Bem me quer, mal me quer escrita por BruhCaroline


Capítulo 3
Seja inusitada como Katy Perry




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— Para onde estamos indo, exatamente? – a jovem perguntou para o rapaz que dirigia concentrado, com os olhos grudados nas ruas movimentadas de Londres.

— Estamos indo a um bar simplesmente incrível. – o moreno sorriu e a olhou brevemente. – Não, me lembro o nome do local, mas ouvi ótimas coisas a respeito de lá.

— Que bom. – Taylor riu nervosa. “Seja inusitada como a Katy Perry”, ela se lembrou das palavras de Marie. Respirou fundo e tentou encontrar algum assunto para não deixar o caminho até o bar silencioso. Entretanto, não teve muito sucesso e apenas lhe restou as perguntas comuns e banais. – Costuma sair muito? – perguntou um tanto receosa.

— Sim, gosto da vida noturna de Londres, me considero quase uma coruja. – respondeu ele. Porém, a loira somente concordou com a cabeça, pois diferente dele, ela era do dia. – E você, conhece muitos lugares por aqui?

Ela negou com a cabeça. – Sou caseira demais para conhecer lugares que não abrem durante o dia. – ambos riram de leve.

— Precisamos mudar isso, senhorita Swift. – Harry sorriu e piscou para ela, estacionando o carro no exato momento de sala fala. – Chegamos. – comunicou já saindo do veículo.

Mudar? Taylor não gostava de mudanças, tanto que já decidiu lugares fixos e definitivos para seus objetos e moveis, como por exemplo: o gato de cerâmica jamais sairia do aparador perto da porta de entrada. Portanto, essa palavrinha não se faz muito presente no vocabulário da jovem, ainda mais se remetendo a mudanças de comportamento.

— Está tudo bem, Taylor? – o rapaz questionou em tom alto, quando notou que a loira estava ainda imóvel dentro do carro, como se esperasse algo; quando na verdade só estava viajando em seus pensamentos.

— Sim, estou bem. – sorriu fraco, dando a mão para Harry e seguindo para o bar do outro lado da rua.

O local não estava lotado, pois não era nada além de um bar com música ao vivo; programa não muito atrativo aos jovens entre dezoito e vinte e cinco anos. Todavia, Taylor e Harry eram exceção. Os dois se sentaram em uma mesa no centro do bar, que não proporcionava uma visão privilegiada para o simples palco, já que a maioria das pessoas ocuparam as mesas da frente.

— O que quer beber, Tay? – o jovem perguntou ao analisar o cardápio de bebidas sobre a mesa. – Aceitaria algum drink? – ele a olhou rapidamente, pois estavam em uma difícil escolha entre três bebidas.

A moça de olhos azuis riu com gosto. Será que ele ainda não havia notado como ela é fraca e careta para esse tipo de bebida?

— Ah, não, obrigada. – ela agradeceu. – Prefiro algo sem álcool e leve. – sorriu por fim, analisando o segundo cardápio disponível na mesa.

— Está brincando, não é? – Harry a olhou um pouco surpreso. “Que jovem não curte bebidas intensas?”, era o que ele perguntava a si mesmo. – Tem certeza que não quer nada diferente? – voltou a perguntar.

— Não. – ela riu novamente, um pouco mais nervosa. – Eu ficarei bem com algo não prejudicial a minha saúde. – completou, esperando um riso de compreensão por parte do rapaz, mas isso não aconteceu.

— Bom... – o rapaz chamou por um garçom somente por meio de gestos. – Se não se importar, eu vou aproveitar as cento e cinquenta libras que ganhei. – comentou ele. Tay somente assentiu sem discutir, afinal, quem era ela para impor qualquer coisa ao seu amigo daquela noite.

***

— Daqui dez minutos quero você naquele palco, Sheeran, sem desculpas. – Stuart disse e claro, não brincava. – Temos um combinado, cara. Ou quer perder seu cachê? – o homem gordinho perguntou retoricamente. Edward nem respondeu, pois sabia que não podia dizer não.

— Nunca senti insegurança assim, por que isso agora? – o ruivo se perguntou ao olhar-se no simples espelho na sala em que estava, ou melhor dizendo, no camarim improvisado. Bagunçou levemente seus cabelos e respirou fundo, não tinha o que temer.

O rapaz andou de um lado ao outro, impaciente. Pegou o telefone celular que estava consigo no bolso da calça, desejava urgentemente pedir uma solução para qualquer um que lhe atendesse no primeiro ou segundo toque, mas desistiu. Ele nunca havia feito isso e não seria hoje que faria; diante de algo tão simples. Por fim, guardou o aparelho, pegou o violão com um discreto decalque de pegada de animal e andou firme em direção ao lugar onde faria seu “show”.

Ao se deparar com o lugar quase 60% ocupado, seu coração começou a se acalmar, porém suas esperanças de haver alguém importante ali dentre os clientes do bar sumiu logo; era pouca gente para uma minúscula oportunidade.

— Boa noite, eu sou Ed e sejam bem-vindos ao Gordon's Wine Bar. – disse o jovem no microfone, após se sentar em uma banqueta a seu dispor e tentando controlar a respiração um pouco pesada. – Aproveitem o show. – finalizou e deixou seus dedos fluírem sobre as cordas do violão.

Quase ninguém estava interessado em quem era o rapaz que se apresentava, mas só por ter pronunciado seu nome, ele chamou a atenção de uma determinada garota: Taylor Swift.

Ah, mas só pode ser brincadeira...— a jovem loira em questão murmurou, ao tentar se certificar de que era seu vizinho ali.

— Algo de errado, lindinha?  - seu acompanhante a questionou. – Está aproveitando seu chá gelado? – aproximou-se mais dela.

— Uhum. – disse seca. – Está tudo ótimo. – ou pelo menos ela desejava que estivesse. “Como um cara tão bem humorado, pode beber tanto?”, ela se questionava. Taylor já previa que as coisas não terminariam como pensava, só de tê-lo visto beber três doses de whisky e uma de tequila. - O que acha de beber mais devagar, Harry? – perguntou e teve como resposta um olhar feio. – É que_ - ela foi interrompida.

— Eu sei o que estou fazendo, meu anjo... – a expressão da garota mudou para um “Tudo bem, você quem sabe”. – Tudo ficará bem. – sorriu Harry, olhando tomar nas mãos o copo de chá mate com limão, o qual estava tão gelado a ponto de fazer o copo suar.

A mesma ficou um pouco em silêncio, só observando o rapaz a sua frente e tentando filtrar entre todos os ruídos, unicamente a voz de Edward. Uma sensação boa a atingiu ao ouvir a canção, que aparentemente, se titulava Lego House.

Harry não mantinha o olhar em um local fixo, então, arrumava uma forma de encarar e flertar com o maior número de garotas possível; caso o encontro daquela noite não desse em nada. Enquanto sua acompanhante só tinha olhos para ele e ouvidos para seu vizinho detestável, porém de voz intensa.

— Gosta de fazer algo nas horas livres, fora vir em bares? – a garota perguntou debruçando seus braços sobre a pequena mesa, sorrindo meiga.

O moreno virou-se para ela e suspirou. – Acho que você já perguntou isso. – ele arqueou uma das suas sobrancelhas. – Se bem que falar de mim é muito chato... Que tal falarmos de você? – ele imitou a posição da moça e acariciou de leve a bochecha da mesma.

— Não sou uma garota inusitada como você provavelmente esperava. – ela abaixou o olhar envergonhada e um pouco irritada por não ter seguido o conselho de sua melhor amiga: seja como a Katy Perry, seja inusitada! — Caso não se lembre, estudo no mesmo campus que você. – riu. – Nos vemos quase todos os dias e, não sei se isso é relevante, mas vermelho é minha cor predileta, sou de sagitário e uma amante de animais.

— Bom saber. – Harry sorriu como se aquilo fosse realmente relevante. – Bom saber disso tudo. – completou para agradar a jovem, o qual era o principal objetivo da noite.

***

(Sugestão de música: Nina; Ed Sheeran).

— Então eu fiz o que Zayn me sugeriu. – Harry sorriu, enquanto Taylor suportava o peso de sua cabeça com a mão direita. Eram ainda meia-noite e quarenta e cinco da madrugada, mas a loira já estava cansada de ouvir um desabafo entediante sobre a ex do moreno. – Decidi correr atrás de alguém bacana e vi tudo que procuro em você. – o jovem bebeu mais de sua 13º cerveja.

— Espera... – ela levantou a cabeça. – Então me chamou para sair por sugestão de um amigo? – ela questionou confusa.

— Não, anjinho. Eu não disse isso, eu quis dizer que_ - ela o cortou.

— Você estava no tédio por não ter ninguém e seu melhor amigo sugeriu que saísse comigo? Tipo, que até me fizesse de trouxa... – ela comentou, não irritada, mas com muito sarcasmo na voz.

— Ah, acalme-se. – ele pediu levantando as mãos em redenção. – Eu sou inocente, apenas quero curtir a noite e a você, loirinha. – disse um pouco embolado, mas ainda sorrindo e tentando aproximar-se novamente da garota. 

Taylor riu irônica. – Sei, completamente inocente. – ela balançou a cabeça positivamente, revirou os olhos e suspirou ao cruzar os braços, segurando-se para não deixar o rapaz sozinho.

— Ele não disse para eu fazer isso, ele mal a conhece na verdade. Eu quem optei por sair com você. – Harry suspirou ao ver que suas chances estavam quase na estaca zero. – Fora que só a chamei para tomar algo comigo, não para pedi-la em casamento. – disse indelicado. - Eu só não queria marcar bobeira, sabe? Apenas isso, meu anjo. – ele bebeu ainda mais.

— Não me chame de anjo, por favor. – ela cruzou os braços. – Então me diga, por que, de verdade, você me convidou para virmos aqui? – questionou, arrependendo-se por ser tão precipitada com relação a tudo.

— Ora, como eu disse, para curtir sua companhia e também, por uma questão de honra. – Harry deu de ombros. – Se eu não a chamasse, com certeza alguém chamaria e, infelizmente, eu não gosto de ser passado para trás. – prosseguiu. – E parando para analisar, foi por isso que dei brechas para aquela idiota me trair. – comentou. – Eu sou muito tonto mesmo...— murmurou e assim, a loira não o ouviu.

— Pode por favor parar de citar sua ex em tudo o que diz, obrigada. – ela disse primeiramente. – E outra, qual é a de ser passado para trás?— ela riu nervosa, outra vez. – Ok, isso tudo é um jogo? Quem sair com mais garotas vence? – completou.

— Quase isso. – ele riu de leve e terminou sua cerveja.

— Bem legal isso, principalmente para se dizer no “primeiro encontro”. – disse a loira com os olhos azuis profundos. – E bom, você conseguiu, não vai ficar para trás... Parabéns. – ela pegou sua bolsa de mão sobre a mesa e se levantou.

— Ah qual é Taylor, volte aqui! – ele a chamou, mas ela não o deu ouvidos. Seguiu entre as mesas do bar à passos firmes, só parando quando se viu diante do simples palco.

A jovem olhou para frente e ali estava de fato o ruivo que morava no apartamento ao seu lado. Edward estava com seus olhos fechados, estava prestes a finalizar uma das músicas que mais gostava e queria curtir a sensação de pôr para fora, novamente, tudo o que sentia com relação a fictícia Nina.

— Por que vai embora, só por causa do que eu lhe disse? Que tolice, Taylor! – a loira sentiu alguém segurar seu braço firmemente e reconheceu a voz rapidamente, mas não quis se virar para encarar Harry. – Será que podemos recomeçar? – ele sugeriu.

— Não, eu realmente não quero. – ela disse seria, soltando-se do rapaz. – Estou um pouco cansada de ser passada para trás, Harry. Se é que me entende. – completou.

— Não sei por que está surpresa com o que eu lhe disse. – Harry riu de novo. – Muitos homens fazem isso. – ele deu de ombros, rindo um pouco. – Vem, vamos voltar para nossa mesa. – ele pegou em sua mão, mas ela a soltou. – Vem, pare de show, ok. – ele insistiu.

(Fim da música sugerida).

— Eu já disse que não, droga! – Taylor gritou, fazendo com que muitos a olhassem, principalmente devido ao fato de Ed ter terminado a música que estava de fundo a discussão dos jovens.  Por fim, a loira somente suspirou e esfregou o rosto com suas mãos.

— Obrigada pela noite, pessoal. Foi um prazer tocar para vocês. – Edward se despediu do público, sendo retribuído com uma salva de palmas calorosa. O ruivo sorriu e desviou involuntariamente o olhar para a garota de pé em frente ao palco. Entretanto, a ignorou e seguiu para o “camarim”.

Porém, o fato de músicas mais agitadas começarem a tocar, não foi o suficiente para fazer com que algumas pessoas desviassem o olhar de Swift e Styles. – Viu o que fez? – ele quase sussurrou para a garota. – Vem, vamos sair daqui, chega desse papelão. – o mesmo pegou nas mão dela, a qual o olhou furiosamente.

— Não, já disse que não vou me sentar com você. – insistiu ela. – Não se preocupe, eu não vou mais atrapalhar sua noite, Harry. – buscou por seu telefone na bolsa. – Eu vou pedir um taxi, ou seja, chegarei bem em casa. Passar bem, Sr. Styles. – deu-lhe as costas e se dirigiu para a saída.

— Você é uma garota muito teimosa, senhorita Swift! – ele revidou. – Mude isso, ou ficará sozinha, fica a dica. – completou, deixando o local e retornando à mesa no centro do bar, onde, com toda certeza não deixaria vago o lugar a sua frente, que a loira ocupava antes.

Taylor estava do lado de fora do bar, tentava pela segunda vez ligar para Selena, porém o celular da amiga parecia estar desligado. Não havia sequer um taxi por ali e muito menos transporte público a essa hora.  A mesma optou por escorar-se em um poste que havia por ali, sendo consequentemente, iluminada. Seus olhos estavam inquietos, olhando para todo lado em busca de qualquer veículo que pudesse a deixar sã e salva em casa. Seu celular ainda estava em seu ouvido, fazendo com que o sinal de chamando a causasse esperança.

— Droga, Marie. Atenda! – disse a loira brava, mas depois de se dar conta das horas desistiu de brigar com a amiga sem o consenso da mesma; afinal eram quase uma da manhã.

— O que faz aqui, senhorita esquentadinha? – alguma voz soou no ouvido moça, fazendo-a saltar e levar sua mão ao seu coração que batia acelerado.

— Por que fez isso, seu tolo?! – Taylor tentou respirar fundo e assim recuperar-se, descobrindo facilmente que quem a surpreendeu foi Edward.

— Não foi minha intenção, juro. – ele sorriu cínico, cruzou os braços e escorou próximo a garota. – Mas a pergunta foi... O que faz aqui sozinha? – repetiu, olhando ainda de forma brincalhona.

— Esperando um taxista de alma bondosa passar por aqui. – respondeu ela, ligando novamente para Selena e desistindo dez segundos depois.

— Não, você está perturbando sua amiga às exatas 1h07min da manhã de uma segunda-feira. – Ed comentou olhando para seu relógio de pulso. – Parece que o jogo virou, não é mesmo? Não era a senhorita quem me criticava por atrapalhar suas noites. – completou.

— Não tem nada a ver, a situação é completamente diferente. – ela respondeu com a voz fraca, pois sabia que ele estava certo.

— Não é não, Swift. – ele riu. – Criticar-me é tão hipócrita quanto um cardiologista fumar e beber álcool como água ou uma nutricionista ser acima do peso. – a moça acabou, sem querer, soltando um riso fraco. – Venha, eu posso não ser taxista, mas sou bondoso. – ele bateu levemente nas costas da jovem.

— O que? – ela se surpreendeu com o convite inesperado. – Não, você não precisa fazer isso. Lembra, você é um velho ranzinza e eu infantil. – continuou; não que ela não quisesse ir para casa, ela só não queria dividir mais espaços com o ruivo.

— Não seja teimosa, por favor. – Ed pegou as chaves em seu bolso e somente então Taylor viu o violão que ele carregava consigo. – Entre logo, sua última chance. – ele piscou para ela ao abrir a porta do motorista e entrar.

A loira não viu saída, suspirou e foi até o Focus preto parado ali na frente. Taylor chegou a rir levemente da situação, pois querendo ou não, talvez não fosse muita coincidência eles se encontrarem novamente naquele domingo, ou mais especificamente, segunda-feira.


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