Segunda Chance - JDD escrita por Leonardo Alexandre, Beykatze


Capítulo 1
Capítulo do Leo - Segunda Chance


Notas iniciais do capítulo

Título: Amor de Verão
Mínimo - Máximo de Palavras: min 1000 Max 5000
Música: cool for the summer -demi
Tema: a menina está na praia com seu primo que tem a mesma idade, encontra uma ex colega de escola por quem descobre que tem um crush. Depois de uma noite só as duas bebendo no quarto, a menina beija a amiga e depois as duas dormem (ou algo mais acontece , tu decide). No dia seguinte eles estão se despedindo da a amiga e o primo beija ela (tipo meio comédia, engraçadinho e tal) e ela vai embora com os dois apaixonados por ela
Personagens: Daiana, Pedro, Roberta, Giana.

Como dá pra ver eu perdi o jogo porque mudei o título que achei que combina mais com a história cujo fugiu um pouco do tema, mas o importante é que consegui terminar e o resultado está aqui lindinho e cheiroso pra vc, vc e todos vc.



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Daiana se olhou por alguns ângulos no enorme espelho com moldura em tema de areia, estrelas do mar e conchas, sentindo-se muito satisfeita com o biquíni novo que havia comprado. A parte de baixo ficava muito confortável, parecia quase um shortinho alegre com sua estampa de folhas de palmeiras e rosas em um tom bem vivo de vermelho, mas é claro que se fosse um short estaria indecente, pois cobria apenas metade de sua bunda. Ela riu com esse pensamento e analisou a parte de cima que tinha a mesma estampa, destacava lindamente seus seios fartos além de ter uma ótima sustentação.

Era muito satisfatório conseguir se sentir linda em um biquíni agora que era uma mulher. A adolescente Daiana D’Ávila surtaria de ir à praia sem o maiô cobrindo tudo, no entanto estava ali amando suas dobrinhas, cada centímetro de sua pele cor caramelo e seus lindos cachos que desciam até sua cintura, pintados de vermelho agora que a mulher Daiana D’Ávila finalmente realizou o sonho de tingir os fios. Estava linda e radiante.

Depois de se admirar um pouco mais, decidiu por fim terminar de se arrumar prendendo o cabelo em um coque desleixado e ao mesmo tempo charmoso, e vestindo um short preto de tecido levinho. Quando estava subindo a peça por suas coxas grossas, mexendo o quadril para agilizar, Pedro entrou no quarto, balançando as cortinas de miçanga e fazendo o barulhinho que anunciou sua presença.

— Pronto, eu já... Oooopa. Que delícia de curvas, senõrita. — ele disse encarando sem puderes o corpo de sua prima.

— Credo. — ela respondeu se virando para olhá-lo com sua melhor expressão de nojo, já que ambos se viam como irmãos. — Para de falar bosta, mané. O que tu ia dizer?

Pedro riu por receber a exata reação que esperava ao comentário, então sentou na cama e cruzou as pernas em estilo índio.

— Eu já coloquei as bebidas no isopor, nós só tem que comprar o gelo e partiu praia. — informou.

— Pegou teu protetor solar? — Daiana perguntou com uma sobrancelha arqueada.

— Eu só tenho que pegar meu protetor, a gente compra gelo e partiu praia. — Pedro se corrigiu dando uma risada sem graça e coçando a bochecha por entre os pelos da barba espessa.

Na verdade, Pedro não gostava tanto assim de usar barba, embora já estivesse bem mais acostumado e menos incomodado com ela. Assim ele se sentia mais bonito, pois seu rosto não parecia tão fino, o que era a única coisa que o desagradava em seu corpo agora que era o homem Pedro D’Ávila com músculos razoáveis depois de três longos anos de academia. Ainda não era sua visão de corpo ideal, porém estava no caminho e o adolescente magrelo e alto demais Pedro D’Ávila já se sentiria o máximo se soubesse que chegaria a esse pronto.

— Já peguei, tá na minha bolsa. São anos demais de convivência pra eu saber que tu só não esquece a cabeça porque tá grudada no pescoço. — Daiana sorriu debochada e pendurou a bolsa no ombro. — Bora?

Com “anos demais” Daiana queria dizer todos os anos, já que nasceram com apenas um mês de diferença: ela em 06 de abril e ele em 06 de maio do mesmo ano, e desde então vinham sendo criados praticamente juntos a maior parte do tempo na casa de sua avó, pois seus pais eram vizinhos e moravam em frente à casa dela. A senhorinha adorava crianças e não perdia uma chance de pôr os netinhos debaixo das asas, por isso todos eram muito apegados a ela, mas nenhum deles tanto quanto Pedro e Daiana que moravam tão perto.

Sem falar que frequentaram as mesmas escolas e compartilhavam quase os mesmos grupos de amigos, eram como unha e carne e se protegiam e amavam como se fossem irmãos.

— E tu não tá esquecendo de nada não, bonita? Cadê seu óculos? — Pedro devolveu o deboche e saltou da cama, seguindo a prima para fora do quarto.

— A) Eu coloquei do lado das chaves do carro já prevendo que eu ia esquecer e B) essa não é uma comparação justa já que eu esqueço porque só uso pra dirigir, ler e mexer no PC, já você esquece de tudo o tempo todo. — ela respondeu sem nem pensar muito.

Touché. — resmungou, revirando os olhos e rindo.

(...)

Quando os primos D’Ávila chegaram à praia era por volta das três e quarenta da tarde, assim como eles havia outros jovens chegando para a festa de Giana Lanza, que era popular demais da conta, desde o tempo de colégio aquela ruivinha cheia sardas que nunca parava de falar tinha o dom de conquistar as pessoas e fazer amigos aonde quer que fosse, por isso suas festas e “reuniõezinhas sociais” ficavam sempre cheias de gente.

— Oiiiiiiiii. — ela disse correndo para abraçar os dois assim que os viu ali, porém soltando rápido para não fazer Pedro segurar o isopor pesado por um tempo maior que o necessário. — Gente, parece que faz séculos que não vejo vocês! Inclusive eu até ofereceria ajuda, mas agora você tá com esses músculos todos, meu Pêzinho querido. Vem, vem, põe isso ali com os outros coolers. E depois eu quero que me contem tudo, tudo, tudo que aconteceu na vida de vocês.

De fato, os D’Ávilas não viam Giana desde a formatura no ensino médio três anos antes, pois ela como a sagitariana convicta que era inventou de fazer um “mochilão” pela Espanha com a cara e a coragem depois de se “libertar” das amarras do colégio, o que acabou se estendendo pelo restante da Europa e afastou a garota Lanza das terras tupiniquins por muito tempo. Aquela festa na praia organizada por ela era para comemorar seu retorno ao Brasil e reunir seus muitos grupos de amigos.

— Bom te ver, Gih. — Daiana murmurou com um sorriso largo, pensando que aquela maluca adorável não havia mudado nada. — Só que eu acho que tu deve ter umas coisas muito mais interessantes pra contar pra gente, afinal, você rodou o mundo, gatinha.

— Claro! E eu vou contar. Mas só mais tarde, quando a galera dos happy hours forem embora e os amigos amigos mesmo forem pra minha casa pra jogar conversa fora e tals. Assim não preciso repetir a história pra todo mundo que chegar. — Giana respondeu, fazendo ambos os primos precisarem prender a risada com o mesmo pensamento em mente.

“Giana Lanza evitando falar, essa é nova.”

A festa foi rolando e alguém chegou em uma pick up com um sistema de som potente, começou a tocar música alta e animada. Tinha muita gente, todos dançando e bebendo, revendo amigos e conhecendo gente nova.

Lá pelas cinco horas da tarde, Daiana estava rebolando ao som de Cool For The Summer com um copo de caipirinha pela metade na mão quando o mundo pareceu afundar em silêncio e tudo ficou em câmara lenta, pois atrasada para a festa estava chegando uma garota com um biquíni lindo preto e uma sainha curta e soltinha em um tom claro de azul, destacando bem suas curvas e combinando lindamente com sua pele branquinha e macia. Os olhos castanho claros ainda tinham um brilho que acompanhava o sorriso fácil, mas seu cabelo cor de noite que antes descia como uma cascata lisa até a cintura agora estava cortado bem curto e todo repicado, com um ar de caos intencional muito sexy.

Aquela era nada mais nada menos que Roberta Faria, que três anos antes havia sido só a garota mais popular e desejada do colégio. E os boatos de que adolescentes bonitos viravam adultos estranhos caíram por terra, pois agora parecia que sua beleza estava multiplicada por três e ela parecia sorrir com mais vontade ainda sem o aparelho que costumava usar.

— Cara, aquela é a Roberta? A mina do vôlei? — Pedro perguntou, puxando a prima de volta para a realidade onde a música gritava alto e todos dançavam agitados.

— Ela mesma. — Daiana respondeu sem desviar o olhar.

— Cara, eu achava que era impossível essa mina ficar mais gata, mas tava redondamente enganado. — comentou também encarando a garota que conversava distraída com Giana. — O cabelo curto deu um ar de mulher fatal pra ela.

— Né? Porra. Oxum que me perdoe, mas eu palmitava demais da conta. — a falsa ruiva confessou com um sorriso divertido.

— É dois. — Pedro ergueu a mão e recebeu um “toca aqui”.

Giana percebeu os D’Ávilas olhando e sorriu com malícia, sem saber como disfarçar seus pensamentos. Roberta percebeu, é claro, e virou em direção a eles, buscando o motivo daquele sorriso safado, fazendo com que os primos tentassem disfarçar do jeito mais ridículo possível, Daiana inclusive acabou derramando o resto de sua caipirinha em Pedro, que por sorte estava sem camisa para exibir o tanquinho.

Em alguns segundos Giana puxou Roberta pela mini-multidão de seus amigos dançantes e puxou assunto com a maior cara de pau como se a situação não fosse constrangedora. — Oiiiiii, amores. Pêzinho querido, Dai princesa, vocês lembram da Roberta? Ela era da galera do vôlei.

— É, eu lembro bem. Oi. — Pedro sorriu tentando jogar seu novo charme do homem Pedro D’Ávila.

— Você é o Pê? Pê D’Ávila? Cara, o tempo te fez muito bem. Da última vez que te vi de frente parecia que tava de lado. — Roberta arregalou os olhos, impressionada com a mudança.

Pedro diminuiu o sorriso meio constrangido, mas ciente de que era verdade. Agora era um cara magro e fortinho, no colégio era uma vareta.

Daiana sufocou uma risada em respeito e disse. — Oi, Roberta. Todo mundo lembra de você, só que a gente não se conhece de verdade. Nunca chegamos a conversar. Pelo menos cara a cara não, de vez em quando a gente papeava no grupo dos terceirões.

— Eu lembro de você também, Dai. Tu era super legal, eu ficava sempre tentando criar coragem de falar contigo na educação física conjunta das nossas turmas. E sempre amarelava. — ela respondeu corando e bagunçando ainda mais o cabelo repicado.

— O que?! Não brinca. — Daiana riu e sentiu o rosto esquentar, então torceu para não estar vermelha perceptivelmente.

— É sério. Você tá a fim de uma bebida? Vi que derrubou a sua. — Roberta se recompôs da vergonha e ofereceu com um sorriso tímido e charmoso.

— Eu eu eu ace-ceito. Quer dizer, eu aceito. Sim, claro. — a mulher D’Ávila tentava agir normal, mas estava se sentindo como a adolescente Daiana D’Ávila de novo.

Pedro ficou parado boquiaberto observando as duas saindo da aglomeração em direção aos isopores até ter a cintura rodeada por um dos braços de Giana, que disse.

— Relaxa, Pêzinho querido. A princesa e a Barbie motoqueira precisam bater um papo.

— O que quer dizer?

— Você não tem que saber, só confia em mim e fica aqui. Dança comigo.

— Tá bom. — Pedro deu de ombros e se afastou um passinho para dar espaço, então os dois começaram a dançar.

— A Roberta tá um arraso com aquele cabelo, né? Ainda bem que sempre chamei ela de minha Barbie, assim dá pra variar. Já chamei ela de Barbie vôlei, Barbie atleta, Barbie fitness, agora posso falar Barbie motoqueira e Barbie vet. Aliás, você sabia que ela tá fazendo veterinária hoje em dia? É a cara da Barbiezinha. Já deu uma olhada no storys no insta dela? Chove vídeos de doguinho todo dia. Mas me fala de você, Pêzinho querido. Quando foi que você ganhou esses músculos todos? É crossfit ou musculação? Seu corpo tá muito diferente da época do colégio. Não que você não fosse lindo, metade das hetera da galera tinham crush em ti, mas você mudou pra ainda melhor. Eu não conseguiria, principalmente porque rotina de qualquer coisa pra mim é um saco, de exercícios então... Eu sou magra de ruim mesmo, mas tenho até medo de fazer um check-up e ver o quanto a minha saúde tá fu...

Pedro tomou ar algumas vezes para responder, no entanto ele sabia que não havia volta quando Giana começava a falar. Naquele momento uma ideia surgiu em sua mente, como uma brincadeira, e como jovem bobo de 21 anos que era, ele fez sem se dar tempo para refletir que talvez fosse uma ideia idiota.

— Shiii. — murmurou colocando o indicador na boca Giana, em seguida usando a mesma mão para afastar uma mexa de cabelo ruivo para trás da orelha dela, e aproximou lentamente seus rostos.

Não durou mais que três segundos, mas pela primeira vez na vida Giana Lanza ficou sem qualquer reação e se calou de imediato. Então Pedro voltou a posição de antes e riu, mas não no tom de diversão que esperava rir, ele estava em choque, sem graça e subitamente tímido.

— Pê... O que foi isso? — ela perguntou confusa.

— Desculpa, você não tava deixando eu responder, aí eu brinquei... Tipo... Eu não sabia que você ia deixar. — ele respondeu coçando a bochecha por entre a barba, sorrindo de nervoso.

— Tu não queria que eu retribuísse então? — Giana concluiu parecendo decepcionada.

— Não! Não foi o que eu disse. — Pedro se encolheu um pouco. — Na verdade eu não pensei no que tava fazendo na hora, mas se você tivesse deixado ia ser, tipo, o máximo. Você... Você ia mesmo ou só ficou surpresa?

— Meio que... Os dois? — a ruiva colocou outra mexa de cabelo atrás da orelha e sorriu timidamente.

Não era seu sorriso típico, mas era bonito também. Pedro também não costumava sorrir assim, mas foi o exato mesmo sorriso que retribuiu.

Enquanto isso, alguns metros para a esquerda, estavam Daiana e Roberta escolhendo seus bebidas entre os montes de isopores disponíveis.

— E aí? Como estão as coisas depois do colégio? — Daiana perguntou depois de guardar de volta a garrafa da Fanta Uva que misturara com vodca.

— Muito legais. Eu tirei um ano pra decidir o que queria fazer na faculdade, mas pra não ficar parada arrumei um emprego de caixa num mercado. Eu não sabia que fora do horário de pico as pessoas puxavam tanto papo com caixas, conheci muita gente bacana daquele bairro. — Roberta respondeu animada, se balançando com uma versão forró de Heart Atack que estava tocando. — Enfim... Agora to cursando vet, começo o quinto semestre mês que vem.

Vet? Que legal. Eu não teria coragem, mas é uma profissão linda. — a falsa ruiva disse com admiração.

— É, tem que se ter um grande preparo psicológico pra lidar com bichinhos dodóis. Mas e você? O que conta do pós-colégio?

— Eu não tirei esse tempo, entrei direto pra fazer nutri. Fui fascinada pelo assunto desde os 15, então foi uma escolha bem fácil. Fiz uns Jobs aqui e ali com minha mãe, descobri como é bom fazer acompanhamento psicológico, adotei um doguinho chamado Jon Jon e saí do armário finalmente.

— Ai que massa. Eu também. Como foi pra você?

Daiana tomou um gole relativamente longo para disfarçar a surpresa e felicidade com a confirmação de que Roberta era do meio.

— Bom... Eu meio que saí do armário só pra mim porque pra todo mundo que eu contei foi tipo “Arram, tu gosta de mulher e o céu é azul. Mais óbvio que isso só se falar que Camren foi real”.

Roberta riu e bebeu um gole de sua catuaba antes de responder. — Ai, mana, que inveja. Eu tive até que cortar meu cabelo pra ver se dava um pouco de passabilidade bi. Mas tudo bem, cabelo curto combina com o visual agora que eu sou uma motoqueira fodona.

— Arrasou.

As duas conversaram ali por mais algum tempo, mas sempre tinha alguém vindo pegar bebidas e paravam para conversar com uma delas ou com ambas e acabava ficando impossível manter a continuidade do assuntos, então elas decidiram voltar para o meio da massa e dançar mais, bater papo com todos e se divertir.

Quando começou a escurecer as pessoas foram indo embora, seria perigoso ficar por ali a noite. Como Giana era muito gente fina, todo mundo fez questão de ajudar a arrumar o que havia para arrumar para não deixarem a praia suja antes de sair.

No fim só restaram Daiana, Pedro, Roberta e mais quatro amigos de Giana que não eram do mesmo colégio que eles: Lipe linduxo, Madú bebezinha, Unicórnio Verde e Carla minha musa. Todos foram para a casa de Giana, cujos pais estavam no interior visitando parentes, então os jovens estavam livres para beber, rir alto e zoar a vontade. Mas é claro que antes todos tomaram banho para não ficassem se coçando cheios de areia pelo corpo.

Já devidamente limpos e com roupas mais confortáveis, o grupo se reuniu no chão da sala com várias almofadas e algumas garrafas de bebida. Conversa vai, conversa vem, álcool para dentro, inibição se esvaindo e alguém teve a talvez não muito brilhante ideia de brincarem de verdade ou desafio. É claro, por que não?

Depois de algumas rodadas calhou da garrafa escolher Roberta para ser perguntada ou desafia por Giana.

— Verdade ou desafio? — a rodinha disse em coro.

— Verdade. — respondeu Roberta e, embora tivesse bebido bastante, sua fala ainda era clara e compreensível.

Giana sorriu com malícia, de fato ela não sabia disfarçar suas intenções. — Você tinha ou não tinha um crush na Dai princesa no colégio.

— Ooooo pergunta besta. Claro que tinha. — ela afirmou sem nem hesitar, talvez pelo álcool talvez por ser aberta mesmo.

— É verdade ou desafio, não piada ou desafio, miga. — Daiana murmurou, sentindo o coração martelar o peito.

— Eu to falando sério, Dai. Lembra que eu disse que ficava tentando criar coragem pra falar contigo na educação física? — perguntou se referindo a conversa de mais cedo. — Não era só isso, eu também torcia pra você vir jogar com a gente e tirar a camisa pra não suar na farda, mas isso nunca rolava, eu tinha que me contentar com você levantando a barra da camisa pra limpar os óculos de quando em vez.

— Não brinca! Eu ficava super te secando quando tu jogava vôlei.

— Ai se eu soubesse que você tinha crush em mim também... Nem guindaste, gata. Tive que controlar a minha adolescente interior hoje quando te vi ali só de biquíni. Minha eu de 17 anos deu um surtada, mas passa bem. — riu.

— Não sei como tu não sabia. Eu me acho mo lerda de ter me descoberto bi só na facul, do jeito que eu te olhava era muito óbvio. A Minha Daiana de 17 anos interior é que tá surtando agora. — riu também.

— Gira a garrafa, minha Barbiezinha motoqueira. — Giana mandou sabendo que, ou ao menos torcendo para, todos ali estavam com a mesma coisa em mente.

Roberta obedeceu e cada volta que a garrafa dava no chão era um aumento na tensão da expectativa, então ela ficou lenta e, como se soubesse o que os jovens queriam, se esforçou para ir mais três centímetros e fazer de Daiana a perguntada.

— Verdade ou desafio? — os sete disseram ao mesmo tempo.

— Desafio. — ela respondeu com o coração a mil.

Não que importasse muito já que qualquer um na roda faria o mesmo desafio, mas foi Felipe o sortudo a dizer. — Eu desafio você a beijar a Barbie.

— Mandou bem, Lipe Linduxo. Mas só pra ficar claro, eu sou a única pessoa que pode chamar a Barbie de Barbie. — disse Giana com um sorriso de orelha a orelha. — Dito isso, agora tá na hora do corinho e eu quero vocês bem afinadinhos comigo. Beija, beija, beija...

Obviamente Daiana queria aquele beijo, mas ter que fazer isso na frente de todos fez com que seu rosto corasse ao ponto de ser perceptível em sua pele negra.

Roberta sorriu esbanjando todo seu charme de motoqueira fodona e, disfarçando que também estava com vergonha, disse. — Foi desafiada, mocinha. Esse é um jogo com regras.

A garota D’Ávila suspirou e jogou o cabelo para trás, se dando tempo para se livrar da súbita timidez e voltar a ser a mulher D’Ávila que tanto amava ser. Durou apenas dois segundos, mas foi o suficiente e logo ela avançou o espaço que as separava, por fim unindo seus lábios e aliviando um pouco da tensão sexual que pairava sobre elas desde que beberam o primeiro drink juntas horas antes.

Os outros seis jovens começaram a gritar, aplaudir e incentivar, mas nem Daiana nem Roberta estavam ouvindo, a adrenalina daquele beijo fez com que o resto ao redor se apagasse e perdesse por completo a importância.

Com o tempo a baderna foi diminuindo e o beijo foi esquentando, conforme as mãos de uma foram tomando liberdade para mergulhar no cabelo ou apertar a cintura da outra e suas línguas ganhavam intimidade, a situação para quem assistia começava a ficar constrangedora.

Carla bocejou muito alto de propósito, quebrando a bolha de Daiana e Roberta, e então disse. — Nossa, bateu um sono agora. Também, tá tarde. Melhor a gente se recolher porque se a gente continuar bebendo, alguém vai acabar dando pt.

— Verdade. Você sempre sendo musa, né? — Gaiana não deu chance para mais ninguém responder, levantou e começou a puxar todo mundo. — Vem, gente, vou mostrar onde todo mundo vai dormir. Tem bastante quarto por aqui porque a casa era dos meus avós e eles tiveram um monte de filhos, depois foram se mudando tudo e minha vó quis voltar pra cidade dela lá no Maranhão e meu vô concordou. Eles mora lá agora criando galinha. Meu pai ficou cuidando da casa e fez umas reformas tops, deu até uma briga depois dos meus tios querendo a casa, meu vô mandou um vídeo puto no whats dizendo que se queriam a casa deviam ter investido nela, porque depois de pronta era muito fácil querer frescar. Enfim, Lipe Linduxo e Unicórnio Verde, vocês ficam nesse quarto aqui, Madú meu bebê e Carla minha musa ficam bem aqui na frente. Meu Pêzinho querido vai dormir comigo, espero que não se importe. Por último tem esse quarto aqui, vocês vão ficar super confortáveis juntas. Boa noite, Barbiezinha linda. Boa noite, Dai princesa. — sem hesitar empurrou as duas para dentro do cômodo e fechou a porta.

— Cara... Se tem uma coisa que Giana Lanza não sabe fazer é ser discreta. — Roberta comentou, soltando uma gargalhada.

— É, com certeza. — Daiana concordou rindo também.

E esse riso se estendeu por alguns segundos, findando com ambas dizendo “ai ai”. Então elas se olharam ainda com traços de diversão no rosto, mas assim que seus olhos se cruzaram, o clima mudou e até o ar envolta parecia estar eletrificado com a energia luxuriosa que crescia entre elas. Não demorou mais que alguns segundos para voltarem a se beijar com ainda mais desejo que antes, já que estavam livres dos voyeurs da sala. Logo os pijamas estavam no chão e os corpos quentes e cheios de álcool, na cama.

No colégio Daiana e Roberta haviam perdido a oportunidade de ficar juntas por medo de expressar o que sentiam uma pela outra. De forma alguma desperdiçariam a segunda chance.


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