Assim que Eduardo e Ágata tomaram café e todos da casa se aprontaram, Cristina, Douglas, Ágata, Eduardo, Lise, Paulo e Tia Marta saíram para o ensaio de dança.

O estúdio que estava ajudando o casamento, ficava no centro da cidade e, assim que encontraram, entraram rapidamente para começar a ensaiar a música.

O espaço era amplo, com o chão liso e bem limpo uma parede era coberta com espelhos. 

— Bom dia – A professora, uma mulher alta, gorda e com cabelos presos em um coque, cumprimentou a família com bom humor – Hoje então vamos ensaiar a dança dos noivos e a dança com as madrinhas. Meu nome é Rose e vamos nos conhecendo melhor durante a aula.

Animadamente, a dançarina, que vestia uma calça leging e um top com uma blusa solta por cima, ligou o som e, cheia de malemolência, começou a ensinar os movimentos que eles teriam que executar.

— Impressionante – Eduardo sussurrou para Ágata. E era. Era demais, a forma como a professora movia o corpo com o ritmo da música, que parecia controlar seu corpo, era simplesmente impressionante.

— Espero que dê pra fazer pesando cem quilos a menos – Douglas comentou com a noiva recebendo um olhar atravessado dela.

— O que? – Ágata indagou alto, assustando Rose – Disse alguma coisa, Douglas?

— Não, nada – Respondeu sem olhar para a garota, que fuzilava aquele cabelinho ridículo com os olhos. A professora terminou os movimentos e chamou todos para ocupar seus espaços, ignorado a interrupção de Ágata.

— Agora é a vez de vocês. Lembrem-se – Chamou a atenção deles recapitulando rapidamente os passos – Podem ir – Sorriu.

Cristina segurou a mão de Douglas e os dois iniciaram, logo ao lado Ágata e Eduardo dançavam juntos e, ao lado deles, Lise e Paulo faziam sua parte. Tia Marta ficou ao lado de Rose, dando pitacos nos passos dos alunos.

— Que manhã – Eduardo comentou se movendo desengonçadamente.

— E vai ser um final de semana e tanto – Comentou dançando como o rapaz: sem jeito.

— Já tem em mente o que quer fazer com o nosso “problema”? – Indagou segurando um riso.

— Ah, sabe – Deu de ombros – O normal. Já vi SOS Mulheres ao mar, Mulheres ao ataque, O melhor amigo da noiva, etc. Tenho várias ideias.

— Ai, Ágata – Eduardo fez uma expressão triste – Vai precisar me atualizar, porque acho que não vi nada disso.

A garota congelou no meio da dança, fazendo ele tropeçar.

— Você não gosta de comédias românticas? – Perguntou genuinamente preocupada.

— É claro que gosto, você acha que eu sou o que? Um monstro? – Falou reestabelecendo o ritmo próprio com o qual bailavam.

— Que susto.

— Eu só não vi esses ainda – Concluiu – Podemos ver juntos e bolamos nossas ideias malignas.

— Assim sim – Riu do comentário dele.

— Amigos – Rose chamou parada ao lado deles – Sua dancinha está linda, de fato. Mas não é nada como eu ensinei.

— Que desastre – Ágata constatou e os dois desandaram a rir.

— Mas não se preocupe, isso é de fácil conserto – Remediou – Com licença – Pediu pegando a mão de Eduardo e ensinando os movimentos com ele. Os corpos colados deram certo ciúmes em Ágata, que se repreendeu internamente. Eram só amigos. Não podia sentir aquelas bobagens.

— Agora acho que entendi – Eduardo falou rindo quando ela soltou sua mão.

— Muito bem. Agora você vem aqui – Pegou Ágata e dançou com ela, mostrando o que ela devia fazer e o que Eduardo devia estar fazendo.

— Realmente é bem diferente de como a gente estava se mexendo – Riu da situação.

— Não se preocupem, logo vocês aprendem. Olhem só como está o noivo... 

Os dois olharam e viram que Douglas estava ainda mais atrapalhado que eles. Ágata quase teve pena, mas apenas sentiu satisfação imaginando a humilhação que seria fazer aquilo na frente de todos os convidados do casamento. Casamento esse que não aconteceria pois ela o faria desistir antes.

— Vamos dançar mais perto deles – Ágata pediu assim que Rose se afastou para ajudar Lise e Paulo – Tenho uma ideia.

— Eu acho que vou gostar dessa ideia – Eduardo sorriu de forma cumplice, aproximando sua dança da outra dupla.

Rose ia de um lado para o outro corrigindo passos e movimentos errôneos. Ágata só conseguiu pensar “coitada, pegou uma família com dois pés esquerdos”.

— E ai, Cris – Eduardo falou – Como está a valsinha ai?

— Meio complicada – Comentou indicando o noivo com a cabeça, fazendo Douglas rir, mas com certa raiva no olhar.

— Prima, esqueci de perguntar – Ágata fez uma cara de boba – Qual xampu você usa para deixar o cabelo tão macio? Porque o meu anda uma palha só...

— Que nada, seu cabelo está lindo – Sorriu para o elogio – Eu uso um da minha marca mesmo. É o para cabelos loiros, mas se quiser posso ver se trouxe algo para cabelos ondulados.

— Obrigada – Sorriu de volta. Na mesma hora, Douglas tropeçou por cima de Cristina, levando a noiva ao chão com um estrondo e gemidos – CRIS!

Ágata juntou a prima do chão, deixando que Paulo ajudasse Douglas. 

— Está bem? – Perguntou Lise para a prima – Não se machucou?

— Eu estou bem – Cristina sorriu – Ele só caiu por cima de mim.

Douglas levantou batendo as roupas e beijou a testa da noiva.

— Desculpa amor, eu tropecei no... – Olhou para Eduardo – Nosso amigo, Edu.

Eduardo sorriu para o homem e a professora buscou novamente as atenções para a dança.

— Vamos continuar? Ainda temos toda a manhã para aprender essa música e sair daqui craques da dança.

Com os ânimos um pouco exaltados, todos retornaram para seus passinhos.

***

— Não acredito que você derrubou ele – Ágata falou rindo no mercado.

— Achei que era isso que você queria fazer – Se defendeu também em gargalhadas.

— Meu deus, ele parecia uma jaca podre caindo – Comentou buscando uma mercadoria nas prateleiras atrolhadas de objetos.

— Era igualzinho – Riu também – E o que a senhorita está fazendo e planejando nessa mente diabólica?

— Nada demais... Só vamos deixar ele calvo – Deu de ombros levando o creme depilatório até o caixa.