Anne With an escrita por Donna K2O


Capítulo 2
O Plano


Notas iniciais do capítulo

Se você leu o capítulo 1 antes do dia 10/02/2020 peço que re-leia. Não se preocupe, o começo está exatamente igual até o primeiro corte "====". Caso tenha o lido a partir o dia 10/02/2020, ele já está correto.

Agradeço desde já.

E obrigada pelos comentários atBox Ghost e RebelQueen.



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Jerry, que levava um carrinho de mão com qualquer coisa dentro pela fazenda, avistou o homem na frente da casa dos Cuthbert, ainda no portão, pois parecia ter vergonha ou elegância demais para bater palmas e chamar alguém. Foi se aproximando devagar, até que o homem o avistou.

— Garoto! Pode vir aqui um minuto? – Jerry se aproximou com desconfiança. – Pode me confirmar se essa é a casa onde moram os irmãos Cuthbert?

— Sim é essa. Quer que eu vá chamar o Sr. Cuthbert? – Disse Jerry já se virando para sair correndo chamar Matthew, sem dar tempo para uma resposta - Sr. Cuthbert! Srta. Cuthbert? – Chamava o menino correndo, conseguindo chamar a atenção dos irmãos que se encontravam na cozinha.

— Céus! Que houve Jerry? – Indagou Marilla.

— Tem um homem no portão querendo falar com vocês. – Após o episódeo da febre do ouro, Marilla havia decretado que nenhum estranho poderia entrar portão adentro sem a permissão dela ou de Matthew. Os irmãos foram atender o homem na cerca, com certo receio já que quando uma pessoa tão bem apessoada como aquela procurava gente humilde, geralmente era algo ruim. Os dois se olharam por um momento enquanto caminhavam até o portão, pensando se tinham pagado os impostos em dia, se deviam algo a alguém, enfim, qualquer coisa que pudesse trazer problemas junto a um homem engravatado. Não pensaram em nada, e então um irmão olhou para o outro, para ver se este havia feito algo, mas como seus olhos não delataram nada voltaram-se para o homem, somente ele poderia esclarecer o que queria ali.

— Olá, eu sou Marilla e este é Matthew Cuthbert. Em que podemos ajudar?

— Olá, eu sou Daniel Lerg. Gostaria e falar sobre Anne Shirley-Cuthbert.

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Na cozinha dos Cuthbert

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Sr. Lerg sentou-se desconfortavelmente à mesa. Ele olhava para os cantos de forma inquieta, o que acabou por irritar Marilla.

— Diga-me, que houve com Anne? – Estremeceu ao pensar na possível resposta. Pensava em diversas possibilidades, e se preparava para reagir a cada uma delas. “Anne incendiou o pensionato!”, “Anne foi expulsa da faculdade antes mesmo de entrar por comportamento inadequado!”, “Anne fez uma travessura que acabou por enfartar a dona do pensionato!”, “Anne foi presa por quebrar uma lei, que segundo ela, estava incorreta, mal escrita, mal sinalizada, ou incompreensível".

— Há algo errado? – Disse Matthew preocupado, que assim como Marilla pensava nas diversas coisas que poderiam estar passando, mas diferente de Marilla não pensava em algo que “Anne teria feito”, mas algo que poderiam ter feito “Com Anne”. Sabia o quanto ela era sensível, e sonhadora. E se haviam feito algo com ela! Não podia mais defendê-la nem Marilla, estava por sua conta e risco em Charlottetown.

— Não, está tudo bem com Anne. – O homem finalmente falou, claramente tranquilizando os Cuthbert. – Muito pelo contrário, eu venho aqui por parte da diretoria da faculdade de Queen’s com ótimas notícias. Vimos às notas de Anne e ficamos realmente muito impressionados com o potencial dela! Ela passou em primeiro lugar aqui em Avonlea, e em comparação as notas dos novos alunos da Queen’s ela ficou em destaque, como um dos melhores.

Matthew e Marilla se entreolharam com um sorriso no rosto, felizes pela notícia.

— Bom... - Continuou Sr. Lerg. – Soubemos que Anne tem uma história peculiar, digamos assim, diferente das outras meninas.

— Com certeza nossa Anne é peculiar. – Disse timidamente Matthew, lembrando encantado dos momentos com a pequena Anne.

— Nossa ideia é fazer um artigo sobre os alunos com histórias distintas, para usar como propaganda da faculdade. A história da Anne em particular, gostaríamos de usar como inspiração para as alunas de cidades pequenas. Ficariam espantados se eu contasse quantas cidades pequenas, ainda reprimem seus jovens a irem para a faculdade, tanto meninas como meninos. Acreditando que seus jovens devem ficar e ajudar no trabalho pesado das fazendas.

— Será uma honra para Anne! Já foi falado com ela sobre o assunto? – Questionou Marilla.

— De forma alguma! Por respeito a vocês e aos sentimentos de Anne. Após seus consentimentos de usarmos a história dela, comunicarei Anne. Jamais gostaríamos de encher a menina de expectativas, e depois esmagarmos essa felicidade.

Os irmãos se olharam sorridentes, completamente orgulhosos de sua menina.

— Por nós está tudo bem! – Disse Marilla. – O que precisa saber sobre a Anne?

— Bem, comecemos do começo! Contem-me tudo o que puderem sobre ela, como se conheceram, como a escolheram como filha, curiosidades sobre ela, e acontecimentos. O que for, tudo que possa ajudar na composição do artigo. Para formar a propaganda, preciso entender a essência da Anne.

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Na casa de Muriel.

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Srta. Stacy estava saindo de casa quando deu de cara com Sra. Lynde.

— Sra. Lynde! Em que posso ajudar? – Como se já não fosse costumeiro ter Rachel Lynde metida nos assuntos de todos em Avonlea.

— Vi você fazendo o percurso para a casa de Sebastian seguidas vezes essa semana!

— E o que tem? – Disse já a caminho, fazendo Rachel segui-la.

— Bom, as más línguas dizem por aí que você está... Digamos... Se “Amigando” com Sebastian. E como boa amiga que sou, vim alertá-la. – Mentiu a fofoqueira, querendo arrancar mais uma boa fatia da fofoca já inventada por ela, para acrescentar aos fuxicos.

— Agradeço sua preocupação Sra. Lynde, a senhora é realmente um anjo de bondade! – Debochou com um sorriso que carregava consigo sempre.

—Ora essa, uma mulher solteira...

— Viúva – Corrigiu.

— Viúva, como quiser! – Revirou os olhos. – Tão... Como eu posso dizer... Com tanta... “Presença” como você, é notada quando começa a se aproximar de alguém. Ainda mais um homem... Bom...

— Negro?

— Bem, sim. Com uma filha, solteiro!

— Viúvo! – Corrigiu novamente.

— Ora essa! – Se irritou ela. Vendo o total desinteresse da professora, que andava olhando para o topo das árvores com um largo sorriso, ignorando completamente a conversa das duas. Se é que aquilo poderia ser chamada de conversa. - Estou apenas preocupada com você, com Bash... E a menina naturalmente.

— Minha afilhada, por sinal! – Seu sorriso foi aparentemente acompanhado por um brilho nos olhos.

— Afilhada? Santo Deus! – Sra. Lynde que não estava preparada para tal informação. Parou no meio do caminho para murmurar alguma coisa, mas Muriel nem reparou e continuou andando distraidamente. Deixando Sra. Linde para trás, tendo que correr atrás dela para alcança-la, mas não antes de perder o fôlego e parar para descansar apoiada em um tronco.

— Me espere! – Gritou ela. – Essa mulher!

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Uma semana depois...

 

No pensionato de Charlottetown

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Anne estava ansiosa pelas próximas semanas, a faculdade começaria em três dias! Já havia revisado as regras e matérias que teria diversas vezes. Pegara alguns livros da biblioteca municipal para estudar, estava ansiosa para aprender, e queria se antecipar nos assuntos para se sair bem. Estava felizmente lendo os livros no pátio do pensionato, no banco de madeira abaixo de uma grande árvore onde haviam lhe entregado o livro de sua mãe. Devorando cada página com uma sede insaciável. O vento que soprava nas árvores parecia acariciar seus cabelos enquanto estudava. Certo manto de vento soprou de repente fazendo os galhos das árvores balançarem. Levantou seus olhos dos livros e os fechou, deixando-se sentir esse vento.  Era como se a Rainha da Neve estivesse mandando beijos para Anne, enviando um pouco de saudade de Green Gables para ela. Os beijos de Matthew e Marilla em suas pálidas bochechas, o cheiro do campo recém-molhado pela chuva, e o ar de Avonlea. “Que saudades!” pensou. Viu que Diana vinha trazendo algo consigo, em direção a Anne.

— Ho! Olá Diana.

— Chegou uma carta para você. – Disse a amiga sentando-se ao lado de Anne. Os olhos de Anne brilharam, mas antes que alguma pergunta saísse de sua boca Diana leu seus pensamentos e lhe respondeu. – Não é de Gilbert, é do Matthew.

— Deixe-me ver! – Disse ela, que embora estivesse ansiosa para receber uma carta de Gilbert, também estava ansiosa para receber qualquer notícia dos Cuthbert. Abriu a carta e leu-a. Seu sorriso de entusiasmo foi sumindo aos poucos.

 - Que houve Anne?

De um salto Anne se pôs em pé, com sua cara de determinação, disposta a tudo para resolver alguma questão. Embora Diana não soubesse de que se tratava, conhecia a amiga o suficiente para saber que quando algo incomodava a ruiva, pois suas sardas pareciam dançar em seu rosto, e seu cabelo parecia se acender com o franzir de sua testa. Sua pergunta não foi respondida, pois Anne saiu marchando para fora do pensionato sem olhar para trás, deixando seu livro sobre o banco.

“Como faz falta um cavalo!” pensou Anne, ao sair dos portões e ter que aguardar uma carruagem para ir até o internato onde Ka'kwet estava sendo mantida presa. Sinceramente acreditava que o assunto já tivesse sido resolvido, e que os índios haviam e mudado para longe como haviam comentado, e nessa pressa não puderam avisá-la. Chegando ao internato ainda com a carta nas mãos, viu os pais de Ka'kwet desfazendo o acampamento, e foi até eles.

— Eu vim assim que recebi a carta de Matthew! Vão transferir a Ka'kwet para outra cidade.

— Recebemos a notícia. – Disse o índio. – Nos proibiram e ver nossa filha, e tivemos que ficar acampando por semanas, pois devíamos vê-la em breve, em “Alguns meses” foi o que nos prometeram.

— Isso é um completo absurdo! Vocês são os pais dela! Escrevi uma carta para o jornal explicando o ocorrido, mas parece que não deram importância.

— Agradecemos sua preocupação, mas já sabemos como resolver isso. – Disse a mãe da amiga. – Convocamos nossos guerreiros, vamos invadir o internato e tirar as crianças de lá! Passaremos por cima de qualquer um que queira se opor, e resgataremos nossa filha.

Anne se espantou com as palavras da mãe de Ka'kwet, eles estavam dispostos a tudo para resgatar sua filha. O que era lindo, mas temia pelas outras crianças, e pelo que essa ação acarretaria.

— E quanto às demais crianças?

— Pretendemos leva-las também. Tentamos resolver as coisas conversando e não deu certo, tentamos resolver com suborno, e agora estamos dispostos a resolver com força bruta.

— Quando você tiver uma filha vai entender Anne, que uma mãe faz de tudo pelos seus filhos, mesmo que isso custe sua própria vida. – Disse a índia vendo o rosto de Anne espantado, na esperança de acalmá-la. – Em nosso povo temos uma lei, “Somos todos família. Nunca deixamos a família para trás”.

— Entendo. – Acalmou-se Anne. – Mas realmente não podem fazer isso! Se vocês atacarem, o governo terá direito e atacar. Sei que eles pegaram sua filha e não a querem devolver, mas ninguém sabe disso! Por que os governantes escondem a verdade do povo. Vão fazer parecer que vocês atacaram pessoas de bem, freiras e padres que servem a Deus e só fazem o bem! Podem até mesmo dizerem que vocês roubaram as crianças dos pais que confiaram no governo para cria-las, e chama-los de sequestradores! Afinal, o que dirão aos pais das outras crianças?

— Podemos não leva-las!

— Então irá definitivamente trancá-las a sete chaves, e nunca mais terão possibilidade de sair nem para ver o Sol. E irão castiga-las por conta da fuga de Ka'kwet, acreditem, era assim no orfanato.

Os índios se olharam sem saber o que responder, a mãe de Ka'kwet encheu seus olhos de lágrimas, mas as segurou firmemente, não antes que Anne se desse conta.

— Bo-bom, se quiserem eu posso tentar resolver essa situação! Se confiarem em mim, é claro.

— Você? O que pretende fazer? – Disse o pai de Ka'kwet.

— Não sei exatamente, mas vou fazer um plano para tirar Ka'kwet de lá em segurança, e as outras crianças também. Sem ferir ninguém, ou dar o direito de perseguirem vocês por isso.

— isso não dará certo!

— Eu vou dar o meu melhor. E além do mais, o quanto eu posso piorar a situação de vocês? Se pretendem invadir e passar por cima de tudo e todos, que mal posso fazer em tentar mais uma vez resolver as coisas pacificamente? – Eles ainda não estavam convencidos. – Quando pretendem atacar?

— Vamos precisar de tempo para arrumar os homens, e vir até aqui novamente. Uns dois dias, então creio que no domingo, mais tardar segunda! Não queremos perder tempo.

— Domingo! Me deem até domingo então e se eu não conseguir devolver Ka'kwet à vocês, então podem invadir na segunda de manhã bem cedo com todos os seus homens. – Estava decidida a tentar arrumar as coisas para não piorar a situação dos índios, que já não era tão boa. Ainda havia muito preconceito, poucos realmente o viam como seres humanos, e não queria que essa visão de poucos mudasse. Sabia que Matthew e Marilla nessa situação também estariam aflitos para recupera-la, e no medo de perdê-la para sempre poderiam cometer uma loucura, como atacar assim como os pais de sua amiga.

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Na fazenda os Cuthbert

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Jerry estava no campo fazendo suas tarefas quando Marilla o chamou. Ele foi correndo assim que a ouviu. Levando consigo os baldes que trazia nas mãos, com a lavagem dos porcos. Entrou na cozinha correndo, onde estava Marilla.

— Que foi Srta. Cuthbert?

 Ela fez um sinal para que ele sentasse à mesa, e o mesmo obedeceu. Marilla foi até a cozinha por um instante, e voltou com um bolo nas mãos.

— Quer que eu leve o bolo para alguém Srta. Cuthbert? – Disse o menino que Prontamente, se pois de pé, pronto para o serviço.

— Não Jerry! Deixe a lavagem de lado, você pode fazer isso depois. Fiz esse bolo para você.

Marilla pois o bolo na frente do menino, que ficou sem entender nada, e logo após cortou um pedaço para ele.

— Coma menino! Recupere as forças e depois volte ao trabalho.

Ele prontamente obedeceu, pois o bolo cheirava muito bem.  Comeu o bolo com muita vontade, e assim que acabou Marilla lhe ofereceu outro pedaço, e logo foi cortando outro pedaço, mesmo sem a resposta de Jerry que estava mastigando ainda a última mordida que havia dado. Pegou um copo com café passado, e deu ao menino. Marilla sorria vendo o menino comer com tanta vontade, sem perder tempo. Assim quer terminou o segundo pedaço de bolo, pegou os baldes de lavagem e foi saindo da mesa. Marilla lhe ofereceu outro pedaço de bolo, que ele rejeitou.

Saindo da cozinha, ainda na porta que dava para a rua Jerry olhou para trás.

— Eu também sinto falta da Anne. – Disse ele. Marilla ficou sem dizer nada, com seus olhos compridos e arregalados. Apenas sorriu gentilmente. O menino saiu para realizar seus afazeres, deixando uma Marillia pensativa, cheia de saudades sem saber o que fazer com ela. Subiu até o quarto de Anne, e observou ele vazio por um instante. Com seus pensamentos longe, voando até Charlottetown.

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No pensionato em Charlottetown

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Anne reúne todas as meninas e Coule em seu quarto no pensionato. Tiveram que o esconder da Sra. Blackmore e de Lily. Após explicar mais ou menos o seu plano para tirar as crianças indígenas do internato, aguardou a resposta de seus amigos.

— E então? Quem está comigo?

— Você tem certeza que vai dar certo Anne? - Indagou Diana.

— Não tenho certeza, mas do que temos certeza nessa vida afinal? O que de tão mal pode ocorrer se o plano der errado?

— Em três dias começam as aulas na faculdade, você não quer ter a fama de encrenqueira, ou de maluca logo antes das aulas começarem, quer? – Rubi perceptivelmente estava nervosa.

— Eu vou fazer a minha parte para evitar começar uma guerra, faria tudo sozinha se pudesse ou tivesse um prazo maior para não os envolver, mas não posso e não tenho tempo para pensar em um novo plano. Essa foi a primeira ideia que me ocorreu, e sinceramente acredito que as primeiras ideias que temos as vezes podem ser as melhores, pois são as mais instintivas e encorajadas, por que não ficamos pensando muito.

— Ou podem ser uma péssima ideia por que justamente, não pensaram muito! – Revirou o olhos Josie Pay. Houve um silêncio no quarto por alguns segundos. Até que Diana e Coule se prontificaram.

— Eu estou com a Anne!

—Eu também!

As meninas se entreolharam, e logo Tillie e Rubi aceitaram também. Não querendo ficar sozinhas se aturando no pensionato, Josie Pay e Jane aceitaram ajudar por fim. Anne se encheu de entusiasmo com a ideia de todos confiarem nela, e ao mesmo tempo um frio na barriga se apoderou de seu corpo ao pensar que poderia dar tudo errado. Não tinha tempo a perder com medo, poderia senti-lo depois quando tudo acabasse, agora precisava agir.

— Ótimo, vamos repassar o plano com cuidado então.

Em frente ao pensionato Gilbert chegava contente por ver Anne novamente.

Aproveitou que as aulas ainda não haviam começado para visitar Anne e responder sua carta pessoalmente, aquela em que ela nas “entre as linhas”, perguntava qual era o tipo e relação que tinham.

Rubi que estava ainda no quarto de Anne com as demais meninas pegando alguns itens para o plano, estranhou ter muitos papeis amassados na lixeira ao lado mesa. Isso por que viu de relance que em um deles havia o nome de Gilbert. Olhou sobre o ombro confirmando não ser vista, e pegou um dos papeis rapidamente.

Tillie avistou Gilbert pela janela, e não entendeu o que ele fazia ali. Todos tinham conhecimento da notícia de que seu noivado havia sido cancelado, mas por que viria até o pensionato? Uma ideia veio em sua mente romântica como sempre: “E se ele cancelou o noivado por que descobriu que amava Rubi! E agora, veio se declarar pra ela?” Soltou um gritinho ao pensar ne linda cena que veria. Voltou-se para Rubi quase sem fôlego pela empolgação.

— Rubi! Rubi! Gilbert está aqui! – Anne estremeceu ao ouvir essas palavras.

— E o que a Rubi tem haver com isso? – Indagou Josie Pay indo lentamente até a Janela para espiar também.

— Ora! Ele não cancelou o noivado?

— Sim! – Respondeu Josie. Calma como sempre. – E daí?

— Daí, que Rubi foi apaixonada por ele por anos, e ele sabia disso ainda que nunca tivessem conversado a respeito.

Anne e Diana se entreolhavam apavoradas, sem se darem conta de que a mais interessada no assunto, que seria Rubi, estava distraída lendo um papel em sua mão.

— Isto esta claro! Até os sapos da lagoa em frente à escola devem saber disso. – Disse Jane entrando na conversa.

— E se ele cancelou o noivado por que não amava a noiva? E se se deu conta de que amava uma antiga amiga de escola? E se ele se deu conta de que amava a Rubi por todo esse tempo, e veio se declarar para ela?

Todas ficaram chocadas ao pensar na ideia.  Anne quase passava mal nesse instante, Diana se aproximou dela e segurou em seu braço, pois acreditava que Anne iria desmaiar já quer tremia visivelmente. Coisa que as meninas perceberiam se não estivessem rindo e dando gritinhos com a ideia de Rubi e Gilbert ficarem juntos após tantos anos. Também teriam percebido Rubi lendo um dos vários rascunhos da carta que Anne havia escrito para Gilbert, onde falavam sobre sua relação. Como não sabia exatamente o que escrever para ser sutil, havia começado e amassado várias cartas, até acertar o que dizer.

— Ele não veio por mim. – Disse Rubi por fim se fazendo notar no quarto. Com os olhos cheios de lágrimas, e um olhar triste com a testa franzida. Anne percebeu o que Rubi segurava nas mãos, mas não sabia o que fazer! Seu coração disparou. Pensara em várias formas de contar tudo à Rubi, e finalmente havia encontrado, mas com a carta de Matthew havia deixado isso para outro momento. Infelizmente não havia o que fazer. Congelou completamente, como um condenado a morte espera ouvir sua sentença.

— Se ele não veio por você, então por que veio?

Com o sentimento de tristeza sendo misturado com raiva, e traição, metralhou o quarto inteiro com seus olhos lagrimejados até chegar em Anne. Respirou bem fundo por dois vezes antes de dizer qualquer coisa.

— Ele veio pela namorada dele. – Disse com os olhos fixos em Anne. – Anne, por que não nos contou o nome do seu pretendente?

Anne prendeu o fôlego involuntariamente. Tentou balbuciar alguma coisa, mas nada saiu de sua boca além de um “Eu ia te contar” misturado com um “Eu sinto muito”. Lágrimas corriam de seu rosto, era horrível ver a expressão de Rubi. Ver a dor que havia causado na amiga. Rubi sempre chorava por qualquer coisa, mas aquilo era diferente. Ela se sentia traída, machucada e enganada. Olhar aquela doce menina que sempre transmitia tanta ternura e fragilidade, ferida por Anne, era muito ruim, talvez a pior sensação que já tivesse sentido na vida. Pois, sempre cometia erros tentando ajudar os outros, mas nunca ao ponto de machucar tanto alguém, de ferir os sentimentos de alguém. Até porque dessa vez não era um mal entendido, nem nada do tipo. Era exatamente o que parecia. Feito propositalmente. Pelas costas de Rubi.

Rubi olhou novamente para as meninas, já que viu que havia causado o efeito que queria em Anne. Uma lágrima que ela tentava muito segurar escorreu por suas bochechas rosadas. Pôs-se séria tentando dizer a si mesma que não choraria dessa vez, não na frente de uma traidora que segundo ela, estava rindo nas suas costas por anos. E por fim respondeu a pergunta nos rostos das amigas, que aguardavam petrificadamente.

— Ele veio pela Anne.


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Notas finais do capítulo

Explicações.: Usei o termo "índios", "índio" e "índia" ao invés dos nomes dos pais de Ka'kwet, por que são muitos nomes para lembrar, então utilizei outros termos para não ter que pesquisar os nomes, assim como a ex-noiva do Gilbert.



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