Despertar escrita por Ragnar


Capítulo 6
Capítulo 5




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Foi algo estranho, mas ele já reconhecia aquilo de alguma, talvez em algum livro ou mangá, sendo familiar e que mesmo com toda estranheza, Yasuo reconhecia a queda. O céu escuro brilhando, estrelas distantes e outras... Caindo. Queria entender do porque o céu parecia tão tranquilo quando a sensação de tudo ali era caótica e angustiante, não conseguia falar, não conseguia se levantar ou ver melhor o que acontecia. Era um pesadelo dentro do pesadelo. 

Então ele acordou, suando frio e com a janela aberta e fios de cabelos grudavam na testa dele, até mesmo Adorável tinha acordado e ficado ali, o encarando em seu peito, mas Yasuo apenas acariciou sua cabeça, pensando em como aquilo poderia ser tudo uma loucura além de não se lembrar muito o que aconteceu. 

Na semana seguinte, acompanhando tanto Garen como Katarina até o novo local de emprego dele já que era caminho até a faculdade de ambos, sendo desejado “boa sorte” enquanto Garen a uma marmita do almoço para Yasuo, algo que trouxe o sorriso de malicia de Katarina e antes de pudesse dar “tchau”, ele foram e o deixaram plantado na calçada. 

Dentro do estabelecimento, foi recebido pelo “chefe” e das boas referências que Garen deu, o cara apenas deu uma instrução que era não trazer problemas pessoais ao local de trabalho, parecendo que ele contratava qualquer tipo de gente que buscava emprego com ele no desespero. Mas no final ele não reclamou, sendo instruído um pouco por ele e então, pelo seu novo colega de trabalho. 

Aquele primeiro dia foi bom, quase como voltar na época que não podia depender da renda de DJ, ajudando a mãe dele no que podia e ainda sim, sendo bom no que trabalhava e no que deixavam para fazer. Observando o movimento do lado de fora e suspirando na primeira e única opção que surgia na mente dele que era contar toda a verdade para Lux. Mas o que a garota poderia fazer? A coitada ainda estava no ensino médio, nem tinha noção de como lídar com uma rival estelar... Tinha a outra opção e a que menos queria da qual era buscar o auxilio de Miss Fortune. 

Péssima ideia. 

Durante parte da manhã e a tarde, foram poucas pessoas que entraram na loja e graças que os pensamentos de Yasuo não atrapalhavam no atendimento, sendo ajudado pelo colega e quase para o final da tarde, trazendo algumas caixas dos fundos para repor alguns cd's. 

Foi algo tranquilo. 

Menos o segundo dia... Esse não foi nem um pouco agradável de se ter. 

— O que você está fazendo aqui?  

Olhando para a entrada da loja, a garota que ele esperava encontrar em algum momento estava ali, a integrante da K/DA e parceira de Akali. Ahri. A coisa que Yasuo não esperava era ver a face furiosa da mesma, ficando vermelha até mesmo no pescoço e suas orelhas tremerem.  

Antes mesmo de erguer as mãos em sinal de rendição, de até mesmo se explicar, a jovem estudante avançou até o balcão e o puxou pela gola da camisa, o fazendo a encarar e ver a ameaça clara de seus olhos, o quão vermelha ela estava pela raiva e como não tendo um relacionamento de amigos com a mesma antes de parar naquele mundo, não sabia como reagir. 

— Eu perguntei o que você faz aqui? — Repetiu a pergunta, apertando a gola da camisa ainda mais e fazendo com que as aparências ali se invertessem. 

Ela poderia transformar ele em poeira cósmica apenas com um soco e ainda sim seria pouco diante do quão forte ela deveria ser. 

— Eu trabalho aqui, senhorita — Respondeu, a voz falhando e quase gaguejando, mas ele não iria perder em argumento tão fácil assim, vendo em como a sua resposta não a convenceu e ela acabou por soltá-lo. 

— Sabe que essa é a resposta errada, Yasuo. 

Droga. 

— É, eu sei o seu nome, eu ouvi ele mil vezes, mas não aqui, não com essas orelhas — Contava, inconscientemente tocando uma das orelhas — Parece que foi a tanto tempo...

— Eu não sei do que você está falando, mas a Lux já me contou sobre você, até mesmo a minha prima Janna já contou sobr—. 

— Ela não é sua prima, você nem mesmo tem tios — Ahri o interrompeu, cruzando os braços e fazendo uma careta — Você até mesmo me conhece, mas não aqui, não se finja de idiota inocente que eu sei o que você é, um impostor, um erro. 

Antes mesmo que Yasuo pudesse responder a altura ou no mesmo nível de Ahri, um dos seus colegas de trabalho apareceu ali, com algumas caixas de encomendas e sorrindo para Ahri, a mesma sorriu e acenou brevemente antes de voltar encara Yasuo com desaprovação. 

— Ei, cara... Eu vou mostrar os novos álbuns para a senhorita Ahri, será que você pode olhar a movimentação por aqui por mim? É rapidinho — Pediu, chegando perto do mesmo e sussurrando no ouvido do mesmo — É um favor pra irmão do cara que me abrigou, ela é bem chatinha... Vai, por favor. 

— Só não demore. 

Foi o que ele precisava para acenar brevemente e andar calmamente com Ahri pela loja, dos corredores e olhando para trás. Já longe da entrada da loja, Ahri se escorou nas prateleiras e o encarou, esperando uma explicação da qual ele não sabia se seria a mais correta possível, não sabia se seria um blefe, mas então... Ele se recordou de algo, de Rakan. 

“A traidora de seus irmãos e irmãos” 

Quem mais havia perdido pessoas do antigo grupo de guardiãs estelares? Alguém que foi apresentado recentemente aos mangás e estava ali... 

— O que você quer ouvir de mim, Ahri?  

— Pelo menos sabe o meu nome, então não vai ser tão complicado como achei que seria — Rebateu, erguendo o queixo, parecia haver tanto desprezo para uma pessoa tão pequena. 

— O que seria tão complicado para a popular da escola, hã? — Argumentou, rolando o olhar. 

Tentava lembrar como pegou um pouco de “ranço” de Ahri na sua aparição no mangá, mas em como criou empatia pela mesma e pelo que passou. Mas... Uma das coisas que sempre o deixava confuso sobre o que sentir sobre aquela personagem era simplesmente nunca ter aparecido os “flashback’s” da mesma com os outros antigos parceiros da mesma, nem mesmo mostrou como aconteceu, apenas foram declarados como desaparecido e depois, voltaram como corrompidos, como Rakan mesmo se mostrou para Yasuo. 

Só que o guardião estelar ainda lutava e se mostrava resistente contra a natureza das sombras que tentava o manipular de alguma forma, mas não sabia como isso o manipulava. 

— Não faça caretas para mim quando o assunto aqui é você — E dando uma risada, um pequeno ser apareceu ao lado dela, o familiar magico. Kiko — Sei que não é desse mundo, não pertence a ele e eu vi o lugar de onde veio — E cada vez que falava, se aproximava do mesmo. 

O que mudava era o quão pesado Yasuo se sentia, um peso nas costas e um calor o atormentava cada vez mais que Ahri chegava perto, mas se concentrando para ficar em pé, seu colega de trabalho poderia olhar pelas câmeras, não queria que ele visse que se ajoelhou pra uma colegial de forma estranha. 

Não. 

Uma guardiã estelar. 

— Por isso, irei perguntar mais uma vez — Sussurrava, o tocando no ombro e a mesma queimava através da roupa — O que você faz aqui?  

— Eu não sei do que você está falando... — Em um fio de voz ele respondeu, levantando o rosto para ver o olhar da mesma, sorrindo para ela com o mesmo deboche que ela mostrou para ele. 

— Não? — Sorriu, o segurando pelas bochechas e apertando com força — Então acho melhor você tirar da cabeça que sou apenas uma personagem de mangá porque mesmo sendo no seu mundo, sou a protetora e guardiã desse lugar e não vou deixar um invasor de outra realidade e invocado das sombras ameaçar a todos — Vociferou em um tom baixo. 

— Você está louca, Ahri... 

O aperto ficou mais forte em seu ombro, mais quente e dessa vez, Yasuo tinha certeza que seu ombro ficou com uma marca de queimado. 

— Nem mesmo sabe quem trouxe você...! 

— Ahri, pare... — Sussurrou com urgência. 

— O que você veio fazer aqui, Yasuo?  

Com a força que ele nem mesmo sabia que teria, afastou ela de si, a empurrando e respirando fundo, ainda sentindo aquele calor ridículo em si e o peso finalmente ficar mais leve. Recuando e a encarando com medo, vendo o choque em seu olhar. 

Então... Ele fez o que seria melhor para si. Correr para o fundo da loja, onde a mesma nem mesmo se atreveu em seguir. 

Seu corpo inteiro tremia e o que pareceu segundos para se recuperar, foi uma eternidade para voltar a si, se manter instável e até mesmo usar a torneira dos fundos da qual era usada para a mangueira, molhando o rosto e pescoço. 

Aquela foi a coisa mais assustadora da qual ele passou e Rakan não era o maior dos seus medos... Era saber que Ahri o reconhecia e sabia que ele não pertencia àquele lugar, mas ao invés de ter uma resposta que ele tanto almejava, apenas o acusou, foi juíza e júri par o julgar de algo que ele não tinha culpa!  

Um erro. 

Se erguendo e voltando lentamente para dentro da loja, foi perguntado sim a sua ausência de quinze minutos, mas Yasuo só negou com a cabeça, voltando a ficar atrás do balcão e ficando ali até que o horário, ajudando a fechar a loja e se despedindo do colega. 

Não precisou esperar muito e logo Garen apareceu, adentrando o carro e quase sentando em cima de vários livros, franzindo o cenho levemente, mas não fazendo perguntas, apenas relaxando e quase dormindo no banco do carona. 

Sua cara deveria estar péssima ou cansada já que Garen não fez perguntas, apenas o deixou ir e mesmo segundo o seu segundo dia de emprego, não esperava por aquilo... Queria acordar. 

Do banho para o quarto, fechando a porta atrás de si e vendo que Adorável dormia tranquila, outro peso caiu em suas costas, um que nem mesmo sabia do porquê sentir... Não queria nem mesmo sentir o tecido da blusa na pele, olhando no espelho do guarda-roupa e a marca de mão ali, além do cheiro de queimado contra a pele.  

Pelo reflexo, ele viu a figura de Rakan ali, se aproximando devagar e mantendo o olhar diante da queimadura em sua pele para então, encarar Yasuo nos olhos. 

Por que o maldito tinha que ser mais alto do que ele? 

— Batalha?  

— Uma colegial encarnando em demônio isso sim... — Resmungou, atraindo uma risada de Rakan — Que bom que o faço rir do meu sofrimento. 

— Você é um serzinho engraçado — Respondeu. 

— Você não é minha babá, lembra? — Rebateu — Achei que tinha expulsado você da última vez — Comentou, andando até a janela e deixando a mesma bem aberta — Vá embora, por favor — E forçando um sorriso, com todas as letras e gestos de que o outro não era bem-vindo. 

— Não sou? — Se fazendo de bobo, ótimo. 

— Fora...!  

Yasuo não entendia aquilo! Aquele idiota fez um jogo de saia com ele, disse com todas as letras que não iria ajudar e que ainda o chamou de inútil! Se era tão inútil assim, por que não o deixar se virar? Ahri já mostrou aquilo muito bem também, tacando o terror nele, o queimando e o ameaçando, achando que ele era uma ameaça. 

— Não seja chato, suas amigas não ficaram assim comigo — Comentava, fingindo limpar a mão com algo. 

— Elas não têm nada comigo, agora, saia daqui porque não preciso de peso morto fingindo se importar — Rebateu, sem paciência e já percebendo a careta de Rakan pelo que disse. 

— Peso morto? Precisa melhorar suas ofensas — Rebateu, se aproximando e nem se importando das recuadas que Yasuo dava. 

Com objetivo mesmo em lhe tocar no ombro, o segurando bem e antes que uma pergunta fosse feita, um frio se expandiu pela queimadura, fazendo arder um pouco antes dele não sentir nada. Olhando para a mão se afastando, observando e vendo que não havia mais a marca de mão queimada em si. 

— Por que...? 

— Digamos que contei no que as guardiãs precisariam da minha ajuda, abri os olhos da rosa e esperei a ruivinha estressada se acalmar — Contava, o tom mudando para algo sério — E com você aqui, vai valer de grande coisa, um não tão inútil. 

Pronto, ‘tava demorando. 

— Você sabe sobre ela...  Vai me ajudar no que pretendo fazer — E com uma piscadela, Yasuo iria se arrepender do que iria perguntar. 

— E o que você pretende fazer...? 

— Extinguir as sombras pela própria raiz e semente do mal — Sorriu, dando uma risada da qual vez Yasuo pensar em como aquela era a ideia mais idiota que ele já ouviu uma pessoa falar — Derrotar a primeira guardiã estelar! 

— Caramba... 

— Então? O que achou?  

— Sou inútil, lembra? — Deu de ombros, se afastando buscando algo para prender o cabelo, o segurando e deixando de lado. 

— Espera, vai que dê certo? Suas visões de oráculo podem ajudar em algo, ser útil — Tentando novamente, acompanhando Rakan pelo quarto e ainda notando a empolgação do mesmo. 

Ele estava confiante. Podia ver no olhar dele em como estava realmente confiante de que iria se livrar da corrupção das sombras, livrar Xayah das sombras e de bônus, levar essa bagunça para longe das guardiãs, das próximas que iriam chegar. Uma esperança no olhar de Rakan. 

— Não começamos isso direito, vamos do início — Insistia, a mão estendida para Yasuo — Eu sou Rakan. 

Era a única forma de voltar para casa. 

— Yasuo... Meu nome é Yasuo. 


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