Despertar escrita por Ragnar


Capítulo 8
Capítulo 7




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— Como são as suas visões de oráculo?

Rakan não dava um dia de folga para Yasuo, nem mesmo quando ele chegava exausto do trabalho assim que chegou uma leva de cd’s de algum cantor popular e a maioria dos estudantes da universidade e das escolas vieram aos montes comprar. Agora tinha que lidar com a questão das infinitas perguntas de Rakan, esse que nem mesmo se importava com o estado dele.

Algumas semanas já tinham passado e nenhum avanço para Yasuo com relação ao retorno para casa, mas a cada vez mais em que demorava, mais ele esquecia que aquele não era o mundo dele... Como se estivesse fazendo parte daquele lugar e com uma rotina ainda mais fixa. Dando metade do dinheiro para Garen para ajudar a pagar as contas, comprando roupas e tentando ser alguém, saindo com Janna aos finais de semana e ainda passando na casa de Luxanna para ver a Lulu e ajudar a mesma com as lições de casa. Estava se tornando uma rotina, ele estava fazendo parte daquele mundo quando na verdade nem deveria.

Mas aquela pergunta era algo interessante para ser respondida, mas era confusa de ser explicada.

— São apenas sonhos — Deu de ombros, tirando o tênis e soltando o cabelo, se deixando jogar no chão e ficando deitado, tendo Adorável lambendo sua testa como uma saudação de boas-vindas — Adora... Agora não, não é ‘pra encher o pai de baba neon...

— Ela sentiu saudades, dê um desconto a ela — E sendo brincalhão como sempre e pegando Adorável, terminando com a tortura de Yasuo — Mas são coisas que você já viu?

— O quê...?

— Suas visões, Yasuo!

Epa... Era a primeira vez que ele o chamava pelo nome.

— Eu não sei... — E tossindo para disfarçar, se sentando e tirando a blusa do trabalho, o peito nu e coçando a parte onde estava cicatrizando a marca da mão da Ahri — Sempre é algo como... Vendo estrelas caindo ou olhando para o céu, em alguns momentos, eu estou neles... Caindo em agonia em um chão enraizado, mesmo não tendo nada embaixo de mim... — Contou.

Ele estava tendo a mesma frequência de sonhos, desgostando deles e até quando acordava, suado e tremendo de medo de algo da qual desconhecia, uma enorme vontade de chorar o dominando. Um sonho dentro do pesadelo.

— Acho melhor você ir pro banho... — Rakan sugeriu, abanando o rosto e Yasuo fez uma careta — O quê? Você fede.

— Engraçadinho...

Nem mesmo esperando uma resposta Yasuo pegou suas coisas para ir ao banheiro e demorando um pouco mais que o normal apenas para aproveitar a água quente. Um pequeno luxo já que Katarina não tinha usado toda água quente da semana senão ela iria comer a pagar as contas de luz.

Ele já tinha parado para pensar se a parceira dele, Xayah, não desconfiava das saídas dele ou da ausência, até mesmo quando perguntou para Rakan, a resposta foi rápida e simples, que eles sempre saiam em lugares da qual usassem matéria negra, quando chegavam perto da primeira guardiã, era como se perdessem a noção de quem eram, apenas juntos a consciência de ambos voltavam.

Uma boa desculpa, mas que Yasuo sabia que algo além se escondia.

Saindo do banheiro já arrumado e voltando para o quarto, dando risada e quase caindo quando Riku passou voando pela porta, “fugindo” Adorável. Mas Rakan... Ele estava sentado no chão e manipulando uma pena, moldada de matéria escura e flutuando entre suas mãos, mas o que tornava aquilo belo era a forma que mesmo destrutiva da matéria escura, havia beleza. Trágico e belo.

— Pensei em ajudar você com as respostas que tanto quer — Rakan falou, deixando de manipular a pena e indicando para que Yasuo se sentasse ao lado dele no chão.

E assim ele fez, pegando um prendedor para amarrar o cabelo, mas sendo impedido com a mão de Rakan segurando a sua, ambos ficando em silêncio e logo, deixando de lado aquilo para prestar atenção.

— Lembra quando contei sobre o oráculo no planeta que fiz uma missão? — Perguntou e Yasuo acenou em positivo — Com o que a primeira guardiã ensinou para nós, aprendemos a manipular e moldar a matéria escura e sombria a nossa vontade, a tornando sólida para nossos poderes de guardião ou para manipular seres pensantes a nossa vontade — Explicava, pegando da mão de Yasuo o prendedor e na outra mão, segurando a mesma pena — Se eu tentar manipular esse treco, ele não terá reação, mas irá perecer e se obliterar para o esquecimento — E demonstrando, o prendedor foi envolvido por uma gosma preta e com pontos que brilhavam, sendo apenas algo desconhecido e então, se consumindo a si próprio para não ter mais gosma alguma — Já a pena, ela é moldada a minha vontade, além de fazer parte de mim e ser parte de um ser que pode ser manipulado — E novamente, a pena flutuou da mão dele, se “queimando” com a matéria escura.

— E por que está me explicando isso?

— Para que saiba quando alguém que usa o poder sombrio chegar até você para que corra — Contou de forma simples, dando de ombros até e trazendo uma careta para Yasuo — Mas que aprenda uma coisa... Você foi convocado e não obliterado pela matéria escura, não foi manipulado por ela e nem mesmo consumido caso fosse a vontade da primeira guardiã.

— Mas eu não conseguiria manipular isso, não é?

— A não ser que você volte dos mortos, não, você não conseguiria — Contou, dando de ombros — Como fui ensinado a isso, flui como se fosse usar as pernas para andar, mas você... Tendo seus sonhos de oráculo, talvez seja um efeito da matéria escura reagindo em você ou... Ela apenas despertou em você.

— Talvez seja ambos — Deu de ombros — Mas você me explicou tudo isso apenas com esse objetivo? Para que eu corra? Não sou covarde.

— Sei que não é, mas você talvez vá correr muito de várias situações já que não flutua como um guardião — E ali estava o ar de convencido do outro, o sorrido arrogante de sempre.

Yasuo o empurrou pelo ombro enquanto tentava segurar a risada pela fala do outro, mas não conseguindo.

— As estrelas caindo... Talvez seja algo como guardiões estelares sendo convocados — Comentou — O que geralmente não acontece, fazem séculos que um grupo é convocado dessa forma e sempre que é, acaba sendo sinal de morte.

— E você já foi convocado?

— Neh... Nunca, a nossa líder era perfeitinha demais para deixar um trabalho incompleto e ter problemas maiores depois — Deu de ombros — Agora você tem uma responsabilidade, tem um grupo de guardiãs e nem é um — E falando, Rakan se levantou e ajudou Yasuo do mesmo, segurando sua mão mesmo depois de levantado e pedindo a outra, assoviando para Riku e o mesmo pousou em seu ombro — Vamos, nunca fiz isso e só ouvi a teoria dela.

A não.

— O que você vai fazer Rakan...? — Perguntou, receoso e olhando para o lado, vendo Adora sentada e observando de longe — Rakan...?

— Confia em mim, vai ser divertido.

A tá.

— Eu falei que iria ajudar com as respostas, não vou machucar você — Garantiu, lhe dando um sorriso — Mas não solte, ‘tá? — E Yasuo apenas acenou em concordância.

Quando o viu respirar fundo, a espinha dele se arrepiou, o ver tão sério e entregue era muito diferente do... Onde ele já tinha visto isso? Yasuo não conseguia lembrar onde ele viu...

Perdendo o fôlego ao ver a mancha da matéria escura se forma dos braços de Rakan e se levarem até as mãos. O impulso de Yasuo foi de se soltar, mas o aperto de Rakan era forte demais, olhando para a face do corrompido e vendo que seus olhos estavam fechados.

Aquilo o deixou desesperado, a respiração acelerada e vendo aquilo chegar até si, era frio como gelo e queimava... Como queimava.

Mas então, parou. O aperto no seu pulso voltou e mais forte, sentindo uma dor de cabeça e... Tudo no quarto sumindo e dando lugar a um chão desértico e um céu alaranjado, faltava ar e aquele lugar não era feito para se respirar e então, conseguiu ficar normal.

— Não é possível...

As mesmas estrelas caindo e não eram cinco e sim... Dez estrelas, caindo em ordens diferentes e iriam se chocar em breve.

Então o cenário mudou, ficando parecido com um acampamento... Era o acampamento Monte Targon?

Ouvia risadas, passos... Aquilo não fazia parte dos seus sonhos, era uma lembrança. Das sombras, ele viu a silhueta de Xayah, vendo o rosto feliz dela e sendo acompanhada por Rakan, diferente do que era naquele momento.

Olhando para Rakan na sua frente e que o segurava, vendo lágrimas brilhando como estrelas. Uma memória da qual ele guardava bem para si.

Mudando novamente, um lugar... O meio da estrada e dos céus e parado, estava outro Rakan, mas... Era visível as manchas e gosma de corrupção em sua pele, seu olhar era preenchido pelo dourado, talvez sendo manipulado como tinha falado.

Um carro vindo e... Yasuo conseguiu ver a pessoa dentro do carro e até mesmo conseguia sussurrar o nome da pessoa.

— É o Taric...

Desviando o olhar para o que acontecia, ouvindo apenas o barulho alto da queda e então, vendo o outro Rakan surgiu na sua frente, segurando um emblema de guardiã estelar rosa e dourado. Era... Taric era um guardião.

Dessa vez, voltaram para o quarto e de forma bruta, Rakan o soltou. Respirando fundo e tremendo, ele pode ver novamente o olhar de medo, o terror do que tinha na mente, escondido bem no fundo.

Mais lagrimas e um soluço.

Yasuo sentia o horror do que tinha visto, mas o pior foi o que deveria sentir. Ele não sentiu nada. Com a lembrança de Xayah, ele sentiu alegria e juventude, mas com o acidente, o assassinato... Ele sentiu o mais absoluto nada.

“Eu não mato ninguém”

Sem nem mesmo recuar, ele andou até Rakan e se ajoelhando, estendeu ao braços e sem pestanejar, ele se jogou nos braços dele, afundando o rosto e o sentindo tremer.

Percebendo ele ficar mais tranquilo, Rakan se afastou. E Yasuo pôde ver as estrelas no rosto dele... A constelação mais bonita. E então, ele viu o raio de luz no olhar do guardião, o dourado como uma estrela.

Não podia falar que tudo ficaria bem, que aquilo não foi ele quem fez e a maior culpada era a primeira guardiã. Mas... Por que o sol brilhava para ele?

Sentindo ele encostar a testa na sua, sentindo a respiração dele mais tranquila...

O que era aquilo?


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