Impulse escrita por Katy Clearwater


Capítulo 1
Impulse




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Impulse


"Você se importa? Eu vou ser bonzinho".
 “Isso vai ajudar?", eu sussurrei.
 “Pode ser. Não pode machucar".
 “Então, qual é pior parte?
 “A pior parte é saber o que teria sido".
 “O que poderia ter sido". Eu suspirei.
 “Não", Jacob balançou a cabeça. "Eu sou exatamente certo pra você, Bella. Teria sido fácil pra nós - confortável, fácil como respirar. Eu era o caminho natural que a sua vida teria tomado..." Ele olhou para o espaço por um momento, e eu esperei. "Se o mundo fosse do jeito que devia ser, se não houvesse monstros e nem magia...
...

"Ele é como uma droga pra você, Bella"

...

"Eu me pergunto quando vai acontecer", eu disse. "Quando a garota certa vai te chamar a atenção".
 “Não tenha grandes esperanças, Bella" A voz de Jacob estava amarga de repente. "Apesar de que eu estou certo de que isso seria um alívio pra você".
 “Talvez, talvez não. Eu provavelmente vou achar que ela não é boa o suficiente pra você. Eu me pergunto o quão ciumenta eu vou ser".
"Essa parte pode ser meio divertida", ele admitiu.
"Me avise quando você quiser que eu volte, e eu estarei aqui", eu
prometi.
Com um suspiro, ele virou a bochecha na minha direção.
Eu me inclinei e beijei o rosto dele suavemente. "Te amo, Jacob"
Ele riu levemente. "Te amo mais".


Eu estou exatamente onde quero estar!


     Eu repeti as palavras como um mantra até chegar à saída de La Push e minha visão ficar turva demais para dirigir. Pensei em ligar para o Edward vir me buscar, mas tudo já estava ruim o bastante sem que minha culpa por estar passando por isso pesasse sobre meus ombros caso o encarasse.

     As lágrimas rolavam e nada do que eu pensasse ou fizesse me levava a pensar que tomei uma decisão boa. E se tomei porque não consigo parar de sofrer? Tentei voltar a dirigir, mas quando liguei o carro fui impedida pela mão de Edward que puxou as minhas do volante.

– Você não devia dirigir assim. – ele afirmou me puxando para o banco do carona.

– Eu não ti vi chegar. – balbuciei durante o choro e ele me deu um sorriso de lado.

– Eu sei. – Edward passou os dedos em algumas lágrimas que corriam por meu rosto e ali eu desabei.

     Eu sabia das minhas promessas, mas eu não tinha forças para me preocupar com isso agora. Eu apenas conseguia me preocupar com o que eu deixei para trás e com o “e se...”. E se o Jacob fosse o homem pelo qual eu esperava e se ele fosse “aquele”?

      Eu estava tão certa de que Edward era tudo para mim que nunca me imaginei realmente ao lado do Jacob. Mas agora com a certeza de que agora com ele seria o fim definitivo, eu me pegava pensando nisso. Eu sou um monstro, eu sei, mas a visão de mim e do Jacob juntos estava marcada em alguma parte do meu cérebro todo esse tempo e só agora a encarei de verdade.

– Eu tenho que ir para casa. – sussurrei ainda chorando enquanto Edward me abraçava em total silêncio.

– Tem certeza? – ele perguntou beijando meu cabelo.

– Sim. O Charlie. – limpei inutilmente meu rosto porque as lágrimas não paravam de rolar e me encolhi no peito de Edward enquanto ele dirigia.

        Demoramos um pouco para chegar à minha casa, já que pela primeira vez Edward dirigia devagar. Quando finalmente chegamos ele estacionou o carro e me deu um longo beijo na testa antes de sair. Eu sabia que assim que chegasse ao meu quarto Edward estaria lá, mas e o Jake? Onde o Jake estaria quando eu chegasse ao meu quarto? Certamente ele não iria seguir as recomendações do Carlisle. Conheço o Jake! Nossa, mas eu conheço muito o Jake.

        Ainda chorando desci do carro e entrei em casa. Meu pai estava assistindo TV e quando eu cheguei ele se virou para me olhar. Seu olhar preocupado, seus lábios franzidos como os de quem não sabe o que dizer... Mais uma vez minha máxima culpa! Eu fazia meu pai sofrer também.

– Eu quero ficar sozinha. – subi as escadas correndo e me tranquei no meu quarto.

        Como eu esperava meu pai não me seguiu e também como previsto Edward estava lá. Deitei na cama e ele me recebeu afagando minhas costas enquanto eu chorava em seu peito. Não sei quanto tempo chorei, mas sei que quando dei por mim já havia adormecido e como sempre sonhos vinham a minha mente sem convite.

        Senti-me estranha quando vi que os sonhos dessa vez não eram pesadelos e sim sonhos de verdade. Eu estava completamente feliz e relaxada no meu sonho. Todos estavam no que parecia ser minha casa e tinha uma menininha linda que me chamava de mãe. Isso já era uma pista, mas então veio a confirmação. Jake saiu de casa com um garotinho no colo e veio na minha direção. Eu não o evitava, meu corpo chamava por ele como se desejasse a aproximação mais que tudo.

– Que foi amor? Parece dispersa. – Jake disse no meu sonho.

– Nada. – balbuciei assustada com a veracidade do sonho.

– Você às vezes vive no mundo da lua sabia? – Jake não deu tempo para que eu respondesse e no sonho ele me beijou.

    Meu corpo tinha reações muito mais intensas que a do nosso beijo na floresta. Muito mais intimas como se nós fossemos muito mais íntimos. E nós tínhamos uma filha juntos! Sim a menina era minha filha e do Jake. Eu soube que a menininha que corria e me chamava de mãe era filha do Jake pelo simples sorriso... O sorriso do meu sol.

    Senti um flash em minha cabeça apagar tudo e me vi despertando com os raios de sol entrando por minha janela. Eu ainda estava sobre o peito de Edward e ele acariciou meus cabelos quando o olhei pelo canto do olho.

– Foi à primeira noite que você não falou nada. – ele deu um sorriso sem humor e eu me abracei mais a ele.

– Estamos avançando. Não quero você xeretando quando formos casados. – falar “casados” com o Edward depois do meu sonho soou extremamente estranho.

– Bella? – Edward chamou e eu levantei a cabeça para encará-lo.

– Sim... – o incentivei diante seu silêncio e ele sorriu para mim.

– Você é minha vida e eu vou amá-la para sempre, mas eu nunca a vi sofrer tanto e isso me faz pensar se a decisão que você tomou é... – o silenciei com o dedo e o abracei forte, no caso com a minha maior força.

– Edward eu não sei tudo que posso vir a precisar na vida, mas eu sei com o que não posso viver sem. – tentei fazer as palavras soarem verdadeiras assim eu mesma me convenceria disso. Mas se ele mesmo duvidava porque eu mentia para nós dois?

– O que vamos fazer agora? – ele perguntou com a testa encostada na minha, mas sem me beijar.

– Ver a Alice. – respondi enfadonha e ele riu.

    Tomei um banho para ver se a água ajudava a lavar minha culpa, mas não deu muito certo. Ainda me sentia traindo Edward a cada passo, a cada pensamento que eu dava. Porque a cada passo e cada pensando eu só pensava no Jake, eu só pensava em ir até ele. Desci as escadas e me despedi do meu pai sem muita conversa. Assim que entrei na picape Edward surgiu ao meu lado e pegou o volante. Ele esperou que eu afivelasse o cinto para começar a dirigir.

     Como na noite anterior ele dirigiu calmo até a mansão, sem pressa de chegar. Quando chegamos Alice já estava sentada no primeiro degrau da escada de entrada. Parecia um diamante saltitante gigante.

– Eu estou tão animada. – ela me puxou pela mão ignorando a presença do Edward.

      Os dois subiram as escadas em meus passos, mas quando chegamos à porta do quarto de Alice ela parou e pôs a mão no peito do Edward.

– Meninos aqui fora. – ele apontou para longe do quarto, mas ele não se moveu.

– Eu vou ficar bem. O pior que pode acontecer é ela me morder. – entrei no quarto e Edward e Alice me lançaram olhares de reprovação.

    Alice entrou no quarto e trancou a porta atrás de si.

– Você sabe que ele já viu esse vestido por sua mente? – eu a perguntei e ela me encarou estreitando os olhos.

– Você não está de bom humor hoje. – ela afirmou um pouco irritada e depois abriu o armário fazendo um: Tchrãn!

– Esse é o meu vestido? – perguntei apavorada encarando o bolo gigante que ela tinha no armário.

– Sim! Não é lindo? – ela perguntou animada, mas logo parou de saltar quando viu minha cara. – Você disse que eu podia! – ela me acusou batendo o pé e eu fiz que sim com cabeça antes de falar.

– Não! Digo, sim! Quero dizer... Está lindo! – apontei para o vestido realmente não me imaginado dentro dele.

     Nesse momento tive um choque em todo meu corpo. Eu não me imaginava no vestido, não me imaginava casando com Edward, não me imaginava sendo vampira e principalmente não me imaginava sem o Jake. O Edward sempre foi minha necessidade básica principal para viver, mas agora eu conseguia enxergar uma vida desprendida dele.

     Eu desejava que meu sonho se tornasse real. Minha vida estava tão fácil naquele sonho... Tão fácil como respirar e tinha tanto amor. Tinha tanta coisa que eu nunca imaginei querer até agora.

– Bella! – Alice me berrou me tirando da cachoeira de pensamentos que me dominava, mas diante do meu silêncio ela revirou os olhos irritada. – Eu sei que você vai... – Alice fechou os olhos se concentrando para ter uma visão, mas logo os abriu com um olhar assustado.  – Eu devo estar com a cabeça muito cheia. – Alice parecia ter perdido o foco e mesmo sabendo que era desnecessário a amparei para que se sentasse na cama.

– Tudo bem Alice? – eu perguntei e ela demorou alguns segundos para responder.

– Claro! Eu acho que ainda há algum problema com os meus poderes e sua ligação com cachorro. É! É isso! Logo eu vou acompanhar seus passos de novo. Você vai ser da família oficialmente. – ela sorriu animada, mas eu fechei a cara.

– Quer bisbilhotar minha vida? – eu soei mais irritada do que gostaria e sem querer a magoei.

– Você nunca se importou. – Alice murmurou como quem pede desculpas.

– Eu não sei o que está havendo comigo hoje. Desculpa. – eu falei sem encará-la e Alice suspirou longamente.

– Você não quer realmente se desculpar. – ela deu meio sorriso e alisou minha mão.

    Mesmo sem ver meu futuro Alice me conhecia e no breve olhar que trocamos enquanto ela acariciava minha mão foi como se eu tivesse contado cada detalhe de tudo que se passava em meu coração.

– Não me odeie. – minha voz saiu como uma súplica e ela entendeu.

– Quer conversar? – ela perguntou como a amiga perfeita que ela era.

– Não com você. – respondi com pesar e ele me deu um meio sorriso que expressava dor e compreensão.

    Deixei Alice sentada na cama com um olhar devastado e sai de seu quarto. Passei por Jasper no corredor, vendo meus olhos e sentindo o que se passava ele foi imediatamente até Alice sem nem mesmo falar comigo.

    Sai da mansão sem encontrar com mais ninguém. Dei uma boa olhada na casa antes de deixá-la. Queria gravar cada imagem. Eu quis tanto isso! Tanto! Eu não sabia quando tinha deixado de querer, mas sabia que o sentimento agora... Se foi...

    Contei os degraus até a saída e vi minha picape sozinha estacionada na porta da mansão. Eu sabia que assim que me aproximasse dela Edward surgiria do nada então adiei o momento o máximo que pude dando passos mais lentos que o meu normal.

    Infelizmente meu calvário não durou tanto quanto eu queria e assim que minha mão alcançou à maçaneta do carro as mãos de Edward estavam lá sobre a minha.

– Aonde vai? – ele perguntou com “o meu sorriso torto” no rosto.

– Eu... Onde você estava? – tentei não chorar, mas podia sentir meus olhos brilhando.

– No riacho, eu... Porque está chorando? – seu sorriso se desfez e a sua máscara de dor fez meu coração doer. Eu não suportava nem a máscara dele e nem a do Jake.

– Não estou. – limpei uma lágrima que corria por meu rosto silenciosamente.

– O que houve entre você e a Alice? Ela está escondendo os pensamentos de mim e o Jasper está preocupado por que com ele ela também não fala e agora você está chorando. – Edward parecia irritado, mas ele tinha direito de estar.

– O que houve não foi entre eu e Alice. Foi... – não precisei completar a frase para que o entendimento surgisse nos olhos de Edward.

– Eu imaginei isso, mas a realidade é bem mais dolorosa que a imaginação. – Edward buscou o ar do qual não necessitava depois de falar.

– Edward eu não consigo imaginar minha vida sem você, mas também não consigo me imaginar vivendo com uma possibilidade sendo à sombra da nossa vida. – agora sim as lágrimas rolavam sem controle por meu rosto.

– Eu entendo Bella e não vou dificultar sua partida, mas também não vou dizer que acabou. Eu não vou te aborrecer, mas não vou desistir do meu amor por você. Eu sempre, sempre vou te amar. Para toda eternidade, eu vou esperar por você. – as palavras do Edward me partiram ao meio. Eu queria tanto poder ser a Bella do Edward e a Bella do Jake, mas isso era impossível. Eu tinha que escolher.

– Edward eu sinto muito mesmo. Eu também te amo, mas nada é mais o mesmo desde... – eu não consegui completar a frase, mas ele completou.

– Nada é o mesmo desde Jake. E é tudo minha culpa. Eu dei a brecha que ele precisava para tomar você de mim. – a culpa pesou mais nesse momento e eu abaixei a cabeça para chorar mais.

– Edward eu... Não espere por mim. – não tive forçar para dizer mais nada. Apenas o abracei uma vez, uma última vez, e com toda força que eu tinha, emocional e física, gravei aquele momento em minha mente.

     Afastei-me dele com pressa e entrei no carro o mais rápido que pude. Vi a mansão dos Cullens, vi Edward, vi toda a vida que eu desejei mais que tudo ficando para trás. Conforme a visão ia se perdendo eu começava a ter dúvidas, mas nada que me fizesse tirar o pé do acelerador.

    Cheguei a La Push com o carro nas últimas e assim como eu esperava quatro quadras antes da casa do Jake ele enguiçou.

– Ótimo! – desci da picape e fui correndo até a casa dele.

    Milagrosamente não cai no caminho, mas cheguei à casa do Jake totalmente sem fôlego e eu não sentia muito bem minhas pernas. Bati a porta afoita demais e Billy atendeu assustado.

– O que está havendo aqui? – ele perguntou gritando antes de me ver – Ah, é você Bella. O que houve? – seu desamino a me ver já era esperado. Eu apenas esperava que Jake não reagisse assim.

– O Jake está? – passei praticamente por cima de sua cadeira e entrei na casa.

– Aconteceu alguma coisa? – ele não respondeu minha pergunta e eu fui ver por minha mesma. Assim como eu esperava Jake não estava na cama como deveria estar.

– Billy eu preciso do Jake. – acabei falando errado, mas ele entendeu o que eu quis dizer.

– O Jake está na garagem com o Embry e o Quill só que eles estão nos fundos. – ele me olhava com pena. Eu devia mesmo parecer péssima agora.

– Obrigado. – tentei passar por ele para ir aos fundos da casa, mas ele me puxou pelo braço.

– Bella você tem certeza do que está fazendo? Eu percebo a sua dor, mas o Jake é meu filho e eu... – passei os dedos por sua boca e ele me soltou devagar sem mais nada dizer.

    Sai pelos fundos da casa e corri para o lado da garagem. Ouvi risos e os segui até onde finalmente os vi. O Rabbit estava estacionado de frente para entrada da floresta, o Quill estava em forma de lobo e o Embry estava jogando coisas no ar para ele pegar. Eu sabia que os dois estavam bancando os bobos numa tentativa inútil de animar o Jake, mas não estavam conseguindo. O único riso que eu não escutava era o dele.

      Embry foi o primeiro a me ver e assim que o fez parou de tacar coisas. Quill correu para floresta e Jake virou para trás para olhar o que chamava a atenção dos amigos.

– Não esperava vê-la. – ele disse sério quando me aproximei mais e isso me doeu.

– Eu vou nessa. – Embry se despediu brevemente e seguiu o mesmo caminho que Quill explodindo em forma de lobo enquanto corria.

– Jake eu... – eu não conseguia falar nada a não ser chorar. Tinha muito amor e culpa misturados dentro de mim. Ficava difícil pensar.

– Bella o que houve? – ele parecia menos irritado agora, mas ainda sim distante.

– Eu amo você. – consegui dizer aos prantos e ele riu amargurado.

– Você me disse isso ontem antes de ir embora. – ele levantou da cadeira e pegou umas muletas que estavam apoiadas nela para poder andar.

– Eu terminei com o Edward porque eu te amo e eu... Eu... Eu sinto muito! – Jake parou de pé a minha frente e me encarou por um longo tempo antes de falar.

– Eu não entendo. – ele balançou a cabeça negativamente como se buscasse uma solução, mas voltou a me encarar confuso. – Ontem você disse... E... Mas ontem mesmo você disse... Disse tudo aquilo. – ele não conseguia dizer que eu havia dito com todas as palavras possíveis que amava Edward.

– Eu sei o que disse ontem. Mas eu já estava confusa ontem só não queria admitir. – vacilei um passo em sua direção e ele não se afastou.

– Bells não brinca assim. Não tem a mínima graça. – ele passou a mão por meu cabelo e alisou meu rosto limpando as lágrimas que havia nele.

– Não estou brincando Jake. Eu amo você, preciso de você! Não quero passar minha vida pensando na possibilidade. Eu te quero... Muito. – derramei toda intensidade dos meus sentimentos nas palavras e o vi o sorriso de Jake – o meu sol – iluminar seu rosto.

– Isso pode mudar. – ele afirmou olhando dentro dos meus olhos. – Bella se algum dia se arrepender do que está me dizendo agora, por favor, não me procure para dizer que voltou atrás. Eu não suportaria passar por tudo aquilo mais uma vez. Você é muito mais que a minha vida, muito mais que qualquer imprinting. O que eu sinto por você é indescritível em palavras, mas por minhas atitudes desesperadas você pode imaginar o quanto é intenso. – Jake me puxou para mais perto e eu ofeguei quando senti sua respiração quente tocar meu rosto.

– Não planos de me arrepender. Eu amo você. Eu escolho você. E te escolho para sempre. – dito isso Jake abriu mais um sorriso antes de me beijar torridamente.

      Mesmo machucado Jake tinha uma força imensa. Seus braços quentes me envolveram com desejo e sua boca completava a minha numa conjunção perfeita. Eu sentia sua língua brincar com a minha alimentando meu desejo por ser desejada. Enquanto me beijava suas mãos faziam o movimento impossível de nos aproximar mais.

– Eu acho que vocês se entenderam. – ouvir a voz do Billy fez meu corpo tremer da cabeça aos pés. Eu me separei do Jake, mas ele continuou abraçado comigo.

– Sim pai. – Jake abriu seu sorriso perfeito para o pai e isso me fez sorrir também.

– Bem vinda à família. – Billy disse com um sorriso caloroso e eu sorri sem jeito.

– Obrigado. – recostei-me no peito do Jake e o abracei apertado.

     Depois disso voltamos todos para dentro da casa. Jake finalmente ficou na cama sem reclamar. Passei o dia todo com ele e mesmo assim foi pouco. Como meu carro estava morto e meu mecânico de cama tive que ligar para o meu pai vir me buscar.

     Assim que atendeu ao telefone Charlie ficou preocupado, mas quando eu disse que era para ele me pegar em La Push na casa do Jake o sorriso em sua voz ficou bem explicito.

     O trajeto que meu pai deveria fazer em vinte minutos perdurou por uma hora. Eu não me importei nenhum um pouco já que com isso eu pude passar mais tempo com o Jake.

– Eu acho que eu morri e fui para o céu. – Jake sussurrou quando lhe dei um selinho para finalizar o milésimo beijo que eu lhe dava só essa tarde.

– Não Senhor Lobo. O Senhor ainda está bem quentinho. Vai viver. – ele gargalhou da minha piada sem graça e me puxou para um novo beijo.

– Bella o Charlie chegou. – Billy gritou do corredor e o Jake fez biquinho de criança para chorar.

– Não queria que você fosse embora. – ele disse com tristeza.

– Mas eu volto amanhã e depois e depois e depois e... – me aproximei dele bem devagar e o beijei uma última vez naquele dia.

       Sai do quarto do Jake dessa vez sem peso no coração. Sem culpa! Sem pensar nas possibilidades. Jake tinha razão: Ele era fácil como respirar. Fui até a sala e meu pai me esperava na porta com o Billy. Os dois tinham o mesmo sorriso estampado no rosto e eu me senti bem com isso.

       Despedi-me do Billy e fui com meu pai para viatura. Pela primeira vez andar de viatura não me incomodou nenhum pouco. Poderia estar andando de charrete que eu me sentiria bem. Ainda tinha o cheiro do Jake impregnado por toda minha roupa.

– Você parece feliz. – meu pai comentou tirando dos meus sonhos acordados.

– Eu estou. – suspirei aliviada ao dizer isso. Eu estava muito feliz!

– Então tudo bem. – meu pai abriu um sorriso olhando para estrada e eu desconfiei.

– Não vai me perguntar nada?

– Não! – ele respondeu animado. – Vou deixar as perguntas a cargo da sua mãe. – ele deu um sorriso maldoso, mas me fez sorrir também.

– Muito obrigado pai. – eu fingi desespero.

– Disponha! – ele abriu mais o sorriso com isso.

    Depois disso a viagem foi silenciosa, mas não tensa até em casa. Fui direto para o meu quarto assim que cheguei e pela primeira vez em mais de um ano dormi com a janela trancada. A noite foi totalmente sem sonhos e eu não me senti sozinha quando pela manhã estiquei meu corpo na cama e tive espaço para fazê-lo totalmente livre, sem ter ninguém comigo.

    Levantei animada e depois de tomar um banho meu pai me levou para La Push novamente. A semana correu assim e quando digo que correu realmente correu. Cada minuto que eu passava com o Jake era tão intenso que sumia em segundos. Resumidamente eu não sabia onde iria colocar tanta felicidade por toda minha vida, mas eu iria dar um jeito.

    A recuperação do Jake foi boa e eu não cruzei com o Carlisle em nenhum dia que ele esteve em La Push. Não reclamei disso, já que eu não sabia exatamente qual seria minha reação caso o visse. Jake já estava completamente recuperado e hoje sairíamos para comemorar, então ele me trouxe para casa do fim da tarde. Jake estacionou seu carro em frente a minha casa, mas quando eu fiz menção de descer ele começou a falar.

– Sabe que dia é hoje? – Jake me perguntou com os olhos brilhando.

– Sexta. – eu respondi fingindo animação e ele deu uma gargalhada gostosa.

– Não! Hoje fazemos uma semana de namoro. – ele beijou meu pescoço e me abraçou. – E Bells, hoje é sábado. – nós dois rimos abraçados e demos um beijo antes de nos separar.

– Aonde vamos? – perguntei curiosa quando sai do carro.

– Surpresa. – ele me puxou para um selinho e depois saiu com o carro.

    Entrei em casa e pelo silêncio meu pai não estava. Subi para tentar separar uma roupa que servisse para qualquer ocasião já que o Jake não me disse o que faríamos.

– Oi. – me assustei quando entrei no quarto e me deparei com Alice.

– Oi. – respondi recuperando o fôlego.

– Com uma semana da partida do Edward você já tinha me enviado pelo menos cinqüenta emails e feito no mínimo quarenta ligações. Dessa vez nada. – ela abaixou a cabeça e continuou a falar. – Já que eu não posso mais te ver imaginei que algo tivesse acontecido, mas vejo que você está melhor que nunca.

– Alice espera. – gritei quando ela virou para janela e se preparou para pular. Ela fez devagar de propósito, já que se quisesse poderia sair sem nem me dar tempo de vê-la.

– Sim? – mesmo sem lágrimas Alice tinha cara de choro.

– Alice eu não procurei porque não sabia se ainda iria te encontrar no mesmo email e no mesmo telefone. Da última vez não achei. – deu um passo em sua direção, mas ela se esquivou.

– Não precisa me acusar. – dei mais um passo e ela se afastou mais. Com isso parei de tentar me aproximar.

– Alice independente do que aconteceu entre mim e Edward, quero dizer independente de como tenha acabado entre mim e o Edward você ainda é e sempre vai ser minha melhor amiga. Até quando ignorar meus emails. – fui sincera nas minhas palavras e Alice percebeu isso, mas tinha magoa no olhar.

– Não é estranho só para você Bella. Você é a irmã que mais amo e é a irmã que eu nunca vou ter. Não te ter nas minhas visões faz com que eu me sinta fora da sua vida e acima de tudo ele é um lobisomem. – mesmo compreendendo o lado de Alice não podia deixar essa discriminação passar.

– O Jake é um lobisomem e era meu amigo mesmo quando eu era namorada do Edward. E não argumenta porque tem o Seth, o Embry, o Quill... – enumerei os dedos e Alice bufou de raiva.

– Viu só a facilidade com qual você se desprendeu? – ela gritou.

– O que? – eu perguntei sem entender e ela pareceu se irritar mais.

– Você disse na maior naturalidade: era namorada do Edward. – eu mesma não tinha notado minhas palavras até Alice tentar imitar minha voz repetindo-as.

– Mas é a verdade Alice. – eu tentei não ser rude, mas mesmo assim feri seus sentimentos.

– Adeus Bella. – ela disse com a voz arrastada.

– Adeus porque você quer. Nunca, nem por um segundo, pense que eu não quero ser sua amiga por causa do Jake. – ela vacilou um passo na minha direção e isso me trouxe expectativa.

– Quer ser mesmo minha amiga independente do fed... Jake? – só a Alice e o Jake tinham esse arsenal de beicinhos que derretia meu coração.

– Sempre vou querer ser sua amiga. Independente de qualquer coisa você também é a irmã que eu sempre quis ter. – as reações de Alice sempre foram muito rápidas para mim, mas dessa vez ela realmente me assustou quando pulou e gritou antes de me abraçar e me girar no ar.

– Ai Bella você não imagina como eu estava triste pensando que por causa do cach... Jake, você nem ia mais olhar na minha cara. – ela ainda me abraçava enquanto falava e o ar começou a ficar escasso.

– Alice eu respiro. – arfei e ela me soltou envergonhada.

– Desculpa. – ela colocou as mãos nas costas e sorriu para mim. – Posso te ajudar? – ela perguntou animada.

– A... – a interroguei com os olhos e ela vagou com a ponta do pé pelo chão antes de responder.

– A se arrumar. Eu ouvi sua conversa com o idi... Jake. – ela fez beicinho e eu ri revirando os olhos.

– Tudo bem. Mas como você deve ter ouvido eu não sei aonde vamos então pega leve. – ela sorriu animada e veio saltitante em minha direção. – E Alice? – ela parou esperando que eu falasse. – Ouvir atrás da porta é muito feio.

– Que bom que eu estava atrás da sua janela então. – ela sorriu de orelha a orelha e eu desisti de argumentar apenas revirando os olhos com a sua resposta.

      Não vi a hora passar enquanto tomava banho e deixava Alice me pintar com sua maquiagem de emergência que ela carregava com ela para cima e para baixo na mala do carro. Ela me contou que veio de carro porque estava hospedada em Port Angeles e que a família toda já estava com os Denali já havia alguns dias. O Carlisle foi o último a seguir a família e Edward tinha sido o primeiro.

– Olha agora. – ela terminou, depois de uma hora, de me pintar e deixou eu me olhar no espelho.

– Nossa! Ficou ótimo! – eu me surpreendi com a minha reação, mas tinha mesmo ficado muito bom.

– É... Você vai mudar muito mesmo com esse relacionamento. – Alice disse com um sorriso na voz, mas eu não entendi.

– O que você quer dizer com isso? – perguntei, mas antes que ela tivesse a chance de responder ouvi a buzina do carro do Jake.

– Vai logo. Você está linda. – Alice me empurrou porta afora e eu desci correndo, mas tomando cuidado com os degraus.

– Amanhã eu te ligo! – gritei do primeiro andar para Alice no segundo.

– Conto com isso. – ela respondeu e eu sai, agora com mais calma, em direção ao carro do Jake.

     Jake me esperava na porta do carro e como um perfeito cavalheiro abriu a porta para mim. Depois de fechar a porta pela qual entrei, ele entrou no carro e começou a dirigir. Ele dirigiu todo caminho em silêncio, mas pelo tempo estávamos indo longo. Espero mesmo que não tenhamos que andar porque apesar de estar de calça jeans essas botas de salto não vão me ajudar.

– Chegamos. – ela anunciou parando o carro no meio do nada.

     Jake desceu do carro e novamente veio abrir a porta para mim. Segurei sua mão e só quando sai do carro percebi onde estávamos.

– Se eu não tivesse pulado dali muita coisa não teria acontecido. – apontei para a rocha de onde pulei. – Não acho que seja um bom lugar para comemorarmos. – encolhi meu corpo, mas ele sorriu pegando minha mão.

– Exatamente por isso é o lugar perfeito. Se você não tivesse pulado talvez não estivéssemos aqui agora. – Jake me puxou para mais perto e eu me aconcheguei em seu peito.

– Verdade. – aproximei meu rosto do dele e o beijou com calma, apreciando o momento.

      Era verdade! Não fossem todas as atitudes que tomei e todas as barreiras que ultrapassei, talvez no momento não estivesse agora nos braços do Jake. Talvez não estivesse exatamente onde eu devo estar por toda minha vida.


Um ano depois...


– Pai está armando o maior temporal. Tem certeza que vai pescar? – perguntei pela... Sei lá qual era vez que eu perguntava.

– Filha é nesse tempo que os peixes ficam ótimos. – meu pai argumentava contra minha preocupação.

– Eu desisto! – me dei por vencida quando Jake fechou a mala da viatura.

– Divirtam-se. – ele desejou ao Billy e ao meu pai enquanto eles deixavam a garagem.

– E vocês juízo! – meu pai gritou pela janela viatura. Juízo quem precisava era ele, saindo para pescar no meio de uma tempestade.

– Eles vão morrer. – falei com voz de choro e o Jake gargalhou.

– Se eles morrerem vai ser triste, mas aí só vai restar Bella e Jake. – Jake mordeu minha orelha de leve e me puxou para dentro.

– É bom mesmo só restar à gente porque eu não te dividir com ninguém. – um trovão rasgou o céu e todo meu corpo tremeu. Passei meus braços ao redor de Jake e ele riu sonoramente.

– Não seja bobinha. Eu te protejo! Vamos entrar. – Jake me puxou para dentro ainda abraçada com ele.

– Te amo. – sussurrei me agarrada a ele.

– Te amo mais...

Iríamos viver um dia de cada vez crescendo juntos e não tendo certeza de nada a não ser de nosso amor imensurável um pelo outro.

Inicio.


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Notas finais do capítulo

N/A: Ai amores, bem é isso...rsrsrsrs. Espero que gostem da fic. Eu amei escrevê-la e fiquei muito feliz com o resultado. Espero que vocês também gostem.
Decidi colocar início e não fim no termino da fic pq é aqui que tudo começa na série...rsrsrsrs. Eu sou retardada, eu sei ^^.
Bjks, Katy Clearwater