Stronger than Death escrita por Pandora Ventrue Black


Capítulo 6
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem a leitura! S2



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 O enterro de Dale foi pacífico, pelo o que meu pai me contou. Não presenciei, estava ocupada demais correndo pelos pastos com Damen a procura de zumbis. Manteria a minha família segura a qualquer custo. Depois da morte dele acabei perdendo o controle de mim mesma, frenética em cuidar de todos naquela casa.

O inverno está chegando, as manhãs e as noites estão ficando cada vez mais frias. O grupo de Rick agora está morando na minha casa, todos muito bem aconchegados. Daryl dormia em meu quarto e como eu ficava de vigia durante a noite, permiti que ele descansasse em uma cama macia e confortável durante o meu turno. Eu e o Dixon não trocamos nada além de cordialidades, falas de "bom dia" e "boa noite". Ficava afastada de casa muito tempo, cavalgando de manhã, descansando de tarde e ficando de vigia durante a noite. Uma rotina bem tranquila, sendo atrapalhada apenas por eventuais andarilhos.

Caminhava perto da cabana em que Randall estava e vejo Daryl consertando o telhado.

— Hey! Está gostando da minha cama, Daryl?

— É mais confortável que a cama na minha barraca — ele resmunga — Tem certeza que quer continuar fazendo as rondas noturnas?

— É bom manter um olho aberto, não estamos seguros.

— Sempre fico surpreso com a sua habilidade de não dormir — ele suspira — Ensinaram isso no Exército?

Sorrio, reviro os olhos e me afasto, caminhando em direção a casa.

O grupo todo estava se ajustando na casa, Jimmy pregava tábuas nas janelas, Patrícia se encarregava de cozinhar comida para todos, Beth ajudava o grupo de Rick a terminar de organizar as suas camas improvisadas. Maggie estava com Lori arrumando suas coisas no quarto do meu pai.

Vou até o meu quarto e deito na minha cama, finalmente teria meu tão merecido sono. No momento em que fecho os olhos Maggie aparece no meu quarto.

— Randall fugiu!

— O que? — exclamo me levantando de supetão e caindo de forma patética no chão.

Bufo e pego a arma que Shane me deu no dia que abriu o celeiro e meu arco e flecha e desço correndo as escadas em direção a cabana em que o garoto supostamente estaria. Shane tinha sangue escorrendo por todo o seu rosto, parecia seriamente machucado. O careca está possesso, seu sangue parecia ferver por conta do ódio que emanava. Rick pede para que eu, Daryl, Glenn e Shane o seguíssemos.

— Voltem todos para casa! — digo para Maggie — Minha espingarda está no armário, pai! — seguro sua mão — Mantenha o papai e a Beth seguros, ok?

Ela assente assustada.

— Tranquem tudo, todas as portas e fiquem lá! — ordena Rick.

— Chris! — chama o meu pai segurando a minha mão — Tome cuidado, ok?

Sorrio e sigo Rick. Caminhamos em direção a floresta.

— Eu o vi correndo para a floresta antes de apagar! — diz Shane liderando o grupo — Não sei há quanto tempo!

— Ele não pode ter ido muito longe com aquela perna — comento segurando com força a arma em minha mão. 

— Mas ele está armado! — diz Glenn

— Nós também. Daryl e Chris, vocês conseguem rastreá-lo? — pergunta Rick.

— Não, não estou vendo nada — diz Daryl.

— O chão parece parece que não foi mexido — falo olhando para baixo.

— Ei! Nem precisa rastreá-lo. Ele foi por ali! — Shane fala apontando para a direção em que Randall supostamente foi — Vamos nos separar e ir atrás dele! Só isso!

— O garoto não chega a ser nem um peso-pena e você nos diz que ele te atacou? — indaga Daryl, alterando seu peso entre as pernas.

— Você acha que uma pedra não pode igualar as chances? — retruca o careca apontando para o próprio nariz ensanguentado.

— Está bem! Parem com isso vocês dois — Rick suspira, apoiando as mãos no quadril — Você, Daryl, e Glenn vão para o lado direito, eu e Shane pelo esquerdo e a Chris segue em frente

— Combinado — digo colocando a minha arma no coldre e pegando o arco.

— Lembrem-se, Randall não é a única ameaça por aí! Cuidem um do outro — Rick fala e eu começo a andar.

Caminho sozinha pela floresta, sendo logo acolhida pela escuridão da noite. O silêncio me abraçava, mantendo minha mente focada na missão: achar Randall.

Estava frio, o ar que eu expirava virava fumaça, embaçando a minha visão por alguns poucos segundos. Seguia um caminho qualquer, por conta da falta de rastros não havia nada para perseguir. Minha lanterna iluminava precariamente o caminho, deixando o ambiente um pouco fantasmagórico. Andar nesses bosques me deixava tranquila, afastava todos os problemas da minha cabeça.

Não pensava na segurança de Beth, Maggie e meu pai.

A única coisa como que me preocupa era encontrar o garoto

Vejo um zumbi caminhar lentamente bem distante de mim. Desligo a lanterna, não queria chamar a sua atenção. Um pequeno detalhe que notei foi a calça rasgada e uma perna expondo o estilo de curativo do meu pai: as fitas que prendiam as bandagens estavam em forma de V.

Randall agora era um zumbi.

Sigo-o intrigada com o decorrer da situação. O monstro andava bem distante de mim e acabo perdendo-o de vista. Sigo seus rastros desleixados até que o encontro lutando contra Daryl e Glenn. Os meninos pareciam estar perdendo, o que me faz rir um pouco. Daryl Dixon levando uma surra de um zumbi com a perna machucada. Quem diria que esse dia chegaria...

Armo o arco com a flecha e disparo de forma certeira, matando o monstro.

— Chris! — Glenn fala feliz.

— Não precisava atirar! Eu ia matá-lo — diz Daryl tirando a minha flecha da cabeça do zumbi e me entregando-a

— Sim, claro! — retruco.

Me agacho perto do zumbi. Eu estava certo, era realmente Randall, só que morto, com a pele mais verde e olhos inexpressivos. O caipira toca levemente o seu pescoço, estava analisando o corpo.

— Pelos rastros que achei ele e Shane estavam andando juntos— ele comenta.

— O pescoço? — indago, observando-o.

— Quebrado.

Engulo em seco.

— Você acha que foi o Shane? — pergunta Glenn, aterrorizado com a situação.

— Aposto que sim — suspiro.

— Vamos voltar para a casa — o caipira fala — Lá vamos discutir isso com o Rick.

Assinto e caminhamos em silêncio até a casa.

Estar ao lado de Daryl novamente me fazia sentir os meus pelos arrepiarem. Admito que ainda pensava no nosso amasso na floresta, mas tentava me distrair toda vez que pensava nisso. Entretanto estar no meio do mato, sem nada para fazer, me fazia lembrar do nosso beijo.

Olho para o moreno discretamente, ele usava uma roupa totalmente preta e sua jaqueta de sempre. Parecia estar pensativo, cansado e angustiado. Queria poder ajudá-lo. Com o tempo que passamos juntos acredito que nos aproximamos um pouco. Talvez fôssemos até amigos.

"Mas amigos não se beijam como ele me beijou aquele dia…", penso.

Estava confusa com toda a situação. Relembro da nossa primeira noite juntos, ele tinha esquecido de comprar camisinha e perguntou sem jeito se eu tomava pílula anticoncepcional. Avisei para ele que não tomava, por conta de um problema no útero que tive quando adolescente. 

Quando chego em casa Beth me abraça com força.

— Eu estou bem — digo acalmando-a — Estou bem, loirinha.

— Daryl, Rick ainda não voltou… Pode ir procurá-lo? — pede Lori, ela estava visivelmente preocupada, acariciando a sua barriga.

— Sim, claro — o caipira responde.

— Eu vou junto — afirmo.

Saio para a varanda com Daryl, sendo acompanhada por Glenn e Andrea. Não avistamos Rick, mas sim uma horda gigantesca de zumbis. Eles andavam tropegamente em nossa direção. Sinto meu coração acelerar, parecia que queria sair do meu peito e o ar parece rarefeito, ruim de respirar. 

"Isso não pode estar acontecendo", penso.

Nunca vi essa quantidade andarilhos na minha vida.

— Ah puta merda! — deixo escapar.

Meu pai aparece atrás de mim e aperta o meu ombro.

— Apaguem as luzes — ele sussurra. 

— Vou pegar as armas — diz Andrea. 

— Talvez estejam apenas passando, como aquele grupo na estrada... — comenta Glenn — Não é melhor entrarmos?

— Não a menos que haja um túnel lá embaixo que eu não saiba — diz Daryl estressado — Um bando desse tamanha vai por a casa abaixo!

— Adoro o seu otimismo — comento o fuzilando com o olhar.

— O Carl sumiu. Ele deveria está lá em cima, mas não está! — diz Lori preocupada, se aproximando de mim.

— Talvez esteja se escondendo — diz Glenn

— Ele devia estar lá em cima. Não vou sair sem o meu filho!

— Calma, Lori — falo com serenidade — Vamos achá-lo. Carol. Beth.

Carol e Beth levam Lori para dentro da casa alegando que ajudariam a procura-lo. Andrea volta com o saco de armas e pego mais munição para a minha pistola. guardando-as em meus bolsos.

Olho para Daryl, ele tentava ao máximo não deixar transbordar as suas preocupações, mas sabia que ele estava com medo.

— São muitos deles! Não vamos conseguir matar todos… — Daryl comenta friamente.

— Você pode ir se quiser — meu pai retruca.

— Mas pai… — tento falar mas Hershel me interrompe.

— O mesmo serve para você, Christinne!

— Vocês vão matar todos eles, então? — indaga Daryl, o fuzilando com o olhar.

— Temos as armas e os carros!

— Mataremos o máximo que pudermos — diz Andrea — Depois usaremos os carros para afastá-los da fazenda.

— Isso é sério? — pergunta Daryl.

— Está é a minha fazenda. Eu vou morrer aqui!

— Tá bom. É uma noite como outra qualquer... — diz Daryl sarcasticamente.

— Pai...

— Nem mais um pio, Christinne,

Maggie estava armada, assim como Glenn, T-Dog e o meu pai, isso me dava uma certa calma, cada um de nós estava com pistolas e revólveres, o mínimo para a nossa proteção. Me afasto da casa, seguindo Daryl até a sua moto. Subo nela, segurando com força a cintura do moreno, como eu queria que isso não estivesse acontecendo.

O caipira dirige até o celeiro em chamas, para e começa a atirar nos zumbis e eu faço o mesmo. A horda é grande demais, ficaríamos sem munição muito antes de matar metade dos zumbis.

— Não vamos conseguir detê-los — digo, me esquecendo de respirar.

— Precisamos ir embora — ele fala ligando a moto.

— Mas é o meu pai? Beth e Maggie? — pergunto, sentindo o meu coração parar de bater—  Não podemos deixá-los!

— Você quer viver para depois encontrar os seus parentes ou quer morrer? — ele diz rispidamente. 

Respiro fundo e me agarro a sua cintura. Daryl dirige para longe da casa em que nasci. Para longe da minha infância e de todas as minhas memórias mais felizes, me afastando de meu pai e minhas irmãs.

Sinto meu coração partir com a possibilidade de nunca mais os ver. Meus olhos se enchem de lágrimas incontroláveis, que escorrem como uma cachoeira. Apoio minha testa nas costas de Daryl e me permito chorar. Sinto Daryl segurar a minha mão, consolando-me.

"Vou encontrar vocês", penso "Cada um de vocês, nem que seja a última coisa que eu faça!"


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! S2



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