Uma Nova Alvorada escrita por MoonLine


Capítulo 9
Capítulo 9- O despertar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786635/chapter/9

Os dias que restavam até o retorno do treinamento se passaram rápido e pouco eficientes, o tempo que deveria ser de descanso só causava tensão e ansiedade em todas, sem mencionar meu desastre de “confissão”, que fez com que Rin se afastasse e consequentemente criasse uma atmosfera mais angustiante ainda. No entanto, por mais afastada que a Rin pudesse estar, ainda conversávamos e nos tratávamos bem.

Assim que amanheceu, fomos convocadas a nos direcionar ao campo de treinamento. Procurei novamente uma roupa confortável em meio a bagunça de roupas que se fazia presente na minha parte do quarto e parti em direção ao destino.

Chegando ao campo, observei que havia mais soldados que o normal, bem como todos os três lordes presentes, sendo estes últimos, apresentados com uma postura mais rígida e séria que o normal. Lorde Suna tomava a liderança, como de costume, tendo ao seu lado direito lorde Kasai e Mizu ao esquerdo, bem como um soldado logo atrás dele, com uma pessoa atrás desse soldado e um soldado atrás dessa pessoa.

—Prestem bastante atenção! O novo treinamento se inicia hoje e para nos auxiliar durante o mesmo, uma Imperatriz se dispôs a nos vir visitar por um dia inteiro. Esse será o primeiro momento dessa nova fase de treinamento. Por favor, recebam a Imperatriz Sakkaku Uso.

—Obrigada lorde Suna pela incrível introdução. – a imperatriz se manifesta com uma voz suave, mas ao mesmo tempo, assustadoramente calma – Por favor, explique o treinamento.

—O teste se baseará nos seus maiores medos. – um burburinho cresce dentre as novatas, que agora estão amedrontadas – A Imperatriz irá manipular a realidade que estão inseridos, projetando apenas para cada uma de vocês seus respectivos medos. Para isso, ela teve acesso à ficha de todas com antecedência.

Alguns guardas começaram a carregar espécies de paredes de madeira para o campo, organizando assim, vinte cabines.

—As cabines serão o local final da fase, uma maneira de proteger umas das outras, tendo em vista que os poderes podem ser manifestados em pequenas ou grandes escalas nesse momento. – Suna completou – Se dirijam para uma e aguarde até que a Imperatriz se aproxime.

Minha cabine era de número três, por coincidência ou não, eu gostava desse número. As paredes eram tingidas de preto, o que reforçava ainda mais a sensação de solidão que sentia. Lembrei-me que quando falei sobre meus medos, descrevi perder coisas importantes, e agora me assusta a ideia de ver a concretização de tais pensamentos.

Não demorou para que a Imperatriz se encaminhasse até minha cabine. Seu longos cabelos pretos e finos moldavam seu corpo, os olhos eram rosados, com pequenas manchas vermelhas, realmente inusitado, mas o que mais me chamava atenção, era seu sorriso: em nenhum momento a vi sem ele, quase como uma ironia constante presente em uma mulher tão poderosa e sombria.

—Olhe nos meus olhos. – calmamente chamou minha atenção – Assim...

Imediatamente fiquei presa por aquele olhar sedutor e fui inserida em uma ilusão tão real, que parecia uma dimensão alternativa do lugar no qual me encontrava anteriormente. As paredes não estavam mais pretas, e eu estava de volta a Yoru, o típico tempo chuvoso denunciava o local, bem como a minha casa que podia ser vista de longe. Corri até ela e chamei por meus pais, mas não obtive respostas, então gritei pelos meus irmãos, mas não responderam. Entrei pela sala de estar e o tapete estava bagunçado fora do lugar, e sua ponta estava manchada de vermelho, andei mais um pouco, com as pernas fracas e ouvi um grito vindo da varanda, no entanto, antes de correr em direção a mesma, vi meus pais caídos no chão, atrás do sofá. Meu pai segurava as mãos da minha mãe, ele estava com o peito sangrando e ela estava com o rosto desfigurado. O cheiro do sangue dominou o ar e minha cabeça latejava de dor, foi quando ouvi outro grito e mesmo sem saber se conseguira me mexer, forcei meu corpo a correr em direção ao som.

Meu irmão mais novo, estava no chão, com os olhos cheios de lágrimas, a boca sangrando e as pernas quebradas, quando tentei me aproximar ele gritou horrorizado, o que fez com que eu me parasse de mexer.

—Y- Yuri – minha voz sai com dificuldade – O que- o que aconteceu aqui?! Por que está me olhando tão assustado?

Yuri apontou para mim, com aqueles olhos amedrontados e tremendo de medo e dor. Ao olhar para mim mesma, percebi que minha roupa estava suja de sangue, minhas mãos também, junto à alguns pequenos cortes que não seriam a causa de todo sangue em mim. Olhei para meu reflexo na janela do lugar e meus olhos estavam manchados, não conseguia me reconhecer, meu cabelo estava por todo meu rosto. Tornei a olhar para meu irmão, mas ele não estava mais lá. Então senti uma enorme dor no peito, e percebi que estava com uma faca cravada nele. A reterei enquanto continuava tremendo, minhas pernas cederam ao desespero e logo me vi de joelhos no chão. Fechei forte os olhos, tentando forçar meu cérebro a se lembrar de que aquilo não era real, era apenas uma ilusão. Minha família estava bem, eu estava bem e só precisava aguentar por mais um pouco de tempo.

Abri meus olhos e me assustei com o que vi em minha frente: Bara, meu irmão caçula, estava em cima de Yuri, lambia seu rosto e olhava para mim com tanto sadismo que me fazia arrepiar. Se levantou e lentamente se aproximou de mim, passou as pontas dos dedos úmidas de sangue na minha bochecha esquerda e gritou, um grito agudo e doloroso. Fechei os olhos novamente e tentei me manter calma. A respiração ofegante estava começando a me deixar tonta, sem contar a dor que estava sentindo, como se tudo fosse mais que real.

Antes que pudesse abrir meus olhos de novo, escutei a voz de Rin, ela gritava e chorava sem parar. Reuni todas minhas forças e me levantei para procurá-la, no entanto, por mais que andasse durante toda a ilusão, eu não era capaz de achá-la. Quando estava prestes a desistir, ouvi outro grito, que me atingiu como uma onda, me fazendo cair sentada para trás. Olhei ao meu redor assustada e novamente não havia sinal dela estar por perto. E então senti muito medo, muito desespero e muita raiva. Queria rasgar meu peito com tantos sentimento transbordando dentro de mim. Nunca havia sentido algo tão forte em toda minha vida.

De repente um desconhecido apareceu em meu campo de visão. Ele era alto e loiro, possuía ombros largos e braços fortes. Me olhou perdido e confuso, para logo em seguida ser partido em mil pedaços por várias lâminas. E novamente senti muita dor, chorei como se conhecesse aquele homem, como se o amasse há uma vida inteira.

Despertei da minha ilusão ofegante, me encontrava ajoelhada no chão, com as mãos sobre meio peito. Lorde Suna estava lá, seu olhar para mim era como um calmante, então me forcei a segurar o fôlego e controlar o ritmo da minha respiração, em uma tentativa de me recompor. O suor escorria pela minha testa, passando por minhas bochechas e alcançando meu pescoço. Olhei ao redor novamente, e percebi uma grande locomoção por parte dos soldados, seguida pelos lordes correndo para uma cabine especifica.

Ao me levantar, ainda estava tremendo e sentindo muito terror, não entendia se isso era efeito da ilusão, ou algo mais estava acontecendo. Sai da minha cabine, me dirigi à aglomeração, foi então que percebi que o problema era a Rin.

Rin estava sendo segurada por dois soldados que tremiam e suavam, exatamente igual a ela, mais ninguém se atrevia a chegar perto, até que a Imperatriz se aproximou e imediatamente Rin acordou gritando, para então desmaiar nos braços do soldado, que a soltou no chão com certa força e descuido. Corri em sua direção e coloquei sua cabeça para repousar em meu colo, a olhei assustada e observei sua palidez, seu lábios que antes costumavam ser avermelhados, agora estavam brancos, bem como o restante de seu corpo.

—O que aconteceu? – gritei enquanto olhava para Suna, que retribuía o olhar em silêncio – O que aconteceu com a Rin?!

—Nós não ... – lorde Suna foi cortado

—Ela manifestou os poderes dela. Não tenho visto algo parecido assim há anos! – Sakkaku Uso afirma com uma mistura de surpresa e prazer – Você sabe que ela ficará furiosa sobre isso Suna.

—Sim. – lorde Suna apenas concorda, enquanto nos olha com pena – Mas não diga nada a ela, por hora. Tenho planos para essa jovem.

—Eu não irei contar, no entanto, você sabe que ela tem seus espiões aqui. Vai ser difícil manter essa situação em sigilo.

—O que aconteceu? – retruco de forma agressiva – Quero que me expliquem agora!

—Ela é ousada para uma jovem nessa situação. – a imperatriz olha para Suna com interesse – Pois bem, enquanto eu estava utilizando meus poderes em cada uma de vocês, sua preciosa amiga manifestou os poderes dela. Caso não tenha entendido o que aconteceu: ela conseguiu fazer com que todos no campo de treinamento sentissem exatamente o que ela sentiu. – ela se vira para Suna – Encerramos por hoje, isso me esgotou. Obrigada pela oportunidade de trabalhar com as novatas.

Sakkaku Uso se virou e enquanto caminhava era escoltada por lorde Mizu e outros dois soldados, logo não era mais possível ver sua silhueta. Por outro lado, lorde Suna permanecia estático, olhando para toda a situação, sendo tirado de seus pensamentos por lorde Kasai, que ao chamar sua atenção, lhe relembrou sobre a urgência da situação.

—Posso levá-la para nosso quarto? – indaguei com certo receio da resposta que estaria por vir

—Eu irei levá-la. – ele a pega nos braços como se seu peso não fosse nada – Mostre-me a direção, por favor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Nova Alvorada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.