Just another girl escrita por Nina Spim


Capítulo 6
Chapter Six


Notas iniciais do capítulo

mais uma capítulo :)



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E eu ainda consigo enxergar tudo (na minha mente),

tudo de você, tudo de mim (interligado).

(Daylight, Taylor Swift)

— O que foi? – pergunto, quando Rachel não desvia o olhar.

Ela dá de ombros.

Quando penso que vai falar que quer ir embora, diz:

— Obrigada pelo unicórnio. Desculpa se a moeda é feia.

— Não é. Eu gostei dela.

— Você nem olhou pra ela.

— Claro que olhei!

Sorrimos e acho que ela sabe que estou mentindo.

Não gostei da moeda, é claro, mas achei que ela fosse se animar com o unicórnio. Acho que acertei.

Ela desvia o olhar primeiro e olha para o horizonte mais uma vez.

— Você não precisa querer ser minha amiga, mas... acho que é bom contar com alguém, né? – pergunto.

Ter amigos é incrível, é o que me salva da minha família. Mesmo que Santana seja difícil e mesmo que Brittany seja... Bom, Brittany... Elas são a família que escolhi. É com elas que eu divido os meus melhores momentos.

— Você me salvou hoje – ela volta a deslocar os olhos castanhos, agora pousa-os em mim. – Eu simplesmente teria voltado para casa e me contentado em ficar debaixo das cobertas.

— Isso também é bom – opino rapidamente –, mas você não teria se divertido. Você se divertiu, né?

— Com certeza – ela garante – Você fez o meu dia mais bonito.

Fico pensando nisso. Nunca ninguém me disse algo tão poético e simples assim. Geralmente me dizem que eu sou gostosa ou algo assim. Já cansei de ouvir as mesmas coisas.

— Tenho que voltar para a escola agora, tudo bem? – digo, quebrando o momento.

— Claro.

— Mas te levo em casa.

— Não precisa.

— Não tem problema, sério. Meu horário é só às 15h30.

— Vai fazer o quê?

— Hmmm – faço, porque não sei se estou disposta a abrir o jogo –, tenho um horário com a conselheira – decido falar a verdade. Acho que tudo bem. – Ela não é muito boa para problemas em geral, mas dizem que tem um vasto conhecimento em orientação vocacional. Minha mãe acha que isso pode me ajudar.

— E você quer ir?

— Não muito – acabo rindo um pouco.

Ela não diz nada, mas me lembro do que me disse mais cedo. Que eu deveria parar de fazer coisas que me deixam infeliz. Acho que não tem como, ainda moro com meus pais e são eles quem mandam. Pelo menos é isso que eles dizem.

As três voltas na roda-gigante acabam e eu chamo um Uber. Rachel diz que vai me pagar de volta, assim como todas as outras corridas, mas eu digo que não precisa. O dinheiro é dos meus pais e eu não me sinto nem um pouco culpada de gastá-lo. E, se eu puder ajudar uma garota a chegar em segurança em casa, vou fazer.

Estacionamos em frente à casa dela às 13h05. Não quero voltar para o McKinley, mas sei que preciso. Queria simplesmente passara a tarde com Rachel e esquecer que sou uma adolescente perdida, mas eu sei, a gente não pode ter tudo na vida.

{...}

— Onde você esteve? A gente te mandou um monte de mensagens! – Santana quase grita na minha frente, na saída do refeitório. Ela e Brittany estavam matando aula para comer castanhas (porque acho que é a nova dieta da Sue ou algo assim).

— Por aí – dou de ombros.

— Você foi atrás daquela garota? Aliás, ela não é a mesma daquela boate? Anã daquele jeito eu com certeza ia me lembrar.

— Hm, não sei de que está falando.

— Corta essa, Quinn! Você está pajeando essa garota ou o quê?

— Só estou sendo legal com ela.

— Você tem que parar de ser legal com os fracassados.

Bom, eu sou uma fracassada, então nada mais justo, né? Eu acho.

Não respondo.

— Vai fazer o que depois da escola?

— Tenho orientação com a Pillsbury.

Santana começa a rir.

— Boa sorte – ela fala, ainda rindo.

Fico na biblioteca lendo até dar o horário. Em seguida, me arrasto até a sala da conselheira como se estivesse indo para a morte.

Vejo que recebi uma mensagem de minha mãe:

SE VOCÊ ESCOLHER ADVOCACIA EM YALE VAI PODER TRABALHAR COM SEU PAI!

Ela ainda não entendeu que não precisa mandar todas as mensagens em caixa alta. Eu já tentei explicar isso, mas ela simplesmente ficou brava.

Tudo o que eu mais quero é não ter de trabalhar com meu pai. A ideia me apavora.

Ignoro a mensagem e espero na cadeira.

— Quinn? – a Srta. Pillsbury me chama, sete minutos depois (sim, eu contei).

A sala de Emma Pillsbury é organizada – até demais. Nada fora do lugar. Quando me sento, ela está apontando um lápis com muita concentração.

 Ela abre a agenda e eu leio, de cabeça para baixo: “Quinn Fabray – orientação vocacional”.

— Então, Quinn – Srta. Pillsbury começa, muito séria – Você não está aqui para simplesmente dizer uma profissão. Escolher sobre o futuro diz respeito também sobre o presente. Não somente sobre suas habilidades, mas acredito que é também sobre autoconhecimento.

Mal começou e já estou entediada.

Meu Deus, ela virou coaching? Ela vai me ensinar como perseguir o meu sonho de fazer vários nadas daqui a dez anos? Quer dizer, eu quero fazer alguma coisa, só não sei o quê, ainda.

— Nessa primeira etapa eu vou aplicar um teste comportamental. Isso vai te permitir saber seus pontos fracos e fortes e gerir seu comportamento.

Hm. E daí?

Meu Deus, não tô entendendo nada. Mas balanço a cabeça mesmo assim.

— Tá bom, beleza – respondo.

Aí, ela me passa um tablet (porque essa escola tá mais atualizada que a Nasa). A tela mostra um teste online e eu quase rio. Não é possível que eu vou me autodescobrir com um teste online! São 25 questões e eu tenho que marcar palavras que melhor me definem. Ao final, o teste diz que eu busco independência e que sou teimosa. Quase me surpreendo. Meu Deus, sou eu?

Na verdade, estou bastante surpresa.

Olho para a Srta. Pillsbury.

— Acabou? – ela me sorri.

— E agora? O que eu faço com isso?

— Agora você vai saber como lidar consigo mesma. Vamos para a segunda etapa?

Daí, ela me passa outro teste, mas em três folhas. Tenho que afirmar, de 1 a 5, se concordo ou discordo de frases que aparecem. Quando termino, entrego para ela.

Abaixo das afirmações, ela escreve três cursos: Direito ­– meu Deus, não pode ser!—, Ciências sociais e Filosofia.

Olho para as palavras e elas não me dizem nada.

— Você tem uma característica bastante existencial, o que tende para cursos que buscam a existência humana.

Eu nunca cogitaria fazer nem um desses três cursos.

Obrigada, Srta. Pillsbury, por me ajudar em absolutamente nada.

Sorrio para ela, porque acho que é o certo a se fazer. Acho que ela está esperando uma resposta positiva.

— Hm, vou pensar – respondo.

Ela sorri como se tivesse descoberto a cura do câncer.


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Notas finais do capítulo

pra mim, daylight é muito faberry ♥ tenho vontade de escrever TODOS os capítulos com essa música hahaha. mas, enfim, o que acharam? algum review?



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