Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 56
XXII - Esse sentimento que é só seu (parte II)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787674/chapter/56

Chanyeol parou na entrada do quarto em que Kyungsoo estava descansando. Nos seus braços, carregava o filhote recém-nascido. O bebê tão pequeno se comparado a si, parecia quase desaparecer quando nos seus braços, coisa que só servia para deixar o Byun mais protetor. Com ambos.

Deu um passo para dentro do quarto e então, caminhou devagar até a cama do amado. Sentou-se na cadeira perto desta, ajeitou o bebê nos seus braços e o ninou da mesma forma que fazia quando cuidava da sua irmãzinha, Ji Eun. Seu pai Donghae havia o ensinado a trocar fralda, alimentar, segurar e dar banho. Apenas o básico, ele costumava dizer, o resto você aprende na prática e Chanyeol mal podia conter sua euforia em começar a aprender. Tinha plena noção que seria difícil ainda mais quando não morava com Kyungsoo e eles nem sequer eram um casal ainda, mas estava disposto a se sacrificar.

Queria ser o melhor pai para o seu filhote e mostrar a Kyungsoo que podia ser um ótimo alfa, um parceiro perfeito. Queria tanto que eles voltassem a ser um par, que o outro dissesse sim ao seu pedido de casamento, queria Kyungsoo de volta. Mas isso ainda era um desejo aparentemente longe de se concretizar quando o outro continuava o tratando como um velho amigo, nenhuma intimidade demasiada. E Chanyeol sabia que podia mudar isso se fosse mais presente na vida do ômega, mas a recente desavença entre suas alcateias havia prejudicado seu plano de se estabelecer entre os Kim’s.

— Oi. — sussurrou baixinho para o filhote em seus braços. — Aquele na cama é seu papai também. — continuou, bem baixinho.

Não queria acordar Kyungsoo. Sabia que ele precisava descansar depois do parto e além do mais, Ryeowook havia deixado ordens restritas para que o deixasse dormir o máximo possível, então faria isso. Já havia dado uma volta pelo hospital com o bebê nos braços e depois, deixado que ele fosse paparicado pelos avós e pelos tios. Todos pareciam tão animados com a chegada do seu filhote que Chanyeol sentia o peito ficando quentinho.

Balançou o bebê devagar nos seus braços, ficou de pé e foi em direção ao pequeno berço de vidro que havia ao lado da cama de Kyungsoo. Deixaria o filho dormir ali enquanto se ocupava em velar o sono dos dois. Tocou-lhe a face depois de deixa-lo confortável, sorriu. Ele tinha um nariz bonitinho, pensou. Se parecia com Kyungsoo em alguns detalhes e ângulos.

— Oi. — escutou a voz rouca do ômega.

Virou o rosto na sua direção e sorriu, aproximou-se devagar. Ele tinha o rosto cansado apesar do tanto de tempo em que estivera dormindo, mas havia o começo de um sorriso no canto da sua boca, um sorrisinho de satisfação.

— Oi. — Chanyeol devolveu quando sentou-se na cadeira, ao seu lado.

Kyungsoo o fitou e estendeu a mão na sua direção, o alfa a pegou, entrelaçou seus dedos.

— Ele se parece com você. — disse e Kyungsoo sorriu mais um pouco enquanto virava o rosto em direção ao berço do bebê.

— Isso me tranquiliza. — teve coragem de brincar e Chanyeol riu ao mesmo tempo que ele voltava a fita-lo.

— Como está se sentindo? — perguntou.

— Cansado. — sentiu o dedão do ômega acariciar o dorso da sua mão. — Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. — sorriu mais um pouco.

— Vai melhorar. — Chanyeol tentou o tranquilizar e Kyungsoo desviou o olhar para suas mãos juntas.

Ele gostava da forma como se encaixavam, do jeito como Chanyeol era protetor e cuidadoso, a fragilidade nos atos do alfa o agradava de uma forma doce. Fazia-o se sentir seguro. Sentira aquilo na primeira vez que o viu, depois que voltara para casa, mas o olhar quebrado que o alfa lhe lançou quando disse que não o conhecia, aquela parcela de dor estampada nos seus olhos castanhos tinha doido em si também, mais do que achara possível. Foi ali que soube que o conhecia, que eles tinham uma história longa.

Desejava poder lembrar de tudo, desejava ter de volta seus momentos doces, mas sabia que quanto mais forçasse aquilo, menos conseguiria. Era da forma como o médico havia dito: precisava deixar acontecer naturalmente. Ia se curar aos poucos, as lembranças viriam na medida que isso acontecesse, era apenas uma questão de tempo, só que quanto mais tempo passava mais Kyungsoo sentia como se estivesse perdendo-o. Perdendo o sentimento que o outro nutria por si. E isso, de alguma forma, o apavorava.

Chanyeol tinha direito em escolher não espera-lo, em conhecer outras pessoas, em ter outra família. Não era obrigação dele ficar e esperar até que Kyungsoo lembrasse de tudo, que lembrasse deles ou que de repente, ele se apaixonasse de novo. Parecia terrivelmente certo que o alfa se distanciasse, que fosse presente na vida do seu filhote, porque aquilo era obrigatório. Só não era obrigatório sentar e esperar, lançar aquele olhar para si todos os dias, desejando encontrar uma pessoa que não estava mais lá.

Sentia necessidade em contar à ele sobre isso. Em dizer-lhe que estava tudo bem ir embora, em ser só o pai. Não precisava ser marido, não precisava esperar, não precisava perder tempo daquele jeito com uma coisa que, talvez, não acontecesse nunca. Mas para cada vez que o Kim olhava para suas mãos juntas, para o jeito como ele sorria, quando contemplava o cuidado que ele dedicava para si, se dava conta que não queria que ele fosse embora. Seu lobo estava confuso e ele mesmo se sentia confuso por completo todas as vezes que se pegava pensando em Chanyeol mais que o normal.

— Eu gosto de você, sabe. — o ômega decidiu começar, os olhos ainda travados no ato de acariciar a mão do alfa. Estava na hora de dizer-lhe as terríveis palavras. — E eu sei que gosta de mim também. — levantou o rosto para fita-lo e Chanyeol estava com os olhos grandes na sua direção, o castanho era bonito. — Mas, Chanyeol, eu não acho que isso vai dar certo. Eu e você, quero dizer.

O alfa desviou os olhos para suas mãos ainda juntas. Não sabia o que dizer e não achava que se soubesse poderia mudar a opinião do outro. Já tinha imaginado que aquela conversa aconteceria em algum momento. Era típico de Kyungsoo não guardar as palavras por muito tempo, devia ser de família quando notava a mesma coisa em Ryeowook.

— Não tenho dúvidas que será um ótimo pai, mas não pode me esperar para sempre. — a voz ganhou um tom baixo no final e Chanyeol sentiu como existissem pedras no seu peito, pesando.

— Por que não? — criou coragem para perguntar e voltou a fita-lo, então era Kyungsoo quem estava desviando os olhos, virando o rosto para cima, fitando o teto.

— Não acho que ainda sou o Kyungsoo por quem se apaixonou. — a primeira lágrima desceu e o Kim soltou a mão de Chanyeol para limpa-la do rosto. — Eu nem sequer lembro da minha família direito ou coisas sobre mim. — então ele estava colocando a mão em frente a boca e abafando os soluços e Chanyeol se aproximou.

— Vem cá. — ele se espremeu na cama de hospital, puxou o ômega para seus braços e acariciou seus cabelos.

— Eu esqueci que estava grávido, Chanyeol. — continuou chorando. — Fiquei tão assustado.

— Está tudo bem, Soo. — deixou um beijo no topo da sua cabeça. — Está tudo bem agora, huh? — acariciou suas costas. — Você está em casa com uma família que te ama, acabou de ter o bebê mais lindo de todos os tempos e tem à mim, sempre vai ter a mim. — lançou um olhar para o bebê. Ainda dormia, constatou. — Mesmo que você nunca me ame de volta, ainda vou estar aqui.

Kyungsoo fungou, mas não disse nada. Só esticou a mão até a do alfa e entrelaçou seus dedos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mirtilo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.