Just another girl escrita por Nina Spim


Capítulo 10
Chapter Ten


Notas iniciais do capítulo

mais um capítulo no ar :)



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Quem sabe eu vá me encontrar por aí.

(Atrás / Além, O Terno)

Eu sei que Rachel só gosta de mim como amiga. Ela é apaixonada pelo meu ex-namorado e acho que é teimosa o suficiente para não mudar de ideia. A menos que se sinta de outra maneira. O que não vai acontecer.

Mas o que faço com o que estou sentindo cada vez mais forte? Essas quase duas semanas mudaram tudo. Primeiro, eu a beijei achando que nunca mais a veria. Depois, fui a um monte de lugares com ela. E, agora, quero demais beijá-la pela segunda vez, mas direito, com mais calma e não como se ela fosse desaparecer em menos de três segundos.

Rachel me olha de novo e eu sei o que ela vai dizer.

— Eu estou apaixonada por outra pessoa, Quinn.

Fico em silêncio, sentindo um navio atravessar meu peito. É esquisito, eu sempre tive o garoto que quisesse – com o Finn foi a mesma coisa. Mas é estranho não poder refrear a noção de fracasso e decepção.

— Eu sei – repito.

Ficamos em silêncio. Sinto meu coração espremido e batendo com dificuldade. Tudo o que mais quero essa noite é que ela me escolha, mas sei que não posso esperar nada.

— Existem outras garotas... – ela fala.

Ah, sim. Pra ela é fácil falar. Será que existem outros garotos além do Finn pra ela?

— Eu não quero – respondo.

Rachel se afasta de mim e me devolve o fone.

Fico pensando que queria que o amor fosse mais fácil. Ou quem sabe ele é e eu é que estou investindo em algo que não é para mim.

Talvez eu devesse simplesmente ficar com garotos.

Rachel não é a primeira garota que me chama atenção. E, por causa das apostas de Santana, eu já beijei algumas para saber que eu também gosto delas.

Mas é a primeira vez que passo tanto tempo ao lado de uma pra ter a certeza de que sinto o mesmo que eu deveria sentir só por garotos.

Gosto de como a Rachel me faz sentir como uma garota que merecesse um futuro. Meus pais somente me obrigam a ter o futuro que querem. Mas Rachel me faz querer encontrar um futuro que é só meu, só pra mim. Gosto de como ela não me obriga a ser quem eu não sou.

Não sei se estou simplesmente misturando as coisas, mas eu nunca senti isso por Santana ou Brittany, é totalmente diferente. Não é apenas amizade.

— A gente tem aula amanhã, você também deveria dormir – Rachel me diz, escorregando ao meu lado e ajeitando o travesseiro. – Boa noite.

— Boa noite.

É claro que eu não consigo dormir, porque, de um jeito estranho, quero chorar e penso que gostaria de estar sozinha. Quer dizer, não sei o que eu esperava, é claro que não seria diferente. E sei que Rachel não se sente culpada. Ela é livre para amar um cara totalmente mediano, se quiser. Não que eu também não seja mediana, mas pelo menos eu me importo com ela.

Quando amanhece, eu continuo acordada. Kurt é o primeiro a levantar e acorda Rachel. Ele quer chegar mais cedo na escola para ir ao Glee e ensaiar alguma coisa com Rachel. Por isso, eles parecem muito animados.

Eu me visto com lerdeza, porque estou sentindo os efeitos de não ter dormido. Penso que preciso de um litro de café. Tomo duas xícaras e minha mãe diz que isso pode comprometer a brancura dos meus dentes. Eu não ligo.

Quando saímos, me sinto menos letárgica. Pegamos o ônibus e Rachel e Kurt não calam a boca. Santana me cutuca e pergunta:

— O que há?

Dou de ombros.

— Só estou cansada.

Pela cara dela, sei que não acredita.

— Eu ouvi. Meio bêbada, mas ouvi.

Sinto meu rosto esquentar.

— Ouviu o quê? – me faço de idiota.

— Quinn – ela me repreende. – Não sou burra. Na verdade, eu já tinha sacado antes. Em condições normais, você meramente teria ignorado essa daí. Mas você ficou feliz demais naquele primeiro dia. E eu soube o inevitável. – Não consigo responder nada, então pego meu celular para fingir demonstrar que estou nem aí – E, sabe, isso é totalmente normal. Amar é normal. Eu sei que a sua família quer que você se case com um homem rico e tudo mais, mas você pode escolher outra pessoa. Tudo bem que não precisava ser a Rachel— ela diz, sarcástica –, mas eu entendo. Não dá mesmo pra controlar.

— Então... Você acha que está tudo bem? – sussurro. Porque eu não sabia. É claro que eu sei que existem pessoas que não são heterossexuais, mas eu nunca achei que isso fosse acontecer comigo. E eu já tenho 16 anos, será que eu já não deveria saber? Ou será que dá pra saber essas coisas o tempo que for? Será que eu nasci assim e não tinha me dado conta? Talvez a vida seja mesmo esse enorme quebra-cabeça que a gente vai montando através dos anos. Vai saber.

— É óbvio que está tudo bem – Santana afirma, me abraçando, o que é meio raro. – Sabe, eu ia te contar antes... Mas eu e a Britt estamos namorando.

— Vocês o quê? – eu grito, surpresa.

{...}

No intervalo, eu vou até a sala de Sue, para pegar meu novo uniforme. Quando o coloco, é como se eu tivesse me reencontrado. Finalmente eu sou a antiga Quinn, uma Quinn bem melhor. É claro que eu não tinha esse cabelo rosa, mas as férias fizeram algo comigo. Eu comecei a beijar garotas e tentei fumar. Mudei as minhas roupas. E pintei o cabelo.

Os cigarros não são pra mim.

Mas o resto eu mantive.

Miro meu reflexo no espelho e gosto do que vejo.

A porta do banheiro se abre e é Rachel.

— Ah, meu Deus! – ela para e diz – Então, essa é a nova Quinn?

— Na verdade, é a antiga. Ou a no meio do caminho – respondo, olhando para ela. Rachel sorri e se aproxima.

— Nada mau – e aí, ela pega a minha mão e me gira, fazendo a saia do uniforme ir junto.

Me sinto esquisita. Meio envergonhada. Especialmente por causa de ontem. Achei que ela fosse se distanciar, porque é o que alguém com a cabeça no lugar faria, até porque seria fácil – não temos uma amizade longa; cortar os laços seria fácil. Ela investiria no Finn e me esqueceria.

Mas tudo bem, ela quer ficar.

Quer fazer do jeito mais difícil.

Mas eu não tenho coragem de ir embora. Eu também quero ficar.

Eu sorrio.

— Você gostou?

— Aposto que os garotos também vão – ela pisca para mim.

Meu sorriso fraqueja.

— Ou outras garotas – Rachel adiciona.

Sinto meu rosto ficar vermelho e desvio a atenção dela.

— Meu treino é às 15h30, no mesmo horário do Glee.

— Ah, não – ela faz – Não vou poder te ver dançando por aí.

— Como se você quisesse – isso sai totalmente do nada e percebo que estou descontando nela. Minha voz está irônica e raivosa. Meu Deus, eu preciso sair daqui, sair da frente dela. Não quero machucá-la só porque não sei lidar com o fato de ela não poder me retribuir.

— É óbvio que eu quero. Sou sua amiga, quero ver você feliz.

Fecho a cara.

— Tá bom – respondo, num tom diferente, mais suave.

— Não torne as coisas mais difíceis, Quinn – o rosto dela está sério.

— Eu? E você? Por que simplesmente não vai embora?

— É o que você quer?

Não. De jeito nenhum.

— Sim. Acho que vai ser mais fácil.

A expressão de Rachel congela e desmorona ao mesmo tempo. Ela está decepcionada, eu sei disso.

— Bom, desculpa se eu ainda queria ser sua amiga – ela fala e, logo depois, dá as costas para mim. Vejo seu cabelo escuro se mexer com violência e sumir do banheiro.

Eu não vou chorar.

É claro que acontece. Sinto meus olhos arderem. Me tranco em um dos reservados e me sento no vaso. Sinto meu peito pesar. Eu não queria que fosse assim. É claro que não achei que fosse conseguir suportar essa situação por mais tempo. Mas achei que não fosse acabar tão rápido.

Tenho que fazer esforço para que não comece a soluçar.

Eu não queria perder a única pessoa que me viu de verdade.

Mas agora é tarde demais.


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Notas finais do capítulo

putz, uma amizade dessas pra durar tão pouco tempo, será???

reviews?



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