Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 33
VII - Rota de fuga




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Baekhyun girou volante do carro com uma brutalidade que nunca tinha estado em seus atos antes, mas não era capaz de controlar o tanto de irritação que sentia, e parecia ter piorado quando notara que Minseok havia simplesmente ido embora sem sua presença. Deu meia volta com o carro, os pneus raspando no asfalto molhado e fazendo um barulho que só piorou o seu estado. Pisou no acelerador e foi em direção a Alcateia Kim. Era o único lugar que oferecia algum abrigo para o marido, era o único lugar para onde aquele ômega pensaria em correr, pois eles podiam ter passado apenas dois meses casados, mas fora o suficiente para que Baekhyun percebesse como o Kim era muito ligado à família.

Dirigiu rápido, pisando no acelerador e ultrapassando alguns sinais, pensando em quando encontrasse o outro. E apenas fantasiar isso só o deixava com mais raiva da atitude do ômega. Não era como se estivesse mentido quando falara aquelas coisas ao outro, mas também não esperava que este fosse agir de uma forma tão infantil. Talvez, Minseok só devesse pensar um pouco no seu lado da história, avaliar os seus pontos antes de se comportar como um ômega injustiçado, porque os dois tinham vindo parar naquela situação justamente porque compartilhavam da mesma ideia de proteger a alcateia acima de tudo. Minseok havia sacrificado seu casamento com Oh Sehun e Baekhyun havia sacrificado a si mesmo para que ambas as alcateias não entrassem em guerra.

Contudo, quando Baekhyun deixou exposto o fato de que é dever seu ser o mais forte entre os alfas, para poder se digno da cadeira que ocupava, Minseok só conseguia fazer birra, fingindo não saber sobre o que outro falara. Tudo bem, que poderia ter sido menos rude em suas palavras, mas o Byun ficara tão irritado com o modo como o loiro não fora capaz de lhe escutar, que se deixou levar por esse sentimento primitivo. E era esse sentimento primitivo que o estava guiando até a Alcateia Kim.

Não podia deixar Minseok se esconder assim, havia uma necessidade avassaladora em si de segurar aquele garoto pelos ombros e discutir consigo.

Por isso, freou bruscamente na entrada da vila dos Kim’s, saiu batendo a porta do carro, os pés descalços foram de encontro ao chão de terra molhado e a chuva — mais forte do que antes — lhe acertou o rosto com uma ventania gelada, como se ela própria desejasse poder esfriar os sentimentos do alfa. Andou em direção a guarita, trocou algumas palavras com guarda ali. Não foi preciso dizer muito além do seu nome para entrar, afinal, Baekhyun não era um lobo qualquer. Era o líder de um clã inteiro.

— Devemos avisar o senhor Junmyeon sobre sua visita? — o guarda perguntou depois que passou pela entrada.

— Não é necessário. — Baekhyun respondeu. — Não vim falar com ele, vim aqui atrás de Kim Minseok. O viu? — questionou com a voz firme.

O guarda assentiu, de repente parecia envergonhado ou com medo, Baekhyun não sabia dizer mas apostava que isso era culpa da sua áurea alfa terrivelmente forte, que intimidava o outro.

— Sim, senhor. — acabou dizendo. — Ele foi em direção a casa de Kim Jongdae. — apontou o caminho.

O Byun mordeu o lábio para evitar dizer um palavrão. Então era isso? Na primeira oportunidade Kim Minseok iria correr em direção a um alfa? Porque lembrava-se muito bem quem era Kim Jongdae, e para falar a verdade, era meio difícil esquecer o seu rosto quando este tinha sido o seu carcereiro na época que fora feito prisioneiro por Kim Jungsoo, aqui mesmo, na Alcateia Kim.

— Ok. — disse simplesmente e começou a se afastar, as mãos fechadas em punho ao lado do seu corpo, tão rígido, fazendo o guarda engolir em seco.

Caminhou lentamente pelo caminho que lhe indicado, a chuva já havia molhado sua roupa por completo, pois já era capaz de sentir o tecido colado na sua pele. Contudo, mesmo isso não era capaz de fazê-lo sentir frio e mesmo que uma parte sua sussurrasse como aquilo era culpa da sua natureza alfa, Baekhyun sabia que estava com raiva demais para ficar com frio, por isso sentia seu corpo um tanto quente ao mesmo tempo que seu estômago borbulhava em mais raiva, como se ali fosse o lugar onde ela era produzida e transportada para as outras extremidades. E essa queimação parecia piorar quando Baekhyun começava a se questionar sobre o que Minseok estaria fazendo ali, quando bem podia ter corrido para os braços dos seus pais ou irmão alfa.

Imagens desconexas tomavam conta da sua mente, uma pior do que a outra. Nem ao menos queria ver aquilo, mas o que mais o assustava era o modo como estava se deixando afetar por tudo aquilo, como se realmente Kim Minseok o pertencesse. Sabia que não pertencia, mas não conseguia evitar o sentimento de possessão que sempre surgia em si quando pensava no ômega, pois ele havia se casado consigo, deveria ficar do seu lado, e não correndo em direção aos braços de um alfa qualquer.

Levantou a cabeça e procurou o cheiro do outro, mas com aquela chuva, tudo que encontrava era o cheiro de terra molhada. Deu mais alguns passos, sabia que quanto mais perto chegasse de Minseok, mais fácil sentiria o seu cheiro. O que de fato aconteceu depois de mais um pouco de caminhada. O cheiro de mirtilo do marido tomou conta do seu olfato do jeito mais familiar possível e o guiou até a única casa de madeira com janelas e porta vermelha, quase no centro da pequena vila. Apressou o passo até lá e sem hesitar, bateu na porta.

Não houve resposta, o que só serviu para deixa-lo mais enfurecido. Bateu mais uma vez, mais forte.

— Minseok! Abra essa maldita porta! — exclamou enquanto socava a madeira, o cheiro de mirtilo bagunçando seus sentidos.

Todavia, mais uma vez, não houve resposta. Bufou, passou a mão no cabelo, jogando os fios molhados para trás e então recuou três passos da porta. Se ninguém ia abrir a porta para si, então o Byun abriria por si mesmo. Por isso, simplesmente correu em direção a porta e bateu com o ombro ali, depositando toda a sua força no ato. A porta abriu-se num crack alto enquanto seu corpo ia em direção ao chão da sala da casa do alfa Kim. Rolou no chão e fitou o teto, seu ombro latejava, mas não se concentraria nessa dor enquanto não encontrasse Minseok e o levasse de volta para o seu Clã.

Pôs-se de pé e olhou em volta, apenas para encontrar a figura um tanto pálida de Kim Minseok, parado, no começo do corredor. Não falou coisa alguma, simplesmente foi até o loiro e segurou o seu pulso direito, fazendo força para ignorar o fato de que ele não estava usando suas roupas, estava com as roupas daquele alfa, até mesmo o cheiro dele estava em si e isso só fazia o seu estado mental piorar. O que eles tinham feito? Preferia nem pensar nisso, porque sabia que enlouqueceria.

— Vamos embora. — falou entredentes, puxando o ômega para fora da casa.

— Me solta. — Minseok girou o seu pulso, fazendo-o deslizar pelo aperto do outro e ser libertado. — Eu não vou com você. — decretou.

Baekhyun virou-se de supetão, sem entender porque o outro era tão resistente. Conhecera outros ômegas, Lee Donghae tinha feito questão de apresenta-lo a vários deles e mesmo que não tenha se sentido atraído por nenhum deles, o Byun podia muito bem listar as características marcantes do ômega perfeito. Seu próprio pai ômega era desse jeito. Adorável, calmo, obediente, delicado...  Mas aquele ômega, aquele com quem tinha sido obrigado a casar, ele simplesmente destoava qualquer uma dessas características. Podia ter um rosto bonito e ser educado — quando queria —, todavia não combinava nem um pouco com tudo o que tinha observado em ômegas até ali.

Minseok era teimoso, instável e nunca escutava o que o Byun dizia. Era a perfeita personificação de irritante e naquele momento, estava o irritando mais do que o necessário.

— Você vai. — voltou a se aproximar, tentou segurar no seu pulso novamente, mas o loiro desviou. Então tentou mais uma vez e mais outra e mais outra, até que sem aviso prévio nenhum, recebeu um tapa no rosto.

— Eu não vou. — deixou claro e o alfa o fitou, os olhos tornando-se aquela confusão castanha que o ômega odiava com todas as suas forças, porque nunca sabia o que significava.

Baekhyun não ergueu a mão para verificar a bochecha, mas mesmo sem isso a sentia arder e isso parecia se intensificar a cada vez que a água da chuva descia por sua pele. Olhou para Minseok, avaliou o modo como seu cabelo estava úmido, colando-se na testa e bochechas, estava grande e ele deveria cortar, mas tudo que realmente pensou foi no modo como seus dedos já haviam se encaixado ali algum tempo atrás. Parecia irreal ter esses tipos de memorias quando eles dois obviamente não serviam para aquilo. Contudo, o alfa se viu dando um passo em direção ao ômega, porque mesmo que quisesse não podia deixa-lo para trás. Era completamente inconcebível a ideia de voltar para seu Clã sem Minseok, isso implicava em falhar no que seu pai tinha pedido, isso o tornava um perdedor e Baekhyun não queria isso, não quando a única coisa que tinha que fazer era manter Minseok na linha.

Foi por isso que avançou no ômega. Era isso que sua mente repetia a todo instante, quando mais uma vez tentou segurar o pulso de Minseok. Mas como era de se esperar, o ômega reagiu ao tentar bloquear suas investidas, o que fez Baekhyun ser mais incisivo e eles terminaram lutando um com o outro, como inimigos. Não fazia sentido para nenhum dos dois aquilo, mas quando eram atacados um pelo outro, não conseguiam não revidar. Então, quando Minseok fechou a mão em punho e tentou acertar um soco em seu rosto, não se conteve em acertá-lo primeiro, mirando bem na barriga.

O loiro cambaleou para trás, havia mais surpresa no seu rosto do que dor. Baekhyun se manteve parado onde estava, os olhos nunca saindo do rosto do marido. Era um desafio, Minseok sabia pelo jeito que estava sendo mirado, como se Baekhyun estivesse apenas esperando o momento em que ele fosse desistir. Mas o Kim não havia sido criado pra isso, não iria desistir assim, como se fosse apenas um ômega comum. Havia mais em si do que só o sangue de um Kim Principal e por isso sentia que merecia mais, e para o bem da verdade, Baekhyun estava estragando tudo quando agia daquele jeito.

Era tão difícil perceber que ele precisava de um tempo sozinho para organizar suas ideias?

Retirou a mão da barriga e levou até os cabelos, os penteou com os dedos para trás, os fios estavam atrapalhando sua visão. Sua barriga ainda estava doendo onde levara o soco, alertando-o sobre como ficaria roxo no dia seguinte. No entanto, o que lhe chamou atenção em si foi o modo como estava com raiva. De repente, no meio de toda aquela chuva, Minseok queimava em raiva.

Estava terrivelmente com raiva de Baekhyun, por invadir o seu espaço pessoal daquela maneira, apenas porque precisava de si para voltar a Alcateia. Porque, sim, Minseok sabia muito bem que o alfa não tinha aparecido ali para pedir desculpas ou qualquer outra coisa, este tinha vindo apenas para exigir sua presença na Alcateia, pois sua ausência iria manchar a imagem de bom alfa que tinha. E isso lhe enchia de tanta raiva, que simplesmente não pode evitar acatar o desafio que Baekhyun lhe impunha implicitamente: Quem perder tem que seguir o outro.

Ajeitou a posição do seu corpo e avançou no outro, correu em sua direção ao mesmo tempo que Baekhyun se preparava. Mas quando achou que acertaria o rosto dele, apenas se deixou deslizar pelo chão molhado, a perna direita esticada enquanto a outra se fechava, mirou na perna do alfa, porém, Baekhyun pulou no último segundo, caindo sobre seu corpo. Os dois rolaram na lama, a chuva estava mais forte quando acertou o seu rosto, fazendo sua visão ficar ruim. Acertou o cotovelo contra as costelas de Baekhyun, mas o corpo dele nem ao menos retesiou com o golpe.  Na verdade, Baekhyun pressionou o braço contra seu pescoço, sentiu sua traqueia ser comprimida e sabia muito bem que se continuasse naquilo, a teria esmagada porque alfas sempre teriam a vantagem de serem mais fortes.

Então, ergueu a mão e puxou Baekhyun para baixo, os dedos se fechando perigosamente na gola da sua camisa, apertando tanto que o alfa abriu a boca levemente em busca de ar. Quando teve o rosto dele perto o suficiente do seu, não hesitou em acertar sua testa contra a do alfa, forte o suficiente para embaçar sua visão e fazê-lo se afastar, um tanto tonto pelo golpe repentino. O ômega empurrou Baekhyun, rolou pelo chão, ficando de barriga para baixo e tossiu ao mesmo tempo que o alfa ficava de pé. Voltou a ficar de barriga para cima e usando as pernas, enlaçou os pés dele e o jogou novamente no chão. Apressou-se sobre seu corpo, a mão direta fechada em punho, pronto para acertar um soco no seu rosto, quando foi surpreendido ao sentir as pernas do alfa se fecharem em volta do seu tronco, apertando tão forte que por um momento o ômega achou que teria suas costelas quebradas, mas quando Baekhyun segurou o seu punho e tocou-o em sua bochecha, de modo que seu braço ficasse esticado e em um segundo duas pernas estavam sobre seus ombros direito envolvendo seu membro, afim de imobiliza-lo.

Aconteceu tão rápido, que tudo que Minseok conseguiu fazer foi soltar um grito de dor ao ter seu braço comprimido daquela maneira. Sabia que ia quebra-lo se fizesse qualquer movimento, no fim havia apenas uma certeza: Baekhyun havia o pegado. Mas não queria se deixar vencer tão rápido, não quando havia uma coisa daquelas em jogo, então fez a coisa mais radical que conseguira pensar para se libertar.

Jogou o seu corpo para o lado, quase rolando, mordeu o lábio tão forte com a dor que sentiu que foi capaz de provar o gosto de sangue na língua. Seu braço fez um crock excruciante o suficiente para que Baekhyun se assustasse e soltasse seu braço. Então, Minseok deitou de barriga para baixo sobre toda aquela lama que tinha se transformado o chão de terra batida da Vila Kim. Seu braço doía tanto e o alfa, não muito longe dali, o fitava com os olhos grandes em surpresa e susto, era incapaz de entender como Minseok preferia quebrar seu braço em vez de entregar a luta.

— Minseok... — balbuciou, o nome saindo tremido dos seus lábios.

O loiro ignorou a dor, afinal aquilo não era uma fração do que tinha aguentado na Academia de Ômegas. Subiu sobre o corpo de Baekhyun e novamente eles estavam inseridos na mesma cena, mas dessa vez, o alfa não resistiu quando o loiro acertou o seu rosto. Alguma coisa tinha dado errado, era tudo que o Byun pensava. Não era assim que deveria estar terminando e nunca foi seu intuito quebrar o braço de Minseok, mas realmente não esperava que o outro fosse preferir isso a perder a luta. Ficou desnorteado o suficiente para abaixar a guarda e receber mais de um soco.

Mesmo com o braço direito quebrado, Minseok tinha uma esquerda bem pesada.

O Kim ergueu a mão esquerda mais uma vez. Tinha que acertar mais um soco, apenas para aplacar um pouco daquela raiva que estava sentindo de Baekhyun, mas no momento em que seus olhos encontraram os dele, havia algo no castanho dos seus olhos que não estava mais brilhando em determinação como antes. O sangue cobria sua face, tornando seus lábios vermelhos, destoando toda a imagem do alfa. E foi aí que se deu conta de que Baekhyun podia ter reagido, podia tê-lo imobilizado novamente, mas havia desistido, estava deixando que vencesse. Se viu abaixando o punho lentamente, a chuva molhava o topo da sua cabeça, fazendo a água descer pelos fios do seu cabelo, deslizar por seu rosto e pescoço, fazendo sua alma se encharcar.

Não, não. Isso estava errado. Baekhyun deveria lutar consigo, não deixa-lo vencer apenas porque... Não, não era assim que deveria acontecer! Minseok não queria vencer desse jeito. Por isso, quando mãos surgiram, o tirando de cima do alfa, não ofereceu resistência. Só conseguia olhar para Baekhyun, os olhos brilhando em incredulidade e alguma coisa parecida demais com decepção. No entanto, a decepção não era em relação ao alfa, como veio a querer, era sobre si mesmo, porque aquilo tudo só tinha servido para uma única coisa: mostrar-lhe que Kim Minseok não passava de um ômega. E ômegas jamais seriam oponentes iguais para alfas.

Baekhyun estava apenas brincando consigo, no fim das contas.

***

Henry fechou os olhos depois que o médico da Alcateia Byun se afastou. Piscou algumas vezes para poder conseguir focar o olhar normalmente. Era dia. A luz do sol se derramava pela pequena janela ao lado da sua cama, naquele pequeno posto médico. Sua cama era separada das outras por cortinas. E quando apurou o olfato, naquela manhã, antes que o médico aparecesse, soube que o lugar estava cheio. Alguns cheiros eram familiares e por isso sabia que eram do seu clã, mas outros nunca havia sentido antes, então supôs que pertenciam ao clã Byun.

— O ideal seria se o seu alfa estivesse aqui. — o médico começou a dizer, de costas para si, ajeitava os remédios em sua maleta, na beira da cama de Henry. — Iria se recuperar mais rápido. — expôs.

Henry sabia disso. Mas não era como se pudesse chamar seu alfa assim, do nada, quando nem sabia o seu nome. A única coisa que ainda tinha em sua lembrança era o seu cheiro e o tom dos seus olhos, aquelas malditas cores que sempre estavam em seus sonhos e estavam mais intensas nesses três dias que passara em coma induzido, pois, como o próprio médico estava dizendo: Henry estava fraco demais para se recuperar sozinho. Precisava de vitaminas mais fortes que as dos ômegas normais, precisava da presença daquele alfa que o abandonara há 6 anos como se não fosse nada além de um brinquedo quebrado.

— Eu não tenho um alfa. — deixou que o médico soubesse.

Geralmente, nunca realmente diria essas palavras em voz alta. Preferia inventar uma mentira sobre como seu alfa estava viajando e não chegara a tempo, era melhor do que ter aquele olhar de pena sobre si quando percebiam que na verdade, Henry havia sido abandonado. Mas, como o beta que estava a sua frente era um médico, parecia certo deixa-lo saber a verdade mais escura da sua vida.

O médico o fitou de soslaio, parecendo um tanto surpreso pela resposta, quando havia examinado a marca no seu corpo e tinha notado que o alfa daquele garoto ainda estava vivo, pois para ômegas que tinham seus parceiros mortos, ela tendia a ficar mais apagada — coisa que não era o caso do Lu. Acabou voltando a abrir sua maleta e procurou por frascos de vitaminas, que costumava receitar para crianças. Pegou dois frascos, um para insuficiência de ferro e outro para vitamina B e E.

— Vou deixar essas vitaminas contigo. — falou e as entregou para o ômega, que as pegou e observou o rotulo. — Vai ajudá-lo a ficar mais forte.

O Lu observou mais um pouco os frascos em suas mãos, não era muito grande e a superfície estava gelada. Uma parte sua queria chorar, porque isso era injusto. Ele já havia sido forte e saudável, nunca ficava doente por muito tempo e seu pai sempre lhe dizia como era um garotinho forte. Mas agora, havia se tornado apenas mais um ômega patético, dependente de mais remédio do que conseguia se lembrar. Levantou o olhar para o médico e estendeu os frascos em sua direção.

— Não posso tomar isso. — deixou claro, fazendo o beta arregalar os olhos. — Preciso que vá até meu líder e o traga aqui. — mandou, a voz saindo mais firme que o necessário, para alguém que tinha dormido por três dias.

— Eu não acho que o senhor Lu Han está em condições de vir até aqui. — o beta falou ao mesmo tempo que pegava os frascos de volta e os guardava em sua maleta.

— Apenas o traga. — mandou outra vez e observou o modo como o canto da boca do médico se enrugou em desagrado por estar recebendo ordens de um ômega doente.

— Farei o possível. — disse, por fim e Henry sabia que ele não faria nada.

Viu o médico se afastar, saindo do pequeno lugar designado para si e suspirou, um tanto derrotado por não ter sido levado a sério. Fechou os olhos por um segundo e sem realmente querer, no escuro das suas pálpebras fechadas, foi capaz de ver aquele par de olhos... aquele par de olhos que ainda o assombrava, os olhos do seu alfa. Abriu os olhos, assustado demais para conseguir conter o modo como arfou. Aquilo estava ficando frequente, pois antes era só capaz de sonhar com isso, pois sabia que era apenas o seu lobo tentando contatar o alfa que o marcara, mas agora estava mais forte, deixando claro que não era mais um sonho ou uma lembrança, era apenas o seu lobo despertando depois de três dias sem as drogas que o inibiam o suficiente para que a marca ficasse fraca. Essa constatação o assustou, porque quem quer que o tinha marcado estava sendo chamado e tudo que Henry menos queria era encontrar aquela pessoa.

Por isso, jogou as cobertas para o lado e se preparou para sair dali. Precisava encontrar Lu Han ou ir até sua casa, na alcateia Lu e pegar seus remédios. Precisava dos seus remédios antes que fosse encontrado por aquele par de olhos verdes. Tocou a ponta dos pés no chão gelado, mas logo estava conseguindo firma-los ali e então, estava afastando a cortina e passando por ela. Tinha que encontrar algumas roupas antes de sair por aí. Olhou ao redor daquele lugar, não havia enfermeiras ali. Pelo que podia constar, os Byun’s não tinham muita demanda para o seu pequeno posto de saúde, levou isso como um ponto positivo porque significava que os lobos daquela alcateia eram saudáveis.

Avistou um armário de portas brancas no fim do corredor de camas, que era aquele posto de saúde e foi até lá, tentando andar rápido apesar da dor que sentia na barriga. Sabia que não podia fazer muito esforço, se não arrebentaria os pontos e se isso acontecesse, só dificultaria sua recuperação — que já estava difícil. Ao chegar lá, tratou de abrir o mesmo. Não haviam exatamente roupas ali, eram apenas jalecos de reservas e algumas roupas de enfermeiras. Pegou um dos jalecos, porque aquilo era melhor do que a bata ridícula que estava usando. O vestiu, fechou todos os botões e enrolou as mangas, que tinham ficado absurdamente grandes e só então, se apressou para fora daquele lugar.

Mas assim que ganhou as ruas pavimentadas da Alcateia Byun, não sabia para onde deveria ir. Olhou em volta mais uma vez, havia betas e alfas ali. Ninguém realmente conhecido. Deu mais alguns passos para longe da entrada, precisava chegar até a casa principal, pois sabia que mesmo se Lu Han não estivesse lá, Minseok ou Baekhyun estaria e algum deles podia lhe ajudar. Mas não sabia para que lado ficava a casa principal, por isso só escolheu um lado e começou a vagar, torcendo para encontrar alguém conhecido e pedir ajuda, no entanto, só havia pessoas estranhas e tantos alfas que Henry sentiu seus olhos marejarem. Odiava tanto alfas, tinha tanto medo também, não era capaz de se aproximar de nenhum dos que via e sabia que eles também não se aproximariam, porque havia aquele cheiro em sua pele, aquele maldito cheiro que indicava o quanto já pertencia a alguém.

Engoliu tudo isso e continuo andando. Em algum momento, se viu parado em um estacionamento, estava quase na saída do lugar. E isso era o indicativo que havia escolhido o caminho errado, pois era óbvio que a casa principal não ficava na perto da saída. As sedes de poder costumavam ficar no centro da Alcateia. Bateu a palma da mão na testa, por não ter lembrando-se disso antes. Mas não deu meia volta, como pensou. Só continuou fitando os carros ali, no estacionamento. Acabou dando de ombros, afinal ia ter que sair da Alcateia de qualquer forma. Se aproximou do primeiro carro, enfiou a mão pela janela aberta e destravou a porta do carro, entrou ali e se abaixando perto dos freios, procurou os fios que ligariam o carro e fez uma ligação direta. Então se ajeitou no banco do motorista e saiu dali.

Não foi difícil sair do território Byun, aparentemente os guardas estavam ocupados com outras coisas e Henry podia muito bem imaginar o que era. Pelo modo como aquele posto de saúde estava cheio de Lu’s, o ômega tinha quase certeza de que Lu Han tinha movido a alcateia para aquele lugar. Estavam ali até conseguirem resolver aquela bagunça toda. Henry disse a si mesmo que depois que estivesse com seus remédios, ia procurar por Lu Han e ajuda-lo com isso. Então seguiu dirigindo até o lugar que costumava chamar de lar, mas tudo que encontrou quando chegou se resumia a uma bagunça cinzenta. A entrada do lugar estava fechada com uma fita amarela, o que indicava que os policiais humanos já haviam chegado a aquele local.

A área estava isolada e do outro lado da rua, onde tinha estacionado, conseguia ver os policiais transitando por dentro do lugar tentando entender o que havia acontecido ali. Decidiu ir lá mesmo assim, afinal os seus remédios eram de extrema importância para a sua saúde. Caminhou devagar até o lugar, o lugar onde havia levado um tiro estava latejando. Passou por baixo da faixa amarela e continuou o seu caminho, talvez, se falasse com os guardas, eles poderiam deixa-lo avançar mais. O que de fato aconteceu e por isso Henry agradeceu baixinho a Deusa Dal, pois realmente não estava em condições de entrar em uma luta.

Avançou pelo local, andando sobre cinzas e avaliando todo o estrago que acontecera ao seu lar. Muitas casas haviam sido perdidas, o fogo tinha tragado-as com uma ferocidade extrema. Mas a sua casinha, que ficava no fim do território, ainda estava de pé. Quase riu quando a notou ali, mesmo que as janelas estivessem quebradas e a porta escancarada, sabia que tudo que precisava ainda estava ali. Quase correu em direção a mesma e quando adentrou, quase soltou um suspiro de alivio ao encontrar os seus remédios no compartimento secreto embaixo da cama.

Aproveitou para colocar uma roupa, afinal não podia andar por ai só com um jaleco. Haviam policiais humanos do lado de fora, esperando-o, meio que cuidando para que Henry não fizesse nenhuma gracinha. O ômega, dentro da casa, pegou uma bolsa e colocou todos os frascos de remédio que tinha ali. Sempre tinha frascos reservas, porque nunca sabia quanto tempo ia ficar escondido, longe dos ingredientes certos para fazer mais. Era certo, que sempre que precisasse de mais poderia pedir a Organização, que teria tudo em qualquer lugar que estivesse. Mas Henry gostava do ritual de avaliar as plantas que usava, de retirar o óleo de suas folhas e fazer as misturas certas e ultimamente, vinha trabalhando em uma forma mais agressiva do remédio, algo que não obrigasse a tomar três pílulas por dia, além das vitaminas superfortes diárias.

Essa mistura de remédios sempre o deixava um pouco cansado, o que prejudicava o seu desempenho, o que sempre fazia Henry se perguntar se era por isso que a Organização nunca o usava em missões de combate. Pois seu folego nunca seria páreo para o de um ômega não-marcado. Esse era um dos motivos que o faziam estudar mais, o suficiente para ser o primeiro da Academia inteira especialista em ciências farmacêuticas. Afinal, não tinha se formado em bioquímica à toa. Então, mesmo que não pudesse ter missões grandes em suas costas, ainda podia fazer coisas básicas, contudo, a Organização parecia ter concordado implicitamente em mantê-lo como eterno plano B.

Abriu a primeira gaveta do seu criado mudo e procurou o pequeno frasco que guardava para emergências como aquela, quando havia passado três dias sem seus remédios. Isso significava que a droga não estava fazendo efeito há muito tempo e que mesmo que pudesse encontrar seus resquícios em seu sangue, seu lobo já estava praticamente desperto, o que implicava em dizer que a marca estava funcionando. Por isso, havia feito aquela outra forma da droga, uma forma líquida, mais forte, que combinava as três doses diárias. Era perigoso tomar assim, isso afetava o seu sistema nervoso, mas Henry estava desesperado demais para cortar a ligação de uma vez, já que com os comprimidos isso iria se fazer lentamente. A marca só estaria fraca novamente em três dias e pelo modo como sentia-se agitado demais, sabia que não tinha esse tempo inteiro para manter o alfa longe de si.

Procurou a seringa e fez todos os procedimentos antes de sentar-se na beira da sua cama e injetar aquilo na veia do seu braço. Jogou-se, logo em seguida, sobre o colchão e fechou os olhos por um momento enquanto soltava a seringa devagar, seu corpo foi relaxando, a respiração ficando lenta e logo tudo estava ficando escuro. Sentiu frio e por isso sabia que sua pressão estava abaixando drasticamente, mas se forçou a respirar fundo. Quando abriu os olhos, um policial estava em pé ao lado da sua cama, fitando-o com os olhos curiosos.

— O senhor está bem? — perguntou, os olhos se desviando para a seringa vazia ao lado do corpo do chinês na cama.

— Pode me ajudar a levantar? — devolveu e o homem assim o fez.

Ainda estava tonto quando saiu da sua casa, mas conseguia caminhar. As vezes tropeçava nos próprios pés, mas conseguiu chegar inteiro até o carro que viera. Jogou a bolsa no banco de trás e respirou fundo mais uma vez, a testa encostada no volante. Suas mãos estavam tremendo e seu coração batia descompassado, alertando-o que precisava deitar um pouco e dormir, mas não podia fazer aquilo agora. Mas mesmo quando deu a partida no carro, não conseguia não se sentir privilegiado por ser o único ômega no mundo inteiro, que estava lutando contra uma ligação tão forte que era a Marca.

Os remédios que o mantiam vivo, eram feitos exclusivamente para o seu tipo sanguíneo. Reagiam a si enquanto que em outros ômegas, não causavam mal algum. A molécula que fazia todo aquele esforço valer a pena, se combinava com uma proteína que havia no seu sangue, em especial, e então a mágica acontecia. Mas, talvez, com mais pesquisas, podia fazê-la funcionar em outros ômegas também. Só que por enquanto, precisava voltar à Alcateia Byun.

***

Baekhyun fitou Junmeyon, de braços cruzados, sentado no sofá da casa do Kim, enquanto esse estava no sofá a sua frente, os dois entraram em uma batalha silenciosa através do olhar. Ryeowook, que os fitava da entrada da cozinha, não podia deixar de suspirar, cansado demais daquele impasse entre os dois que já durava três dias, desde o incidente entre o Byun e seu filho mais velho, Minseok. Os dois haviam causado um belo tumulto em meio a chuva e coube aos guardas e ao próprio Junmyeon separa-los. E mesmo que Ryeowook soubesse que Minseok tinha um fundo de culpa naquilo, Junmyeon parecia não saber quando jogava toda a culpa para cima do alfa.

O líder Kim havia feito questão de manter Minseok em território Kim, quando descobriu que o seu braço havia sido quebrado na briga, só que mesmo quando Ryeowook notava a preocupação nos atos do filho alfa, percebia também que ele estava se deixando dominar por seu instinto protetor e por isso ainda mantia Minseok ali. Dopado o suficiente para não saber que estava há tempo demais ali.

— Até quando acha que vai manter meu ômega aqui? — Baekhyun perguntou, usando o tom duro que só inflamaria mais os ânimos de Junmeyon.

Meu irmão vai ficar aqui pelo tempo que eu quiser, enquanto que você já deveria ter ido embora.

— Eu não vou embora enquanto não me devolvê-lo. — rebateu ao passo que o ômega balançava a cabeça em negação.

— Não vou devolvê-lo para alguém que quebrou o seu braço. — intensificou o olhar raivoso para cima do Byun.

— Não quebrei o braço dele. — defendeu-se. — Eu o imobilizei, Minseok que...

— E ainda por cima quer jogar a culpa pra cima do meu irmão. — Junmyeon ficou de pé, queria intimidar Baekhyun, mas o outro alfa fez o mesmo. — Eu não vou devolvê-lo.

— Nós somos casados, não pode interferir num matrimonio assim.

— Meu território, minhas regras. — deixou claro. — E daqui, ele não sai.

Baekhyun comprimiu os lábios e pensou seriamente em empurrar Junmeyon, mas respirou fundo para acalmar os nervos.

— Então, eu também não saio. — determinou.

O Kim mais velho, da porta da cozinha, decidiu interferir antes que eles rolassem mais uma vez no chão daquela sala. Era praticamente comum encontra-los com as mãos no pescoço do outro ou rosnando um para o outro.

— Junmeyon! — chamou, admitia que estava estressado com aquela situação toda, que incluía Leeteuk em sua casa e Baekhyun brigando por Minseok. — Não tem que ir trabalhar?

Tinha, Junmyeon pensou, mas não havia coragem em si o suficiente para fazê-lo se afastar daquela casa e deixar Minseok perto de Baekhyun. Nesses três dias, tudo que havia feito se resumia em manter o Byun muito afastado do seu irmão, porque dado o último acontecimento não conseguia confiar no outro, ainda mais depois do modo como havia perdido Kyungsoo. Não queria ter que perder Minseok também, já bastava aquele casamento para lembra-lo da sua impotência em proteger seus irmãos.

Desviou os olhos para Ryeowook e quis suspirar, mas não o fez, pois logo estava assentindo minimamente, porque não podia se manter tão longe dos seus afazeres. O bem-estar da Alcateia devia vir em primeiro lugar, foi isso que lhe foi ensinado e o alfa sabia que tinha sido ensinado a Baekhyun também, e era por isso que não entendia o que tanto Baekhyun fazia ali, exigindo Minseok como se não passasse de um objeto. Conhecia bem aquela atitude, tinha que admitir pra si mesmo, era o instinto possessivo que todos os alfas carregavam.

Mordeu o lábio e então voltou a olhar para Baekhyun, sabia que o outro não iria embora enquanto não tivesse o ômega para si, mas também sabia como quanto mais tempo o Byun passava ali, mais seu Clã entrava em desordem, por isso, se limitou a lançar-lhe um olhar raivoso e lhe dar as costas. Saiu dali em direção ao seu escritório, o castanho dos seus olhos ainda estava duro quando encontrou a figura de Kim Jongdae. Havia tido conhecimento, através dos seus guardas como Minseok havia ido direto para a casa de Kim Jongdae e que o alfa ficara de plateia enquanto seu irmão levava uma surra. E mesmo quando o Kim tentou se explicar, Junmyeon já estava com seu humor inflado o suficiente para não cair nas mentiras do outro.

O alfa sabia como o líder presava a segurança da Alcateia e que acima disso tudo, presava a segurança da sua própria família e que por isso, era de se esperar que ele inferisse na briga e não, assistisse. Mas ficou tão focado naqueles dois, em saber até onde aquilo chegaria, que não quis fazer nada além de olhar. No entanto, Junmyeon não pensava desse modo quando ao saber de tudo, fez questão de exclui-lo do seu círculo de amizade e quase o excluirá do cargo de Chefe de Segurança que ocupava, não fez isso porque estava sem tempo para selecionar alguém melhor e para o bem da verdade, Kim Jongdae sabia que não havia ninguém melhor, só que a sua curiosidade estava fazendo Junmyeon pensar que havia.

Recebeu o olhar duro do outro e teve a decência de abaixar a cabeça. Esperava que com o passar do tempo, o alfa pudesse perdoa-lo, mesmo que não entendesse porque deveria ser perdoado. Minseok não era nenhum ômega indefeso e isso ficara mais claro para si quando o via lutar com Byun Baekhyun, o que só o deixava terrivelmente mais curioso, porque o ômega não parecia ter aprendido aqueles golpes todo apenas como autodefesa. Alguma coisa lhe dizia que a explicação por trás daquilo, era bem mais escura.

Pelo menos um dos Kim’s tinha que ser interessante, não?

Segurou os papeis em sua mão com firmeza e sentou-se à mesa, na recepção, o lugar que Lu Henry costumava ficar, quando aparecia para trabalhar. O secretário de Kim Junmyeon havia desaparecido por alguns dias, nenhuma notícia, nenhum sinal de vida, apenas o silêncio para sobrecarregar Jongdae com mais afazeres. O alfa ainda não sabia como faria para sair das vistas de Junmyeon e ir verificar Kyungsoo sem parecer suspeito. Então, apenas se limitou a encarar as planilhas sobre a mesa e tratou de preenche-las, afinal, ainda tinha uma imagem para manter. Depois que as terminou, notou que haviam alguns envelopes ali, olhou os seus destinatários e quase sorriu quando percebeu que haviam alguns em nome de Kim Heechul, afinal, estava querendo uma desculpa para ir à casa dos Kim’s desde o incidente entre Baekhyun e Minseok.

Escreveu um aviso para Junmyeon e deixou sobre a mesa, fingiu que havia saído para o almoço e então quase saltitou até a casa dos Kim’s. O envelope estava em suas mãos quando Kim Ryeowook abriu a porta para si. Entrou, quando o mais velho mandou e ficou para um café, quando este ofereceu. Pois, se tinha alguém que não desconfiava em absolutamente nada de si, esse alguém era Kim Ryeowook e por isso, sempre tendia a ser mais doce quando estava perto dele.

— Esta carta chegou para o senhor Heechul lá no escritório. — falou ao empurrar o mesmo sobre a superfície da mesa.

— Ah, sim. Eu acho que ele estava esperando algo mesmo. — o ômega pegou o envelope e o manteve do seu lado, os olhos estavam baixos, fitando o café em sua xícara, parecia um tanto triste.

— Tudo bem com o senhor? — decidiu perguntar, as vezes, bem no fundo, sentia uma certa afeição pelo segundo ômega de Leeteuk.

O Kim sempre era gentil consigo, um tanto preocupado — às vezes —, o convidava para as refeições e tendia trata-lo como um filho, até mesmo havia ganhado um cachecol de lã tecido por este.

— As coisas só andam meio agitadas por aqui. — meio sorriu, tentando mostrar que estava tudo.

E Jongdae quase acreditou e teria sorrido para si, se não fosse a presença nada discreta de Byun Baekhyun na entrada da cozinha, com os braços cruzados.

— Você é Kim Jongdae, não é? — perguntou com os olhos firmes e o alfa assentiu ao mesmo tempo que Ryeowook observava os dois, interessado. — Eu lembro de você.  — fez cara de pensativo. — Era meu carcereiro.

— Eu cumpro ordens. — deixou claro, os dedos se fechando apertados na alça da xícara.

— E qual foi a ordem que Kim Minseok lhe deu? — provocou.

Jongdae lançou um olhar para o ômega, então voltou a olhar para o Byun e sorriu, do jeito mais sacana que podia. Afinal, se ia ser provocado, então queria provocar também. Estava com a resposta na ponta da língua, quando o Kim se levantou e foi em direção ao alfa Byun, o segurou pelos ombros e o tirou dali, pois já estava prevendo mais uma discussão. Estava cansado de discussões, na verdade, já estava cansado de tudo.

— Vá fazer companhia para Minseok. — meio mandou, ainda com as mãos em seus ombros e os olhos do Byun relampejaram em sua direção.

O ômega sabia muito bem que Baekhyun queria vê-lo desde o começo, mas fora impedido todas as vezes por Junmeyon. Mas agora que o filho alfa não estava mais ali e Ryeowook queria evitar mais uma dor de cabeça, achou que podia ser uma boa ideia, levando em conta que já não estava mais mantendo Minseok dopado, desde ontem à noite. O filho ômega estaria acordado o suficiente para ter uma conversa séria com o alfa e resolverem-se de uma vez, pois mesmo depois de ter escutado a versão de Junmyeon sobre os acontecimentos, não achava realmente que Baekhyun fosse o único culpado e até onde tinha visto, o alfa se machucara bastante também.

— O que? — o alfa piscou, confuso.

— Minseok. — repetiu o nome do filho. — Vá vê-lo. — o virou na direção que ficava o quarto do ômega e o empurrou. — Vai. — então se afastou, sem dá espaço para ser contestado.

Voltou para a cozinha, ao mesmo tempo que via pelo canto de olho o alfa respirar fundo antes de dar o primeiro passo. Olhou para Jongdae, sorriu para si antes de sentar-se novamente e só então perguntou:

— E então, o que há entre você e meu filho? — foi direto ao ponto e quase riu do jeito como os olhos do alfa se alargaram em surpresa.

Enquanto isso, Baekhyun quase corria em direção ao quarto do ômega. Nesse meio tempo, tudo que tivera do outro eram apenas notícias vagas. Um braço quebrado. Escoriações pelo corpo. Estavam o mantendo dormindo para se recuperar mais rápido. Mas não pudera constatar isso visualmente, pois Junmyeon fazia questão de mantê-lo longe ao colocar guardas na porta do seu quarto, sabia que não podia passar por eles sem que o alfa líder ficasse com mais raiva, o que era mau pro acordo que tinham.

Parou em frente a porta do quarto do marido e girou a maçaneta. Entrou de uma vez, sentia-se um tanto nervoso e bem mais ansioso. Suas mãos estavam suando quando avistou o Kim dormindo, o lençol que ia até o seu queixo e o cabelo loiro opaco. Havia um corte no seu lábio inferior e outro na maçã direita do rosto e mesmo que não pudesse ver, tinha certeza que encontraria mais machucados por seu corpo. Alguns causados por si, outros causados pela luta contra os humanos no território Lu há três dias. Deu um passo em direção a cama, o peito se afundando daquele jeito que não compreendia a cada vez que notava a coloração esverdeada em seu pescoço, deixando claro que um hematoma estava se desfazendo ali.

Minseok estava machucado, era só isso que sua mente lhe alertava, e a culpa era sua. Parou em frente a cama do ômega e ficou o observando, mordeu o próprio lábio machucado e sentiu o gosto de sangue na língua ao mesmo tempo que repassava toda a loucura que os tinha arrastado até ali. De repente, já não fazia tanto sentido aquilo tudo, afinal a sua missão inicial era proteger Minseok, mas agora o tinha em uma cama, com um braço quebrado e mil e outros machucados espalhados pelo corpo. Havia falhado miseravelmente... mais uma vez. Mais uma vez, porque havia falhado com Chanyeol algum tempo atrás, tinha falhado com suas avós mais atrás ainda e havia falhado com sua própria mãe, no começo. Era uma sucessão de falhas. Byun Baekhyun, o líder da Alcateia Byun, era todo erguido em fracassos.

Seu pai não estaria orgulhoso.

Ninguém estaria orgulhoso de alguém que depois de tanto aprendizado sobre aquilo, ainda tinha capacidade de fracassar.

Recuou um passo. Os olhos ainda miravam a face do loiro, observou o modo como sua boca se enrugou, o nariz mexeu e por isso, soube que ele estava acordando. Deu mais um passo para trás e então mais um e mais o um, afastando-se o suficiente do cheiro doce do outro. Estava cansado daquilo, não queria mais fracassar, não queria mais machuca-lo. Era preciso manter uma distância segura, delimitar o seu local e torcer para continuar funcionando do jeito que estava antes, porque sabia muito bem que a presença de Minseok havia o obrigado a dar um passo para fora daquela linha. Aquele cheiro de mirtilo tinha mexido demais com seus sentidos para que quisesse continuar com aquilo.

Estava se perdendo.

Virou-se de frente para porta e girou a maçaneta, não olhou para trás quando saia dali e por isso, não viu quando o ômega abriu os olhos e os piscou na sua direção, pronto para chamar o seu nome. Mas não o fez, do mesmo jeito que não pode fazê-lo quando Junmyeon apareceu em seu quarto e disse que estava sozinho ali. Baekhyun havia ido embora, dera a batalha como ganha para si. Era uma vitória injusta, Minseok dizia a si mesmo quando o alfa o deixou ganhar, quando desistiu no último segundo. Mas se viu aceitando aquilo mesmo assim, estava magoado demais para questionar os seus louros.

Ainda ficou muito tempo na Alcateia Kim, se recuperando de machucados que não sabia que tinha. Não recebera nenhuma outra ligação que não fosse de Donghae ou Henry. Baekhyun não ligara, não dera sinal algum de que o queria de volta, junto dos Byun’s, e Minseok não era capaz de ir atrás, o orgulho ainda estava forte demais em si para deixar que fosse. Então apenas ia ficando, remoendo aquela noite em sua mente, repassando os acontecimentos do melhor jeito que conseguia, afim de encontrar alguma coisa que explicasse o que se passava na cabeça de Baekhyun para deixar vencê-lo daquela maneira, pois Minseok não conseguia aceitar a ideia de que não era um oponente a altura.

Contudo, para cada vez que fazia isso, chegava a mesma conclusão: era apenas um ômega. Mesmo com o sangue nas suas veias, continuava sendo o último na hierarquia, ainda era uma moeda de troca.

O seu braço sarou, as feridas se fecharam e sua pele voltou ao tom normal. Junmyeon conversou consigo diversas vezes sobre voltar para a Alcateia Byun ou continuar com os Kim’s, pois o próprio Baekhyun havia falado com Junmyeon sobre isso, dito que não havia problema se ele não voltasse. Isso costumava deixar o ômega confuso, mas mesmo com esse passe-livre, não era capaz de decidir. Claro que amava ficar ali, era seu território, sua família morava ali. Sempre podia trabalhar com o irmão na administração da Alcateia, enquanto ele não tivesse um ômega principal, e nas horas vagas podia desenhar em seu quarto. Enfeitar as paredes com ideias coloridas. No entanto, para cada vez que fitava a aliança dourada em seu dedo, não conseguia afastar a ideia de que ficar ali era fugir.

Estava fugindo de um turbilhão de coisas, do mesmo modo que via seu pai ômega, Ryeowook, fazendo. Percebia o pai pelos cantos da casa, cozinhando silenciosamente, ficando tempo demais no jardim, escondendo-se tempo demais na biblioteca local, fugindo para a cidade e passando tanto tempo lá, que Minseok começara a se preocupar, mas quando entendeu que tudo era culpa do modo como Heechul passava tempo demais com Leeteuk em seu quarto, não conseguiu mais impedir que o pai fosse para longe. Era melhor aquilo, do que ver aquele alfa em sua casa. E em um dado momento, quando recebeu permissão para sair de casa, Minseok começou a fazer o mesmo.

Corria para sua velha casinha na árvore, caminhava pela floresta, colecionava formatos de folhas, mergulhava no pequeno lago no centro da floresta. Olhava pro céu e contava as nuvens. O silêncio daquele lugar acalmava seus pensamentos, colocava seus batimentos cardíacos no lugar e o relaxava o suficiente para só apreciar a beleza que era morar tão perto da natureza. Na época que estava na França, costumava sentir muita falta do cheiro de terra e do jeito como tudo podia ser tão verde.

Estava sentado na beira do lago, os joelhos junto do peito, enquanto mexia na água com um graveto quando escutou passos se aproximando. No primeiro momento, ficou alerta, mas logo depois estava abandonando aquela pose. Sentia-se cansado demais para fingir que era forte, só queria ficar sozinho, do jeito que vinha fazendo há meses naquele lugar. Escondido entre as árvores. Não olhou para trás quando notou que a pessoa estava perto o suficiente, apenas esperou por qualquer coisa que a pessoa fosse fazer. Não quis sentir o seu cheiro para saber quem era, esperava que se apresentasse.

— Então é aqui que você se esconde? — reconheceu a voz de Henry e meio sorriu, tinha estado com saudade do amigo, mas tomara conhecimento da forma como ele fora baleado na disputa entre Lu’s e Humanos.

Mas não virou a cabeça para trás, para contempla-lo, apenas se manteve do mesmo jeito. Mexendo na água, afundando o graveto até a metade e depois suspendendo até a ponta e refazendo o processo. Escutou mais passos e logo Henry estava ao seu lado, olhando-o de baixo, com os braços cruzados.

— Não vai dizer nada? Nenhum ‘legal te ver novo’? Ou ‘você tá mesmo vivo’? — o chinês tentou e dessa vez o ômega levantou o rosto para fita-lo.

O canto da boca tremeu sem que quisesse e olhos marejaram, Henry comprimiu os lábios diante daquilo. Minseok não fazia o tipo que chorava, mas o ômega chinês conhecia-o demais para saber que, no fundo, ele era bem sensível. Acabou sentando-se ao lado do ômega e passou um braço por seu ombro e o trouxe para perto.

— Nós ainda estamos morando na Alcateia Byun. — contou, apenas porque queria cortar aquele clima estranho. — Baekhyun e Lu Han se dão melhor do que eu imaginava, sabia? É meio surreal de se ver. — e meio riu enquanto Minseok apoiava o seu queixo sobre o ombro do outro e mordia o lábio, um tanto desconfortável, segurava o graveto com demasiada força. — Voltei ao trabalho hoje, você sabe, como secretário do Junmeyon. Acredita que Kim Jongdae estava no meu lugar? — riu mais alto dessa vez. — Aquele alfa é um desorganizado, você precisa ver a bagunça que meus papeis estão.

— Mas eu o ajudei a organizar ontem. — contou e o chinês riu.

Mesmo que o amigo estivesse obviamente passando por uma fase ruim, era bom estar com ele depois de tanto tempo. Soltou o amigo e o fitou, segurou o seu rosto gordinho e amassou suas bochechas. Minseok ainda continuava adorável com aqueles olhos de gato e bochechas rosadas de frio.

— Você não vai voltar? — decidiu perguntar, não era bom em fazer rodeios.

Os olhos de Minseok desviaram-se dos seus e logo estava de frente para o lago, fitando toda aquela água intocada. Pensou na pergunta do amigo, se questionou minimamente. Ia voltar algum dia? Ou apenas continuaria fingindo que estava tudo bem? Porque, por mais que gostasse de viver entre os seus, sabia que ali já não era mais o seu lugar, só que todas as vezes que se imaginava com os Byun’s, tudo parecia amargo demais.

— Eu ainda estou pensando nisso. — falou e o chinês suspirou.

— Baekhyun precisa de um Ômega Principal, sabia? — decidiu ser mais incisivo. — Você acha que eu sou secretário do seu irmão porque é divertido? Não, Minseok. Um alfa não pode fazer o papel de líder sozinho, nós estudamos isso na Academia, você sabe ao que me refiro.

O ômega mordeu o lábio, desconfortável. Conhecia o assunto que Henry falava. O poder se dividia entre três entidades: O beta, o ômega e o alfa, sendo que esse último tendia a fazer o papel de líder principal. Enquanto que o beta podia ser substituído por um alfa ou outro ômega, contando que cumprisse a obrigação de cuidar da segurança da alcateia, ao passo que o ômega principal, o primeiro marido/a do alfa, auxiliava o marido na administração ou em outros trabalhos, que também contribuíssem para o bem-estar do clã. Mas sem um desses dois — beta ou ômega — a responsabilidade caia sobre os ombros do alfa líder. No Entanto, Minseok sabia que Baekhyun tinha um Beta Principal, chamava-se Kangin. E para o bem da verdade, nesse tempo inteiro em que estiveram morando juntos, Minseok não havia se esforçado nenhuma vez para ser um ômega principal. De repente, sentiu vergonha do modo como tinha fugido das suas responsabilidades.

— Baekhyun tem Kangin para ajudá-lo. — expôs.

— E por isso você vai fugir? — alfinetou. — Do mesmo jeito que fez na Academia? — foi mais fundo.

— Eu não fugi. — tentou assegurar o outro, mas não era capaz de olhá-lo nos olhos para firmar sua sentença.

— Você fugiu. Sabe disso tão bem quanto eu. — Henry tornou a afirmar. — Ficou apavorado demais com a ideia de não poder ser mais Kim Minseok, o garotinho indefeso da sua família, que fugiu. Do mesmo jeito que está fazendo agora.

— Eu não estou fugindo. — rebateu ficando de pé, soltando o graveto direto na água.

— Então o que? — Henry provocou ficando de pé também. — Foi selecionado como um ômega negro e trocou todo o glamour que viria, apenas por um posto como ômega vermelho. O que é isso, se não fugir? Você é o Ômega Principal de uma Alcateia poderosa e está se escondendo aqui, como um fugitivo.

Minseok o fitou, a testa franzida em irritação e os lábios comprimidos em total desagrado pelo que escutava.

— E antes disso, você fugiu do seu namoro fracassado com Kim Jongdae. — expos seu último ponto, fazendo o ômega loiro abrir a boca em surpresa por ter esse assunto tão antigo vindo à tona. — Esqueci mais alguma coisa? Ah, sim. Está fugindo de Byun Baekhyun. — terminou e o ômega mordeu o próprio lábio, para controlar a raiva que estava subindo por suas pernas ao escutar cada uma daquelas coisas.

— Eu não estou fugindo. — tornou a repetir. — Só não aguento mais ser uma moeda de troca, eu não pedi por nenhuma dessas coisas. Eu não quero ser um ômega principal, não quero nada de Byun Baekhyun. — então a raiva não estava mais ali, era só a velha fria constatação, que o perseguia durante esse tempo inteiro na Alcateia Kim. — Quero ser Kim Minseok, apenas isso. Sem títulos, sem sangue nas mãos, sem tatuagens.

Henry piscou, um tanto desnorteado com o que escutava. Não parecia possível. Quando se entrava para a Organização, não havia mais nada no mundo que pudesse te impedir de continuar ali, mas Minseok estava jogando fora seus privilégios e dizendo que queria ser normal. No entanto, acima disso tudo, o chinês não pode deixar de notar o tom de lamentação que havia em sua voz, o tom quase choroso, como se ter tudo que tinha fosse uma maldição. Não era. Minseok era o primeiro da classe, tinha sido classificado para a mais alta patente, era mais influente que qualquer ômega na sua idade. Não parecia certo que ele estivesse jogando tudo fora assim, quando havia ganhado sem muito esforço.

— Pare de se lamentar. — se escutou dizer, fazendo o ômega dar um passo para trás, surpreso pelo tom usado. — Se acha que sua vida está ruim, então olhe pra isso. — puxou a gola da sua camisa para o lado e deixou exposto um pedaço da sua marca. — Eu não pedi uma marca, mas mesmo assim ganhei uma e ainda tenho que conviver com o abandono de um alfa que eu nem seu o nome. — soltou a gola da camisa e bateu no próprio peito. — Eu que deveria estar me lamentando, não você! Eu que deveria estar me escondendo aqui, não você! Eu deveria estar morto! — praticamente gritou e o loiro só era capaz de fita-lo, assustado pela explosão repentina do outro.

Minseok engoliu em seco ao mesmo tempo que o Lu olhava para baixo, as mãos fechadas em punho, parecia ao ponto de bater em alguma coisa.

Era de conhecimento geral, entre os ômegas da Organização a condição de Henry. O modo como a marca não deixava que ele pudesse ser tão talentoso quando um ômega normal, como era mais frágil, como a marca sugava um pouco da sua vida a cada dia e que se não fosse por aquele remédio, o chinês já não estaria mais entre eles.

— Henry...

— Junmyeon me contou o que aconteceu. — acabou dizendo, mais baixo, a voz saindo controlada demais. — Baekhyun deixou você ganhar, não foi? É por isso que está se lamentando? — voltou a fita-lo, mudou de assunto drasticamente, não queria ver aquele olhar de sinto muito no rosto do seu amigo.

— Não é sobre perder ou ganhar, é sobre o modo como fui subjugado, o jeito como ele entregou a luta... — confessou.

— Nós somos ômegas, você queria o que? — Henry rebateu. — Nenhum alfa vai nos respeitar. — deixou claro. — Somos pedaços de carnes, feitos para reproduzir e satisfazer desejos. Não somos oponentes, somos pais de família. — e riu amargo no fim da frase, porque nem mesmo para isso servia.

— Eu quero não ser assim! — exclamou deveras alto.

— E quer o que?! Continuar fugindo?! — Henry o confrontou. — Baekhyun está fazendo o trabalho dele, durante todo esse tempo enquanto você brinca de ômega injustiçado, ele tem feito a droga do trabalho dele como líder daquela alcateia! Então, por que não faz o seu? — então puxou um envelope do seu casaco e jogou em direção ao ômega. — Ou ainda quer ficar esperando o príncipe encantado?

Minseok fitou o envelope perto dos seus pés. Encontrou seu nome escrito ali, quando se abaixou para pegar. Estava aberto. Haviam papeis ali dentro, notou algumas fotos, vasculhou aquilo e lembrou-se que aquilo pertencia a Hyuna. Eram os dados que precisava para cumprir o trabalho que ela lhe pediu, mas isso tinha sido há um zilhão de anos atrás. Nem ao menos lembrava-se mais do tom da voz da mulher.

— Encontrei no seu quarto. — Henry decidiu contar. — Donghae foi quem recebeu a carta e deixou lá. — suspirou, levou a mão aos cabelos, de repente se sentia patético depois da explosão de emoções. — Eu não devia ter aberto. — a voz estava suave agora e olhos fixados em seus pés calçados. — Mas eu não pude evitar, quando vi o selo no envelope.

Não era engraçado que até mesmo fora, Minseok ainda recebia propostas enquanto ele continuava sendo o bichinho de estimação da Organização?

— Eu ia dizer não. — o loiro falou, ainda fitava as fotos em suas mãos depois de ler o que deveria fazer. — Não mato crianças. — ergueu a foto da garotinha que era a sua missão para que Henry visse, mas o ômega olhava para baixo. Então, voltou a guardar tudo no envelope e dobrou o mesmo antes de colocar no cós da sua calça, por baixo da camisa. — Henry. — deu alguns passos até chegar no amigo. — Henry. — chamou novamente, colocando as mãos em seus ombros.

Mas o chinês não disse coisa alguma, continuou parado daquele jeito, o que obrigou o ômega a abraça-lo. E contra toda as leis do universo, o Lu o abraçou de volta e chorou. De repente, estava cansado demais de fugir. Era o mesmo cansaço que Minseok sentia.


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