Uma Nova Alvorada escrita por MoonLine


Capítulo 14
Capítulo 14- O fluir do progresso




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Os últimos três dias foram dedicados às minhas falhas tentativas de evoluir meus poderes. Toda manhã, assim que o sol ameaçava aparecer no horizonte para trazer consigo os tons alaranjados que, de certa forma, me traziam esperança, Suna me acordava e me obrigava a treinar até que Shizen tivesse alguma caça para servir de almoço. Infelizmente, a minha empolgação não foi o bastante para motivar a manifestação dos poderes pelas “lições” do lorde.

A frustração se fazia presente a todo momento, não apenas da minha parte, mas era visível o estresse de Suna e a preocupação de Shizen. O sol estava prestes a surgir novamente, nesse quarto dia de treinamento, Suna veio me acordar, mas ao perceber meus olhos já abertos, deu meia volta e saiu da caverna, me esperando do lado de fora. O céu ainda estava com tons de azul escuro, que ao se aproximar do horizonte, se transformavam em azul claro, com leves nuances amarelas e alaranjadas, Suna estava de costas para a entrada da caverna, coçou a cabeça e logo em seguida tentou arrumar seus longos fios dourados, Shizen estava no rio (empolgado para pescar um peixe, não aguentava mais comer apenas a mesma carne de sempre).

—Dessa vez eu vou conseguir! – falei em voz alta para logo em seguida suspirar fundo, buscando energia de qualquer forma possível.

—Não se preocupe. – ele me escuta e olha para trás, em minha direção, com um sorriso forçado a ser simpático – Você vai conseguir, sim.

—Então vamos! – corri em sua direção.

Novamente me encontrei de olhos fechados, respirando calmamente, concentrando meus pensamentos no meu poder, imaginando sua cor, seu peso, e então imaginando saindo pelas minhas mãos. A concentração era tamanha, que se fossemos atacados de surpresa, eu provavelmente não conseguiria reagir de imediato, já que não conseguia ouvir nada ao meu redor, nem mesmo as críticas e suspiros de Suna (que eu só tinha conhecimento graças a Shizen, sendo esse o motivo das nossas risadas enquanto Suna banhava no rio). Os minutos nessa condição pareciam durar horas e horas, quando não deveria ter passado sequer dez minutos. Em mais um, dos vários, intervalos de reclamação que faço à Suna quando percebo que meus resultados não são positivos, sou surpreendida.

—Suna. – chamo impaciente, enquanto vagarosamente abro meus olhos – Assim não está funcionando. – reclamo – Você precisa tentar outro método comigo.

—Do que está falando? – Suna sorri, seus olhos estão brilhando e seu corpo avança em minha direção – Olhe para você Amaya!

—O que?! – inicialmente fico assustada, e então olho para minhas mãos – Não acredito! – gritei – Eu consegui!

Shizen nos olha assustado pelos gritos que dei, enquanto sai do rio correndo em nossa direção todo encharcado. Já Suna se controla novamente e me olha com certo orgulho.

—O que diabos aconteceu aqui?! – Shizen aparece bravo, como se tivesse se desesperado em vão.

—Eu consegui! – levanto minhas mãos para que possa estar em seu campo de visão, mas percebo que a água já não estava mais ali – Ah... eu tinha conseguido...

—Agora não é hora pra desânimos, se você conseguiu uma vez, consegue mais vezes. – Suna interrompe o início de uma crise existencial – Tente de novo.

Ao tentar novamente, a água fluiu com muita naturalidade, sem ser necessário estar de olhos fechados, eu podia sentir a umidade se concentrar em minhas mãos, formando uma pequena bolinha de água e crescendo conforme a minha ordem. Assim que vi a água surgindo timidamente pelo centro de minha mão, sorri e olhei para meus companheiros, que revidaram o olhar de forma reciproca. Dessa vez, tentei controlar minha empolgação para que o pequeno tubo de água que estava se formando não se desmanchasse. A excitação junto a empolgação foram tomando conta do meu corpo cada vez mais e pela primeira vez, desde que fui mandada para o treinamento no alojamento, eu finalmente estava me sentindo bem comigo.

Shizen fez questão de continuar suas tentativas de pescar um peixe grande para nossa refeição, “Vou me esforçar também!”. Eu continuei tentando por horas e horas até conseguir fazer tubos de água de cerca de trinta centímetros. Minhas mãos estavam enrugadas e levemente doloridas, eu estava com muita sede também, meu corpo implorava por uma pausa, mas meu psicológico estava ignorando todos os sinais.

—Eu não consegui um peixe muito grande, mas esse aqui deve ser bom o bastante por agora. – Shizen sorri enquanto fala, para esconder a decepção de não ter conseguido o que queria – Vem Amaya, Suna, vamos comer.

—Eu já vou. – respondo sem tirar os olhos da água que controlava – Vocês podem indo, quero treinar um pouco mais.

—Você está empolgada? – Suna me pergunta neutro – Não vai conseguir lutar contra mim se não tiver força para isso. Descansa, pelo menos para almoçar.

Embora quisesse responder Suna e dizer que eu ficaria bem, minha barriga roncou alto o bastante para forçá-lo a segurar o riso enquanto fingia não ter ouvido nada. O olho constrangida e desfaço os poderes, ao passo que um pequeno bico se formava em meus lábios. Me viro e saio em sua frente, com vergonha demais para encarar seu olhar sobre mim.

O peixe estava em um espeto, logo acima da fogueira, à medida que ia assando pude perceber uma atmosfera mais leve, talvez meu julgamento por mim mesma tenha diminuído, no entanto, era perceptível que todos ali estavam com novas esperanças. Cada respiração agora não parecia carregada de culpa, medo e arrependimento, agora parecia apenas alivio. Suspiro com um sorriso no rosto e percebo ambos olharem para mim, mas não perguntaram nada, acho que todos sabíamos o que aquele momento queria dizer.

Após o almoço, o sol estava extremamente forte, tudo indicava que uma chuva estava por vir, o que fez com que corrêssemos para fazer tudo aquilo que precisássemos antes de tal acontecimento. Eu voltei a treinar, tentando aumentar cada vez mais os tubos de água que conseguia criar, Suna, embora estivesse tomando conta de mim, se ofereceu para ajudar Shizen a caçar e armazenar água. Não demorou muito para que o céu se enchesse de nuvens cinzas e pesadas, que desabariam a qualquer momento.

—Suna, é melhor parar por hoje? – Shizen pergunta preocupado.

—Eu não fico doente. – respondo confiante, impedindo Suna de opinar – Não é preciso se preocupar. Vou continuar enquanto a chuva for fraca, se uma tempestade começar, eu me juntarei à vocês na caverna.

Suna deu de ombros e foi em direção à Shizen, falando algo que não pude ouvir, e então ambos foram para a caverna. O céu estava completamente tomado pelo cinza, em várias escalas, o vento estava frio e tocava gentilmente minhas bochechas, enquanto balançava a forma da água que se encontrava entre minhas duas mãos. Algumas gotas pingavam sutilmente em meu rosto e corpo, o que, novamente, desestabilizava o controle que julguei ter sobre meu poder. Assim, seria ainda mais necessário treinar na chuva, para que fosse capaz de controlá-lo em qualquer situação, inclusive ambiental.

Conforme a chuva e a intensidade que o vento soprava aumentavam, a instabilidade do pequeno volume que criei aumentava, entretanto, pude perceber que também era possível me aproveitar da condição atual, já que cada vez que as gotas da chuva entravam em contato com a minha criação, o volume de água que eu controlava expandia. A dificuldade também crescia com a quantidade, mas era divertido tentar, me lembrava, mesmo que não sendo tão semelhante assim, aos momentos que desfrutava com meus irmãos.


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