Uma Nova Alvorada escrita por MoonLine


Capítulo 2
Capítulo 2- O treinamento básico, parte 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786635/chapter/2

Amanheceu extremamente rápido, parecia não ser tempo o suficiente para descansar... Meus olhos abriam com dificuldade devido à claridade do cômodo, mas algumas meninas já estavam se arrumando. O clima de hostilidade ainda era bem evidente, e o silêncio era a prova disso. Na casa havia cinco quartos com duas camas, uma cozinha grande e espaçosa para comportar todas as 10 garotas, e uma sala que praticamente não seria usada. Minha companheira de quarto se chamava Rin e era do Reino Rakki.

            - Você já acordou? Parece que estamos sendo convocadas para o inicio do processo. – Rin diz calmamente – Não nos deram tempo para comer, mas coloque uma roupa confortável.

            - Obrigada. – respondo enquanto levanto da cama – Todas as casas estão sendo chamadas?

            - Não sei.

            Logo me arrumei, prendi o cabelo de forma que este não atrapalhasse minhas atividades, a maioria das minhas roupas era confortável e permitia grande liberdade de movimento, semelhante a um moletom. Fui em direção à cozinha e apenas três garotas estavam lá, e nenhuma delas sequer olhava para alguém além de si mesma.

            Sai da casa e para minha surpresa ainda estava escuro, não havia lua no céu, nem mesmo estrelas, tudo estava sem nenhuma iluminação. Olhei ao redor em uma tentativa falha de identificar qualquer pessoa ou objeto que fosse, mas não havia outras pessoas além do grupo Hanto, e nenhum objeto era semelhante aos do primeiro dia. Inúmeras coisas se passavam em minha cabeça, mas nenhuma era confirmada. Todos os anos as fases do processo sofriam alterações, já que cada grupo de indivíduos se renova a cada ano.

            Olhei para Rin que estava logo atrás de mim, ela estava calma e ate mesmo bem fria, não havia uma sugestão de que estivesse preocupada ou com medo. Ela olhava para aquele local como se o analisasse pronta para a ação a qualquer momento, posteriormente voltou sua atenção para mim e deu um sorriso, aproximou-se do meu ouvido e disse: Cuidado, esteja pronta para se esconder, não parece um teste de força ou resistência, se trata de inteligência e aptidão em se esconder.

            Não havia muito que dizer a repeito disso, eu concordei com a análise dela, tudo estava muito quieto e calmo, e por isso a sensação de inquietação aumentava. Embora eu houvesse pesquisado bastante sobre o passado de tudo, ainda era muito incerto o que aconteceria, dúvidas me cercavam a respeito das perdas que sofreríamos a partir desse momento.

            Meus pensamentos foram interrompidos por um grande barulho, todas as garotas, inclusive de outras casas, se desesperaram e buscaram por abrigos em diversos locais. Segui o conselho de Rin, já havia observado o local poucos segundo antes da possível explosão, e um lugar em especial me chamava bastante atenção. Era pequeno e escuro, porém permitia uma ampla visão da maior parte do campo.

            Chegar ate esse local não foi tão fácil quanto pensava, muitas meninas estavam desesperadas e correndo para direções sem futuro nenhum. Uma delas, inclusive, quase me derrubou ao chão, mas com sorte voltei ao equilíbrio e cheguei ao meu destino. O Local era bem apertado, mas por sem pequena e magra não tive dificuldade em permanecer ali, seu formato curvado dificultava a visão de outras pessoas sobre mim, enfim controlei a respiração e me mantive o mais calma e observadora possível.

            Uma luz foi acessa repentinamente, as garotas que insistiam em correr de um lado para o outro pararam, como animais, pessoas que vestiam roupas de guardas do palácio entraram e uma por uma as meninas foram sendo pegas. Algumas que estavam se escondendo nas casas também foram descobertas. O silêncio retornou.

            - Este foi um treinamento básico para analisar a capacidade de manter a calma e raciocino de cada uma. As que já foram pegas terá um tratamento especial amanhã, que será o verdadeiro Primeiro dia. Os nomes dessas serão anotados e passados para mim. A propósito sou o lorde Suna, estarei monitorando cada passo de cada uma de vocês. Não me decepcionem! As que não foram pegas voltem para seus quartos.

            A aparência de Suna era incontestavelmente linda, seus cabelos loiros e olhos verdes o destacava no meio da multidão, seu porte alto e forte eram aliados nessa concepção, ele era de fato um nobre e raro Lorde. Seu comando claro e bem alto logo foi obdecido, e aos poucos as meninas começaram a se revelar. Rin foi a primeira a sair do seu local e se direcionar para a casa, ela olhou nos olhos de Suna e virou o rosto em seguida. Também sai do meu local de forma discreta para que ninguém soubesse que era ali, e deu certo.

            Rin estava sentada no sofá da sala com um sorriso sarcástico. Ela me olhou e com um pequeno gesto pediu para que me justasse a ela, concordei. Ficamos em silêncio por um bom tempo, apenas esperando que mais pessoas da nossa casa estivessem prestes a chegar, mas somente três pessoas estavam ali, contando com nós duas. O silêncio cessou com um comentário de Rin.

            - Agora entendo porque poucas garotas saem daqui com vida

            - Como? – me assustei com tal afirmação – Pode explicar?

            - Eu sou sortuda por ter vivido em Rakki, mas a maioria das garotas aqui não vivia em um Reino tão próspero, acredito que nem Yoru seja tão vantajoso quanto Rakki. Ao ver aquelas pobres almas correndo de um lado para o outro ao invés de simplesmente se esconderem foi chocante. Era óbvio o que deveria ser feito, até mesmo você já havia observado o lugar com bastante atenção. Mas as outras não conseguiram sequer organizar seus pensamentos.

            - É uma experiência nova, e querendo ou não, é quase impossível agir tão calma como você.

            - Você conseguiu. Mas a questão não é essa.

            - Então qual seria?

            - Esses jogos doentios foram criados para nos exaurir, nos cansar. Aquelas meninas que não tiveram a chance de se concentrar hoje, provavelmente, não terão mais nenhuma. Porque isso é um jogo de punição sem benefícios. Eu e você conseguimos, e não ganhamos nada, mas elas ganharão um “bônus” amanhã. – a ironia e sarcasmo em sua voz me fez arrepiar – Elas irão se esforçar e chegar ao seu limite mais rápido que nós, o pensamento de fracasso estará insistindo para que não pensem com calma.

             - Faz sentido, mesmo assim ainda podem se recuperar.

            - As chances de isso acontecer são bem pequenas. Não precisa parecer certinha, sei que ate mesmo você duvida disso. Não é errado, mas na nossa casa somente nós três chegaremos ao final, pelo menos chegaremos melhor do que grande parte das outras.

             - O que me deixa assustada é a probabilidade de morrer a qualquer instante, seja por falta de alimentação, ou em combate, ou mesmo em força de vontade. E o pior disso: não dá para saber quando.

            - Não estou de fato preocupada em quando morrer, mas sim, se eu vou morrer. Pretendo voltar para meu noivo, você não tem pra quem voltar?

            - Meus irmãos e meus pais...

            - Então se apegue a eles, e não os solte de sua memória, porque quando tudo virar cinzas a única coisa que você terá serão eles.

            O silêncio voltou a reinar, sentia uma lagrima se formando, e eu não podia demonstrar, me levantei e dei boa noite a Rin, fui para o quarto e então pude sentir meu rosto vagarosamente ficar úmido, não pude deixar de lembrar o quanto meus irmãos e eu éramos felizes. Sinto falta deles e isso estava me consumindo. Adormeci enquanto pensava neles.

            Acordei com os longos cabelos dourados de Rin fazendo cócegas em mim. Dei um pulo da cama e a encarei. Ela riu gentilmente e disse que estava na hora do nosso treino, e novamente a sensação de estar cansada preenchia meu corpo. Olho para ela com cara de desânimo e levo uma bronca por isso, ela diz que não estamos pior do que as bobas de ontem e que deveríamos aproveitar isso. Antes de sairmos ela repetiu gentis palavras me orientado a ter cuidado, penso que ela é muito estranha.

            O sol estava suavemente se erguendo no céu, paro para observar o campo novamente. Alguns esconderijos que seriam perfeitos durante a noite eram simplesmente inadmissíveis durante o dia, e vice-versa. O calor que fazia logo de manhã me obrigava a usar uma roupa mais suave e menos quente, mas ainda não era um incômodo. Depois de observações básicas, pude ver algumas garotas sentadas no meio do campo.

            - O que estão fazendo ali?

            - Pelo visto estava errada, elas foram punidas sim. Devem ter acordado mais cedo do que o resto de nós, ou sequer tenham dormido.

            Olho com pena para elas. Encontro Katsumi no meio delas e fico triste por ela, seu olhar ainda estava de tristeza, mas agora estava visivelmente cansada. Ela percebe meu semblante e se esforça por um sorriso, mas é repreendida por um dos guardas. Sinto um pouco de raiva consumindo meu corpo.

            - Atenção! Hoje o treinamento será de resistência, todas vocês precisam ser capazes de aguentar uma grande pressão e carga. E já preparando vocês, amanhã será teste de força. Aquelas que não sucumbirem à pressão serão liberadas para suas casas. Devido à falta de alimentação de algumas... – ele olha para as novatas ao meio – Não será difícil resistir. Aquela que desistir primeiro será penalizada. Iniciem.

            O que Suna tinha de beleza também tinha de maldade. As meninas passaram a noite sem comer ou dormir, e pior, elas estão nessa pressão há mais tempo. A probabilidade de que alguma menina que já está aqui seja punida é muito grande. Olhei para Rin e ela estava com olhar de pena também.

            - Sente-se ao lado de alguma menina que ainda não dormiu. – falei baixinho em seu ouvido – Assim você pode motivar e dar força a ela.

            - Eu irei fazer isso apenas por hoje, no entanto, mais cedo ou mais tarde alguém precisará desistir. Eu não irei fazer isso por ninguém, nem mesmo por você. Fique esperta.

            Rin foi em direção a uma das garotas, aparentemente ela sequer escolheu por afinidade ou simpatia, apenas o fez. Me sentei ao lado de Katsumi. A pressão ao qual eles falavam era absurda, mergulhar em uma alta profundidade no mar não chegaria perto disso. Agora entedia porque as meninas não conseguiam levantar a cabeça. Olhei para a doce garota e ela estava com uma expressão de dor intensa, cheguei a acreditar que a qualquer momento iria desistir.

            - Ei, Katsumi.

            - Hum... – ela falava com dificuldade – Amaya?

            - Não desista tão cedo entendeu?

            - Eu... Eu estou conseguindo. – ela força outro sorriso – Cuide-se também.

                        Pensei em lhe falar que não estava sofrendo tanto, mas fiquei com pena, ela não precisava de uma garota qualquer se exibindo enquanto ela sofre. Apenas a olhei com um sorriso, em seguida olhei para cima e um guarda estava incrivelmente perto de mim. Ele nos olhava com uma cara de desgosto e desaprovação, e então gritou.

            - Calem-se!

            - Por quê? – o encarei com firmeza – Não há nenhuma regra que nos proíba de conversar.

            - Isso é uma ordem, não desobedeça Hanto!

            - E se eu o fizer?

            - Será punida e ira sofrer as consequências como primeira desistente.

            - Mas eu não sou. Então se fizesse isso estaria quebrando regras.

            - Cale-se! – ele me chuta – Não me responda novamente!

            Devido a forte pressão não foi nada fácil levantar, ele me encarava com um sorriso sarcástico no rosto e um semblante de satisfação em ver o sofrimento alheio. Senti nojo dele naquele momento. Um homem frustrado que não tinha poder e por isso nos agredia. Tornei a encara-lo e recebi outro chute, sorri ironicamente e fechei os olhos para outro chute, mas este não chegou.

            - O que está fazendo guarda?!

            - Lorde Suna? – fala o guarda espantado pela presença do lorde – Ela me desrespeitou! Conversava durante o treinamento.

            - Não me lembro de ter mencionado nenhuma regra que proibisse o contato verbal entre as novatas. – nesse momento os olhos de Suna mudaram de cor e tudo ao redor começou a se agitar – Está dando ordens em meu lugar? Acha que pode exercer esse cargo melhor do que eu?

            - Jamais lorde Suna, eu sou um mero guarda! – ele se ajoelha perante Suna – Peço desculpas.

            - Ouçam bem todas: o treinamento foi encerrado devido a problemas com trabalhadores! Não houve nenhuma desistente e por isso não haverá punição. Comam e bebam. Amanhã eu voltarei.

            Todas foram dispensadas, a pressão que antes estava sobre nós já não existia, senti uma mão quente me colocando em seu colo e pude ouvir Rin gritar meu nome ao longe. Mas logo a mão quente começou a tremer e então ouvi uma voz desafiadora.

            - Quem irá levá-la ate a casa?

            - Eu levarei lorde Suna! – disse Rin – Não se preocupe.

            - E você conseguirá?

            - Tenho que conseguir, não poderia deixá-la aqui.

            - Por que ela conversava?

            - Para não deixar com que as outras desistissem.

            - Eu a levarei para dentro, mostre-me sua casa.

            Senti mãos firmes me carregando de forma delicada, e logo perdi a consciência. Acordei com Rin deitada ao meu lado na cama, em sono leve, como se tivesse passado o tempo todo comigo.

            - Quanto tempo adormeci?

            - Dois dias...

            - Tudo isso? Preciso me levantar, todas estão treinando...

            - Se acalme. – ela me deita gentilmente – Ninguém está treinando. Graças ao seu pequeno “incidente” lorde Suna cancelou todos os dias de treinamento até que você acordasse.

            - Por quê?

            - Para ser justo, afinal, todas estariam desgastadas, exceto você.

            - Isso é bom, sinto-me melhor assim...

            - Infelizmente ele disse que o treinamento voltaria mais pesado, e que a partir daquele dia ele estaria responsável pessoalmente por todos os testes. Também confirmou a presença de outros dois lordes.

            - Droga...

            - Você causou muita confusão Amaya! Mas fico feliz de estar bem.

            Recebo um abraço com ternura e alivio, olho para ela e confirmo minhas suspeitas, ela estava chorando. Nunca pensei que me importaria tanto assim com alguém em Torēningu, mas vejo agora o porquê de ser um lugar tão intenso... Se fossem apenas pessoas as quais não me importasse, mas aqui criamos laços, laços importantes e isso pesa meu coração...

            Logo escuto uma voz grossa ao fundo. Reconheço como sendo de Suna, mas ouço outras acompanhando-o, provavelmente os outros lordes. Eles discutiam sobre algo que não consigo entender. Rin se recompõe e fica a espera dos lordes, seu olhar transmitia ansiedade e medo, algo que não era normal para Rin, já que estava sempre calma.

            - Ela está acordada Rin? – ouço a voz destemida de Suna – Está se recuperando como o previsto?

            - Ela acordou como previsto e já consegue falar normalmente.

            - Por que eu não conseguiria falar normalmente?

            - É compreensível que não se lembre de todos os acontecimentos nesse momento, além disso, recupere-se logo para voltarmos ao treinamento. Serei mais rigoroso agora.

            - Já posso retornar ao treinamento! – digo isso enquanto luto para me levantar da cama, a dor era enorme – Não é justo pararem todo o treinamento e retornar de forma pior para as outras garotas.

             - Então ela se importa com o que faremos com o resto? – diz um homem de aparência marcante, seus longos cabelos negros amarrados em um rabo de cavalo destacavam ainda mais seus olhos azuis como o mar – Interesse essa menina.

            - Mizu? – Suna olha para o homem – O que está pensando?

            - Ora, nada importante, apenas observações. – Mizu se aproximou de Suna e disse em seu ouvido – Não entendo seu interesse nessa menina, mas cuidado, Chikaku sentirá ciúmes.

            Suna o repreendeu com o olhar, virou-se para mim e Rin e se despediu. Saiu em silêncio junto aos outros que o acompanhava, não pude deixar de querer segui-los e perguntar o que aconteceria a partir daquele momento, mas a dor em meu corpo gritava por descanso e cai em um sono profundo. A imagem de um rosto irritado em minha mente apenas me fez sentir mais viva, os rostos dos meus preciosos irmãos me motivaram a seguir mesmo em dor.

            Rin disse que acordei duas horas depois, um comunicado havia sido feito. Suna anunciava minha melhora e o inicio dos treinamentos pela manhã. Estava conformada em ter que lutar internamente com a terrível dor que sentia, a sensação de ter meus órgãos dilacerados por chutes era de fato difícil de lidar. Mas não poderia desistir de toda minha vida por isso. Levantei da cama com um sorriso forçado no rosto, dei um abraço em Rin e me arrumei. O dia seguinte seria árduo.

            Não conseguia dormir novamente, talvez isso se devesse ao fato de ter passado dois dias inteiros dormindo, mas as dores ainda eram bastante evidentes em meu rosto, já que toda garota que passava por mim exibia uma feição de pena. De certa forma não era justo parar o treinamento delas, mas isso as deu uma chance de descansarem, quanto a mim, não tive essa sorte. Estive dormindo, mas isso não eliminava a dor, o que significava uma grande probabilidade de falhar.

            Passei duas horas encarando as paredes daquele lugar, pensei na jovem e gentil garota que tentei ajudar, não sabia se estava bem, mas possivelmente estaria. Rin se preocupou comigo de uma forma que não poderia imaginar. A situação não era favorável, estava cada vez mais me aproximando de pessoas que poderia perder a qualquer momento, isso corroia meu coração aos poucos, enquanto as duras horas ate o treinamento não passava.

            Finalmente ouvi a voz de Suna convocando nossa presença ao campo, confesso que minha ansiedade havia passado e então o medo tomou conta do meu corpo como uma flecha ao vento. Rapidamente todas as meninas se juntaram ao campo, no entanto, devido a minha fraqueza e dores, cheguei um tanto tarde, se comparado às outras meninas. Olhei extremamente sem graça para Suna que estava em um lugar um pouco mais alto que eu, além de me sentir inferior. Rin logo veio em minha direção e me ajudou a caminhar mais depressa, era possível ver a tristeza em seu olhar.

            - Eu estou bem Rin, não se preocupe comigo, entendeu? – fiz questão de perguntar, não queria que ela se ferisse ou sequer se colocasse em posições complicadas por minha culpa – Entendeu Rin? Eu consigo fazer tudo que for imposto, e mesmo que não consiga não quero que se preocupe.

            Ela não responde, apenas olha em meus olhos. Pude sentir uma ligação que duraria para o resto de nossas vidas, eu a amei naquele instante. Um tipo de amor que ninguém, além de nós duas, poderia entender. Mas percebi que meus esforços de fingir estar bem não funcionavam contra ela, e tive a sensação de que cada vez que abria a boca para mentir a deixava pior. Decidi apenas dar o meu melhor e se isso significasse forçar meu corpo á um novo limite eu o faria.

            Dessa vez o pronunciamento não foi feito por Suna, ao invés disso, o jovem lorde que era chamado como Mizu. Foi objetivo e curto. Apresentou as regras de forma fria e indiferente a todas ali. A fase se resumia a um teste de força, cada uma de nós deveria pegar uma quantidade X de peso e sustentar durante três horas. A regra que causou pânico é que um dos lordes escolheria o quanto de peso que cada uma deveria suportar, ou seja, poderia ser justo ou não.

            Todas se espantaram. Lorde Suna não estava no local e aparentemente lorde Mizu era de uma indiferença percebível. Possivelmente seria injusto com aquelas que não satisfizeram durante o treinamento. Eu seria uma delas. Porém logo foi possível avistam outros dois homens em direção ao meio do campo. Um deles era visivelmente Suna, pois sua aparência era de se destacar, mas o homem ao seu lado possuía uma aparência única e usava uma yukata que destacava perfeitamente seus olhos vermelhos e seu cabelo castanho.

            - Como já sabem, esse treinamento será focado em testar sua força. Eu pessoalmente irei monitorar todas vocês com a ajuda de Kasai. Apresente-se Kasai.

            - Sou Kasai e também um lorde. Estarei ajudando Suna e Mizu nesse processo de treinamento das futuras Imperatrizes, por favor, deem seu melhor e se esforcem ao máximo em todas suas tarefas.

            Kasai era muito formal, o que explicava suas vestes perfeitamente. Ainda estava atordoada pela dor e sequer notei que ambos estavam decidindo os pesos a serem pegos por cada uma. Rin foi logo chamada e decidiram que ela deveria levantar aproximadamente vinte quilos, o que era algo bom se não fosse o detalhe das horas. Katsumi, por ser bem fraca foi imposta apenas cinco quilos, e se não me engano, foi a pessoa com menor quantidade de peso. Minha vez não demorou, pude ver um olhar de pena por parte de Kasai, mas Suna apenas me olhou friamente. Foi importo a mim vinte e cinco quilos.

            Assim que o sinal foi dado todas iniciaram o treinamento, algumas estavam fisicamente abaladas pela quantidade de peso. Uma garota de Heiwana logo desistiu, ela estava suportando um peso de aproximadamente vinte quilos por uma hora. O silêncio era facilmente quebrado por gemidos de dor e algumas frases de desistência quando pude ouvir a voz de Rin calmamente dizer para mim “Vai ficar tudo bem Amaya, não desista agora.”.

            Meu corpo estava a ponto de sucumbir à tremenda dor que percorria por todo ele, mas ouvir aquelas doces palavras naquela doce voz me fez ter forças. Olhei gentilmente para ela com um sorriso e fui retribuída com outro. Mesmo que duas horas havia se passado a dor não aumentou sequer por um minuto a partir do momento que ouvi aquela delicada voz.

            E finalmente as três horas havia chegado ao fim. Os sons de alívios era ouvidos por todo o campo assim que lorde Mizu avisou o encerramento da fase. Algumas pessoas apenas largaram os pesos no chão e foram para suas respectivas casas, outras, como eu, caíram de joelhos ao chão. A dor estava estampada em meu rosto, era evidente, mas precisava levantar e me recompor.

            Enquanto me levanto pude observar Mizu indo ao encontro dos outros dois lordes que permaneciam ao meio do campo. O olhar de prazer em seus olhos era algo perturbador, mas meus pensamentos foram interrompidos por Rin, que logo me estendeu o braço em uma tentativa de me ajudar a levantar. Olhei para ela com mais atenção que o normal e pude ver seus olhos azuis se destacarem com a roupa amarela que usava.

            - Não fique me olhando como boba, pegue minha mão e vamos.

            - Ei Rin.

            - O que foi? – ela me olha com um semblante estressado – Vamos, se apresse!

            - Seus olhos são tão azuis, mas possuem pintinhas verdes...

            - Ora! – ela fica vermelha – Que bobeira! Vamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Observei que ao transferir o texto já escrito para essa área, ele perde um pouco as proporções originais, e pode parecer desorganizado. Estou tentando descobrir uma forma para que isso não aconteça, assim que conseguir, irei corrigir aqueles que já postei. Obrigada pela compreensão.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Nova Alvorada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.