Sugarcoat escrita por Camélia Bardon


Capítulo 1
Prólogo: Pretty Shining People


Notas iniciais do capítulo

Mais uma, tia Camélia?
Pois é, mais uma. Noção zero, mas cá estamos.

Para aqueles que caíram de paraquedas, uma breve explicação: essa vai ser uma short-fic relâmpago baseada no álbum do MARAVILHOSO George Ezra, "Staying at Tamara's". A ideia para a fic veio de uma proposta do desafio que consiste em criar uma história a partir de um álbum musical. Cada capítulo seguirá a ordem das faixas do álbum. Começamos esse com a primeira faixa, "Pretty Shining People". O link para a música tá lá nas notinhas finais.

Dito isso, boa leitura para vocês ♥ espero que gostem desse projeto maluco e de última hora xD



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— E se nós manipulássemos os números da loteria?

Reviro os olhos, mas não resisto em rir do comentário de Sam. Ele aproveita que já me embalei no assunto para continuar fazendo piada:

— Fala sério. Teria coisa mais irônica que ganhar numa loteria em Havana? Erramos um número. É um momento horrível para estar vivo. Eu me embriagaria agora se não estivesse dirigindo, sabia?

Concordo com a cabeça, batucando no porta-luvas ao ritmo da música que toca no rádio. Estamos quase chegando a Los Angeles. É claro que na viagem teria um ponto clichê – cortesia de Sam – antes de retornarmos para casa. “A cidade dos anjos”, como ele gostava de chamar.

Tenho de massagear minhas bochechas para que elas parem de doer. Percebendo meu desconforto, ele ri com uma pontada de ironia.

— Pobre Ian. Você tem é sorte daquele cubano não ter te arrancado um dente.

— Sorte a sua de eu não ter te arrancado um dente...

— Ah, não leve tudo com tanta seriedade, caro amigo!

— Ele disse que você disse que eu o chamei de cabritinho.

Samuel gargalha, contornando a esquina para entrar na cidade. É aqui que nos separaremos, porque Sam vai prosseguir viagem até Seattle. Um futuro brilhante o aguarda na grande cidade americana. É um pouco privilégio branco, eu sei, mas o que posso fazer se meu melhor amigo tem pais ricos e super influentes?

— Vou sentir sua falta, Ian.

— E eu a sua. Babaca.

Estacionamos em um hotel que tem uma aparência até aceitável. Não quero abusar de seus pagamentos, então insisto para que ele me permita pagar metade da estadia. Também não faço ideia de qual será o próximo ponto a partir daqui. Só sei que, sem o Sam por aqui, as coisas vão ficar muito mais nubladas.

Desde que decidimos tirar um ano sabático – que, na realidade, foi só três meses –, visitamos toda a Europa, nosso lar, e uma boa parte da América. Tenho uma passagem de retorno para Salisbury garantida para o próximo mês, então... o que me resta é passar a noite no Tamara’s e me deixar relaxar ao som das ondas de Venice e dos bares que a rodeiam.

Seria um plano perfeito, se eu não odiasse bares e não odiasse praias...

De qualquer maneira, Sam se recupera da péssima noite em Havana com uma noite pior ainda. Para variar, fui eu quem teve que cuidar do amigo bêbado. E na manhã seguinte pedir um café forte e amargo para curar a ressaca do amigo. É assim que nos despedimos, comigo dando uma de pai.

— Não fique tão bêbado em Seattle. Não estarei lá para limpar o seu vômito.

— Consolador... — Sam simula um resmungo e me puxa para um abraço. Este é bem-vindo. — E você, vê se não vai mofar naquele quarto. Aproveita a estadia e...

— Relaxa — completo para ele. — Eu sei. Vou ficar bem, Sam, não precisa se preocupar.

Samuel abre um sorriso orgulhoso, se soltando do abraço.

— Eu sei que vai. Mas a gente não estaria tendo essa conversa se você tivesse marcado o 12, e não o 13 no bolão...

— Ah, pelo amor de Deus! — gargalho, girando as chaves do quarto do hotel entre os dedos. — Vamos ficar bem juntos, eu e o quarto. Talvez até tente um emprego, por aqui.

— Você tem algum problema com férias, não tem?

Dou de ombros, junto a um sorriso cúmplice ao meu melhor amigo. Sam entende isso como um sim, pois avança para bagunçar meu cabelo antes de entrar no carro alugado.

— Te vejo em Salisbury em alguma hora, Walsh.

Com um último aceno de cabeça, Sam dá a partida na caminhonete. Observo-o partir pela mesma estrada que chegamos ao sentido oposto, e posso imaginar com perfeição sua careta de dor de cabeça por conta da ressaca em todo o caminho. Ele nunca dirige com o rádio desligado.

Não necessariamente precisava ganhar na loteria. O tempo que passamos viajando e o que viria a seguir... Conseguiria deixar qualquer loteria no chinelo.


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Notas finais do capítulo

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=HM1rOpKM8_Q

Estamos indo num ritmo rápido, mas não se preocupem que tudo vai ser explicado até o final do mês xD
Ian e Sam são a dupla desordeira que eu mais gosto. O que acharam desses dois aí?
Até mais!



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