Helena & Hera escrita por Beykatze


Capítulo 2
O Olimpo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥
Escrito com muito carinho :D
Boa leitura



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Helena levantou do chão úmido secando as lágrimas que manchavam seu rosto. O coração doendo pela perda e pela raiva que sentia de Eros. O maldito devia ser o Deus do amor, mas para a garota só trazia desgraça e sofrimento.

Agora, restava a ela saber em quem ele atirara a flecha correspondente. Por quem Helena devia se apaixonar perdidamente? Ainda suspeitava que fosse algo esdrúxulo como um animal, mas isso não seria tão cruel. Nem se importava de casar com uma pedra cinzenta e com musgo e carregá-la para todos os cantos consigo, se isso apaziguasse os sentimentos furiosos do Deus.,

Entretanto pelo brilho malicioso que ele carregava no olhar quando desapareceu, Helena soube que era algo ainda pior.

Mas não deixaria barato. Ah, não. Sorrindo de orelha a orelha com uma ideia audaciosa se formando, Helena juntou suas coisas e saiu da mata, planejando já seu contra-ataque e até mesmo esquecendo que estava com fome.

***

A garota caminhou pelo sol quente e pela brisa leve, saltou por rochas limosas e pontiagudas e por rios que corriam sobre seus pés, sempre buscando a criatura por quem se apaixonaria à mando das flechas de Eros.Com

 um plano bem formado em mente, só conseguia pensar em executá-lo, tentando ignorar o medo que sentia dos Deuses não acreditarem nela e a expulsarem do Olimpo, ou pior, ainda castigá-la por subir lá.

Tremendo nervosamente, parou no topo de uma colina sentindo os ventos fortes batendo em seu rosto e jogando seu cabelo trançado para os lados e gritou:

— ZEUS! - Tomou coragem mais uma vez - DEUS DOS CÉUS!

Aguardou sem receber resposta. Chamaria por todos os deuses que pudessem ouvi-la dali de cima.

— ÉOLO! – Sentiu sua voz tremer – PRECISO DE AJUDA!

Não ouviu resposta além do som dos ventos ensurdecendo seus ouvidos. Mas achou melhor insistir nele, que era um Deus menor e as chances de dar atenção a ela eram maiores por consequência.

— ÉOLO! – Gritou mais uma vez para o vazio em sua frente – PRECISO DE SUA AJUDA!

— Todos precisam – Ouviu a voz ao seu lado e se virou assustada, sem ver ninguém.

— EU ESTOU SENDO INJUSTIÇADA – Berrou por cima do som da ventania, sua garganta doendo com a altura que precisara alcançar.

— Todos estão – A voz era suave e parecia vir do seu lado, mas, mais uma vez, estava sozinha.

— PRECISO DE CARONA PARA O OLIMPO – Pediu, recebendo uma risada estrondosa do Deus dos ventos e, de repente, a ventania sessou e em sua frente, trajando um chiton leve e com um cinto dourado no formato de um sopro, um homem forte apareceu – Éolo – Constatou recebendo um aceno positivo da cabeça do Deus em sua frente.

— Diga-me, criança – Convidou com um riso debochado – Conseguiu minha atenção.

— Éolo, Eros está me castigando – Contou séria, tentando não expressar emoções, as quais sentia muitas e as mesmas ameaçavam tomar o controle sobre ela – Sem razão.

— Parabéns, acaba de descobrir os Deuses Gregos – Bateu palmas se aproximando da mulher – Mas não tenho nada a ver com isso.

— Eu só queria pedir uma carona para o Olimpo – Engoliu o choro que quis vir à tona com o descaso do outro – Me lance com uma ventania e me largue na porta dos Deuses.

— E porque eu faria isso? – Indagou orgulhoso.

— E porque você parou para me ouvir? – Retrucou surpreendendo até a si mesma. Porque ele parara para ouvi-la? Helena achava aquilo maluco, inclusive sua ideia. Seu plano era gritar pelos deuses na colina até que algum deles respondesse seu chamado, e, por sorte, Éolo estava desocupado.

— Você gritou para os meus ventos, achou que eu não ouviria?

— Achei que me escutaria, mas porque veio até aqui? – Questionou – Se não tem interesse em me ajudar, porque perdeu seu tempo?

— Tive curiosidade em você – Admitiu dando de ombros – Uma criatura mortal tão sem graça, mas que consegue tanto tempo de Eros... Pobre rapaz, enlouquecido de amor.

— Mas aquilo não foi minha culpa – Helena se justificou – Eu estava apenas caçando.

— Eu sei, criança – Riu – E Eros também. Mas ele precisa de alguém para culpar além dele mesmo.

— Porque ele se culparia? – Perguntou tentando esconder a tristeza.

— Porque a ninfa fugia dele quando você a acertou – Contou, deixando Helena sem reação. Ela não sabia daquilo, achava que a ninfa tinha ido proteger o animal que ela caçava, não que estava fugindo das tentativas de Eros.

— Então você precisa me ajudar – Pediu com ainda mais certeza de sua inocência – Por favor, Éolo, me leve até o Olimpo.

— Eu não tomo partido nessa história – Falou balançando as mãos para manter a garota afastada – Eu não ajudo nenhum dos dois.

— Eu só preciso de uma ventania – Implorou com certa raiva na voz.

— E o que fará quando chegar aos Deuses? – Riu dela – Todos eles castigam por prazer, acha que irão sentir pena de você?

— Não acho – Respondeu – Mas creio que posso pedir proteção contra as artimanhas de Eros, e isso, para mim, já será o suficiente para uma vida tranquila.

— Ele realmente a incomoda, não é mesmo? – Sorriu tristemente girando os dedos e formando um redemoinho que levantava os galhos caídos e as folhas secas – Tem sorte que hoje estou alegre e me sinto empático pelo seu sofrimento mundano e bobo.

— Obrigada – Agradeceu antes que o vento a apanhasse e carregasse velozmente pelos céus. Apavorada e com medo de cair, Helena tentava manter os olhos fechados. Infelizmente, perdia a visão privilegiada da floresta lá de cima, dos seus rios, plantas e animais e como tudo parecia ter uma cor mais vibrante vista do céu.

Entretanto, estava trêmula, apenas imaginando quando Éolo esqueceria dela ou se cansaria e a deixaria cair lá de cima para o chão e morrer espatifada contra alguma rocha comum. Para seu alivio, isso não aconteceu e, quando se deu por conta, estava deitada em uma superfície fria e sem redemoinhos ao seu redor.

Abriu os olhos azuis, piscando seus grandes cílios algumas vezes sem acreditar onde estava. Em sua frente um palácio gigante, feito do mais puro e belo mármore, se erguia imponente. As colunas poderosas a fizeram estremecer e não soube como pedir para entrar ou para conversar com algum deles.

Não podia bater duas vezes na pesada porta branca e pedir “Com licença, o sr. Zeus está?”. Riu de seu pensamento estúpido.

— Oi? – Ouviu uma voz doce em suas costas e se virou, as pernas bambas com a expectativa e o medo, as mãos suando agarradas no vestido surrado.

— Oi – Cumprimentou. Estava olhando para a mulher mais bonita que já vira em toda sua vida: os cabelos castanhos longos e ondulados presos com uma coroa fina de ouro, os olhos estreitos, castanhos e bondosos, a boca bem desenhada levemente avermelhada, a pele que parecia feita de mármore como as paredes do palácio, o chiton branco preso com um cinto dourado com um desenho de ramos e um colar grosso de ouro envolvendo o pescoço alvo.

— Pois não? – Indagou mais uma vez a mulher, esperando a estranha à porta do Olimpo que se identificasse. Buscando a voz que fugira diante da beleza da mulher, Helena balbuciou:

— Oi. Eu me chamo Helena, estou buscando o Olimpo.

— Acaba de o encontrar – Falou apontando o dedo ornado com joias para as portas gigantes e brancas.

— Ah, sim – Sentiu o rubor tomando conta das bochechas cheias – Eu não sabia se devia entrar ou... Esperar.

— Alguém sabe que você vem? – Perguntou.

— Acho que não...

— Então não tem porque esperar – Riu estendendo o braço para que Helena o pegasse e, juntas, entraram no palácio de mármore.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado
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