Just another girl escrita por Nina Spim


Capítulo 9
Chapter Nine


Notas iniciais do capítulo

mais um capítulo no ar :) agora, as coisas vão engrenar mais, espero que gostem!



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O suspiro antes do beijo, o medo antes das chamas,

Você já se sentiu assim alguma vez?

(Glitter in the air, Pink)

Eu decidi que vou cantar “New York state of mind”, do Billy Joel, na audição do Glee, mesmo sabendo que deveria ter escolhido “Don’t rain in my parade”, que é a minha música mais segura.

Estou nos bastidores do auditório, às 15h55, quando recebo uma mensagem de Quinn perguntando onde estou. Respondo rapidamente, murmurando a minha música escolhida. Tudo bem, talvez eu esteja nervosa. Na internet eu me exponho para milhares de pessoas, mas aqui... aqui parece real demais. São pessoas reais me dando seus feedbacks. O Sr. Schuester, pelo que a Quinn falou, tem a fama de ter pena de todos os alunos – o que não significa que vai ser mais fácil. Eu ainda quero ser espetacular. Ainda quero que se sintam maravilhados com a minha voz.

— Hey, oi! – Quinn chega correndo, com as faces coradas. Sorrio para ela, em expectativa.

— E aí? Como foi?

— Acho que passei. Quer dizer, tem outra garota... Uma tal de Kitty. Ela, sim, arrasou.

— Mas a treinadora já conhece o seu potencial, né? Com certeza vai te escolher! – tento animá-la.

— Tomara, porque eu quero demais estar na equipe de novo. E você, tudo bem?

— Tirando o fato de que parece que eu vou vomitar... Acho que tudo bem.

— Você vai entrar! Sério! Não conheço outra pessoa melhor do que você! – Quinn me diz e me abraça, e eu não sei o que fazer. Acho que está tentando me acalmar, mas está me deixando nervosa. Eu sorrio quando nos separamos, e ela parece não perceber o meu nervosismo. Nisso, chamam o meu nome. Quinn segura minhas mãos e as aperta, enquanto diz: – Vai lá fazer a sua mágica!

Sorrio, ainda nervosa.

Ando até o palco e me posiciono.

— Meu nome é Rachel Berry e eu vou cantar “New York state of mind” – anuncio, sorrindo desajeitada.

Meu Deus, eu sou horrível. Vejo o Sr. Schuester daqui, que parece tranquilo e em expectativa. Olho para o lado, para depois das cortinas e vejo Quinn. Ela acena.

Maneio a cabeça e começo a cantar, finalmente.

{...}

— Quando sai o resultado? – Quinn me pergunta, na saída do auditório.

Eu fui bem, eu acho. Houve palmas. Eu gostei disso. Enquanto cantava, sentia meu peito se expandir. Queria que Finn estivesse ali para me ver, mas fiquei feliz por ter pelo menos Quinn me apoiando. Quando a encontrei, ela me abraçou mais uma vez e gritou:

— ACABOU, JÁ TEMOS A VENCEDORA!

Eu rio, meio envergonhada.

— Amanhã, às 13h.

— Então, amanhã teremos a nossa festa do pijama!

Eu nem sei se vai mesmo rolar. Mas fico animada. Acho que a gente merece. Mas e se eu não passar no teste? Bom, com certeza vou querer comemorar a felicidade de Quinn. Acho que ela merece alguma alegria.

{...}

No intervalo do almoço, Quinn corre para o quadro de avisos. Ela solta um grito e eu já sei: conseguiu. Ela vem até mim aos pulinhos.

— Estou dentro! Meu Deus, estou dentro! – Quinn exclama.

Uma garota loira passa por nós e olha para Quinn com uma expressão fuziladora.

— Isso mesmo, pode me olhar o quanto quiser! – Quinn fala alto para a menina.

A garota, provavelmente a tal Kitty, a olha com desprezo e se vai.

Sorrio para Quinn com animação.

— Agora só falta você! Festa do pijama, estamos chegando! – ela diz, com um dos braços nos meus ombros.

Quando chegamos à mesa de almoço, Quinn conta a novidade para Santana, Brittany e Kurt. Todo mundo solta um gritinho e várias exclamações. Quinn diz que todos estão convidados para a festa do pijama que vai dar na casa dela, inclusive Kurt.

— A Rachel vai passar no teste para o Glee e vai ser ainda melhor! – Quinn fala, com alegria. Ela mal pode se conter. Fala das seletivas o almoço inteiro.

No último sinal, é a minha vez de me dirigir ao quadro de avisos. Meu coração está rápido, mas não sinto medo. Quinn se enfia na minha frente e lê a lista antes de mim, aí se vira para mim e me abraça pela cintura e me gira no ar, e eu não sei bem o que está acontecendo, mas estou rindo.

— O quê, sua doida?

— Você conseguiu, olha só! Conseguiu!

Ela me solta, e eu vejo a lista. Meu nome é o primeiro. Por último está o nome de Kurt, e eu me surpreendo. Ele não me contou que ia também tentar.

Um pouco depois, vejo-o chegando correndo.

— Você não me contou! – eu o acuso, mas sem raiva.

Eu estou é feliz. Meus amigos se dando bem na vida e eu também. Parece que essa escola vai mesmo ser ótima para mim... Se não fosse aquele detalhe. Mas eu não vou deixar me influenciar por um garoto maluco. Aliás, eu quase não o vejo, pois ele mata a maioria das aulas.

— Não queria que isso atrapalhasse a nossa amizade – Kurt justifica, parecendo sem graça. – Mas então eu passei? – nasce um sorriso tímido em seu rosto. Ele também lê a lista – Meu Deus.

Eu e Quinn o abraçamos. Ele ainda parece chocado.

— Eu passei? – ele não para de repetir.

— Você passou! – Quinn canta no corredor. – Todo mundo da minha casa às 20h!

{...}

A casa de Quinn é bem diferente da minha: é imponente e espaçosa, três andares.

Sou a última a chegar. Sou recebida por uma mulher loira muito austera. Ela me sorri e eu subo para o quarto de Quinn, que tem um closet e um banheiro. Minha antiga casa, em outro bairro de Lima, também tinha um banheiro no meu quarto, mas abri mão dele por causa do McKinley.

Santana sugere jogarmos Verdade ou Consequência, e eu detesto. Quinn quer assistir Pose. Eu não entendo muito o conceito do seriado, mas assistimos dois episódios. Depois, colocamos nossos pijamas e ficamos conversando sobre a escola.

Perto das 22h, Santana tira uma garrafa de champanhe da bolsa e diz que vamos jogar Eu nunca. Kurt também não quer jogar, mas todos acabamos seduzidos pela bebida.

Quinn começa. As perguntas dela são as mais bobas possíveis, todas sobre notas ou garotos. Infelizmente, eu bebo quando ela pergunta sobre o primeiro beijo. O Kurt é o único que não bebe, então a Santana fica pegando no pé dele. Quando Santana pergunta sobre sexo, eu e Kurt estamos iguais. O jogo para, porque ninguém quer mais fazer perguntas, mas a bebida continua sendo consumida.

Santana fica mais feliz que o normal e começa a dançar com Brittany. As duas simplesmente esquecem que não estão sozinhas e começam uma guerra de almofadas. Eu, Quinn e Kurt ficamos rindo e, logo depois, nos juntamos. Não sei como os pais de Quinn não intercedem.

Voltamos a assistir seriado e, tempos depois, eu cochilo. Quando acordo, as luzes estão apagadas. Estou na cama de Quinn e Kurt está bem ao meu lado. Me mexo e sinto outra pessoa do outro lado.

— Ai – alguém diz. É a Quinn. Eu me ajeito e a olho. Meus olhos doem por causa da luz do celular dela. – Não consigo dormir.

— Tá fazendo o quê?

— Vagando pelo feed e ouvindo música – ela divide o fone comigo. Está tocando “I’ve had the time of my life”, e eu rio baixo. A gente fica em silêncio enquanto Quinn volta a rolar o Instagram. Coloco minha cabeça no ombro dela e fecho os olhos, ainda acordada.

Nem acredito que faz quase duas semanas que conheço Quinn. Parece muito mais. Parece destino. Nós tínhamos mesmo de ser amigas. Se não fosse por Quinn, provavelmente eu ainda seria aquela garota assustada e ansiosa do primeiro dia de aula. Agora ela é a minha parceira de crimes químicos e eu não gostaria de ser amiga de nenhuma outra garota.

— Por que você me beijou naquele dia? – pergunto no escuro – A gente nem se conhecia.

— Às vezes eu beijo pessoas sem saber quem elas são – responde, mas sinto que existe sarcasmo na voz dela.

— Pessoas? Que pessoas?

Agora toca “Landslide” e eu sinto me sinto calma e protegida.

— Nenhuma, Rachel. Eu tô brincando.

— Mas você me beijou – faço silêncio, ela não diz nada. Eu tenho medo da minha próxima pergunta. – Quinn... Você não está apaixonada por mim, né?

— E se eu estiver?

Olho para ela, mas Quinn continua observando para a tela no celular. Está rolando o feed como se não o visse.

E se ela estiver? Bom, aí vai ser triste, porque eu amo outra pessoa. Uma pessoa que não é uma garota.

Eu sei que não tem nada de errado estar apaixonada por outra garota, especialmente porque eu tenho dois pais. Mas eu não quero que ela ache que tem uma chance, porque não tem.

Eu amo o Finn. Amo-o há muito tempo. Não vou conseguir amar outra pessoa.

— Não estou apaixonada por você – digo.

Ela me olha e, na pouca luz, fica séria.

— Eu sei – responde. – Mas acho que eu estou por você.


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Notas finais do capítulo

e aí, o que acharam? reviews? ♥



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