[POV Bella - Continuação] 

Nos dias que seguiram, me aproximei de Jane, talvez por ser minha única companhia, ou por ela realmente se mostrar solícita e generosa comigo. Mas sentia que podia confiar nela. 

Contei a ela sobre minha vida, minha familia, sobre o amor que sentia por você e a esperança que eu tinha em encontrá-lo, o desejo de que você me perdoasse. 

Contei sobre os Quileutes, minha amizade com Jacob, e meus desejos, enfim, deixei q ela me conhecesse a ponto de não me bloquear perto dela. Entreguei tudo que eu podia como voto de confiança. 

E mostrei a ela que poderia confiar em mim, tanto quanto eu confiava nela. De alguma forma eu sentia que ela me ajudaria muito, quando e se eu precisasse. 

Aro fazia o possível para que não ficássemos tão íntimas, mas seu esforço acabou aguçando minha curiosidade.  

Jane conhecia alguns segredos de Aro, talvez por isso ele não aceitasse nossa amizade e tentou evitá-la ao máximo, a ponto de mandá-la em jornadas longas. 

Mas sempre dávamos um jeito de manter a comunicação, através de códigos, telefonemas, e-mails.  

Eu consegui convencer Aro de liberar uma conta de internet monitorada para que eu pudesse ter notícias da minha família. No início ele foi categórico, não queria de forma alguma, mas com o tempo, ele aceitou, desde que fosse monitorada o tempo todo. 

Eu e Jane criamos um código, e usávamos para todas as conversas. 

 Sim Voltera tem internet! - Sorri para Edward que durante todo o tempo não emitiu nenhuma palavra sequer, apenas permaneceu tenso e incomodado ao meu lado. 

 Queria que ela confiasse em mim, e precisava de alguém para confiar, já que os demais me temiam ou me odiavam o bastante para manterem certa distância.  

Às vezes, Jane sorria, e podia perceber os traços infantis que ela ainda conservava, apesar do olhar frio. Seu sorriso sincero iluminava seu rosto de um forma inigualável. Conhecer esse outro lado de Jane me fez pensar em como era a vida dela antes da transformação. 

Depois de muito tentar, Jane começou a confiar mais em mim, me contou que morava com seus pais, a irmã Anna, e Alec, numa Vila na Itália, houve uma rebelião de recém criados por aquelas bandas.  

Muitos achavam que as mortes eram obras de bruxaria, não acreditavam em vampiros e lobos. 

Infelizmente, seus pais e sua irmã mais velha estavam fazendo a colheita quando foram atacados pelos sedentos vampiros recém criados. Rapidamente Alec percebeu que os recém criados nunca atacavam os animais, então pegou Jane, cobriu-a com sangue de cachorros e outros animais e a escondeu embaixo da casa de madeira. Fez o mesmo em si e se escondeu no sótão. 

Quando os recém criados chegaram à casa, não sentiram o cheiro deles e fugiram. Aro foi com sua guarda conter a rebelião. 

Aro soube o que Alec tinha feito, desejou tê-los em sua guarda, mas ainda eram muito novos, então resolveu esperar um pouco, porém os camponeses da vila encontraram os corpos dos pais e da irmã de Jane, e tb a viram coberta de sangue, a acusaram de bruxaria. 

Alec tentou defendê-la e o acusaram também. Iriam queimá-los na fogueira, mas Aro interveio, assassinou quase a vila toda, e os levou até Voltera e os transformou. Ela e Alec tinham por volta de 14 anos.  

Estava com os Volturis desde então, há quase de mil anos, e que apesar do jeito hostil e maléfico, Aro sempre fora como um pai para ela e Alec, por isso a subserviência. 

Aro a tratava com um certo carinho de pai, mas pra mim parecia mais interesse do que amor. 

Ela não odiava Aro, mas sabia o quanto ele era manipulador e maléfico. 

Em uma tarde em que corríamos pelas redondezas do castelo treinando, Jane me levou a um lugar secreto, onde havia uma pequena cabana, lá contou-me que se apaixonara por um humano, John Ashler. 

John era um adolescente tipicamente britânico, de lindos olhos azuis, pele clara, cabelos loiros que visitava Voltera todos os anos, com sua familia,  para a festa de São Marco.   

Eles passaram a ser amigos, e Jane o protegia discretamente da seleção de cardápio de Aro. 

Subornava a guarda ou ameaçava, o que fosse necessário. 

Numa dessas visitas, Jonh se declarou. Disse que estava apaixonado por ela. Pediu-a em namoro e suas visitas passaram a ser mais frequentes em Voltera, apesar do perigo. 

No inicio ela inventou uma história de que Aro era seu padrasto, e que havia prometido ela para outra familia, mas conforme foi conhecendo John, e se vendo ainda mais apaixonada,  contou a ele seu segredo, mesmo temendo que ele a abandonasse.  

John não teve medo, disse que sabia que havia algo de especial nela, pois ela nunca envelhecia e sua pele parecia sempre fria. Era sempre linda e que ele não se importava, ela podia ser vampira, bruxa ou até mesmo um E.T., ele a amava. 

Da mesma forma que eu desejei ser transformada quando soube do seu segredo, John quis que ela o transformasse.  Jane não queria, pois tinha medo de perdê-lo, pensou em falar com Carlisle, mas desistiu da idéia. 

John queria passar a eternidade com ela, e ela com ele, então  resolveu que ela mesma faria.  

Mas ao tentar ela perdeu o controle e o matou.  

Sua dor era evidente em cada palavra.  

Eu não podia ler sua mente, mas sentia tudo que ela estava sentindo naquele momento. 

Depois disso se resignou e não teve mais contato ou confiança em ninguém, fosse humano ou vampiro. 

Jane confessou que sentia inveja de mim, por ter você, Edward!  

E que ao saber da minha condição de poder gerar, ela pensou em seu amado John, sentiu que poderia fazer algo por alguém. 

Jane, foi minha companheira fiel, me ensinou a bloquear e liberar meus pensamentos, a expandir meu escudo, a correr sem me machucar, enfim me ensinou tudo que ela podia.  

Testamos isso no campo de batalha contra os recém criados na República Tcheca, depois na Guatemala, Costa Rica, e por fim na Finlândia, onde Rosalie encontrou Maurice. 

Os ataques nem sempre foram apenas recém criados, a guarda de Aro, mantinha os estoques de “alimento” sempre bem cheios.  É daí que vem meu dote para a caça!  

Na Finlândia eu perdi o controle e acabei perdendo Jane, Alec, Renata entre outros. 

Quando vi Rosalie e Emmett, me desconcentrei, pensei que você poderia estar com eles, ou que poderia ser vista. 

Jane e os demais não estavam perto o bastante, e por segundos eu os perdi, rebeldes que tentavam destronar Aro, atacaram e... 

Meu descontrole me fez perder minha melhor e única amiga em Voltera.  

Sofri a perda dela! E Aro ficou furioso por ter perdido soldados tão imprescindíveis para as batalhas. Ele só não me puniu, por não ter tido tempo.  

— Sabe, Edward! - Falei olhando em seus olhos – Eu tenho perdido muitas coisas, mas encontrar você, estar aqui agora, fecha todas as feridas da minha alma. - Edward e abraçou mais forte – Tenho cicatrizes que levarei para o resto da minha vida, mas seu amor me cura de todas as dores.  - Beijei Edward cuidando para que minha mente se mativesse bloqueada.   

— Oh, Bella! Eu ... Em não sei o que te dizer! - Ele estava emocionado – Eu a amo! 

— Há mais coisas que preciso te contar Edward... - ele me interrompeu. 

Havia muita coisa que ainda não era momento de contar. E outras que com certeza eu nunca contaria. 

Estava cansada, com fome e sede. E meu plano estava indo de vento em polpa! Daria certo! Foram muito tempo tramando, arquitentando até os mínimos detalhes! Não podia deixar que nada, nem Edward, nem nosso amor, atrapalhasse! 

Os fins justificariam os meios.