Mexeu Comigo escrita por Ragnar


Capítulo 5
Capítulo 5 - O fracasso me subiu a cabeça




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Recordava até aquele dia, quando tinha recebido um recado de um aluno do terceiro ano de que queria ajuda com uma música, que iria pagar com um lanche da cantina e que ainda ajudaria com a lição de casa por duas semanas. Uma proposta fácil de aceitar, não? Foi o que Izu pensou no início, achou uma maravilha e aquilo animou a sua semana, conseguiu até falar com o veterano e viu o quão tímido ele estava, sorriu com o coração mole dele e da paixonite, mas o sorriso de Izu sumiu ao ver para quem seria a declaração, ficando incomodado e ainda mais, receoso de como aquilo acabaria saindo. 

Aquele aluno tímido era Tamaki, a pessoa que ele nem conseguiria notar se não tivesse chegado perto, ainda mais com a pessoa que ele queria dedicar a música, algo da Pitty, algo simples. O que seria apenas para tocar para o aluno mais conhecido, virou um burburinho irritante pelos dias que se seguiram. Como Izu iria saber que estava tendo reunião do grêmio escolar e os representantes de cada turma iriam estar ali? Foi ridículo e ele não se perdoou... Porque isso foi o suficiente para o aluno tímido pedir transferência e mudar de cidade e sim, Izu foi até a casa dele e a tia do garoto falou que ele não morava mais ali com ela e sim com o pai no Rio de Janeiro. 

Agora ele tinha voltado com o mesmo plano de tentar concerta a cagada de antes, uma ideia que não poderia dar certo, mas ele iria fazer dar certo, contou até mesmo para Uraraka e ela recomendou que ele não fizesse aquilo, ela lembrava bem como ele tinha ficado... Ele não tinha conhecimento da homossexualidade como agora, não pensava na homofobia ou preconceito que Tamaki poderia ter passado por poucos dias e somado a sua timidez, aquela memória soava amarga em seu ser. 

Então, Izu foi além e pediu conselhos de quem não esperava responder de imediato ou saber como o fazer, Katsuki visualizou a mensagem, mas não respondeu de imediato, mas como ele estava no trabalho, apenas na hora de ir embora ele viu o que o esquentadinho tinha mandado. 

“Não sei que merda aconteceu naquela escola de riquinho sua, mas você tem que ter noção de que fazer merda como essa precisa ser corrigida ou tacar o foda-se", isso foi simples e direto que Izu ainda considerava pedir que Katsuki reformulasse a sua resposta “você é burro? Não sei como esse cara ainda fala com você sendo que o erro foi seu!”, respondeu e aquilo soou melhor do que antes. 

Era verdade, não sabia o que motivou Mirio a ir atrás do aluno tímido, talvez a veterana Nejire tinha um dedo nessa confusão toda. 

“Desfaça essa merda que você fez, é isso que eu to tentando falar”, reto e direto, aquilo foi o incentivo que Izu precisava e se animou até para continuar. Uraraka o aconselhou a não se envolver porque tinha visto o desenrolar daquilo e o estrago que a situação fez em Izu, já Katsuki sabia que segurar ou xingar o outro de mil nomes não adiantaria de nada, não funcionaria. 

A semana se passou até que bem, cada dia mais ele não falava e conversava sobre o assunto com Mirio como também conversava e tirava a timidez dele com Shoto, apaziguava seus ânimos com algo que já tinha passado e sempre tinha a impressão de algo sublinhar na conversa que tinha com aquele garoto sulista... O passado poderia doer e causar medo, mas ele deveria aprender com ele de alguma forma. 

“Você quer sair comigo algum dia?”, aquele convite chegou no fim da semana, algo que Izu não esperava e quase engasgou com o único luxo que poderia pagar que era um milkshake. “Podemos escolher o lugar, mas o que for mais perto para você no centro de São Paulo seria algo legal, sabe... Mas se isso for um incomodo para você, a gente pode continuar se falando por aqui, não tem problema nenhum” 

“Eu iria adorar”, respondeu mais rápido que o flash, o sorriso indo de canto a canto do rosto e quase dando pulinhos de alegria. 

— Izu, querido? — Sua mãe o chamou e ele logo deu metade do copo de milkshake para ela, vendo ela dar uma risadinha e fechar a porta atrás deles – Deveria tirar esse celular da sua mão e puxar sua orelha, não viu que horas são não pra andar na sua desse jeito? 

— Sei que horas são e não gostaria de ser roubado, mãe querida — respondeu no automático, seguindo pela cozinha e sentando na cadeira ali, sorrindo bem bobo e atraindo uma risada — O quê? 

— Parece que alguém está apaixonadinho — enfatizou a última fala e puxou a bochecha de Izuku, a apertando bem e se sentando ao lado dele, ignorando o resmungo que ele deu — Me fala, quem é o garoto? 

Tá, ele não estava esperando por aquela.  

— Mãe... Eu sou hétero... — Izuku contou, tentando controlar a risada e sua mãe franziu o cenho, deixando o copo de milkshake de lado pelo choque. 

— Crê em Deus, que desgosto! — Deu uma risada de nervoso — Não criei meu filho pra ser hétero que grita na academia, nem pensar! — Negou com a cabeça e pela reação dela, Izuku controlou a própria risada, o que não passou nem um pouco despercebido — Uai, você tá brincando com a minha cabeça, né, seu garoto sem noção?  

— É... Sim — Falou, vendo sua mãe suspirando tranquila — É que... Eu tô meio afim de um garoto. 

— Diz que é bonito... — Pediu, a mão no peito e batendo no sofá para que o filho se sentasse com ela e Izu o fez — É algum menino que tu conheceu quando foi na USP? — Perguntou e Izuku concordou, vermelho — É o garoto que tá fazendo você sorrir dessa forma e fez você andar que nem um tonto na rua a essa hora da noite?  

— Chega né, mãe? — Sussurrou, constrangido e Izu viu o sorriso da sua mãe, feliz e orgulhosa com ele — Ele me chamou pra sair, mas não sei se devo... Eu queria contar algo ‘pra você, mas queria juntar um dinheiro para conseguir pagar as contas e falar pra ti... — Contou e sua mãe conteve gritinhos, empolgada. 

— Que orgulho do meu menino e.. Espera, o que você quer me falar? — sorriu, contente e Izu negou com a cabeça, sorrindo fraco 

— Legal, agora... Ainda sou um desgosto pra senhora? — sussurrou a pergunta e sua mãe apenas negou com cabeça daquela vez. 

— E desde quando você seria um desgosto para mim, Izu? Só por que você gosta de homens? Eu criei você para ser uma pessoa melhor e ser boa com todos, ser respeitoso com aqueles que falassem o mal a você, ficar com um homem... Não é algo anormal, não é ruim e muito menos uma vergonha, não seria para mim — falava, bagunçando o cabelo de Izu — Agora, eu vou incentivar você a sair de casa e ir nesse encontro ou terei que arrastar o senhor até o meu futuro genro?  

— Mãe!  

— Uai, não falei nada de errado, meu menino — brincou, dando um beijo na testa de Izuku e um abraço que conseguiu pegar e apertar qualquer dúvida e ansiedade que ele tenha passado aquela semana por conta de tudo — Agora, me conte essa coisa que você tá até guardando dinheirinho, meu docinho. 

— Bem... Eu estava pensando em fazer a prova da Mackenzie e tentar uma bolsa ‘pra conseguir um curso legal... Não sonhar alto, um dos que eu escolhi é carinho demais — Riu nervoso e sua mãe puxou sua bochecha — Ai, isso doí! 

— Eu vou ajudar você, mas vai ser difícil com esse seu emprego, não acha? — argumentou e ele concordou — Vou ajudar sim, vamos conseguir e eu espero que você se esforçar um pouquinho mais, sobra até dinheiro pra tu visitar esse garoto bonito que tu tá gostando — e apertou um pouco mais Izu. 

As coisas estavam dando certo, não tinha de o porquê ficar nervoso... Ele precisava da aprovação de apenas uma pessoa. 


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