Te vejo amanhã - Masriel escrita por F Lovett


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Depois de séculos sem aparecer aqui (a preguiça me fazia postar fanfic só no nyah), venho com essa fic bem soft.

Hoje não é hayffie, como era de costume. Mas isso não significa que eu não apareça com mais uma deles, não é mesmo?

Isabelly, monamu, essa aqui é pra tu que tava me pedindo uma fic desses doidos! haha



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Já era madrugada e Asriel tinha certeza disso, visto que havia entrado naquele quarto no fim da noite, depois que a movimentação na Jordan havia cessado. Aquela era uma das suas visitas para estudos e reuniões com os catedráticos, mais uma daquelas formalidades extremamente desgastantes, porém necessárias.

Uma brisa fria entrava pela janela aberta, um clima perfeito, ideal, ele pensou. Ele observa a cada canto daquele quarto mal iluminado, tentando memorizar detalhes, ele sabia que jamais esqueceria aquela noite. Mesmo que se envolvesse com quantas mulheres viessem a aparecer no seu caminho depois daquilo, ele não esqueceria aquilo.

Asriel estava na Jordan há quase uma semana e desde que chegou não conseguiu tirar os olhos da jovem moça deslumbrante entre os senhores ali presentes. Era realmente um colírio para os seus olhos, embora tenha se apresentado como Sra. Coulter, fazendo-o perceber logo de início que era casada. Não que Asriel se importasse com isso. Ele não costumava respeitar todas essas formalidades se o interesse fosse recíproco. Suas viagens o tornaram totalmente desinteressado em compromissos, o que, na sua cabeça, parecia funcionar muito bem. Mas funcionava tão bem assim apenas com ele.

A Sra. Coulter, no entanto, parecia diferente. Asriel detestava clichês, mas aquele parecia muito com um e ele estava disposto a mergulhar fundo, principalmente quando percebeu a reciprocidade no olhar daquela mulher durante os jantares na Faculdade. Foram duas noites até ele tomar coragem e tentar iniciar uma conversa, mas quando a reunião finalizou, ela havia sumido de vista e Asriel se questionou se ela estaria fugindo dele.

— Então você é o famoso Lorde Asriel? - uma voz doce soou de trás dele, o que o fez virar imediatamente para ver de quem se tratava. Ele moveu o canto da boca num pequeno sorriso quando a viu. - Está me encarando desde o jantar de ontem e como não falou comigo achei adequado vir.

Asriel riu, totalmente constrangido, diante do que ela estava falando. Pela primeira vez uma mulher chegara tomando iniciativa para falar com ele e algo o dizia que aquele tom de voz não era o mesmo que ela costumava usar com os demais catedráticos. 

No chão, ao lado deles, Stelmaria estava curiosa com o daemon-macaco que estava tentando se aproximar aos poucos. 

— Me perdoe a falta de educação - ele tentou se desculpar, tentando encontrar boas palavras. Ela tinha um olhar penetrante, como se pudesse adivinhar qualquer mentira que ele pudesse pensar em dizer. - Sra. Coulter, não é?

— Marisa, por favor - ela se adiantou, estendendo uma mão para cumprimentá-lo. Asriel, por sua vez, não pôde perder a oportunidade de depositar um leve beijo nas costas da mão dela, como um cavalheiro deveria fazer, pensou ele.

Marisa pareceu receber bem o cumprimento. Seus daemons permaneciam curiosos entre si, mas não chegaram muito perto um do outro. 

Asriel queria poder ter falado alguma coisa interessante, queria ter dado início a alguma conversa que ele teria certeza de que seria bem conduzida, mas sua falta de palavras naquele instante pareceu ter divertido a Sra. Coulter. 

Ao seu redor, todos os outros presentes pareciam entretidos demais para se importarem com aquela interação entre os dois. Por mais que aquela situação fosse extraordinária para Asriel, para qualquer pessoa de fora poderia parecer apenas mais uma apresentação comum. 

Eles se encontraram na biblioteca nos dois dias seguintes. Asriel chegava um pouco mais cedo que o seu horário de costume para estudar sobre as partículas de Rusakov, aguardando a chegada dela a qualquer momento. Ele não se importava de ficar horas naquela biblioteca, pois não sairia perdendo. Estava tentando unir o útil ao agradável.

E conseguiu.

Marisa chegava um tempo depois, esvaziando o recinto em questão de segundos. Asriel se perguntava se eram ordens dela ou simplesmente ninguém queria dividir o mesmo espaço com ela, seja por medo ou respeito demais. Toda a sua curiosidade a respeito da tal Sra. Coulter  só tomava maiores proporções, deixando-o com uma vontade quase insuportável de questioná-la o que ela fazia para conseguir tanta privacidade assim, mas no final das contas ele optava por permanecer no mistério. Até porque ela não o mandava embora dali.

Depois de alguns instantes, Asriel notou uma pequena movimentação nos corredores próximos, provavelmente outros catedráticos fazendo seus próprios estudos. O que fez a ideia de privacidade não passar de sua imaginação.

— Rusakov novamente? - foi tudo que ela perguntou assim que se aproximou da mesa onde Asriel fazia suas pesquisas. 

— Sem dúvidas - respondeu, fazendo a mulher levantar uma sobrancelha e dar de ombros. - Algum problema? Imaginei que se interessasse por isso também.

—  Dei uma olhada no seu material de estudo ontem e pude perceber rapidamente que ele é totalmente o oposto do meu - ela cruzou os braços e olhou ao redor, como se quisesse se certificar de que não havia ninguém por perto, então se curvou um pouco na direção de Asriel, que ficou um pouco apreensivo. - Dependendo de onde isso vai levá-lo, pode ser considerado um herege pelo Magisterium. Sabe disso, não sabe?

Ela estava tão próxima que ele poderia sentir seu perfume. Seu olhar era duro e ao mesmo tempo ela parecia estar desafiando-o, querendo saber até onde ele iria com aquela ideia. Asriel lutava contra uma vontade imensa de beijá-la ali mesmo. E o que mais o motivava a isso era o recíproco interesse dela, mesmo que ela parecesse estar apenas provocando-o por puro prazer, apenas para vê-lo aos seus pés e acabar com suas expectativas quando o lembrasse de que era casada.

Ainda assim, Marisa parecia se divertir com sua ousadia. Ela sorriu e tomou um pouco de distância, dando de ombros para vislumbrar o seu daemon-macaco interagindo com Stelmaria, ao lado deles. Eles pareciam estar brincando um com o outro. Asriel gostou de ver a cena. As coisas pareciam estar indo bem, então.

Marisa pareceu ter ignorado os daemons e caminhou um pouco até um corredor de livros bem próximo a eles. A biblioteca quase deserta fazia com que cada passo naqueles saltos altos ecoasse naquele ambiente. 

— Todos esses livros vieram de estudiosos extraordinários, buscando soluções para problemas locais, ou até no mundo. Soluções de fato relevantes para quem vier a lê-los - a voz suave dela parecia um pouco mais baixa, o que fez Asriel segui-la. - Você acredita que os seus estudos estarão nesta biblioteca daqui a alguns anos?

— Se eu realmente conseguir concluí-lo, por que não? - indagou Asriel, com uma sobrancelha arqueada. Ele se apoiou em uma das prateleiras lotadas de livros, observando atentamente os dedos delicados daquela mulher passar pelos exemplares ali presentes. Asriel se perguntou se aqueles livros estavam empoeirados e acabariam sujando aqueles dedos finos. Mesmo assim era uma uma visão admirável.

— Não há quem consiga mudar sua cabeça, não é? 

Ela havia parado no meio daquele corredor não tão bem iluminado e impregnado com o cheiro de livros antigos. Cheiro este que Asriel adorava. Talvez tanto quanto passou a apreciar bastante o perfume de Marisa nas duas últimas vezes em que a viu. Ele não entendia o porquê de estar sentindo tudo aquilo tão rápido e isso só fazia sua curiosidade aumentar. No entanto, num pequeno instante, Asriel se questionou se toda aquela conversa dela seria apenas por conta do seu projeto. Faria sentido, visto que ela trabalhava para o Magisterium e, certamente, seu marido também. E se ela estivesse apenas espionando-o? Como ele conseguiria ter certeza disso?

— Não mesmo - ele confirmou, com um sorriso ladino no rosto. - Mas... posso dizer que você chegou bem perto.

Asriel deu dois passos para frente e, percebendo que a mulher não havia saído do mesmo lugar, sentiu-se um pouco mais confiante. Marisa, no entanto, parecia um pouco intrigada. Seu olhar havia baixado e ela encarava os próprios pés. Aquilo pareceu algo momentâneo apenas, visto que logo em seguida ela levantou o olhar novamente para encará-lo.

— O que foi? - indagou Asriel, franzindo o cenho. 

— É que… - Marisa levou um tempo para continuar, como se ponderasse o que estava prestes a dizer. Ela deu mais um passo para frente. Eles estavam tão próximos que ela baixou o tom de voz. - Eu acho que vou fazer uma coisa… uma coisa que sei que irei me arrepender depois.

Asriel levou uma mão até os cabelos dela, afastando uma mecha que caía em frente aqueles olhos e pondo atrás da orelha. Ela havia sorrido novamente, aliviando um pouco a intriga que estava presente ali alguns segundos mais cedo. Ele sentia que precisava dizer alguma coisa antes de tentar beijá-la, mesmo que soubesse com toda a certeza do mundo que ela estava apenas esperando que viesse dele. Asriel sentia-se um pouco desconfortável, sentindo um leve tremor nas mãos que não tinha nada a ver com o frio. 

— Talvez seja melhor que o arrependimento de não ter feito nada enquanto pôde - disse de uma vez, avançando para beijá-la. E como ele ansiava por aqueles lábios. Aquelas mãos finas e delicadas envolvendo-o num abraço um tanto quanto desesperado. Ela deveria ser infeliz, presa num casamento que não queria. Asriel tentou imaginar sua situação, mas seus pensamentos eram tomados pelo imenso branco que o trazia para aquele momento novamente, impedindo-o de se concentrar em qualquer outro assunto.

As lembranças da biblioteca vieram à tona enquanto ele ainda descansava na cama. Ao seu lado, o corpo adormecido de Marisa Coulter movia-se lentamente devido a sua respiração calma. O lençol a cobria parcialmente e ele achou que poderia observá-la por um bom tempo, se pudesse. Então deu de ombros e observou seus daemons deitados no chão. Marisa estava num quarto generosamente amplo, aparentemente por conta da sua posição social. Ela tinha suas regalias.

O quarto estava escuro, exceto pelo pequeno abajur da cabeceira que pouco iluminava aquele local. Mesmo aquela luz fraca dava a ele uma bela visão das costas da mulher ao seu lado. Asriel se sentia o maior sortudo do mundo, ao mesmo tempo em que também sentia-se intrigado com o que estava sentindo. Mas não havia dúvidas, ele estava louco por ela. Desde que a viu no salão principal da Jordan entre os catedráticos, quando trocaram olhares, quando a ouviu falar com ele. Ele estava preso, mas podia não ser uma coisa tão ruim assim.

Acordando dos seus devaneios mais uma vez, Asriel percebeu uma movimentação dos daemons. O daemon-macaco estava se enroscando um pouco mais nos pelos de Stelmaria como se quisesse se aquecer. Ao voltar sua atenção a Marisa, ela estava se espreguiçando, o corpo nu coberto parcialmente pelo lençol, os braços sob o travesseiro felpudo. Asriel se concentrou numa parte do seu braço que estava exposto e viu a pele arrepiada dela. Era uma noite fria e ele achou melhor fechar uma das janelas daquele quarto, e quando decidiu fazê-lo, Marisa, que parecia ainda estar acordando, segurou sua mão. 

— O que você vai fazer? - perguntou com a voz um pouco rouca.

— Vou fechar a janela. Você tá toda arrepiada - respondeu Asriel, dando de ombros para vê-la. Marisa ainda o segurava, a cabeça descansando na outra mão, o cotovelo apoiado na cama. Asriel imaginou que poderia paralisar o tempo ali mesmo e ficar apenas admirando aquela imagem à sua frente. Ela era fantástica, mesmo sem todos aqueles vestidos e jóias, mesmo com os cabelos desarrumados. Ela ficava linda de qualquer jeito.

— Não, fica aqui - ela pediu, puxando um pouco o braço para que ele voltasse para a cama, o que ele fez sem hesitar. Asriel se inclinou para beijá-la, percebendo que gostaria de fazer aquilo mais e mais vezes, principalmente pela forma com que ela o recebia, como suspirava em seus lábios. Em qualquer outro momento, com qualquer outra mulher com quem já estivera antes, jamais havia sentido isso. E apesar de parecer bastante estranho, era uma sensação boa demais para deixar passar.

Asriel tentou imaginar como seria acordar ao lado dela, tê-la para si. Como ele se sentiria o homem mais feliz do mundo se aquilo se concretizasse.

— No que você está pensando? - Marisa perguntou, notando de imediato que ele estava um pouco distante dali. Seus braços estavam apoiados na cama, um de cada lado do corpo dela. Seus rostos ainda estavam próximos. Asriel deixou nascer um pequeno sorriso nos lábios antes de respondê-la.

— Que você é extraordinária - ele disse, arrancando-lhe um breve riso. 

— É o que diz para todas as mulheres que vão pra cama com você? - Marisa rebateu, com os olhos semicerrados, enquanto passava seus dedos delicadamente pelo braço dele; e foi a vez dele rir. 

— Se eu disser que estava pensando em você e nos últimos dias, você acreditaria?

Marisa pareceu ponderar por alguns instantes, como se quisesse descobrir se aquilo era mentira dele. Sua língua umedeceu os lábios lentamente e Asriel acompanhou o movimento com atenção, parecendo hipnotizado. Divertindo-se com a visão que estava tendo dele, Marisa mordeu o lábio inferior. Seu olhar varreu o rosto de Asriel, atenta a cada detalhe.

— Talvez - ela respondeu depois de um tempo.

— Talvez? - repetiu.

Marisa balançou a cabeça, umedecendo os lábios novamente. Suas mãos foram até o rosto de Asriel, os polegares esbarrando de leve na barba rasa. Ela olhou em seus olhos por um instante, trazendo-o para si novamente, envolvendo-o num beijo lento e profundo. Ela suspirou em seus lábios antes de se distanciar novamente. Asriel ainda mantinha seus olhos fechados quando ela voltou a falar.

— Acho melhor você ir.

Um frio percorreu seu estômago por uma fração de segundo. Ele nunca havia sido dispensado antes. Geralmente ele era quem fazia isso. 

Asriel franziu o cenho, o que fez Marisa notar sua intriga.

— São quase quatro da manhã - explicou, olhando para cima para ver a janela do quarto. Lá fora ainda estava absurdamente escuro, mas o horário poderia enganar qualquer um. Marisa se apoiou nos cotovelos até se sentar na cama, o que Asriel também fez. - Daqui a alguns minutos vai começar a movimentação nos corredores e vai ser melhor se você não for visto aqui por perto.

— Como você sabe?

Marisa apenas desviou o olhar de Asriel para o seu daemon, agora em pé ao lado de Stelmaria, alerta para qualquer barulho estranho que viesse a ouvir. Asriel ergueu uma sobrancelha em consentimento. Marisa se inclinou e depositou um beijo no seu ombro antes de encontrar os seus lábios mais uma vez. Ele sentia suas mãos delicadas buscando apoio nas suas pernas e ele achava que aquilo tudo era demais para ele.

— Marisa - sussurrou, lutando contra sua vontade de beijá-la mais. - Você não está me deixando ir - disse entre risos, o que ela acompanhou. Marisa, então, prensou os lábios e assentiu, concordando. Asriel levantou-se da cama e começou a pegar as peças de roupa que havia jogado no chão, vestindo-as com um pouco de pressa. Stelmaria se mexeu no chão, esticando suas patas dianteiras. O daemon-macaco, por sua vez, deu um salto para a ponta da cama, atento ao ambiente. Marisa puxou um pouco o lençol para fazê-lo de capa e pareceu rir um pouco quando seu daemon, que estava em cima do lençol, se desequilibrou um pouco. Asriel se divertiu um pouco com o que acabara de ver enquanto afivelava seu cinto. Ele não havia visto uma interação próxima entre os dois e isso era um assunto que ele com certeza comentaria com Stelmaria quando estivessem a sós.

— E o seu marido, quando ele aparecerá na Jordan? - Asriel perguntou, sem rodeios. Como resposta, Marisa respirou fundo e bufou.

— Você é bem direto.

— E você ainda não respondeu.

Marisa mordeu o lábio antes de responder.

— Em três dias.

Asriel ponderou por dois segundos e fez menção de ir até a porta do quarto. Já estava pronto. Stelmaria se levantou e postou-se ao lado dele.

— Por quê? - indagou Marisa, levantado da cama e arrastando o lençol consigo. 

— Pode me encontrar na biblioteca depois do café? - propôs.

— Você não descansa?

— Posso fazer isso depois - ele disse, roubando-lhe um rápido beijo, o que a fez corar levemente.

Marisa assentiu.

— Tudo bem. Eu vou.

Asriel saiu rapidamente com Stelmaria no seu encalço. Ele sabia que havia entrado numa armadilha que ele próprio havia criado, mas não havia como voltar atrás. Ele estava perdidamente louco por ela. Agora sabia que iria precisar de um esforço ainda maior para tentar tirá-la da cabeça. Ele só queria aproveitar mais um pouco antes disso.


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Notas finais do capítulo

Tava com saudade de postar alguma coisa por aqui de novo ♥



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