Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 60
Parte III: Prólogo - Uma longa caminhada




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A primeira vez que Jihyun o viu, ele não passava de um pedacinho de gente embolado em uma manta de lã branca. Tão pequeno, que se viu obrigada a segurar o ar por alguns segundos como se assim pudesse conseguir fazer os joelhos não tremerem, mas tremeram e os olhos se encheram de lágrimas, o coração bateu forte de um jeito ruim, então desviou o olhar da pequena criança. Deixou-o nos braços de Donghae, pois não tinha coragem de tocá-lo. Não quando cada nervo do seu corpo a fazia chacoalhar como se estivesse em uma montanha russa, fazia-a sentir vontade de vomitar.

— Não quer segura-lo? — Donghae ofereceu usando palavras quando o gesto pareceu vago.

A Park ergueu o olhar até o rosto do garoto e balançou a cabeça em negação. Afastou-se até a cama, como se ali fosse seu único refúgio do mundo e Donghae fitou-a com o semblante triste, quase decepcionado, mas ela fingiu que não viu. Ocupou-se em fechar os olhos, cobrir-se e tentar dormir, mas o choro do bebê a fez arregala-los. Talvez, a expressão no seu rosto tenha sido exagerada para o momento, pois arrancou uma risadinha do Lee.

— Ele só está com fome. — o ômega falou, os olhos voltaram para a criança nos seus braços e com a ponta do dedo indicador tocou o nariz dele, meio sorrindo de um jeito paternal que Jihyun sabia que nunca poderia alcançar.

Não queria aquela criança e se arrependia de tê-la trazido para o mundo, para aquela vida. Parecia injusto da mesma forma que havia sido para si e então, sentia raiva, tão imensa que se assustava. Por isso, preferia ficar longe. Mas Donghae e Siwon não pareciam entender seu desejo, pois estavam constantemente empurrando aquela criança na sua direção, cobrando-lhe cuidados que não queria dar.

— Pode ficar com ele por um momento? — os olhos do ômega mais novo estavam suplicantes quando deixou o bebê sobre a cama. — Não vou demorar. — Jihyun supôs que ele correria até a cozinha atrás de uma mamadeira de leite para o garotinho e agradeceu-o internamente por isso, pois não sabia como reagiria se fosse lhe cobrada a amamentação.

Não disse coisa alguma ao Lee, só o viu se afastar depois de olhar para trás uma última vez. Quem sabe, tivesse alguma esperança de que seu instinto maternal aflorasse naquele momento, nos minutos que ficariam sozinhos. E até mesmo Jihyun se pegou querendo um pouco daquilo, mas não houve nada. Tudo o que teve foi o velho retumbar do seu coração no peito. Calmo. Normal em comparação com o do pequeno Baekhyun que resmungava ora ou outra, irritado com a demora da sua refeição.

Ela podia ter virado para o lado e o ignorado até que Donghae voltasse, mas não fez isso. Apenas se viu sentando no meio da cama, de frente para o garotinho embolado na manta. Os pés e mãos estavam protegidos por peças de macias de lã, perfeitamente tricotadas por Lee Donghae. Sabia que era obra do ômega porque o tinha visto praticar durante toda a sua gravidez, às vezes, reclamando aqui e ali sobre como era péssimo, mas parecia mais feliz em tentar do que Jihyun seria em toda uma vida se tivesse a oportunidade. Aquele ômega sim parecia feliz em ter um bebê. Aquele bebê.

Suspirou, amarga. E o garotinho, como se tivesse notado sua presença, focou os olhos em si antes de abrir a boca e chorar mais um pouco. Os pezinhos se agitaram junto das mãos, tão emburrado que Jihyun percebeu que estava sorrindo, principalmente quando notou a pintinha no canto da boca do filho, sobre o lábio superior. Reconheceu mais outras. O padrão bonitinho que já havia visto nas fotos da Senhora Byun, a mãe de Siwon.

Uma parte sua quis tirar-lhe as luvas e descobrir se tinha mesmo as mãos parecidas com as suas, do jeito que Donghae havia lhe contado. Levantou as mãos em direção a criança, mas não foi capaz de consumar o ato. Estancou onde estava, engoliu em seco e afastou as mãos. Não conseguia fazer aquilo, pois o silêncio no seu peito era tão alto que temia pelo momento em que o machucasse. E tudo o que menos quis era envolver mais alguém naquela bagunça, apesar de já ter feito.

Levantou-se e saiu do quarto. Procurou outro lugar para se esconder, deixou o bebê chorão para trás. Não aguentava aquele tipo de coisa, não aguentava escutar qualquer som que viesse daquela pequena criatura, por isso, correu para bem longe. Refugiou-se em um quarto qualquer, mas mesmo ali, ainda tinha cada parte do garotinho gravada em si. Cada detalhe torturando-a tão intensamente, que só percebeu que odiava Baekhyun quando o viu no dia seguinte, nos braços de Siwon.

Ela os tinha observado do alto da escada, parada no topo, perdera a vontade de descer até a cozinha. Ficou apenas ali, incapaz de voltar até o quarto. Encarou o alfa com o bebê nos braços e fechou as mãos em punho. Odiava os dois, se deu conta. Contudo, odiava Siwon mil vezes mais e vê-lo feliz com o bebê nos braços só serviu para que sentisse tanta raiva que se obrigou a voltar para o quarto antes que perdesse o controle. Ficou lá pelo resto do dia.

Mas a raiva não a deixou. Continuou consumindo-a dia após dia. Ardia bem no centro do seu peito e se tornava mais forte quando via Baekhyun. Odiava cada um dos seus detalhes, odiava a forma como reconhecia Siwon em alguns pedaços seus e odiava Donghae de um jeito que não entendia. Passava a maior parte do tempo trancada no próprio quarto. Não descia para as refeições, desejava ser esquecida ali. Siwon não se aproximava, era apenas Donghae que tentava, que não a deixava desaparecer por completo.

Ele ia e vinha com uma calma estampada nos gestos que a surpreendia. Às vezes, sentia vontade de lhe contar todos os seus pensamentos insanos, os pesadelos e a real razão de sempre ter tantas lágrimas para chorar, mas nunca dizia nada. Perdia a coragem quando fitava seus olhos gentis e então, sentia raiva. Raiva parecia ser a única coisa permanente na sua vida, começou a acreditar nisso de tal forma que o controle dos seus atos esvaiu-se por entre seus dedos, aos poucos, sem que realmente notasse.

Foi numa quinta-feira ensolarada que se deu conta de que não podia mais ficar naquela casa, junto daquelas pessoas, presa ao lado de Siwon e Baekhyun, vivendo um teatro todas as vezes que sua família vinha visita-la no território Byun. Eram nessas ocasiões que se obrigava a segurar Baekhyun nos braços, exibia-o para as mães e o irmão como um troféu. Seu querido garotinho, costumava dizer aos outros, no entanto, na primeira oportunidade o abandonava nos braços de Donghae e fugia da sua existência.

Siwon não contestava seus atos, observava-a de longe e deixava que se afundasse em si mesma de uma forma que lhe beirava o sádico. Então, odiava-o mais um pouco enquanto cada pedaço seu desmoronava. Também costumava odiar Kim Heechul. Observava-o de longe nas vezes em que aparecia no território Byun com fotos de Junmyeon, seu filho, para exibir. Taxava-o um traidor por se entregar tão fácil a Kim Jungsoo depois de tudo o que acontecera com Kyuhyun, contudo, percebia que não estava tão longe dos motivos de Heechul assim e essa constatação a machucava, pois se dava conta de que havia se tornando exatamente a pessoa que tentara evitar.

A certeza disso ficou mais que explicita quando imersa no ódio que cultivara, trancou-se no banheiro da residência Byun com um Baekhyun de dois meses nos braços. Ele odiava-a, sabia disso porque sempre chorava quando estava nos seus braços e naquele momento, não foi diferente. Donghae escutou o barulho que ele fazia e correu em direção ao banheiro, forçou a maçaneta e esmurrou a porta enquanto chamava por seu nome. Jihyun estava sentada no chão, as costas encostadas na porta, sentindo cada soco do ômega mais novo contra a madeira como se ele estivesse esmurrando suas costas nuas. Baekhyun se revirava nos seus braços, agitado, chorando alto diante de tanto barulho e ela o observou, apertou-o contra seu peito e desejou sentir alguma coisa além de raiva daquela criança e quando não houve nada além do velho crepitar que se acostumara a cultivar, chorou.

Foi ali que soube que não podia mais ficar.

***

O choro dos bebês estava incomodando Heechul, contudo, não eram os seus bebês, afinal ele só tinha um e este estava do lado de fora da casa sendo exibido para os outros lobos do bando nos braços do pai alfa, Kim Jungsoo, o que fazia Heechul se perguntar se teria sido uma boa ideia tê-los deixado sozinhos. Mas olhando dali, da janela da sala, não parecia como se Jungsoo estivesse fazendo um trabalho ruim. Talvez, só estivesse preocupado demais.

Cruzou os braços e suspirou. Era um pai de primeira viagem e ficar longe do seu filhote daquela forma, estava o deixando ansioso mesmo que o pequeno Junmyeon estivesse a alguns metros de si. Só precisava sair e pega-lo de volta, pensou. Mas não faria isso, pelo menos não quando Leeteuk estivesse com aquele sorriso no rosto como se a criança nos seus braços fosse o salvador da terra. Heechul tinha que admitir que era até bonitinho o olhar no rosto do marido, se parecia um pouco com o que havia no seu.

Ainda era começo de manhã e por isso, o sol parecia fraco ou quem sabe, fosse culpa da chegada do inverno. Suspirou mais um pouco e resolveu se afastar dali. Iria para a cozinha preparar alguma coisa para o café da manhã antes que sua mãe aparecesse na sua casa e acusasse Leeteuk de ser um alfa relapso e explorador, do jeito que seu pai devia ser antes do infarto que levou sua vida. Heechul sabia que a mãe não confiava em Jungsoo e no fundo, o ômega achava que isso era mais pelo marido ser um alfa do que por ser, bem, ele.

Contudo, não chegou a cozinha como previa, se viu indo pelo corredor e alcançando o quarto de hóspedes onde Ryeowook estava ficando desde que os gêmeos haviam nascido. A ideia tinha sido de Heechul, apesar de ter sido Jungsoo quem a propôs ao ômega quando os nove meses bateram à sua porta, pois apesar das farpas trocadas, o Kim achava que deveria dar alguma trégua ao outro e além do mais, ficar sozinho naquela casa com duas crianças recém-nascidas parecia solitário demais para que conseguisse ter uma boa noite de sono. Ao menos ali, eles dois podiam tentar se ajudar ou ao menos, era isso que Heechul tinha acreditado antes de ver como Ryeowook não confiava em si nenhum pouquinho.

Parou na entrada do quarto, a porta estava aberta então conseguia ver o que acontecia ali. Ryeowook andava de um lado pro outro com um bebê no colo enquanto o outro chorava no berço. Heechul encostou-se no batente da porta, meio passo de entrar realmente no quarto. Não queria ser invasivo, mas era nítido que o outro ômega precisava de ajuda quando mordia o lábio inferior com força, quase ao ponto de começar a chorar junto dos seus filhos.

Ergueu a mão e bateu levemente no batente. Ryeowook não demorou a virar os olhos na sua direção assim como não demorou a comprimir os lábios em um desagrado bonitinho demais para que Heechul não se sentisse lisongejado. Era sempre esquisita a sensação que aquele outro Kim lhe causava, o rebuliço na boca do estômago lhe alertava para algo mais profundo, mas Heechul insistia em não pensar muito sobre. Não tinha tempo para aquilo. Precisava focar sua atenção em Junmeyon.

— Precisa de ajuda? — perguntou cuidadosamente ao mesmo tempo que terminava de entrar no quarto, andou até o berço.

O garotinho ali dentro se mexia agitado, chorando alto, o rosto vermelho de tanto esforço. Podia sentir que Ryeowook o estava avaliando, olhos desconfiados na sua direção, pensando em como Heechul poderia estar fingindo boa vontade. Quem sabe, estivesse pensando em como o mais velho roubaria seus filhotes quando dormisse. Seria engraçado, mas Heechul não tinha interesse em mais filhotes. Junmeyon havia sido difícil o suficiente para se carregar naqueles nove meses e mesmo quatro meses depois do seu nascimento, não sentia como se seu corpo tivesse voltado ao normal e para o bem da verdade, não achava que fosse voltar algum dia. Carregaria as estrias e o sobrepeso pelo resto da vida, já tinha se conformado.

— Não. — Ryeowook, finalmente, respondeu. — Eu dou conta.

Não dava não, Heechul quis dizer, mas mordeu os lábios para impedir as palavras de sair. Seu relacionamento com aquele ômega era especialmente ruim, um pouco mais complicado do que gostava de admitir e apesar dos esforços de Leeteuk de tentar aproxima-los, não parecia como se eles tivessem dado algum passo para isso. Na verdade, Heechul acreditava que estavam cada vez mais distantes.

— Mesmo? — o tom de provocação saiu sem que percebesse.

— Mesmo. — Ryeowook devolveu e sacudiu o bebê nos braços mais um pouco, quase o fez parar de chorar.

Heechul sabia que ele não pararia até que o irmão no berço também parasse, afinal, ambos estavam se estressando. Mas não diria aquilo a Ryeowook até que sentisse que podia fazê-lo sem que o outro não o olhasse como se fosse um inimigo. Ergueu a mão e colocou-a na nuca, observou o bebê no berço mais um pouco antes de decidir ajudar. Ryeowook podia viver com sua interferência se aquilo fizesse seus filhos se acalmarem e lhe darem uma trégua aos ouvidos. Estendeu as mãos em direção ao bebê e pegou-o nos braços.

— Eu disse que... — o Kim começou.

— Você não tem quatro braços. — Heechul cortou-o sem fita-lo, balançou o bebê nos braços devagarinho. — Está tudo bem. — sussurrou pro pequeno.

Ryeowook observou-o, engoliu em seco. Nunca sabia realmente dizer porque Heechul o incomodava tanto. Talvez, fosse algo na sua presença ou no seu cheiro, tinha algo ali estampado em cada detalhe do outro que o tornava imensamente superior a si, coisa que só servia para deixa-lo inseguro. Sua mente se enchia de pensamentos confusos, que sempre o levavam para longe de Heechul e mais perto de Leeteuk, tão perto que o sufocava.

— Acho que ele está com fome. — a voz do mais velho chamou sua atenção.

Ryeowook piscou os olhos lentamente e focou-os no filho nos braços do outro.

— Me dê aqui. — se aproximou.

Eles trocaram de bebês.

Ryeowook sentou-se na beira da cama, Heechul desviou os olhos de si. Focou cada detalhe da sua atenção em acalmar o bebê que tinha nos braços, andou pelo quarto, começou a sussurrar uma canção em outro idioma que Wook tentou não prestar atenção. Voltou os olhos para o bebê chorão nos seus braços, preparou-se para amamenta-lo. Ainda achava esquisito fazer aquilo, mas estava se acostumando aos poucos. Quando conseguiu alimentar o filho, o choro parou e Ryeowook se culpou por tê-lo deixado tanto tempo chorando naquele berço, sozinho.

Os olhos arderam. Se sentia sobrecarregado vivendo naquela casa com Heechul sendo um pai perfeito para Junmeyon enquanto ele tinha duas crianças récem-nascidas sem nome e nenhuma ideia de como cuidar. E mesmo que Leeteuk estivesse fazendo o possível para tentar lhe dar uma folga sentia-se tão sozinho. Queria seus pais, sua mãe, principalmente. Ela seria a avó perfeita, talvez, menos mandona que a mãe de Heechul. E o seu irmão, apesar de atrapalhado, seria tão babão quanto Leeteuk estava sendo, apenas seu pai parecia ser o mistério. Não conseguia imagina-lo naquele cenário. Ele estaria orgulhoso por ter casado com o líder de uma alcateia? Ou decepcionado por ter se intrometido em um casamento?

Sentiu a cama afundar ao seu lado, percebeu pelo canto de olho que Heechul sentara-se ali. O mais velho espiou os seus atos, sorriu simples antes de voltar a focar os olhos no bebê nos seus braços. Ryeowook se viu levantando o rosto para olhar também, aparentemente o Kim havia conseguido fazê-lo dormir. Constatar isso só serviu para se sentir um pouco mais inútil. Estava na cara que Heechul era melhor do que si naquilo de ser pai.

— Ele só estava estressado. — o Kim pareceu ler seus pensamentos. — Por conta do barulho, sabe. — havia uma calma nas palavras que pegou Ryeowook desprevenido.

O quarto estava silencioso, o sol entrava pela janela e se os dois se concentrassem bem, conseguiam escutar o barulho das outras pessoas fora daquela casa, na vila. No entanto, ali dentro, não havia nada além do silêncio. Ryeowook não achou que fosse algo realmente ruim e a julgar pela forma como Heechul continuava sentado ao seu lado, parecia ser o mesmo para ele.

— Eles têm um nome? — Heechul perguntou, a voz ainda presa na suavidade que Ryeowook se via gostando um pouco mais a cada segundo.

— Eu não sou bom com nomes. — riu. — Mas pensei que este aqui podia se chamar Kyungsoo. — se referiu ao bebê que alimentava, tocou a sua testa com a ponta dos dedos, afastando os cabelos escuros com delicadeza.

— É um bom nome, gosto de como soa. — elogiou. — E este? — apontou com o queixo para o que tinha nos braços e Ryeowook balançou a cabeça em negação, não tinha nada em mente. Heechul riu, baixinho. — Se quiser, eu posso sugerir um. — ofereceu.

Ryeowook deu de ombros, o silêncio parecia ter melhorado seu humor apesar de ainda se sentir cansado em demasia. Precisava de uma noite longa de sono, mas sabia que não a teria tão cedo quando precisava estar alerta para cuidar daqueles dois. Fitou Heechul de canto de olho, tentando entender como ele parecia tão bem tendo Junmeyon para cuidar. Não conseguia lembrar se em algum momento o Kim pareceu tão cansado quanto ele se sentia e como se soubesse que queria perguntar alguma coisa, o mais velho focou os olhos em si.

O silêncio pareceu desmoronar sobre si naquele momento, forte e intenso. Ryeowook não soube explicar de onde a sensação veio, mas havia se alojado no peito, fazendo tudo em si se revirar, contudo, não sentiu vontade de quebrar o contato visual, deixou essa tarefa para Heechul. O ômega desviou o olhar para o bebê que carregava, Ryeowook virou o rosto para o outro lado enquanto dizia a si mesmo que era besteira corar por aquilo assim como havia sido um truque de luz que tivesse notado a mesma quentura nas bochechas de Heechul.

— O que acha de Minseok? — a voz do mais velho soou quase nervosa e Ryeowook se obrigou a respirar pela boca antes de conseguir encontrar a própria voz.

— Acha que ele é tão precioso assim?* — a brincadeira saiu espontaneamente, Heechul riu e Ryeowook acompanhou. — Eu gostei. — voltou a fita-lo, mas o ômega não olhava para si.

Encarava a criança, os olhos transbordando em alguma coisa que Ryeowook ficou curioso em saber, mas guardou para si. Parecia um momento íntimo, alguma coisa fora da sua realidade. Contudo, acreditou que um dia poderia perguntar sobre aquilo. Quem sabe, no futuro, ele e Heechul se tornassem próximos o suficiente para tal ato.

— Heenim. — Heechul levantou o rosto ao escutar o seu apelido, lançou um olhar para Ryeowook.

Houve algum entendimento ali. Palavras silenciosas que Wook encontrou nos seus gestos. Heechul colocou Minseok no berço, acariciou-lhe o rosto antes de se afastar e deitar um último olhar a Ryeowook. O viu sair sem dizer nada. A voz da sua mãe parecia urgente o suficiente para que Heechul não tivesse tempo de dizer qualquer coisa e Ryeowook agradeceu por isso porque não achava que queria se despedir do ômega ainda, daquela pequena trégua que eles pareciam ter dado.

Olhou para o bebê nos seus braços e sorriu. Kyungsoo havia dormido.


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Notas finais do capítulo

*Seok significa pedra preciosa, é por isso que Ryeowook faz uma brincadeira na frase.



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