável para Remus, que os encarava. Theodore não conseguia ver na posição que estava, mas James também encarava os dois – Ou algum lugar mais reservado.

Amy estava em seu quarto, então não poderiam ir para lá. Seria muito estranho o levar para o quarto de James, então o direcionou para o pátio. Já estava quase de noite e a brisa gelada arrepiava Lily.

— O que você quer? – perguntou, sem querer passar muito tempo no frio.

Lily havia esquecido o quão bonito ele era de perto, os olhos azuis a forçando a fazer contato visual.

— Eu queria me desculpar – ele disse, levando sua mão para o braço arrepiado de Lily. Pela segunda vez na mesma noite, ele interpretou Lily errado, e pensou que o arrepio pelo frio havia sido causado pela proximidade entre os dois.

— Ok, está desculpado – ela respondeu, não se importando muito.

Mas quando Lily foi virar para sair, ele aproximou o rosto do dela, como se fosse a beijar, e o ato a assustou tanto que, antes que pudesse evitar, Lily o socou novamente. Sua mão foi imediatamente cobrir sua boca, que formava um perfeito O, completamente chocada com o que havia feito, mas se recuperou rápido e levantou a cabeça orgulhosamente.

— Porra, Evans! – ele gritou – Por que você sempre tem que me socar? Merlin, pelo menos aja um pouco como uma garota e dê um tapa para variar.

Se ela tivesse dado um tapa, ele dificilmente estaria sangrando, e realmente era uma atitude mais feminina. Mas ele merecia, depois dos nove meses que havia passado a enganando, então Lily não se arrependia nem um pouco.

— Eu disse que te desculpo, não que pode me beijar – disse e saiu do pátio, deixando-o para trás, limpando o sangue.

Não havia sido sua intenção, mas fez Lily se sentir realmente bem.

— Lily – Remus chamou, esperando pacientemente no sofá – Eu queria conversar contigo, se você não se importar...

Ela sorriu para o amigo, se preparando mentalmente para o drama que ele faria. James estava em pé perto de Remus, seus braços cruzados, claramente irritado.

— Então você e McLaggen voltaram? – perguntou antes que Lily pudesse responder Remus.

Estava com ciúmes, e Lily não via a hora de ficar sozinha com ele. Não precisou responder – Theodore estava saindo do pátio, a mão tentando encobrir o nariz que sangrava, e não parou para dar explicação ou se despedir.

— Você o socou de novo? – James perguntou, mas agora sorria como se fosse natal.

Balançou a cabeça e não o respondeu. Sentou-se do lado de Remus, que parecia prestes a vomitar.

— Eu sei que você vai tentar se desculpar – Lily disse – E fazer o maior drama sobre como você é um monstro e blá blá blá, e eu não quero saber, ok?

Então Lily começou a contar uma mentira mal elaborada sobre como tinha algo especial em seu sangue, algo a ver com seus antepassados, que não permitia que fosse transformada em lobisomem e que teria o curado também. James a olhava balançando a cabeça, como se não acreditasse no quão pouco ela estava se esforçando para consolar Remus.

— Isso é a maior besteira que eu já escutei – Remus respondeu, se irritando um pouco – Não existe isso de sangue especial ou qualquer porra do tipo...

— Remus – Lily interrompeu, sem a energia para o debate – Só acredita em mim, ok? Você vai ver na próxima lua cheia.

Lilian precisou usar seu charme para convence-lo, e então Remus foi embora, concordando em esperar até o próximo mês antes de fazer qualquer coisa que fosse se arrepender depois. Foi para seu quarto, na intenção de ficar com Amy, mas ela já estava dormindo, segurando o Sr. Marrom contra seu peito. Lily ajeitou as cobertas e deu um beijo em sua testa, voltando em seguida para a sala.

James estava deitado no sofá, encarando o teto pensativo. Lily deitou em cima dele, que abraçou seu corpo seu corpo pequeno. Gostava de ficar assim com ele – a fazia se sentir segura.

— Você estava com ciúmes? – ela perguntou, sorrindo abertamente.

Ele revirou os olhos e Lily o beijou rapidamente, apenas porque estava com vontade.

— Eu não tenho ciúmes – ele respondeu, a voz convencida – Você nunca me trocaria pelo McLaggen.

— Bom, eu namorei com ele por quase três anos – ela lembrou.

— É, mas isso foi antes de você me beijar – ele respondeu sorrindo – Agora você vai passar o resto da vida apaixonada por mim e pelos meus irresistíveis beijos.

James estava brincando com ela, então se surpreendeu quando o rosto de Lily ficou completamente sério e ela segurou o rosto dele com uma mão.

— Eu te amo, James.

Ele também a amava, é claro. Ele havia a amado por anos, mesmo quando ela estava com McLaggen, mesmo com Sirius em seu ouvido falando que gostava dela. James sempre havia a amado, mas era novo para Lily. Ela havia acabado de se apaixonar por ele, como poderia já o amar? Ele não queria que ela falasse apenas para deixa-lo feliz. Conhecendo-o bem demais, ela sabia bem o que ele estava pensando e balançou a cabeça.

— Você já não sabe, James? – perguntou, a voz leve – Se tem algo em que eu sou boa, é em amar.

Ela soltou uma risada fraca, mas James manteve seu rosto sério. Ela realmente era excelente em amar – era por isso que Sirius continuava interessado nela. Lily encontrava algo bom em todos e fazia tudo em seu alcance por quem amava. Havia acabado de forçar seu corpo por um grande trauma para manter Remus bem, porque o amava. Havia passado menos de uma semana com Amy quando percebeu que já a amava, e fazia de tudo por aquela garota. Ela amava intensamente, sem se importar muito se era reciproco. Talvez, James pensou, fosse uma das partes ruins de ser filha de Afrodite. Ele não queria aquele tipo de amor, onde ele pudesse passar semanas sem falar com ela, como Remus passava, e ela não veria nada de errado.

Então ele não respondeu, apenas a puxou para um beijo, que ela correspondeu feliz.

No mês seguinte, Lily acompanhou os marotos na lua cheia e deixou Remus a abraçar enquanto ele chorava abertamente, percebendo que, pela primeira vez desde seus cincos anos de idade, ele não se transformaria no monstro que tanto odiava. Foi um momento emocionante, onde nenhum dos meninos resistiu e todos acabaram chorando também, porque a reação de Remus era extremamente comovente. Peter soluçava, pois era o mais sensível. Sirius, o mais dramático, fez um discurso sobre como os marotos dariam suas vidas por Lily em agradecimento ao ato. Remus só sabia chorar e rir. James derramou algumas lagrimas, mas ficou um pouco mais afastado.

Mas Lilian não chorou. Ela abraçou Remus de volta e riu com Sirius e convenceu Peter a parar de chorar tanto, mas o tempo inteiro parecia querer sair dali logo, fato que apenas James percebeu. Lilian amava os quatro de maneiras completamente diferentes, e sempre estaria lá se eles precisassem, mas não parecia gostar de também estar perto em momentos assim. Já havia se acostumado a estar mais sozinha, principalmente naquele ano. Os amava, mas preferia continuar afastada.

Mas ela amava James e nunca parecia ter tempo o suficiente com ele. Ela nunca o afastava. Ia para o quarto dele quase todas as noites, mesmo que depois voltasse para o seu, porque não gostava de deixar Amy sozinha a noite inteira. Estava sempre o provocando e brincando, e mesmo em seus piores dias, ela o procurava para consolo. Ela o amava de forma diferente, e talvez James não deveria ter sido tão apressado em padroniza-la.

Quando voltaram para o quarto dos monitores, com o dia quase amanhecendo, James a beijou profundamente, até dispersar completamente o sono que Lily sentia, e ter o pequeno corpo se aproximando sugestivamente do dele, só para se afastar, recebendo um olhar bem irritado. Ele apenas sorriu.

— Eu também te amo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Resilience" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.