Amor e Poções escrita por Rosaline Resende
Notas iniciais do capítulo
A fim de maior entendimento recomenda-se ler parte da Mitologia celta, que é o panteão usado na história. Boa leitura.
3 Anos Atrás
— E que fique decretado por mim, o rei de Dalfeir, que a partir desta presente data a magia volta a ser permitida nos limites do reino e em sua totalidade. Sem represálias perseguições ou coisas do tipo. Mas Nosso código de conduta deverá ser respeitado. Declaro também reaberta a escola de magia e todos os magos e feiticeiros comerciantes terão isenção de impostos durante um ano a partir de hoje!
— Vida longa ao Rei!! - Um dos moradores gritou no meio da multidão que o acompanhou com gritos, salvas de palmas e comemorações.
Enquanto isso Ao alto da colina, uma jovem feiticeira limpava a frente de sua casa onde vivia isolada de tudo e todos. O caminho até sua casa era árduo então somente guerreiros necessitados de seus remédios e poções milagrosas subiam até lá. O caminho escondia armadilhas e encantamentos no qual somente um feiticeiro experiente ou um guerreiro destemido passaria sem problemas. Seu nome é Ara, e era órfã de ambos genitores. Ela tinha um assistente chamado Johan que partiu em viagem e nunca mais retornou.
Ara Perdeu os pais ainda muito jovem e teve de aprender a lidar com seus poderes sozinha. Encontrou uma mentora logo que completou 13 anos e até os 19 ficou com ela para aprender as artes da alta magia. Ela conhecia a maioria dos feitiços, poções e afins. Sua mentora era muito poderosa, mas já era muito velha e não era feiticeira nata portanto sua natureza humana a consumiu e a levou embora.
Desde então Ara vive na casa da Colina, a qual herdou de sua mentora Mieth.
Mieth era muito amiga do Rei, quando o mesmo ainda era jovem. Por isso Ara tem um lugar especial no coração do Rei que a considera como filha.
O Rei tem um único Filho. O Principe Neacar. O irresponsável.
Neacar estava prometido à Leonice do reino de Kir, princesa e filha do Rei Diogeor que ao contrário do Pai de seu futuro genro, odiava magia e se pudesse, organizaria uma caça a todos os feiticeiros das redondezas. Graças ao Pacto de Dalfrath o mesmo não poderia fazer isso, pois tal acordo é de suma importância econômica para ambos os reinos.
O príncipe irresponsável e arruaceiro, como era conhecido por todo o reino por conta de suas noitadas e por não querer ser o novo Rei de Dalfrath, adorava curtir a vida ao lado de belas garotas e beber em tavernas distantes da vista de seu Pai. O mesmo orava aos deuses que seu Tio mais novo, Belfre, assumisse o trono visto que era o terceiro na linha de sucessão, logo após ele. Mas como nem tudo são flores, as preces do rapaz não foram atendidas. E logo ele teria de se casar. Estava desesperado e acabou por ir bater a porta de Ara.
O jovem subia a colina esbaforido, visto que a muito tempo não lutava e nem treinava nas arenas. Mal conseguia falar quando chegou lá. Ara pediu a ele que se sentasse, e quando recuperou o fôlego explicou a situação:
— Ara, você tem que me ajudar. Não sei o que fazer. Como sabes, meu pai quer que me case logo.
— Sim estou sabendo. Mas ainda não entendi no que eu vou te ajudar. Quer fugir ? Sumir do Mapa?
— Eu até pensei nisso mas não daria certo. Eu não saberia viver longe do castelo e das mordomias. - Ele suspirou - Eu pensei em algo mais efetivo. Uma vez eu me envolvi com uma jovem feiticeira ao leste daqui. E como ela era bonita, voluptuosa...
— Poupe-me dos detalhes - A jovem de cabelos negros revirou os olhos - Sem rodeios!
— Ah sim desculpe. É que eu fiquei lembrando dela e .... Mas enfim. Ela me contou sobre uma poção do amor. Conversávamos sobre ela ter usado isso em mim, mas ela não sabia como fazia e disse que era muito dificil de encontrar.
— Realmente é. Não é qualquer Mago ou feiticeiro que acerta a receita
— Ara - Neacar, fixou seus olhos azuis em Ara - Por favor. Eu sei que você fabrica essas poções. Eu estou necessitado!
— E como você pretende usar ?
— Simples - O Loiro se levantou e gesticulava enquanto falava. - Eu e Leonice tomariamos a poção e nos apaixonaríamos um pelo outro! Eu não seria infeliz e nem ela. Problema Resolvido!
— Não me diga que você realmente acha que é assim
— E não é ?
— Claro que não! Isso envolve muita coisa
— Que tipo de coisa ? Ouro ? Eu te pago o quanto for!
— Não se trata de dinheiro, se trata de responsabilidade e consequência. Todo feitiço tem um preço e as vezes é mais alto que podemos pagar.
— Duvido! Eu tenho todo o dinheiro que precisar
— Acho que você ainda não entendeu que o preço não é em ouro... Enfim. Neacar, você precisa entender como funciona. As Poções do Amor são perigosas demais. Você está alterando um estado do Universo. O Amor é algo que surge naturalmente, não dá pra por num potinho e sair vendendo por ai. Não funciona.
— Pensei que fosse minha amiga! Ara você ainda não entendeu, eu preciso dessa poção.
— Desculpe-me mas eu não posso te vender ela. Por ser sua amiga mesmo que eu me preocupo. Não quero que você sofra alguma coisa por conta disso.
O jovem fechou a cara.
— Tudo bem! Não quer me ajudar, não me ajude! - Ele respirou fundo. - Ara desculpe pelo modo de falar. Você deve ter seus motivos e eu vou respeitar.
Ele a abraçou.
— Fico grata.
— Sairei em viagem logo. Assim que retornar venho te ver. Cuide-se;
— Você também!
O Loiro saiu pela porta com um sorriso malicioso no olhar e em pensamento lembrou-se de Zanoth, um velho bruxo que morava próximo a cidade na qual ele iria em poucos dias. "Zanoth irá resolver meu problema", pensou. Logo o Príncipe estava de volta ao castelo e preparou-se para a a viagem que duraria pelo menos uma semana.
Chegando no vale, onde o bruxo morava, fora até a casa dele onde o mesmo estava sentado do lado de fora fumando um cachimbo.
Neacar explicou a situação a ele e ele pediu dois dias. Pediu um saco de ouro pelo serviço. Passado os dois dias, o jovem rapaz fora buscar os dois vidros com a poção.
— Meu jovem. Chegou a tempo para um chá e suas poções! Aqui estão.
— Obrigado mesmo. - Quando o jovem foi para pegar os vidros, Zanoth os desviou da mão dele.
— Antes eu preciso de outra coisa. Como sabe toda magia tem um preço e esta não seria diferente.
— E Qual é ? Diga!
— Acalme-se. Venha comigo. - O velho bruxo corcunda andou devagar até uma porta que havia numa pedra, aos fundos de sua casa. Neacar o acompanhou. Eles desceram algumas escadas com musgos e o cheiro de umidade tomou conta do ar. Uma mistura de mofo com umidade. O jovem ficou enjoado. - Chegamos.
— Nossa - Os olhos azuis do Príncipe refletiam a água cristalina de um lago que havia no final da escada.
O Bruxo retirou um copo de metal de dentro da capa que usava e encheu com a água do lago.
— Beba
— Eu beber isso ai ? Essa água é limpa pelo menos ?
— Beba logo! Faz Parte do Processo!
— E o que acontece depois ?
— Você precisará prometer ao universo algo. Geralmente ele gosta de bebês. Primogênitos
— Como assim?
— O seu primeiro filho será consagrado ao universo. Ele não precisará morrer, mas não poderá fugir de seu destino como mago e nem se envolver com mulheres ou homens.
— É só isso? Me da logo isso aqui. - Ele tomou o copo da mão do bruxo e bebeu.
Um feixe de luz saiu de dentro do lago e entrou no corpo de Neacar que sentiu um gelo na espinha.
— Está feito e não pode ser desfeito. - O bruxo disse enquanto entregava as poções para Neacar que ficou embasbacado, e ao mesmo tempo sorria por ter finalmente conseguido algo que beneficiaria a todos.
Passado os dias da missão a qual fora enviado, Neacar voltou para casa e 6 meses depois casou-se com Leonice. Na noite de núpcias ele deu a poção a ela. E os dois consumaram o casamento apaixonados e sob o efeito da poção.
Passaram-se dois anos do casamento e Leonice deu a luz a seu primeiro filho, o qual chamou de Sanron, e quando a criança completou 3 anos de idade, Zanoth foi até o castelo para buscá-lo.
Tentaram impedi-lo, mas em vão, pois afinal o que estava feito, estava feito.
Longe dali, já em sua casa. Zanoth colocou a criança para brincar e a enfeitiçou para que não sentisse falta dos pais. Não naquele momento. Desceu as escadas do mesmo lugar onde 3 anos atrás, fez o pacto com Neacar.
Tomou consigo um cálice de prata e encheu com água do lago. Voltou para casa, e enquanto Sanron brincava preparou tudo. Atrás de sua casa montou o altar, agora só precisava que Sanron dormisse para concluir a iniciação.
Pacientemente ele esperou que o menino pegasse no sono e o levou nos braços até o Altar. Deitou a criança ali e esperou que chegasse o momento certo. Pegou a Taça com a água e colocou sobre os pés do menino. Sobre sua cabeça colocou uma coroa feita com pó de diamante, silício e encantamentos antigos entalhados nela.
Pacientemente acendeu todas as velas e logo tudo estava pronto. Ajoelhou com as mãos estendidas para o menino invocando os poderes da deusa da morte e do caos, Macha, uma das muitas partes e faces de Morrigan.
— Lhe consagro Este ser, que veio do seio de Dagda para este mundo. Que ele seja seu servo, e que todo o poder que emana de ti seja sobre ele. Que ele possa continuar meu legado. Assim Parto para teus braços.
Zanoth retirou um punhal de dentro de sua capa, e cravou em seu próprio peito deixando um pouco do sangue cair sobre o menino adormecido o qual foi tomado por uma intensa luz. Ventos agitaram as árvores próximas e quando tudo se acalmou o menino acordou.
Não mais era uma criança de 3 anos, mas sim um jovem adulto de aparência de uns 23 -27 anos, Olhos intensamente verdes, pele alva e cabelos castanhos.
Todo o conhecimento de Zanoth agora estava com ele. E sua magia também. Ao levantar-se e olhar para si mesmo, viu que estava crescido. E Ao seu lado o corpo de Zanoth, sem vida e ensanguentado.
Macha apareceu a ele, e orientou como ele deveria proceder. Enterrar o Bruxo, e prosseguir com seu legado.
Ao contrário de Zanoth, Sanron era imortal e nunca envelheceria. Agora ele era Meio Bruxo, meio Humano. Agora ele tinha que construir sua vida também.
Zanoth deixou tudo por escrito em livros o qual ele lia todos os dias. Sua consciência expandida comunicava-se com seu mestre, o que lhe facilitou muita coisa.
Agora estava tudo pronto para que concretizasse, tudo aquilo que Zanoth nunca conseguiu fazer.
Ser o Verdadeiro Senhor do Caos.
O Esperado da Profecia.
Sanron era o escolhido dos deuses do caos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
*A breve história do filho de Leonice e Neacar, será importante para o denserolar dos fatos futuros do reino.