[POV] Edward 

Bella estava nervosa, com os olhos vermelhos, e a dor estampava seu rosto. Perder Jane, pareceu ser um golpe que ela jamais se recuperaria, mesmo que tentasse. 

Resolvi que era hora de parar com aquela conversa: 

— Chega meu Amor, por hoje você já falou demais, não se martirize, todos nós tivemos que fazer algo que não concordávamos. Só tem mais uma coisa que ainda temos que conversar... 

Os olhos dela voltaram ao tom dourado, mas seu olhar ainda era de dor. 

— Oh, meu amor, te devo muitas explicações, não é?! 

— Na verdade você me deve uma resposta!! 

— Eu? – perguntou ela inocentemente. 

— Sim! Você não me respondeu se quer casar comigo? 

—Você não desiste mesmo dessas convenções, não é?! 

— Você ainda tem algum trauma?  

— Sim! – respondeu ela... 

— Sim! Ainda tem?! — perguntei confuso 

— Sim, eu quero casar com você, Edward! Já que para você é tão especial, marque a data! 

— Oh! Bella, vamos fazer isso certo, outra vez! Mas vou ter que comprar outra aliança... 

— Mas tem uma condição, para se casar comigo você vai ter que me pegar... – disse ela já do meio da floresta. 

— Ahhh Bella, eu estava vendo que estava fácil demais... 

Alcancei-a quase em casa, e a derrubei na grama... 

— Ok, Edward, marque a data... – disse ela...  

— Que tal dia 13 de setembro? Setembro é primavera no Brasil! O que você acha de casarmos em Setembro no Brasil? Esme tem uma ilha maravilhosa lá, que ela ganhou de presente do Carlisle. 

— O que? Daqui quase um ano?! Não e não!! Que tal no natal?  É uma boa data!! O que você acha?  

— Bem, você é a noiva, pode ser então! Dia 25 de Dezembro! 

— Ótimo, não aguentaria um ano de agonia!  

— Hummmm, Alice está querendo... – comecei a dizer... 

— Está bem, Alice... — disse Bella, me interrompendo - Você vai organizar tudo...– completou, antes que Alice aparecesse em pé ao nosso lado. 

— Obrigada Bella, você não vai se arrepender!! – Alice estava eufórica... 

— Ah, mas eu tenho as minhas condições, ok? – argumentou Bella 

— Sim eu sei, está tudo bem!! Não farei nada exuberante demais, pode deixar comigo minha cunhadinha querida do coração! 

— Agora suma daqui! — falei fingindo irritação... 

— Hãm, você disse que Esme tem uma ilha?!  Uau!!  

— Você pode ter uma também se você quiser! — Disse sorrindo. E se ela me pedisse o universo eu daria um jeito de dar a ela. Se eu tivesse uma alma, eu daria!  

— Você tem uma ilha, Edward? 

— Não, mas posso providenciar!! 

— Hummmm, não, sou a mesma quanto a presentes... 

— E por falar em presente, tenho um para você e gostaria que você aceitasse, é um presente só, mas é por todos os seus aniversários que passamos separados...  

— Mas Edward, para mim só o fato de ter você perto de mim já é um presente que eu nem sei como agradecer! Não precisa se preocupar com mais presentes. 

— Por favor, Bella, eu consegui convencer a Alice a não fazer nenhuma festa, então aceite esse presente... 

— Está bem...  Vamos lá! 

— Feche os olhos, e confie em mim... – disse-lhe pegando-a no colo. 

Em segundos estávamos na garagem, coloquei-a no chão, em frente a um Chrysler Crossfire Roadster Coupé, preto, conversível, com detalhes cromados, que não lembrava nem de longe a caminhonete sem graça e caindo aos pedaços que Bella insistia em dirigir. 

Tive o cuidado de trocar todos os anos por um modelo mais atual e de blindar, para o caso de Bella ainda ser a mocinha desastrada que conheci.  Parece que isso não era mais necessário. 

De inicio Bella reclamou que não precisava, mas quando sentiu o motor e pisou fundo no acelerador, mudou de idéia!  

— Ok, Edward, devo me render, o carro é maravilhoso! Obrigada meu Amor! 

 ... 

 Os dias seguiram quase normalmente, Bella aproveitava para descansar, enquanto Alice corria atrás das coisas para o casamento.  

Parecia que éramos enfim a família que sempre sonhamos. 

Fomos a alguns desfiles com Alice, pajeávamos Maurice, viajávamos com Carlisle nos hospitais, e assim por diante.   

Por vezes, Bella desaparecia, e quando voltava estava estranha, às vezes com os olhos vermelhos e tristes, às vezes preocupada. 

Bella sempre desviava do assunto quando perguntávamos como os pais haviam morrido, ou como havia escapado de Voltera.  Ou qualquer outra pergunta sobre Voltera. 

Limitava-se em dizer que não estava preparada para dar essas informações, pouco nos contava sobre sua estada com os Volturis, ou sobre suas visitas a Jacob, ou como se livrara de Aro, já que ele desejava ser Pai... 

Todos estavam intrigados com esse silêncio. Embora respeitassem, e evitassem esses assuntos, ainda estavam curiosos. Mesmo eu, sentia que algo estava diferente, estranho. 

Rosalie estava sempre às voltas com alguma teoria da conspiração. 

Um dia Bella era uma espiã de Aro, no outro dia uma vampira canibal esperando para atacar, e assim foi por dias. E eu confesso que algumas vezes fazia até sentido, já que Bella estava sendo arredia e se comportando estranhamente. Mas escolhi não brigar por isso. Ainda não. 

Algumas vezes Carlisle me perguntou se ela havia dado mais informações, mas nada. Bella se fechava, se mantinha bloqueada, não conseguia entrar em seus pensamentos, era como se ela escondesse algo. 

A curiosidade da família ainda não era meu maior problema, o difícil era conter o desejo de Bella, ela sempre dava um jeito de me provocar, mental ou fisicamente.  

 Por vezes achei que ia me render, mas queria que nosso casamento fosse mesmo do modo antigo, com a mocinha imaculada, a noite de núpcias mágica, enfim essas coisas românticas, que nem sei se existem ainda, mas pra mim era importante. 

Pelo jeito para Bella não! A insistência não parecia só desejo, tinha algo mais. Algo estranho. Uma ansiedade obsessiva, eu podia ver em seus olhos um brilho que me incomodava, mas não sabia dizer como.  

Seus beijos, sua urgência. S Em um de seus inúmeros ataques Bella se irritou de verdade. 

— O que você quer esperar? Eu já disse que me caso!! Então eu sou sua noiva!!! Você não quer que eu espere...  

— Aham!! – foi minha resposta! E foi o suficiente para que eu conhecesse o lado vampírico de Bella. 

Ela me puxou me arrastou pro quarto, numa força inimaginável, ao fundo eu apenas ouvi a risadinha de Emmett: 

— Sai dessa, maninho!!  

Bella me jogou na cama, não se importando se ela quebraria, ainda bem que Alice pensou em tudo. 

Tentei conversar, dissuadi-la, mas ela estava realmente alterada. 

Consegui me desvencilhar, eu não queria assim.  

— Bella eu quero fazer isso direito! Falta tão pouco!? Por que essa pressa? 

— Por que esse amor todo pelo roteiro: noivado – casamento – lua de mel? Por que não podemos antecipar um pouco as coisas? - Ela ponderou, respirou, percebeu o exagero - Amor! -  disse ela com calma na voz, mas seus olhos  diziam outra coisa - Eu te desejo mais do que qualquer coisa na minha vida! Vc não me deseja? É por que já não sou mais tão quente? - Bella  disparou, irradiando irritação. 

— Isabella Marie Swan, você acha que eu não te desejo? Que é fácil para mim me conter? Eu te quero mais que tudo... Só quero que nossa primeira vez seja da forma certa... 

Bella me prendia na cama, com muito jeito, consegui manobrar e sair debaixo dela, prendendo-a com as mãos acima cabeça, foi ai que vi em seu pulso a pulseira com o lobo e o diamante. 

O lobo... Ela ainda tinha o lobo...  O ciúme fez meus olhos queimarem, mesmo tentando disfarçar, não consegui. Bella percebeu minha reação... 

— São meus amuletos! – disse ela sorrindo, tentando desconversar. 

— Pelo jeito não te deu muita sorte!? – falei com dor e ciúme misturados... 

— Me deu sim, eu poderia estar morta! — ela me olhava séria, agora, como se sondasse minha reação.  

O medo de perde-la reascendeu em mim, como fogo em combustível. 

“Por que ela falava essas coisas??” – meu subconsciente me levou até Voltera, quando achei que ela estivesse morta e senti a mesma dor... Outra vez! 

— Nunca mais diga isso! Eu te amo, e só em pensar em não ter você nunca mais  ... – Acho que gritei... 

— Ok, não vamos falar nisso, tenho outra coisa para te mostrar! Posso levantar? 

Esquivei-me para que ela fosse até a cômoda. Logo voltou com a aliança que fora da minha mãe! A aliança que eu havia dado a ela quando a pedi em casamento. 

— Oh, você guardou? – de fato isso era surpreendente. 

— É minha, não é? 

Tomei-a, me ajoelhei e novamente perguntei: 

— Isabella Marie Swan, você quer casar-se comigo? 

— Se você me perguntar mais uma vez, eu acho que vou mudar de ideia! 

— Você não pode só responder: “sim”? 

— Sim, sim, sim! — disse ela rindo. 

Tomei-a em meus braços e a beijei ainda mais forte, mais apaixonado.  

E outra vez tive que me esquivar antes que o desejo dela sobrepusesse o meu equilíbrio, que já estava quase escasso de tanto fugir dos ataques sensuais de Bella... 

Pulei a janela com ela nos meus braços, como nos velhos tempos. 

Mas já não era igual! 

Emmett e Jasper corriam em volta da casa, com Maurice e Lobo, quando chegamos ao jardim. Era até engraçado vê-los correndo a passos humanos, mas o cachorro morreria na 1ª volta se tentasse os acompanhar. Era difícil dizer quem era a criança entre eles. 

— Um cachorro é bem um animal que eu imaginaria que vocês teriam! – comentou Bella com sarcasmo. 

— Escolha de Maurice! – expliquei. 

— Ninguém tentou comê-lo? – continuou com sarcasmo. 

— Você está muito irônica meu amor!! O que houve? 

— Estou sofrendo de “rejeição”, isso me deixa com mal—humor. Meu noivo resolveu me dar um gelo. 

Gargalhei, e a puxei perto de mim! 

— Como você é geniosa! 

Rimos e saímos até o portão de entrada, mas algo me dizia que ela não desistiria! 

Caminhamos lentamente, de mãos dadas pela floresta próximo a casa, mas Bella estava cada vez mais nervosa, ácida, irritada, enfim, nada meiga, e nem de longe parecia a Bella de antigamente. 

Porém prometi respeitar suas decisões de não me contar tudo até que estivesse pronta. 

Não devia ter prometido, porque agora eu estava sendo consumido pelo meu próprio ciúme e curiosidade. 

Num dado momento, Bella parou, pegou um pedaço de galho do chão, e com um certo temor na voz, disse: 

— Edward, você já pensou que poderemos ter a nossa família, se Aro estiver realmente certo! Poderemos ter nossos filhos... –ela media cada palavra, observando minha reação pelo canto dos olhos. 

Isso me pegou totalmente despreparado, mas ela realmente tinha razão, a paternidade que antes estava totalmente fora de cogitação, agora poderia ser algo bem real em minha vida.  

— Oh, meu amor, vamos dar um passo de cada vez, ok! Preciso de um tempo para absorver essa informação. E tb temos que verificar muito bem como será essa criança, pois as informações que temos sobre os “filhos” dos vampiros é que são monstros medonhos... – Percebi que ela estremeceu com as últimas palavras, e resolvi mudar de assunto. – Vamos deixar isso para depois, está bem?! 

Torci para que ela realmente deixasse isso para depois, mas foi uma tentativa vã, eu havia falado demais. 

— Como assim: monstros? Aro não me disse nada sobre isso! Por favor, Edward, agora eu quero saber! 

Bella estava com os olhos negros, e eu sabia muito bem o que isso significava. Tentei acalmá-la.  

Havia uma tabela correspondente para cada cor dos olhos de Bella: Dourado, calmaria. Vermelhos, irritada ou triste (muito triste) ou com fome. Negros, atitudes proibidas para menores de 18 anos, cardíacos, gravidas. Na verdade as emoções dela se refletia nos olhos. Na cor dos olhos. E eles mudavam conforme ela ia se irritando ou se acalmando. Ou se controlando. 

Tentei explicar de uma forma que não comprometesse ainda mais a minha integridade fisica.  

— Bella, você é um caso único, de híbrido adulto! As crianças que são frutos de relacionamentos entre humanas e Vampiros, são normalmente como os recém-criados que devoram tudo, ou melhor, todos, que vêem pela frente, isso inclui a própria mãe. Eu sei pouco sobre isso, mas Carlisle pode te ajudar. — torci para que ela apenas entendesse, mas Bella já tinha uma nova missão: “Saber sobre as crianças vampiras!” 

— Ok, vamos perguntar a ele! Quando ele chega?  - disse ela decidida. 

— Não sei, mas antes do casamento com certeza!  

— Hummmm, não sei se poderei esperar tanto! 

— Bella você é muito impaciente, ou diria, deliciosamente impaciente! – Disse-lhe beijando-a, tentando tirar a atenção do assunto. 

De verdade, não sei o que era pior, fugir dos ataques de Bella, ou tirar uma ideia da cabeça dela. 

— Muito bem, você me beija desse jeito e depois quer que eu me controle? - Perguntou ela fingindo (ou não) certa decepção. 

— Minha Bella! Só você mesmo... 

Nesse momento Alice encostou o carro, me salvando de uma nova inquisição: 

— Hey Bells!!! Venha ver o que eu trouxe!! – Alice acenava com uma pilha de mostruários de tecidos e revistas. 

 — Ok, vamos a mais uma sessão de tortura! – disse Bella entrando no carro com Alice.