Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 31
V - Tiro no escuro




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Junmyeon estendeu sobre a sua mesa de trabalho o mapa da Alcateia Kim. Minseok cruzou os braços, ao lado esquerdo do irmão, e se inclinou minimamente para observar melhor. Haviam pontos vermelhos marcados no papel, indicando onde eles já haviam procurando. Os em azul representavam onde ainda não tinham ido.

— Temos que ir por aqui hoje. — o loiro opinou descruzando os braços e indicando o caminho que dava até sua velha casinha na árvore.

— Por aí? — Junmyeon desconfiou.

— Se continuar, dá direto na rodovia. — contou, dessa vez olhando pro alfa. — E se Kyungsoo pegou essa rota deve ter seguindo apenas por dois caminhos, — voltou a usar a ponta do dedo indicador pra traçar o caminho no mapa. — direto para Seul ou recuado até Incheon.

O Kim mais velho suspirou antes de olhar bem para o que Minseok lhe mostrava, pois ele sabia muito bem o que havia em Incheon. Era o território da Alcateia Park. No entanto, nunca tinha realmente cogitado esse caminho, quando Kyungsoo não fazia o tipo que gostava de passar tempo na floresta. Conhecia o irmão caçula e por isso sabia que a velha casinha quase no fim da floresta, pertencia apenas a Minseok e que quase ninguém sabia da sua existência. Mas pelo visto, talvez, Kyungsoo soubesse de mais coisas do que Junmyeon pensava.

— Vamos reunir um grupo de seis pessoas, podemos nos dividir em duplas e cobrir esses outros lugares. — falou ao mesmo tempo que mostrava ao loiro alguns lugares em azul. — Também estamos preparando cartazes com a foto de Kyungsoo para espalhar por Seul, você acha que pode colocar alguns na Alcateia Byun? — fitou o perfil do irmão.

— Claro. — Minseok concordou, virando-se para fitar o irmão.

Junmyeon sorriu para si e o loiro retribuiu antes que a porta fosse aberta, revelando Kim Jongdae com alguns papeis nas mãos. Ele estava servindo como secretário substituto naquele dia, já que a ausência de Henry estava atrapalhando alguns pormenores realmente chatos, segundo o alfa líder.

— Aqui estão os cartazes impressos. — contou, entrando e seguindo até a mesa do chefe da Alcateia e deixando os papeis ali. — Mais alguma coisa?

— Veja quem vai nos acompanhar na busca de hoje, precisamos apenas de mais três, se você vier conosco. — o Kim mais velho se pronunciou.

— Apenas seis? — franzio a testa em confusão e olhou para Minseok, como se o loiro tivesse todas as respostas do mundo.

— Não são locais muito grandes. — o ômega respondeu. — Vamos nos dividir em duplas e ver se encontramos algum rastro.

— Pra mim parece bom. — concordou então cruzou os braços. — Mas, há uma coisa: Oh Sehun ainda está aí? — havia um tom de irritação na sua voz, que incomodou Minseok.

— Como? — era Junmyeon perguntando, um tanto surpreso.

O alfa pensara que depois da discussão que tinham tido, o alfa teria ido embora pois não tinham mais o que tratar. Sehun tinha deixado bem claro que não iria retomar a aliança com sua Alcateia enquanto não aceitasse que Minseok casou-se com Baekhyun.  

— Está sentado lá fora, esperando você, eu acho. — disse para o alfa, mas alguma coisa no loiro sabia que o Oh não estava esperando por Junmyeon e sim, por ele.

Talvez quisesse conversar sobre alguma coisa, fazer a mesma proposta sobre resgata-lo, pensou e por isso soltou um suspiro. Não queria ter que lidar com Oh Sehun justo quando tinha acabado de sair de um cio e quando ainda podia sentir seu corpo meio molenga, devido ao esforço de três dias. Seu lobo estava um tanto carente e cansado, desejando um abraço forte do seu parceiro. Mas Minseok não tinha um parceiro, mesmo que tivesse passado três dias na presença de Byun Baekhyun, não podia chama-lo de parceiro. O Byun não passava de um alfa com quem tinha passado o cio, o próprio tinha deixado isso bem claro quando nem ao menos estava lá para si quando recuperou a consciência naquela manhã.

Observou quando o irmão mais velho olhou para si, e sentindo uma vergonha que não pertencia ao momento, abaixou os olhos. Pois os dois Kim’s sabiam muito bem o que o alfa estava esperando, quer dizer, quem.

— Eu vou falar com ele. — o alfa começou a dizer. — Você pode ir para casa, o almoço já vai ser servido. — dirigiu-se ao irmão.

— Te acompanho. — Jongdae se ofereceu, se apressando atrás de Minseok depois que o ômega assentiu para o líder alfa e começou a ir em direção a saída.

— Não precisa me seguir. — Minseok disse baixo o suficiente para que apenas Jongdae escutasse.

— Só estou cuidando do irmão do meu líder. — falou simplesmente, colocando as mãos nos bolsos do seu jeans, despreocupadamente, antes de continuar seguindo ao lado do loiro.

O ômega suspirou, mas resolveu que era melhor ficar calado quando o alfa parecia determinado em segui-lo. Pelo menos sabia que com ele por perto, Sehun não se aproximaria. O que de fato aconteceu, mas não impediu que o Kim pegasse o olhar extremamente triste do outro sobre si, se limitou a abaixar a cabeça e continuar seu caminho, não queria mais insistir em Oh Sehun. O alfa tinha que seguir em frente, tinha que aceitar que não estava mais disponível para si e que agora tinha um alfa para chamar de marido, mesmo que ele mesmo não quisesse aceitar isso ainda.

Incrivelmente, Kim Jongdae não tentou puxar assunto consigo, apenas o seguiu como disse que faria e ficou tão quieto que o ômega olhou algumas vezes para trás para verificar se o alfa ainda estava em seu encalço, o que para seu total desprazer, estava. Decidiu que prestaria atenção apenas no caminho, no entanto logo quis mudar essa decisão quando notou o jeito como os lobos da sua Alcateia não olhavam na sua direção e quando o faziam, pareciam estar com raiva. Então estava recordando-se do que Junmyeon lhe disse: a alcateia estava com raiva do seu casamento com Baekhyun. O que era injusto, já que nem ao menos queria aquilo. A culpa era do seu pai alfa, que tinha ignorado seus protestos e o obrigara a aquilo.

Aquelas pessoas deviam ter raiva de Leeteuk, não sua.

Uma parte sua queria dizer isso à aquelas pessoas, mas se deu conta que não valia a pena, quando não morava mais ali, pois mesmo que não quisesse, a Alcateia Byun era sua casa agora. Mas isso era tão estranho de se pensar, que logo se viu balançando a cabeça para afastar esses pensamentos ao mesmo tempo que avistava a casa amarela que tinha crescido. O jardim ainda florescia, bonito, à frente da casinha e a cerquinha que circundava a casa estava pintada de outra cor. O vermelho escuro, fazendo a casa se destacar dentre as outras. Apressou o passo até ela, já podia sentir o cheiro doce do seu appa ômega além de uma crescente saudade no seu peito, e foi quando a abriu a porta e meio correu até a cozinha — seguiu o cheiro de Ryeowook — que se deu conta do quanto de saudade sentia.

— Minseok! — o Kim exclamou abrindo os braços e sorrindo tão bonito que o outro não pôde fazer nada além de correr até ele e se esconder no seu abraço.

— Appa, eu senti tanta saudade. — enfiou o rosto na curva do pescoço do mais velho e aspirou o seu cheiro.

Não sabia até aquele momento como tinha se sentido sozinho sem seu pai para sempre acalenta-lo em seus braços, mas eram dois meses fora dali, sabia disso. Eram dois meses vivendo em um lugar desconhecido, do lado de um alfa que não tinha lá muito em comum consigo. Contudo, antes disso já tinha passado cinco anos fora, morando na França e sendo transformado em alguma coisa que não sabia mais classificar, mas tinha certeza que nunca tinha se sentido tão frágil quanto agora, ao perceber que estava condenado à aquele lugar, com aquelas pessoas, com aquele alfa...

— Também senti saudade. — segredou e logo em seguida estava se afastando e avaliando a aparência do filhote. — Não está comendo? Está tão magro.

— Acabei de sair de um cio. — confessou baixo, desviando os olhos dos do pai.

Ryeowook ergueu as sobrancelhas, um tanto desconfiado do modo envergonhado do outro, mas logo seus olhos estavam alcançando a figura encostada no batente da porta da cozinha. Era Kim Jongdae, com os braços cruzados e os olhos brilhando naquela confusão esquisita de malicia que não combinava com sua postura sempre tão respeitosa. O alfa mexeu a cabeça em cumprimento e o ômega devolveu o gesto, antes de voltar a olhar pro filho e atribuindo sua vergonha a presença do alfa.

— Vem, vamos almoçar. — acabou dizendo, mudando totalmente de assunto. Segurou na mão do filho e começou a leva-lo em direção a mesa arrumada para a refeição. — Junmyeon está vindo? — se dirigiu ao alfa, que os seguia, mas Minseok achou que fosse consigo, por isso abriu a boca para responder:

— Ele está resolvendo algumas coisas com Oh Sehun.

— Sehun tem sido um grande problema, ultimamente. — falou com um suspiro. — Sentem-se os dois aí, eu já vou servir o almoço. — e começou a se afastar em direção ao fogão, onde estava terminando de cozinhar.

Minseok olhou em volta, fazendo questão de ignorar a presença do alfa Kim sentado ao seu lado, estava procurando o outro pai ômega ou ao menos o seu cheiro, que comprovasse que tinha estado na casa. Mas estava tudo silencioso demais.

— Onde está omma Heechul? — acabou perguntando afastando minimamente a cadeira, estava pronto para ir até o pai.

— No quarto. — o outro ômega respondeu. — Heechul está com uma gripe chata, o deixei de repouso. — contou um tanto cabisbaixo, mas não queria preocupar o filho mesmo que a gripe de Heechul já estivesse durando por tempo demasiado.

No começo, era apenas uma dor de garganta, então a tosse começou. Era pouca coisa, por isso Ryeowook lhe fez chás para que melhorasse rápido, lhe deu alguns remédios de uso humano também, no entanto isso não estava dando o resultado esperado quando a frequência da tosse aumentava e quando a febre começou a vir. Ryeowook colocou seus aprendizados de enfermeiro em uso enquanto administrava em Heechul alguns antibióticos, já que leva-lo a um hospital estava fora de cogitação quando eles eram metade lobos e os médicos humanos não saberiam tratar alguém assim. Também não quis chamar o curandeiro da aldeia, porque era só uma gripe, afinal. Podia lidar com isso. Mas, agora, quando já fazia dois dias que Heechul estava com uma febre que não passava, Ryeowook achava que, talvez, devesse pedir ajuda, só não tinha coragem de fazê-lo ainda.

— Eu vou vê-lo. — Minseok preocupou-se e começou a se levantar.

— Leve essa sopa pra ele. — o mais velho estendeu uma pequena bandeja com uma tigela de sopa pro filho, uma colher e um par de hashis ao lado da tigela.

O loiro assentiu e pegou a bandeja antes de se dirigir até o quarto que os pais ômegas dividiam. Passou pelo quarto que costumava dividir com Kyungsoo e sentiu o peito pesado quando viu a porta fechada. Em um dia normal, eles ainda estariam ali dentro, conversando sobre aleatoriedades engraçadas. Quem sabe Kyungsoo estivesse animado ao falar de Chanyeol ou o estivesse questionando de todas as formas possíveis, afim de saber todos os detalhes da sua vida na França. Parecia o tipo de coisa que pertencia a outra vida, pensou meio suspirando e logo em seguida afastando da porta e seguindo o seu caminho até Heechul.

Quando avistou a porta verde do quarto do pai, suspirou ao notar que estava fechada. Então bateu com a ponta do tênis, chutando devagarinho a porta, para que o ômega viesse em seu auxilio, já que com a bandeja em mãos não havia como girar a maçaneta.

— Já vai. — escutou a voz arrastada do outro e esperou, olhou para a forma que os talheres estavam arrumados na bandeja, visivelmente bagunçados, e não se conteve em tentar arruma-los melhor.  

Mas então a porta foi aberta, interrompendo o seu ato.

— Minseok? — Heechul surpreendeu-se, estava esperando a figura pequena de Ryeowook.  

— Appa. — sorriu. — Eu trouxe o seu almoço. — os olhos do ômega foram para a bandeja em suas mãos e logo estava abrindo mais a porta para que o filho entrasse, o que ele fez enquanto via o Kim mais velho sentar-se na beira da cama.

O cabelo estava bagunçado e havia olheiras fundas embaixo dos seus olhos, Minseok notou o jeito como seu pulso estava fino e a forma como seus lábios estavam ressecados. Seu pai parecia terrivelmente mal, como se aquilo que tinha não fosse apenas uma gripe, mas também sabia que Ryeowook não tinha motivos para mentir para si, pois se fosse realmente grave, o Kim teria lhe dito.

— Appa disse que está gripado. — foi até a cama e sentou-se ao lado do mesmo, a bandeja estava sobre suas coxas. Estendeu a mão para tocar a testa do mais velho e se surpreendeu com o calor da sua pele. — Está queimando em febre. — se preocupou.

— Está tudo bem, Minseok. — Heechul meio fungou, fechou os olhos e começou a deitar na cama, se cobriu diante do olhar arregalado do filho. — Ryeowook já me deu remédios, tenho apenas que esperar o efeito.

— Mas appa...

— Apenas me dê a sopa. — pediu e o loiro engoliu em seco antes de segurar a tigela e ir até pai.

Entregou a tigela pra ele e o ajudou ficar sentado sob a cama para se alimentar. Era estranho ver o seu pai Heechul tão magro, além de que tinha percebido como as mãos dele estavam tremendo um pouco. Observou os detalhes do outro, guardando os ossos proeminentes da clavícula e o jeito como a marca em seu ombro estava deveras avermelhada, quase como se tivesse sido feita a pouco tempo. Quis perguntar o que havia acontecido, mas logo o ômega estava empurrando em sua direção a tigela pela metade.

— O senhor não comeu muito. — notou e começou a empurrar de volta. — Coma mais, appa.

— Eu não aguento mais. — confessou, ignorou o modo como que Minseok tentava lhe devolver a tigela, voltou a se cobrir com o lençol e fechou os olhos.

Heechul não queria ter que falar mais, sentia-se tão imensamente cansado. E a febre tinha roubado qualquer gosto que sua língua pudesse sentir, por isso não sentia vontade alguma de continuar comendo, só queria dormir e dormir para ver se aquela dor no seu ombro parava, porque Heechul não era bobo. Sabia muito bem que o que havia de errado consigo era culpa daquela marca em seu ombro, mas não queria conversar sobre isso com Ryeowook, pois isso implicava em ter que invocar o nome de Leeteuk e nem mesmo ele aguentava pensar no marido sem sentir o estômago embrulhar.

O ômega mais novo encarou a figura frágil do seu pai, meio tremendo sob o lençol e se limitou a colocar a tigela sobre a bandeja. Então estendeu uma mão e tocou o cabelo do pai, desejando que ele melhorasse logo, pois odiava vê-lo tão quieto daquela maneira. Saiu do quarto, devagar afim de não acordar o outro, meio andou de cabeça baixa de volta a cozinha e arregalou os olhos quando encontrou Oh Sehun sentado à mesa. Não se conteve em abaixar os ombros e suspirar, derrotado.

Ia ser um dia longo.

***

Donghae sentou-se onde Jihyun indicou, apontando com o queixo para o pequeno sofá a sua frente, na lanchonete de beira de estrada. O Lee a fitou quando guardou uma mecha do cabelo atrás da orelha, fitou a superfície lisa da mesa e depois voltou a olha-lo. Mordeu o lábio e quis perguntar o que a mulher queria, mas preferiu que ela iniciasse o assunto:

— Não te chamei aqui porque quero mais dinheiro. — ela disse primeiro, molhando os lábios com a ponta da língua e fazendo Donghae pensar em como até nisso Baekhyun tinha herdado de si. — Preciso da sua ajuda com outra coisa. — segurou as mãos por baixo da mesa, apertando os dedos apreensivos. — Você me disse há alguns anos atrás que meu filho não estava morto. — começou.

O Lee se lembrava do jeito como a deixou ir embora, do modo como contrabandeou supressores para dentro da Alcateia de modo que Jihyun pudesse tomar e esconder o seu cheiro, pois os supressores além de adiar o cio, inibia o cheiro de ômegas e alfas. Ele tinha feito a ômega toma-los, para que quando passasse pelos portões ninguém percebesse que era a Ômega Principal de Siwon. Mas só quando ela já estava pronta para embarcar no avião que a levaria pro Japão, que Donghae tomara coragem de contar-lhe sobre o seu primogênito. Estava vivo, em algum orfanato bem longe dali, estava vivo... era tudo que sabia, era tudo que o pai de Siwon tinha lhe deixado saber. Contudo, ao contrário do que pensou, Jihyun não lhe perguntou qualquer coisa. Ela não tentou tirar informações de si e muito menos tentou ir atrás da criança, mas agora, ali estava ela, mais de vinte anos depois, tocando no assunto.

— Era verdade? — seus olhos estavam brilhando em expectativa.

— Eu não mentiria sobre isso. — respondeu puxando a manga do casaco de Siwon, que estava usando, para baixo, afim de cobrir até metade da palma.

Gostava do cheiro do marido e sempre se sentia mais seguro quando o sentia, então por isso estava usando casaco do mesmo.

— Onde... onde está? — perguntou, a voz começando a se tornar aguda, expondo o grau do seu desespero.

— Eu não sei. — contou. — O senhor Byun apenas o deixou em um orfanato, e-eu não sei mais nada além disso.

— Não minta pra mim. — Jihyun espalmou as mãos sobre a mesa, assustando Donghae, tinha mudado tão rápido de expressão.

— Eu não estou mentindo. — assegurou e viu a ômega suspirar.

Jihyun passou a mão no cabelo e olhou para baixo, estava arrependida por ter gritado com Donghae, mas não pediria desculpas. Era orgulhosa demais para admitir seus erros, principalmente quando envolvia seus filhos, pois Jihyun sabia como tinha errado com eles. Talvez, mais com o seu primogênito por nunca o ter procurado do que com o outro que vivia com pai. Ela nem mesmo conseguia pronunciar seus nomes ou pensar neles sem sentir um bocado de culpa no peito. Sabia que tinha errado, que não podia simplesmente voltar e exigir alguma coisa, mas, de vez em quando, ela se deitava sozinha no chão do seu apartamento e abraçava os joelhos. Era muita solidão. Jihyun tinha trocado aquilo tudo por liberdade, mas agora tudo que tinha era um bocado de solidão que não cabia mais em si.

Foi então que lembrou-se do que Donghae tinha lhe dito há tanto tempo, sobre seu primogênito, sobre como estava vivo em algum lugar do mundo. Mas mesmo quando tinha começado a cogitar isso, um ano atrás, não sabia se deveria ir atrás do mesmo quando já tinham se passado vinte e três anos. Seu filho já seria um homem feito, talvez tivesse uma família com pais adotivos e uma mulher bonita, podia até mesmo ter filhos. Meus netos... Era surreal sequer cogitar isso, só que mais surreal que isso, era o desejo escondido no seu âmago de querer participar disso.

— O que sabe exatamente?  — dessa vez sua voz saiu suave, então voltava a olhar para o ômega mais novo à sua frente, suas mãos cruzando os dedos por sobre a mesa.

Donghae se endireitou no pequeno sofá, estava terrivelmente desconfortável com aquele assunto, principalmente porque não achou que Jihyun iria voltar nele em algum momento quando o tinha ignorado por anos. Uma parte sua pensou que, talvez, ela fosse perguntar por Baekhyun também, já que era meio óbvio que a ômega havia entrado em algum tipo de crise de meia idade, quando percebia que não havia ninguém ao seu lado para que pudesse amar. Parecia o momento certo para que o Lee tentasse fazê-la ao menos escrever uma carta para o filho mais novo, pedindo desculpas por ter desaparecido e querendo tentar alguma coisa depois de tantos anos. Foi pensando nisso que ergueu a gola do casaco e começou a falar sobre o dia do parto da mesma.

A lembrança ainda estava fresca em sua memória, o jeito como o parto tinha sido difícil e o modo como ele fora o único a segurar sua mão enquanto Siwon havia se trancado em seu escritório para se lamentar mais uma vez de aquele que nascia não ser seu filho. Mas o Senhor Byun estava ali, andando de um lado pro outro, ao redor da cama da mulher até o momento que a criança nasceu. O bebê não chorou e por isso Donghae sabia que havia algo de errado, mas quando tentou se aproximar pra ver, o pai de Siwon já estava ali, enrolando o pequeno em um pano e saindo do quarto. Está morto, ele tinha lhe dito, contudo o choro baixinho quebrou sua mentira. Lembrava de ter tentado se aproximar e pegar a criança, mas fora impedido pelo alfa e pela ameaça explicita em seus olhos.

“Vou manda-lo para um orfanato, vai ser melhor para todos”. Era tudo o que tinha dito antes de se afastar levando a criança. E quando Donghae voltara para o quarto, Jihyun chorava, ainda deitada em sua cama. As pernas estavam sujas de sangue e ela sussurrava baixinho um tipo de prece, pedindo a Deusa Dal que cuidasse do seu pequeno filhote no céu.

— Ele o mandou para um Orfanato. — era tudo que sabia, era tudo que lembrava e mesmo anos depois, quando o Senhor Byun morreu, não lhe contou ou pareceu se arrepender do seu crime.

— Nem um nome? Nem um documento? — ela voltou a se desesperar, de repente se sentia com quinze anos de novo quando soube quem seria seu marido na Alcateia Park.

Donghae negou fazendo a Park suspirar antes de morder o lábio inferior. Ela ficou quieta e o ômega molhou os lábios para lhe perguntar porque tanto interesse, mas as palavras não saíram do jeito que imaginara, pois estava tão ansioso com a possibilidade de Jihyun querer ter algum contato com Baekhyun, que tudo que perguntou foi:

— Você quer tentar algo com Baekhyun?

A Park o fitou com o cenho franzido, denunciando sua confusão, além de achar que ele estava brincando porque no minuto seguinte soltou uma pequena risadinha.

— Claro que não, Donghae, não seja burro. — havia um tom de diversão em sua voz que não combinava com a situação.

O ômega abaixou os olhos e meio se encolheu no assento, sentia como se alguém o tivesse chacoalhado muito forte e depois o empurrado contra a neve fofa no asfalto, o estômago estava enjoado e mesmo com o frio sentiu as palmas das mãos suarem, mas era de revolta. Estava extremamente irritado com a negação de Jihyun para com seu caçula.

— Não seja burra você. — se viu rebatendo, fazendo a ômega arregalar os olhos. — Baekhyun também é seu filho e sente sua falta, o mínimo que deveria fazer é escrever uma carta de despedida. Você não tem ideia do quanto aquele garoto acha que estragou sua vida.

— Siwon estragou minha vida. — devolveu entredentes. — E Baekhyun tem o seu sangue, eu não quero nenhum contato com...

— Ele tem o seu sangue também!  — irritou-se de vez, inflando as bochechas e sentindo o rosto esquentar. — Seu maldito sangue covarde corre nas veias dele.

Jihyun mordeu o lábio antes de se levantar num rompante e acertar o rosto do ômega com um tapa forte o suficiente para que o Lee virasse o rosto, a incredulidade tomando conta da sua face. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas eram de raiva. Nunca havia sentindo tanta raiva em sua vida como naquele momento e por aquela pessoa que tinha ajudado tanto. Nem mesmo quando voltou a olhar pra ela, agora sentada com a expressão arrependida por ter perdido o controle, foi capaz de amenizar o sentimento quente no seu peito.

— Você é uma vaca desprezível. — se viu continuando contra todas as expectativas. — Eu te ajudei a se libertar, fiz tudo o que me pediu e pra quê? No fim, você se importa apenas consigo mesma.

— Quer mesmo falar de egoísmo quando você enganou Siwon esse tempo inteiro? Acha mesmo que alguém engoliu aquele teatro de ômega perdido e faminto que fez para conseguir que Siwon prestasse atenção em você? Donghae, não me venha com esse discurso de bom moço quando tu mesmo és o lobo em pele de cordeiro. — não se calou diante da acusação do outro, se ele queria jogar verdades na cara, ela também o faria.

Jihyun, apesar de ter dependido do Lee por tanto tempo, nunca foi capaz de acreditar na história de que ele não passava de um pobre coitado que perderá a Alcateia durante a Guerra e que tinha encontrado Siwon por acaso, afinal aquele tipo de coisa não acontecia assim, não quando existiam pessoas poderosas como Byun Siwon como protagonistas. Era óbvio que Donghae tinha o manipulado até ali.

— Eu não enganei ninguém. — se viu explicando. — Eu não sou assim, mas por você, Jihyun, fiz todas essas coisas. Te protegi. — e de repente ele queria chorar de tanta decepção que sentia ao perceber o quão burro havia sido ao proteger aquela que costumava chamar de amiga. — Eu cuidei de ti.

— Foi um idiota. — Jihyun expos, estava com raiva do modo como estava sendo enfrentada.

Afinal, quem ele pensava que era? Ela era Park Jihyun, a princesa da Alcateia Park, ainda a Ômega Principal de Byun Siwon.

— Eu fui sincero, você foi a boba. — então ficou de pé, não queria mais continuar ali.

Jihyun mordeu o lábio e sustentou o olhar do ômega, não iria se rebaixar diante dele, pois Donghae não passava do mesmo ômega idiota que quis subir na vida usando os sentimentos de um alfa poderoso.

— Deixou Siwon para trás, deixou Baekhyun para trás. Você sabe, tão bem quanto eu, o quanto lhe deve desculpas. — Donghae deixou claro, porque sabia sobre os sentimentos que Siwon ainda nutria pela Park, o jeito como ele ainda estava machucado pela sua perda.

— Donghae... — sua boca estava seca quando disse o nome da única pessoa que ficou do seu lado por tantos anos, mesmo que ela não confiasse nele tanto assim.

— Não me olhe assim, como se eu fosse uma pessoa desprezível. — balançou a cabeça levemente, a bochecha estava ardendo onde levara o tapa. — Eu estava lá por eles, enquanto você se escondia em algum lugar do mundo. — então se afastou, deu-lhe as costas, sentia-se terrivelmente cansado daquilo tudo.

Queria se livrar daquela culpa no peito, queria que Jihyun o libertasse daquele cárcere que eles dois viviam, um segurando o outro, prendendo através de mentiras, segurando tão forte que Donghae estava sufocando.

— Donghae! — ela gritou ainda, mas o ômega fingiu que não escutou.

Ele iria ignora-la até o fim, tinha decidido quando passou pela porta da lanchonete. Iria tomar coragem e iria contar tudo para Siwon, afinal não podia mais viver essa mentira quando estava gerando mais um filhote para aquele que tanto amava. No entanto, quando chegou em casa e ficou muito tempo esperando o marido alfa, apreensivo ao morder o lábio, se viu perdendo toda a coragem quando Siwon rompeu pela porta, um tanto preocupado demais, segurando-o pelos ombros e o abraçando enquanto perguntava apressado se estava tudo bem, pois tinha sentido pela marca todo o desconforto do ômega, toda a sua tristeza. E Donghae, preso nos braços dele, chorou, sem coragem alguma de contar como tinha escondido Park Jihyun por tantos anos e acabar perdendo tudo o que tinha.

***

Lu Han destravou a arma e depois estendeu para seu irmão mais novo, Jongin. O ômega encarou o mais velho, com visível terror nos olhos manchados de violeta. Mas o Lu tinha proibido o irmão de transformar-se em lobo, eles tinham que ficar escondidos até segunda ordem, aguardando o primeiro passo de quem quer que estivesse lá fora. Jongin pegou a arma e encostou-se na parede ao lado do irmão, os olhos abaixando-se no processo.

Não havia realmente um plano. Eles tinham apenas que sentar e esperar, coisa que Jongin não entendia quando podiam muito bem todos se transformar em lobo e atacar, no entanto quando externou isso ao irmão, apenas recebeu um não como resposta. Eles tinham que esperar, todos tinham que simplesmente esperar, em suas casas, alertas para qualquer ataque. E só de pensar em um ataque, Jongin sentia calafrios.

— Baba. — Yixing chamou, choroso enquanto coçava os olhos puxados manchados de lágrima, o lábio tremia afim de intensificar sua expressão de choro, mas ao contrário do que Lu Han pensava, não foi capaz de pegar o filhote nos braços, mesmo diante dos bracinhos que se estendiam em sua direção.

Na verdade, se viu olhando para Henry, não muito longe de si, meio encostado na porta do escritório — onde estavam escondidos — a pistola firme em sua mão direita. O chinês, como que sentido o olhar do líder, o fitou de volta e o que aconteceu ali, Jongin nunca realmente saberia, apesar de admirar o modo como Henry e Lu Han se conheciam tão bem que nem ao menos precisavam de palavras para expressar seus desejos. O ômega mais novo, viu quando o amigo-quase-irmão-mais-velho pegou Yixing nos braços, ato que só serviu pro garoto chorar alto ao perceber que era o tio ali e não, o pai ômega.

Não queria os braços daquele ômega, queria o pai, precisava do cheiro dele para se sentir seguro, pois o pequeno garotinho mesmo que não entendesse a situação, sentia o modo preocupado que os adultos estavam.

— Segure-o de uma vez. — Henry irritou-se, virando-se para o líder. — Eu fico de guarda.

Lu Han não queria ser mau com o filho, mas não podia evitar quando sua mente estava tão cheia de preocupação pelo modo como sua Alcateia estava acuada, sendo obrigada a ser prisioneira no próprio território, e quando tudo que podia fazer era obriga-los a continuar assim quando não tinha ideia do que podia estar os esperando lá fora.

Yixing estendeu os braços em direção ao Lu e o ômega suspirou enquanto o pegava no colo. Não se conteve em esconder o rosto na curva do pescoço do filho e aspirar o seu cheiro de criança, estava tão preocupado em protege-lo. Só queria mantê-lo seguro. Na verdade, queria manter todos seguros, era só uma pena que tivesse sido pego em sua própria armadilha, pois agora quando Lu Han parava para pensar percebia como tinha deixado os Lu’s expostos. Alguém os tinha encontrado, invadido o sistema da intranet e hackeado o sinal, fazendo os sinais de celular ou qualquer outro aparelho desaparecer, mas isso era apenas parte do problema quando seus guardas tinham relatado, ao voltarem de uma rondar, como encontraram pegadas e carros suspeitos rondando os arredores da Alcateia. E mesmo que tenha simulado isso tantas vezes em sua mente, depois do que aconteceu com a Alcateia do Norte, nunca ia estar realmente preparado para o modo como tinha falhado com seus lobos.  

Eles estavam cercados e nem ao menos sabiam por quem.

— Não chore, Xing. Papai está aqui. — disse baixinho ao filhote e logo estava fitando o mesmo e limpando suas lágrimas com a ponta dos dedos.

— Com medo, Baba. — o pequeno Lu confessou.

— Baba protege você. — assegurou enquanto abraçava o filho, então olhou para Jongin, encostado na parede ao seu lado, fitava os seus pés e o lábio inferior estava tremendo levemente. — Vem aqui. — estendeu um braço e puxou o irmão pela manga do casaco em sua direção, Jongin não ofereceu resistência ao abraça-lo. — Eu protejo você também. — prometeu depois que deixou um beijo na base do pescoço do irmão.

Jongin fungou, estava segurando o choro e Lu Han sabia, por isso aumentou a pressão no abraço ao mesmo tempo que sentia Yixing o abraçando também. O ômega líder sabia que o irmão mais novo era frágil demais, que a sua superproteção tinha afetado Jongin, já que ele não conhecia muita coisa fora dos arredores da Alcateia. E foi apenas recentemente que Henry conseguiu convence-lo a deixar Jongin ter aulas de luta e aprender a atirar. A verdade, é que o Lu queria que o irmão tivesse uma vida normal, do jeito que acontecia em outras alcateias. Não queria que ele ficasse refém do sistema de fugas que todos da alcateia tinham crescido sob.

Henry os observou por baixo de todo o breu que era aquele escritório. Lu Han havia ordenado o corte de luz e que todos se recolhessem para suas casas, pegassem suas armas e se preparassem. Contudo, o líder junto com sua família não havia tido tempo de ir para sua casa, haviam ficado presos no escritório, até mesmo Jongin, que não deveria estar ali, pois Lu Han tinha se arriscado em ligar para si, de um telefone público não muito longe dali, pedindo que continuasse onde estava, mas o ômega era tão teimoso quanto o irmão e simplesmente fizera o contrário ao correr em direção a Alcateia Lu.  Mas Henry não podia culpa-lo quando Lu Han e Yixing, e até mesmo ele próprio, eram a única família que Jongin tinha. Ainda se lembrava de quando o conheceu, pequeno e magrelo naquele Orfanato na China, junto de Lu Han.

Eles não eram irmãos de sangue, mas o Lu tinha o adotado como tal. Sendo dois anos mais velho que o outro, Lu Han era o encarregado por cuidar de Jongin no Orfanato até o momento em que a Organização tomou conhecimento da existência de dois Lu’s, ainda crianças, fora da Alcateia. Henry se recordava de ter acompanhado o pai até a china para buscar os dois. Seu pai tinha ficado encarregado de adotar Lu Han e também Jongin, como veio a acontecer quando o primeiro se recusou a sair de lá sem o irmãozinho. Foi assim que eles três se tornaram uma família. Por isso se viu dando alguns passos até chegar nos três, abriu os braços, relaxando o aperto na pistola, e abraçou as costas de Jongin, tentando ao máximo alcançar Lu Han e Yixing, porque se Lu Han protegeria eles dois, Henry protegeria eles três mil vezes mais. Era para isso que tinha sido treinado, era essa a sua missão da vida inteira: proteger o líder e quem ele ama.

— Vou ajudar Lu Han a proteger vocês. — assegurou.

E naquele amontado de corpos, sentiu quando os dedos do líder tocaram os seus, rasparam-se apenas, já que não podiam se cruzar devido aos outros dois corpos entre eles, mas mesmo assim Henry entendeu que aquela era a promessa silenciosa de Lu Han para consigo: também o protegeria. Contudo, logo estavam se separando quando escutaram passos no corredor, Henry correu até a porta, encostando as costas na parede esquerda, de modo que ficasse de frente para Lu Han. Este, por outro lado, soltou-se de Jongin e apenas manteve Yixing perto, pois sabia que o filho choraria se ele se afastasse.

Jongin ergueu a arma, ficando de frente pra porta, mas estava tremendo tanto que duvidava conseguir acertar um tiro. O outro ômega Lu, beijou a testa do filhote e foi para o canto direito do escritório, no lado oposto da porta, ergueu a arma enquanto Yixing deitava a cabeça sobre seu ombro, mostrando que estava com sono. Lu Han preferia que ele dormisse mesmo, era melhor que o filho ficasse alheio a tudo aquilo. Manteve ele apoiado em apenas um braço para poder sacar a pistola, que tinha estado escondida na parte de trás da sua cintura, no cós da calça, e apontou para a porta e esperou do mesmo modo que Henry estava fazendo.

Podia distinguir o tom violeta das suas iríses e sabia que seus olhos estavam da mesma cor, afinal era o melhor modo de enxergar no escuro. Já devia passar das nove da noite e Lu Han se perguntava como tinham aguentado ficar tanto tempo trancafiados ali, esperando o primeiro passo dos seus caçadores. No entanto, no minuto seguinte, como se pudessem escutar seus pensamentos, o som dos passos se fez presente mais uma vez, escutou quando outras portas da pequena sede onde mantia seu escritório, foram derrubadas, o som da madeira se chocando com a parede fazendo as pernas de Jongin tremerem mais. Lançou um olhar pro irmão e quis ir lá abraça-lo, mas sabia que não podia, era crucial que mantivesse sua posição, por isso se limitou firmar o aperto sobre o filhote em seu colo.

Yixing resmungou e o ômega beijou-lhe a têmpora, antes de perceber que os passos, de repente, haviam parado. Lançou um olhar para Henry, que inclinou a cabeça para o lado, apurando a audição, afim de escutar qualquer outra coisa. Lu Han se viu erguendo o rosto, empinando o nariz e procurando cheiros conhecidos no ar, mas não havia nada de familiar. Não eram os seus lobos que estavam lá fora, pois tudo que sentia era o cheiro enjoado de uma colônia barata e alguma coisa que lembrava rosas, era o tipo de coisa que humanos usariam, se deu conta. Mas também poderiam ser betas, tentou se assegurar, pois era surreal demais pensar que humanos tinham os encurralados. Voltou a olhar para Henry, seus lábios estavam se mexendo levemente, dizendo uma única palavra: Humano.

Lu Han franzio a testa, totalmente confuso com o que lia nos lábios do amigo e logo em seguida olhava para Jongin, como se o outro pudesse ter a resposta certa, mas a confusão de Jongin se juntou com a sua e de repente, nada fazia mais tanto sentido. Porém, seus pensamentos foram interrompidos por um chute na porta. Alto e forte, feito para assustar. Ele viu Jongin saltar levemente, a arma tremendo em suas mãos. Viu Henry encostar-se mais a parede, os olhos violeta focando-se na porta. Lu Han sabia que iria atirar em quem quer que estivesse do outro lado quando a porta foi derrubada.

Houve outro chute. Não parecia estar tentando derrubar a porta, parecia apenas querendo saber se havia alguém do outro lado, querendo assustar o suficiente para que dessem algum sinal. Mas Lu Han ou qualquer outro ali, se mexeu. Ele respirou devagarinho, querendo que Yixing acreditasse que estava calmo, balançou o filho levemente, ninando-o em seu recente sono. Vai ficar tudo bem, assegurou silenciosamente mais a si mesmo do que ao pequeno lobo no seu colo.

Henry olhou de relance pro seu líder e logo depois estava engolindo em seco ao avistar a maçaneta tremendo, sendo forçada e então, mais um chute. Dessa vez foi mais forte, a pessoa do outro lado tinha cansado de assustar, queria derrubar agora e verificar por si mesmo se havia alguém do outro lado. O Lu encostou a orelha direita, na parede, e procurou vozes. Eram duas pessoas, percebeu, conversando sobre como tinham que verificar cada pequena casa daquele bairro antes de ir embora. Voltou a ficar ereto, decidindo que iria atirar nos dois, acabar com aquilo muito rápido. Olhou para Lu Han e fez o sinal de dois com os dedos e o ômega assentiu. Era simples com Lu Han, do mesmo modo que costumava ser simples com Minseok na Academia. Tinham sido treinados em tantas coisas, que depois de um tempo se tornara fácil apenas com um olhar ser compreendido.

A maçaneta foi forçada mais uma vez e outro chute veio, então mais um e mais um, e só então maçaneta foi quebrada e a porta se abriu levemente. Henry não se mexeu e muito menos os outros. Jongin mordeu o lábio, com medo demais para esconder, e isso era visível pelo modo que segurava a arma, usando as duas mãos atrás de firmeza, mas mesmo assim não a tinha. Sabia que se apertasse o gatilho, iria errar o tiro. Mas não havia sido treinado pra isso, não do modo maçante e brutal que havia acontecido com Lu Han e Henry. Jongin não pertencia a uma Academia, tudo que sabia era como se abaixar e acertar alguns socos, sendo que aprendeu tudo com Henry, e mesmo que tivesse escutado os avisos de Lu Han, nunca tinha realmente acreditado que terminaria segurando uma arma.

A porta abriu-se mais um pouco, com um chute leve do humano, Henry observou, tão quieto em sua posição, escondido na escuridão e com a visão ruim do humano, duvidava que fosse realmente percebido. Os três ômegas viram quando o corpo do primeiro humano ganhou forma diante da porta meio aberta. Jongin deu um passo para o lado, não queria dar de cara com aquela pessoa e muito menos queria atirar. Lu Han firmou mais a pistola na mão e mirou na perna do humano que entrava devagar em seu campo de visão e Henry, sem aviso prévio algum, simplesmente atirou quando a cabeça da pessoa tomou forma diante de si.

Jongin assustou-se e quase gritou com o tiro que escutou. A porta foi aberta num rompante, o corpo caído ajudando nisso. Houve um arfar e logo outro humano estava ali, olhando incrédulo pro corpo do companheiro e Jongin se preparou para atirar, mas Lu Han foi mais rápido, então logo havia dois corpos no chão do escritório do irmão. Henry se desencostou de onde estava e colocou a cabeça para fora do lugar, observou atrás de mais gente, só que não havia. Balançou a cabeça em negação pro ômega e logo Lu Han estava vindo em sua direção, abrindo a boca e perguntando se estava tudo bem, contudo, na sua confusão de medo, tudo que Jongin fez foi chorar.

— Nós temos que sair daqui, é certo de que há mais deles. — Henry alertou. — Vamos pegar a rota de fuga.

— Segure Yixing. — o líder mandou para Jongin, que limpou as lágrimas rapidamente e depois de largar a arma no chão, pegou o sobrinho sonolento nos braços, o som dos tiros não o tinham abalado. — Vá com Henry, peguem a rota de fuga.

— Lu Han... — Henry começou.

— Eu não posso deixar minha Alcateia, Henry. — disse. — Vou me assegurar que cada um pegou a rota de fuga, depois encontro vocês.

— Lugie, eu não vou sem você. — Jongin o fitou, os olhos chorosos. Não queria deixar o irmão para trás.

— Não seja idiota. — irritou-se. — Prometo que não demoro.

— Então esperamos. — Henry falou, quase batendo o pé no chão.

Não iria deixar seu líder pra trás. Era seu dever protege-lo.

Lu Han mordeu o lábio, irritado com a teimosia de seus irmãos e abriu a boca para responder, mas logo o som de passos estava preenchendo o local. Os humanos haviam voltado.

— Porcaria. — olhou para a porta aberta, os corpos dos humanos caídos logo ali, o sangue manchando o chão. Começou a ir em direção a mesma. — Preciso de cobertura para chegar na sala de controle, — então olhou para trás, encarando cada um dos ômegas. — temos que avisar os outros.

Henry entendeu e por isso se aproximou dele enquanto Jongin, abaixou-se para pegar a arma que havia largado no chão. Tinha entendido que o irmão havia mudado de ideia sobre manda-los na frente.

— Você fica no meio. — Henry falou para si e Jongin assentiu, ao seguir Lu Han para fora do escritório com Henry atrás de si.

Respirou fundo quando ganhou o corredor e para cada passo que dava sentia que o seu coração se tornava mais pesado no peito. E foi então que ele avistou o primeiro humano. Estava todo vestido de preto, usando coletes a prova de balas e botas pesadas, mas a visão dele apontando uma arma para si não durou muito quando Lu Han acertou-lhe a cabeça com um tiro. Eles três correram apressados, por sobre o corpo do homem, Henry verificava a retaguarda e Jongin apertava Yixing tão forte que o lobinho acordou.

— Baba. — chamou e o pai o fitou, Jongin sabia que Lu Han não podia pega-lo no colo e por isso começou a acalenta-lo, mas a criança chorou enquanto tentava se esticar nos braços na direção do ômega mais velho.

Mas Lu Han o ignorou, virando o rosto pra frente e continuando o caminho em direção a sala de controla. Não podia se distrair com o filho, no entanto sabia que o choro do mesmo só servia para alertar a localização deles. Escutou mais um tiro e por isso virou-se apressado para trás e viu que tinha sido Henry a atirar, pois Jongin só parecia mais aterrorizado ao tentar acalmar o choro de Yixing. Voltaram a correr, a sala de controle não estava tão longe, no fim, como veio a constatar depois, entrando na mesma. Henry trancou a porta e encostou-se na parede ao lado da mesma, os ombros relaxando parcialmente, mas Jongin veio atrás de si quando chegou até o alto-falante. Apertou no botão vermelho ao mesmo tempo que Yixing se soltava do tio e agarrava-se a sua perna, então não conseguiu não pegar o filho nos braços depois que escondera a arma no cós da calça jeans que usava.

— Atenção. — falou no microfone ao mesmo tempo que escutava os passos e via pela janela de vidro do estúdio, o modo como haviam carros estacionados em pontos estratégicos na entrada da Alcateia. — Não é uma simulação. — continuou e sabia que seus lobos estavam escutando. — Estamos sob ataque, saiam de suas casas e lutem! — mudou o seu discurso de última hora e isso fez Jongin lhe lançar um olhar assustado, mas a verdade é que estava cansado de fugir. E eles não iam fugir de humanos, logo humanos que eram mais fracos de ômegas. — Armem-se e acabem com esses humanos desgraçados! — respirou fundo ao mesmo tempo que sentia Yixing enlaçar seu pescoço, se prendendo no corpo do pai. — Repito: não é uma simulação.

E foi então que aquilo aconteceu. Foi tão de repente, que tudo que viu foi Jongin jogar-se sobre si, o empurrando pro lado quando a janela de vidro estourava com um tiro. Yixing chorou e o Lu o abraçou forte, mas o que chamou sua atenção foi o modo como Jongin se levantou rápido e correu em direção ao corpo de Henry, pois o tiro podia não ter o atingindo, mas havia acertado o outro em cheio.

— Merda. — resmungou e se levantou em meio ao vidro, os cacos cortaram suas mãos e até mesmo machucaram o seu filhote. Correu até o chinês ao mesmo tempo que Jongin tirava o casaco e pressionava o ferimento na lateral do seu corpo.

— A bala saiu. — o ômega contou quando chegou perto, colocou Yixing em pé ao seu lado e verificou o que ele dizia.

Era um tiro limpo, a bala havia saído completamente e pelo jeito parecia não ter atingido nem órgão vital.

— Precisamos sair daqui. — falou ao mesmo tempo que escutava o filho começando a chorar novamente, estava mordendo os lábios finos enquanto ia até o tio e tocava seu rosto, parecia saber assim como os outros que o tiro era grave.

— Não me leve num hospital humano. — Henry pediu e o ômega líder sabia muito bem porquê: humanos não sabiam tratar o ferimento de lobos.

Contudo, eles não tinham escolha. O hospital era o lugar mais próximo onde poderiam conseguir ajuda pra aquilo, já que lá fora, em sua Alcateia, o som de luta já começava a se fazer presente. Ele podia escutar o barulho de rosnados e tiros.

— O que sugere então? Não tem muitas alternativas. — tentou sorrir, afim de mostrar que não era tão grave o ferimento, mas pelo jeito como Henry sentia o sangue descendo por suas costas, sabia que era sim.

— Os Byun’s. — quase sussurrou, sabia que Lu Han não gostava deles, pois foram eles que dizimaram os Lu’s anos atrás, durante a Grande Guerra. — É a alcateia mais próxima. — argumentou e Jongin quase assentiu pra ajuda-lo.

Lu Han revirou os olhos, mas depois se viu assentindo.

— Carregue-o. — pediu a Jongin e voltou a pegar Yixing no colo. — Vamos embora.

***

Baekhyun chegou do trabalho apressado por um banho. Sentia uma leve dor de cabeça por causa da fome, mas queria um banho primeiro antes descer para o jantar com sua família. No entanto, depois que saiu do banho e estava pronto para trocar de roupa, a empregada bateu na porta do seu quarto avisando que o seu pai iria jantar no quarto junto de Donghae e que se Baekhyun quisesse podia fazer o mesmo, no começo achou estranho mas não perguntou nada à empregada, apenas dispensou-a, dizendo que não precisavam mais dos seus serviços para aquela noite.

Voltou a fechar a porta do seu quarto e continuou a se trocar, decidiu que ficaria apenas com uma camisa e uma bermuda. Então saiu do cômodo, iria até a cozinha atrás do jantar, que deveria estar pronto ali. Depois iria até o quarto dos pais, ver como Donghae estava, pois sabia muito bem que para o seu pai não descer para o jantar em família alguma coisa havia acontecido com o ômega. Poderia ser algo haver com seu irmãozinho? Decidiu que iria conferir. Contudo, quando chegou na cozinha, encontrou Kim Minseok sentado sozinho à mesa. Estava se servindo silenciosamente, balançava a cabeça devagar e os lábios se abriam devagarinho balbuciando alguma coisa e quando Baekhyun chegou perto, notou que o ômega estava com fones de ouvido simples e que provavelmente divertia-se com a música.

 O ômega logo o viu e Baekhyun não soube o que deveria fazer, sempre se sentia pequeno demais diante do olhar gateado do outro e tudo parecia ter piorado desde o cio que passaram juntos. Então, se viu primeiro mordendo a parte interna da sua bochecha, para depois simplesmente assenti para o ômega, ao passo que o Kim repetia o gesto. Era tão frio e distante, que Baekhyun se perguntou se eles realmente haviam dormido juntos, se aquilo havia mesmo acontecido ou ele apenas imaginara.

Puxou uma cadeira e sentou-se ali antes de começar a se servir, Kim Minseok sentou-se à sua frente. E eles se olharam algumas vezes, a música jorrando nos ouvidos de Minseok apenas servia para abafar aquele silêncio desconfortável que sempre existia entre eles. Baekhyun começou a comer em silêncio, mastigando devagar e olhando para o próprio prato ao mesmo tempo que o loiro quis suspirar alto e perguntar se tinha sido tão ruim assim transar consigo, mas não fez mesmo que estivesse irritado. Havia sido um dia cheio pra si, quando teve que aguentar seus dois ex-namorados no seu pé, e mesmo durante a busca pelo seu irmão caçula, tinham lhe dado uma trégua ao quase discutirem quem iria ser seu parceiro na busca. No final, Minseok terminara ao lado de Jongdae andando pela floresta em direção a sua velha casinha na árvore, a mesma casinha onde tinha acontecido sua primeira vez com aquele Kim.

— O que fez o dia todo? — Baekhyun o tirou de seus pensamentos e por um momento Minseok não acreditou que o alfa estava falando consigo, por isso só piscou e mastigou o macarrão em sua boca.

O alfa não o olhou, continuava olhando para sua refeição. Tão concentrado naquilo que o loiro achava que ele estava falando com sua comida, mas logo estava retirando um dos fones para poder prestar atenção nele.

— E-eu fui até minha alcateia. — mordeu a língua em seguida, não acreditando que tinha gaguejado na presença do outro.

Baekhyun levantou o rosto e o fitou e Minseok sentiu o rosto esquentar, nem ao menos sabia porquê. Então abaixou os olhos para sua comida, pegou um uma porção com os hashis e comeu, apressado, querendo se distrair.

— Foi visitar seus pais? — o Byun não sabia ao certo como começar um assunto com o outro, mas tinha escutando durante muito tempo um sermão do seu pai ômega, Donghae, sobre como tinha que construir ao menos uma amizade com o loiro, que decidiu tentar.

— E ajudar nas buscas por Kyungsoo. — Minseok se viu contando.

— Nenhuma pista? — voltou a comer, dessa vez os olhos passeavam devagar pela expressão do marido enquanto este mantia sua atenção na refeição, parecia envergonhado de olha-lo e Baekhyun quis achar graça disso, pois durante o ato sexual dos dois, Minseok não parecia nem um pouco envergonhado.

Balançou a cabeça em negação e então eles caíram em silêncio mais uma vez. Minseok engoliu em seco e Baekhyun parecia não se importar com o silêncio sempre os perseguindo, porque continuava comendo tranquilamente. Minseok decidiu deixar por isso mesmo, não sabia como deveria continuar o assunto, afinal não tinha nada de bom para contar além do fato de que seu ego tinha sido massageado ao ter sua atenção disputada por dois alfas, mas duvidava muito que Baekhyun gostaria de saber sobre isso. Então comeram em silêncio, depois levantaram-se no mesmo silêncio, o Byun até que o ajudou a recolher a louça suja e guardar a comida que sobrou. O loiro não sabia se deveria dizer boa noite quando eles subiram juntos para seus respectivos quartos. Comprimiu os lábios quando parou em frente ao seu quarto, já que o seu era antes do de Baekhyun, pensou em realmente desejar uma boa noite, mas quando os lábios se separaram para dizer aquilo, Baekhyun estava o interrompendo:

— Donghae disse que você é formado em design. — o loiro assentiu devagar, levantou o rosto e o fitou, tinha os olhos castanho meio divertidos como se estivesse pensando em algo engraçado. — Está trabalhando? — perguntou e Minseok não conseguiu evitar colocar a mão no bolso, puxando o celular e desligando a música que ainda tocava através do único fone de ouvido que usava, depois o guardou novamente mesmo que o fone continuasse no mesmo lugar.

— Não exatamente, faço alguns trabalhos pela internet. — contou, a sobrancelha se erguendo em desconfiança e Baekhyun ergueu a mão e colocou na nuca, de repente estava constrangido. — Por que?

— Há uma vaga no setor de artes da minha empresa, gostaria de se candidatar? — fez a proposta que Siwon tinha o obrigado a aceitar mais cedo.

Minseok piscou, tinha sido pego se surpresa pela proposta. Realmente não esperava que Baekhyun fosse fazer esse tipo de convite, quer dizer ele bem sabia que eram casados e tudo mais, só não esperava que o marido quisesse trabalhar consigo. Achava que iria trabalhar com o irmão, deveria ter alguma ocupação para si na Alcateia Kim ou quem sabe pudesse encontrar algo em outra empresa, no entanto, ali estava ele, dizendo aquilo, com todas as letras nos lugares certos. Por isso, foi inevitável esconder a boca se abrindo levemente em surpresa e muito menos os olhos arregalados por trás das lentes dos óculos. Mas acabou assentindo, devagar, como se estivesse preso em câmera lenta.

— Apareça amanhã na empresa. — Baekhyun disse simplesmente então começou a se afastar, mas Minseok segurou-lhe pelo braço antes que se afastasse demais. — O que há?

— Está falando sério? — perguntou e o alfa não pôde evitar fita-lo bem nos olhos, avaliando o castanho claro dos seus olhos.

Era bonito, não podia negar. Ele inteiro era bem bonito, ainda mais quando comprimia os lábios daquele jeito, sua boca era tão delicada que o alfa se perguntou se o gosto que estava na sua memória ainda era o mesmo. Seu lobo, agitou-se no seu interior, e quis fazê-lo se aproximar mas firmou os pés no chão.

— Não tenho razão para mentir. — deixou que seus olhos se desviassem para os lábios do ômega e encarou aquilo com tanto afinco que o loiro corou fortemente e olhou para baixo, antes de solta-lo. No entanto, ao contrário do que pensou, Baekhyun se aproximou dele, ficou de frente para si e deu um passo em sua direção fazendo-o recuar o bastante para bater as costas na porta do seu quarto, então ergueu a mão e o fez levantar o queixo. — Pelo menos, não para você. — Minseok o fitou, os olhos relampejando naquele avelã bonito que pertencia ao seu lobo e Baekhyun sabia muito bem que seus olhos estavam começando a tornar-se âmbar.

Minseok sentia o cheiro de Baekhyun tornando-se muito forte a sua volta, embriagando seus sentidos. Sabia que ainda estava sensível do recente cio e talvez, por isso tenha molhado os lábios com a ponta da língua e os aberto levemente para receber Baekhyun quando ele se aproximou vagarosamente. Fechou os olhos quando o alfa encostou a boca na sua, era delicado no que fazia e Minseok sentia aquela coisa se espalhando por seu corpo. Começava como um formigamento na sola do pé e depois se espalhava como larva quente sob a pele, indo se alojar bem no peito e o deixando tão anestesiado que não resistiu em erguer as mãos e enlaçar o pescoço de Baekhyun, querendo que ele queimasse junto consigo.

No entanto, alguma coisa deu errado porque Baekhyun estava se afastando no minuto seguinte.

— Seu celular está tocando. — alertou e como se estivesse preso num sonho, Minseok pegou o celular do bolso e atendeu.

Não tinha muita coragem de olhar para o marido, sentia seu rosto tão terrivelmente quente que estava se perguntando porque não tinha derretido ainda. Mas logo esse constrangimento todo estava sumindo quando a voz de Henry se fez presente do outro lado da linha:

Preciso de ajuda. — estava com a voz baixinha, um tanto fraca como se estivesse com dor. — Estamos sob ataque, Minnie. Traga reforços. — havia um choro no fundo e Minseok reconheceu como o de Yixing e seu estômago se revirou em frio e quente.

Então a ligação estava caindo, antes que Minseok pudesse dizer qualquer coisa. Virou-se, assustado e surpreso, para Baekhyun.

— O que aconteceu? — o alfa se assustou com o jeito arregalado que os olhos do ômega estavam.

— Henry... eu preciso de ajuda. — começou a dizer, sua mente estava uma bagunça. Seu corpo ainda estava quente do beijo com o alfa e sua mente estava borbulhando em modos de chegar até o amigo Lu. — Me ajude, Baekhyun.

E simplesmente começou a se afastar, abriu a porta do seu quarto e entrou, Baekhyun o seguiu, um tanto assustado com o que via.

— Do que está falando? O que aconteceu? — perguntou novamente.

Viu o loiro andar pelo, indo direto para seu criado mudo e abrindo a primeira gaveta, tirou uma arma dali e destravou na frente de Baekhyun.

— Alguém está atacando a Alcateia do meu amigo Henry, preciso de reforços. — contou, dessa vez mais firme, não podia surtar agora.

Baekhyun piscou, mas logo estava comprimindo os lábios daquele jeito bonito que Minseok gostava.

— Pegue meu carro. — enfiou a mão no bolso e tirou a chave do carro e o entregou. — Me espere lá, eu vou solicitar alguns guardas.

O loiro assentiu ao mesmo tempo que o alfa se virava para sair.

— Baekhyun. — chamou ainda, antes que ele sumisse pelo corredor. O alfa virou-se para fita-lo. — Não demore. — pediu e o Byun assentiu antes de desaparecer atrás dos seus reforços.


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