Just another girl escrita por Nina Spim


Capítulo 8
Chapten Eight


Notas iniciais do capítulo

oi oi, mais um capítulo no ar :)



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Você já se sentiu como um saco plástico

Flutuando com o vento, querendo recomeçar?

(Firework, Katy Perry)

Não foi surpresa nenhuma saber que a Rachel está apaixonada pelo Finn.

Ele é popular e bonito, as pessoas – especialmente as garotas – gostam dele. Eu também tive os meus dias.

Não foi amor, eu acho, mas foi uma paixonite boa. Ele era o capitão do time e eu, a líder de torcida bonitinha. Fizemos um casal bonito pelos corredores. Mas eu tinha que segui-lo a todo instante, dizer o quanto ele era maravilhoso e quanto eu o adorava como namorado. E isso foi chato.

Quatro semanas depois, eu não agüentava mais. Na quinta, eu rompi com ele. Finn nem demonstrou muita surpresa. Ele disse que me queria como amiga, e eu aceitei. Saímos, às vezes, nos fins de semana, vamos a festas junto com nossos colegas e tudo mais. Mas, definitivamente, não consigo entender o que me fez gostar dele além da amizade. Acho que ainda estou tentando descobrir o que quero.

Por isso, enquanto estou sentada ao lado de Rachel, nas arquibancadas do estádio, não entendo bem o que estou fazendo aqui. Eu a acompanhei simplesmente porque não queria voltar para casa e ter de lidar com as perguntas da minha mãe, que são sempre as mesmas: Já pensou sobre advocacia? Já voltou para o time da Sue? Por que você tirou outro C menos em matemática? Comprei um vestido lindo pra você, por que não experimenta?

Eu tento evitar qualquer interação com meus pais. Eu sei que é triste, mas não tem outro jeito. Eu sei que ir para a faculdade é o único jeito de me desvencilhar desse nó que mantenho com eles, mas infelizmente não faço ideia de como posso ajudar, se não sou capaz de encontrar um curso que tem a ver comigo.

Minha mãe acha que eu deveria visitar algumas universidades para entender se elas têm o que eu quero, para depois escolher algum curso. Porque ela diz que a universidade importa mais. Ela acha que devo ir para Yale e que eu deveria procurar um mentor de lá para me ajudar no vestibular, mas eu não quero ir para New Haven. Às vezes ela fica me mandando links que dizem “10 coisas para fazer em New Haven”, para me convencer a ir para lá, mas isso não é o suficiente. Eu não quero conhecer a história local, não quero entrar para a Ivy League.

Acordo dos meus devaneios com um gritinho de Rachel, que está em pé batendo palmas. Eu não entendo. Não entendo por que alguém gastaria a sua tarde torcendo para um garoto que não sabe a diferença entre um brócolis e uma couve de Bruxelas. Finn nem é um garoto muito legal. Ele não defende o Kurt, por exemplo. E isso me tirava do sério quando ficamos juntos. Ele simplesmente dizia que não podia fazer nada se o meio-irmão não sabia se defender sozinho. Como assim não podia fazer nada?

— Como é que você não sente saudade de torcer para o time? – Rachel me pergunta, a certa altura.

Eu a entendo, ela não para quieta. Mas, se me perguntarem, o que mais sinto saudade com certeza são das competições, da adrenalina. Não de ver garotos suados correndo pelo gramado. Não entendo como é que algo tão banal se tornou tão popular.

— Tô pensando em falar com a treinadora – confesso. Eu era boa no meio daquelas garotas. Apesar das humilhações pelas quais Sylvester nos fazia passar, eu gostava das coreografias e da altura. Gostava da minha posição de líder, também – eu sei, é idiota, mas o que posso fazer? Ainda sou uma adolescente fracassada-e-egocêntrica como qualquer outra.

— Oh, que ótimo! – Rachel sorri para mim – Você acha que ela vai te aceitar?

— Com certeza não. Quando eu desisti, ela me disse que estava decepcionada. Acho que a decepção faz coisas esquisitas com as pessoas.

— Mas você vai tentar mesmo assim, né?

Dou de ombros.

— Acho que é o jeito.

Fico em silêncio de novo.

— Você não ama torcer para os garotos? – ao final, ela me pergunta com uma animação difícil de se encontrar.

Torço o nariz, fazendo uma careta leve.

— Na verdade, não. Você já entrou no vestiário deles? Eles não sabem nem lavar as partes. É horrível.

Pensando bem, como é que eu pude ir pra cama com o Finn se eu nem achava que o amava? E se, com certeza, se ele poderia me transmitir alguma doença pela falta de higiene? Meu Deus, eu estava drogada quando passei aquelas semanas com ele...

Rachel parece meio enojada.

— Tá bom, você é esquisita – ela me diz, meio que rindo.

Acho que ela tem razão, porque eu nunca me senti animada perto de qualquer garoto. Pra falar a verdade, não sei o que nós, garotas, deveríamos ver neles. Príncipes encantados? Como, se a maioria deles passa bem longe desse arquétipo? Não entendo. Eu queria sentir tudo o que Rachel sente pelo Finn, mas percebo que o que quer que eu tenha sentido por ele não passou de uma fagulha débil.

Depois do treino, Rachel quer falar com Finn. Ela vai para a frente do vestiário (mesmo com a informação nojenta que eu falei mais cedo) e o espera. Eu fico andando pelo corredor, impaciente. Quando Finn aparece, Rachel quase o ataca como uma pré-adolescente num show do Justin Bieber. Eu quase rio com a cena.

— Você foi ótimo, Finn – ela diz, num tom muito agudo. Finn a olha e sorri daquele jeito bonitinho que, obviamente, encanta garotas inexperientes (provavelmente, o caso de Rachel).

— Não foi um treino oficial, a seleção para novos jogadores é no final dessa semana – ele diz.

— E você vai continuar sendo capitão, né?

— Vamos ver. Espero que sim. Oi, Quinn – vejo o sorriso dele. – Tchau, meninas.

E aí, ele simplesmente se vai, os tênis fazendo barulho.

“Que idiota”, penso. Ele nem ao menos parou por cinco minutos. Será que a Rachel não vê o desinteresse dele?

— Você viu como ele me olhou? – Rachel parece feliz; obviamente, uma cega feliz. Eu solto um risinho desacreditado. – Será que ele vai pra gelateria agora? A gente podia dar uma passada, né?

— Não dá, vou falar com a treinadora agora. – olho o visor do meu celular e constato que são 16h10 – A gente se vê depois?

— Vou pra casa, então. Não vou sozinha pra gelateria. Me manda uma mensagem se conseguir voltar pra equipe? Aí, a gente pode fazer uma festa do pijama para comemorar!

Duvido muito. Mas a ideia é animadora.

Assinto.

Eu e Rachel tomamos rumos diferentes: ela vai para a entrada da escola, e eu, para a sala de Sue.

A treinadora está bebendo um shake incrivelmente grande enquanto assiste TV. Nenhuma outra sala tem TV, mas aposto que o fato de ela já ter vencido muitas nacionais lhe dê algumas regalias. Ela é mesmo uma boa treinadora, pena que é uma pessoa difícil de lidar.

Bato no vidro, e ela me vê. Sue não sorri, mas me manda entrar com um gesto.

— Quinn – Sue fala, assim que dou o primeiro passo adentro.

— Treinadora.

— Veio se humilhar para conseguir de novo seu uniforme? Achei que demorou demais até.

Não demonstro nada.

— Só queria saber se tenho outra chance.

Sue dá um longo gole no shake e estala os lábios.

— Sabe, Quinn, a pequena Sue era igualzinha a você. Ela tentava até conseguir. Hoje que eu tenho tudo... Garotas atletas incríveis, muitos troféus e um William Schuester humilhado diversas vezes... Eu penso: será que eu deveria ser fraca e cogitar dar outras chances às pessoas? Ou será que eu deveria seguir o padrão durona insensível?

Não sei o que dizer. Fico olhando para ela, esperando-a se pronunciar novamente com outra facada.

— Eu deveria continuar seguindo o padrão, é claro – ela mesma responde – Mas será que a pequena Sue vai ficar feliz?

Dou de ombros.

— Não... não vai – Sue dá uma pausa, enquanto toma mais shake. Não sei porque ela gosta tanto de fazer os outros esperarem por algo que nem existe. Eu fui muito burra achando que ia dar certo. Nem recuperar algo que sei fazer vou conseguir. Aos 18 anos, vou ter de sair da casa dos meus pais para morar na rua, é isso. Sue me estende um folder colorido, com Santana empunhando pompons vermelhos e um sorriso, porque, depois que eu saí, foi ela quem ganhou a liderança – A seleção para novatos é na quinta. Quem sabe você tenta uma chance depois de tanto tempo enferrujada.

Apanho o folder.

Eu vou ter uma nova chance?

Sorrio para Sue, mesmo que ela não mereça.

— Obrigada, de verdade, obrigada! – exclamo baixo.

— Agora saia daqui – Sue manda numa voz severa –, meu programa favorito vai começar.

No corredor, me sinto muito feliz, mesmo sabendo que não vou passar no teste, porque, como Sue mesma falou, eu estou enferrujada. Mas ainda tenho dois dias para bolar uma coreografia.

É claro que não conto para minha mãe, porque já sei da pressão que vai colocar em mim. Guardo segredo dela, mas conto para Rachel. Ela fica feliz por mim, diz que vou arrasar e que vou voltar a brilhar como quero.

Na verdade, só estou fazendo isso para ter alguma chance de futuro – seja lá para onde ele me aponte; ficar parada parece pior ainda.

{...}

Na quinta-feira de manhã, eu estou nervosa, mesmo sabendo que os testes são às 15h15. Rachel me manda algumas mensagens no Instagram, uma delas é uma selfie com o unicórnio que dei para ela no parque de diversão.

Eu e Jim estamos torcendo por você!!!

(Sim, o nome dele é Jim).

Mando emojis de corações pra ela e tento me concentrar na música que escolhi: “Firework”, da Katy Perry. Eu sei que é antiga, mas continuo gostando muito dela. Espero que a minha coreografia seja convincente, porque é a única chance que eu tenho. Duvido que a Sue vai me conceder voltar simplesmente porque quer. Mesmo que ela queira, acho que ela não passaria por cima do próprio orgulho.

Às 16h, Rachel tem a audição do Glee. Então, significa que essa quinta-feira é decisiva para nós duas. É aquele dia que pode mudar nossas vidas para melhor.

Eu vou para a quadra uma hora antes, para ensaiar mais algumas vezes. Não estou perfeita, mas estou boa. Não faço a mínima ideia se estou acima da média ou não, mas decido que não vou me preocupar com as outras candidatas.

Fico na quadra vendo as outras competidoras. Três são realmente péssimas. Tem um garoto totalmente sem coordenação pleiteando alguma vaga também. Então, chega a minha vez.

Eu tento fazer o meu melhor. Meu corpo está dolorido, por causa dos últimos dias voltando à ativa, mas isso só me motiva mais ainda. Eu estou com saudade de todas as dores. Estou com saudade de me sentir viva.

Quando dou a última pirueta, Sue aciona o megafone.

— Bom!

Ela não sorri ou diz outra palavra, simplesmente desce os olhos para a prancheta à sua frente e escreve alguma coisa.

— Próxima!

Fico sentada na arquibancada, observando minhas concorrentes. Uma tal de Kitty é simplesmente perfeita e eu começo a ficar com medo.

A seleção termina e Sue anuncia aos berros:

— Resultados amanhã, às 11h, no quadro de avisos!

Saio da quadra sentindo que dei o meu melhor.


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Notas finais do capítulo

e aí, será que a quinn vai conseguir voltar pras cheerios?

reviews? :)



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