— Por quê você me trata como um estranho? – Jongin perguntou, enquanto batia na porta – Eu sou aquele que você disse que não abandonaria – as batidas não paravam.

          Do outro lado, Krystal ouvia uma música no volume mais alto, já havia recebido uma ligação do porteiro, mas ela não ligava no momento para os vizinhos, somente para as batidas na porta ou seu coração partido pela centésima vez. Trancada no quarto apenas fazia uma mala às pressas, colocando as primeiras peças de roupas que via, jogando alguns pares de sapatos que encontrou, e parando apenas para chamar sua irmã. Jessica nunca a abandonaria, seus amigos também não a deixariam de lado, mas agora precisava um pouco do abraço e do calor que a irmã transmitia, sem nenhum julgamento.

Respirou fundo algumas vezes, antes de abrir a porta do quarto, Jongin não estava mais ali, mas ainda estava na casa, ela andou pelo corredor em direção a sala, e não foi surpresa quando o viu, que no mesmo momento ele levantou.

— Me diga, eu sou um estranho pra você? – parou em sua frente, ele chorava, mas aquilo não a tocava de modo algum, seguiu apenas desviando – Quantos dias vai passar fora? – ele quis saber, vendo que ela não deu atenção.

           Jongin sempre fora assim, chorava em um instante e seu coração se quebrava, ela voltava, e no segundo seguinte ele era o mesmo, como um maldito cínico que brincava com seus sentimentos, porém dessa vez Krystal não olhou para trás, apenas abriu a porta e seguiu. Jongin ficou ali parado na sala, com a certeza que ela voltaria, mas ele não poderia estar mais errado.

Xxx 

         Chegando na porta de casa Jongin ficou surpreso quando ouviu barulhos antes de entrar no apartamento, ele achou por alguns segundos antes de abrir a porta, que Krystal havia voltado.

—Você demorou dessa vez. – disse ao abrir a porta e ficou estático na entrada, quando viu Grace e Sungcheol arrumando umas caixas, nem mesmo dirigiram o olhar a ele – Onde ela está? – ele se achou no direito de saber.
           – Seja menos idiota Jongin, finalmente ela se livrou de você – Grace disse, com um sorriso alegre e debochado.
Ele entrou no quarto deixando os dois ali na sala, e no guarda-roupa não havia mais nada dela. Ficou sentado na cama, pensando no que havia acontecido, ela não poderia não voltar, ela sempre voltava.

Xxx

         Krystal não poderia se sentir melhor, depois de duas semanas longe ela pôde ver melhor, os anos que esteve presa em algo fadado ao fracasso, o quanto Jongin a manipulava, mas era seu primeiro amor e ela quis ir mais além, ela sempre acreditou nele. 
         Depois de mais uma semana ela resolveu escrever uma carta, ele merecia estar consciente de tudo e parar de incomodá-la com ligações e mensagens.

De: Krystal
Para: Jongin

Nini, você tem estado bem?
Eu espero que sim, você sempre se virou tão bem sem mim, agora não deveria ser diferente.
Você lembra de todas as vezes em que fez eu me sentir culpada? Todas as vezes que eu assumia seus erros, todas as vezes que me magoou? Eu espero que tenha lembrado de todas as elas, e saiba que agora não tem mais volta.
Agora você é apenas alguém que eu costumava conhecer.


Xxx

          Um mês depois dela ter ido embora, Jongin ainda tentava entender, em um dia ao voltar do trabalho encontrou uma carta colada na porta do seu apartamento, não hesitou em pegar quando reconheceu a caligrafia.  

— Alguém que eu costumava conhecer – repetia aquilo em voz alta pela milésima vez, com a certeza de que a estranha havia se tornado Krystal, ela não precisava ter agido daquela forma tão estúpida, até mesmo pediu para os amigos ir pegar as coisas dela. Quando tentou ligar, após receber a carta, descobriu que o número não era mais o mesmo, ela quem havia se tornado a estranha no final de tudo, e agora ele sabia que era o final.

Xxx

— Krystal, qual o destino? – Jessica perguntou, já com as malas prontas.

— Você pode escolher dessa vez, Grace disse que não vai poder ir agora, mas Sungcheol está ansioso por isso – ela sorriu, se sentindo tão livre após um ano, sabendo que agora ela se reconhecia.