Stronger than Death escrita por Pandora Ventrue Black


Capítulo 3
Solidão




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Hoje é o enterro que Otis. Ajudava a minha família a pegar pedras para enfeitar o seu túmulo quando escuto barulho de veículos se aproximando. O grupo de Rick estaciona perto da nossa casa e vejo Daryl sair de sua moto. Ele me olha ainda surpreso por me ver viva, sorrio em sua direção e o moreno ignora. E grupo conversa entre si sobre o acidente.

O enterro de Otis é tranquilo, Shane fala sobre como ele salvou a sua vida, palavras bonitas que emocionaram a todos. Depois o grupo de Rick começa a discutir sobre como iriam achar a garotinha desaparecida, Sophia, filha de um dos integrantes. Daryl parecia ser o mais afetado pela situação, estava nervoso e resmungando palavrõeque pudessem separar grupos para iniciar a busca, Shane decide fazer uma mini escola de tiro, para que todos aprendessem a usar uma arma.

Me afasto da discussão, não fazia parte daquela família. Hershel precisava de mim para encontrar alguma carne na floresta. Maggie iria buscar medicamentos na farmácia com Glenn. Pego meu arco e flecha e me encaminho para a floresta perto da fazenda.

Estava tudo quieto, como sempre. Animais como esquilos e cervos estão espalhados pelo terreno. Sabia que a caça hoje seria fraca, provavelmente só alguns esquilos. E eu estava certa, depois de quatro horas vagando na mata consigo apenas uma dúzia de esquilos.

Com o estado da nossa despensa, o produto do meu trabalho hoje seria deixado para os zumbis no celeiro. Meu pai acredita que aquelas criaturas ainda são as pessoas que um dia foram, ele os alimenta e toma conta para que nada nem ninguém os machuque.

Não entendo como a cabeça de Hershel funciona. Para mim eles são monstros, não são mais quem eram. Quando minha madrasta e meu meio-irmão morreram eles se tornaram zumbis, não fazem mais parte da nossa família. Meu pai pensa diferente.

Suspiro. Não quero mais entrar em discussões com ele, nós dois acabam saindo machucados quando o fazemos. Temo pela segurança do grupo de Rick, essas criaturas não são confiáveis.

Quando volto para casa já está de noite. Jogo os esquilos no celeiro discretamente e me encaminho para a casa. Meu caminho é atrapalhado por Daryl, ele estava encostado na cerca, parecia estar me esperando.

—Hey, Chris! — ele fala chamando a minha atenção .

—Olá, Daryl — digo — Sentiu saudades?

Ele me encara, desconfiado com a resposta. Talvez ele estivesse pensando no que falaria, mas agora eu realmente não estava com vontade de conversar. Queria dormir, caçar esquilos é cansativo. Sorrio para o loiro e desejo-lhe um boa noite, caminhando rapidamente até a casa.

Vou dormir sem jantar.

 

O dia seguinte foi tranquilo, ou melhor, quieto. Daryl estava fora a quase um dia, procurando Sofia, a criança perdida, era isso o que grupo de Rick fazia, passavam horas e horas em uma busca sem sentido.

Meu instinto tinha a resposta: Sofia está morta. Simples assim.

Shane voltou com as suas aulas de tiro para os inexperientes, incluindo Beth, Maggie e Patrícia. Fico feliz por elas estarem aprendendo a se proteger, mas meu pai não devia estar muito feliz com a decisão. Ele sempre acreditou que sobreviveríamos sem utilizar armas de fogo, o que é uma grande palhaçada. 

Passava o dia na floresta, não estava caçando, mas sim aproveitando o tempo pra ficar sozinha. Depois da morte de Otis eu percebi o quanto estamos desesperadamente despreparados para lidar com esse apocalipse. Mesmo recebendo o treinamento do exército, não me sinto segura neste mundo. Todos nós estávamos suscetíveis a ter um final trágico como minha madrasta e meu meio-irmão tiveram, sofrendo até a morte e depois voltar para matar aqueles que você outrora amou. 

Volto para casa de tarde, com a cabeça um pouco menos pesada. A sensação dura pouco, saio do meu estado de tranquilidade ao escutar os gritos de Andrea.

—Zumbi! Zumbi! 

Corro mais rápido possível, desesperada com a situação, até a casa. Vejo que Maggie e Beth estava bem e seguras na varanda, um pouco assustadas, mas sem mordidas.

— Estão bem?

As duas assentem.

— O que está acontecendo? — mas antes que possam me responder, um com chama a minha atenção.

O barulho de um tiro percorre o ar.

Olho para o campo e vejo os homens do grupo de Rick carregando alguma pessoa. Eles levavam Daryl, que estava desmaiado, coberto de sangue e sujeira. Meu peito aperta.

"Ele está morto?", penso, sentindo o meu corpo enrijecer.

Acelero em direção ao homens, esperando que o caipira não estivesse morto. Levamos Daryl para dentro, trato de aproximar o meu ouvido perto de seu peito, mas antes que o fizesse, sinto sua respiração quente em meu ouvido.

Estava vivo, graças a Deus.

Cuido de seu ferimento, uma flecha perfurara a lateral de seu corpo de uma forma grotescas e deixaria uma cicatriz feia no futuro, e o moreno levou um um tiro de raspão na sua cabeça. Rick disse que foi culpa de Andrea, quis atirar mesmo não sabendo. Se ela tivesse mirado dois centímetro para lado ele estaria...

Morto.

Quando termino de o limpar e cuidar de seus ferimentos o deixo em meu quarto, descansando. Tenho certeza que um bom cochilo o faria bem. Desço e decido preparar um juntar para ele, isso ajudaria a me acalmar. 

Não sabia que o seu sumiço de um dia e meio mexeria tanto comigo, que dizer, nós nos conhecemos, passamos noites juntos e fomos em alguns encontros, mas isso foi a muito tempo atrás. Não deveria estar tendo esses sentimento, não devia ter ficado tão nervosa e preocupada quando o vi.

Respiro fundo, estava sendo patética. 

Faço o meu melhor e volto para o quarto com um ensopado de vegetais e fatias generosas de pão.

— Sente-se melhor? — pergunto vendo que ele já estava acordado, observando o meu quarto.

Daryl resmunga um sim e finge estar dormindo.

— Espero que saiba que vi vocês de olhos abertos no momento em que entrei — brinco — Não há muito do que se ver aqui, para ser sincera. Decoração infantil era o meu segundo nome quando era adolescente.

Ele não fala nada, permanece deitado sem me olhar. Assinto e deixo a comida na mesa ao lado de seu rosto.

— Sugiro que coma antes que esfrie.

Pego minhas roupas e uma toalha, mas antes que eu pudesse sair do quarto, o homem segura o meu braço.

—Passe a noite aqui… — ele fala.

Mesmo não querendo eu sorrio e me sento em uma cadeira perto da cama. Observo-o, ele estava sem camisa, deixando à mostra os seus braços musculosos e sei peitoral robusto. Queria poder tocá-lo, sentir o seu corpo quente e aquela tão esquecida sensação de formigamento na minha pele.

— Está vendo algo que gosta? — sua voz soa rouca, cansada, enquanto ele se senta com dificuldade.

Cerro o maxilar, me arrumando na cadeira.

— Apenas pensando se já está na hora de trocar os curativos — minto.

— É um ótimo ensopado — ele resmunga.

— Obrigada.

O deixo comer em paz e em silêncio.

— Vai dormir na cadeira? — Daryl pergunta assim que termina a sua refeição.

— Achei que fosse usar a cama — retruco encarando-o — Você merece uma boa noite de sono.

— Você também — ele diz se deitando e dando dois tapas na parte vazia da cama — Vamos.

Suspiro e me deito ao seu lado, estava tarde e assumo que estava exausta. Me viro, ficando de costas para ele, sinto minha pele aquecer, faz muito tempo que não me deito ao lado de um homem. Era bom sentir aquele calor, o calor de Daryl, novamente.

— Boa noite — murmuro, mas ele parecia ter apagado.

Sorrio e me deixo ser embalada pelo sono.

 

No dia seguinte acordo antes de todo mundo, me encontro nos braços de Daryl, com o seu corpo contra o meu, aquecendo cada centímetro da minha pele.

"Céus!", penso "Eu realmente sentia falta do toque dele"

Não saio do quarto, me afasto de seu toque viciante com cuidado para não acordá-lo e me apoio na janela e observo o sol nascer. Depois de muito meses presa em casa, é bom ver um rosto familiar que não seja das pessoas que moram aqui.

Daryl acorda assim que o sol nasce, parecia incomodado com a luz. Já se levantou reclamando, gostaria de voltar para sua barraca, ele disse. Por mais que eu quisesse que ele ficasse em meu quarto ou que dormir em uma cama macia fosse ideal para sua recuperação, o teimoso não aceitaria. O ajudo a chegar em sua cabana, perto de seu grupo.

Ele parecia estar bem infeliz, mas creio que esse é o seu normal.

—Devo ter aspirinas dentro de casa. Se quiser eu posso trazer para você... — tento falar, mas ele me interrompe.

—Não precisa — ele resmunga.

—Certo… — digo e saio da barraca.

Rick ainda procurava a criança perdida, Shane lecionava tiro para Jimmy, Patrícia e Beth, deixando-os preparados para o mundo em que vivemos. Permaneço na casa cuidando dos equipamentos médicos do meu pai, limpando e guardando. 

Viver com esse medo constante é uma loucura. Na noite em que dormi ao lado de Daryl foi o momento em que eu mais sentir a tranquilidade que essa fazenda outrora passava. Lembro-me da última vez que estive com o caipira, mesmo ele sendo bruto, me sentia segura.

—Merda! — escuto Maggie gritar quando ela entra na casa.

—Maggie? — chamo-a saindo do cômodo em que estava.

Ela parecia furiosa, sua blusa branca estava marcada com sangue. Abraço-a com força, seu coração estava acelerado. 

"Por Deus, não esteja mordida", penso "Por Deus, não esteja mordida. Por Deus, não esteja mordida. Por Deus, não esteja mordida. Por Deus, não esteja mordida"

— Você foi mordida? — pergunto, sentindo seu corpo tremer contra um o meu.

Ela resmunga um “não” e eu me permito respirar.

Quase instintivamente entendo que ela provavelmente havia encontrado um zumbi. Permito-a chorar em meus ombros, isso a faria bem. Estava assustada e sabia exatamente do que precisava: carinho.

— Está tudo bem, mana. O importante é que você voltou para casa!

— Glenn me salvou… — Maggie diz entre soluços 

Sorrio. Havia percebido a interação e a tensão sexual entre os dois. Ela se afasta e enxuga as lágrimas. Faço o carinho em sua orelha, coisa que fazia desde que ela nasceu.

— Força, Maggie. Já passou — me assusto com a minha voz, soava exatamente como a minha mãe — Descanse agora, ok?

Ela sorri e vai para o seu carro. Respiro fundo, perder as minhas irmãs seria o meu fim, amo-as mais que tudo nesse mundo. Sinto uma pontada de dor no meu coração, Maggie e Beth significam tudo para mim.  Saio da casa a procura de Glenn, precisava agradecê-lo pela coragem.

Encontro-o perto do trailer de Dale. 

— Obrigada por hoje, carinha — falo com um sorriso sincero no rosto. 

Ele sorri. Aperto a sua mão de leve e depois dou um soco gentil em seu ombro.

— Hey, ela é o meu mundo, ok? — digo arqueando a sobrancelha.

Se ele a machucasse, estaria cavando a própria cova.

— Ok, mas ela está brava comigo… Ela acredita que…

— Os zumbis ainda são pessoas, então apenas doentes — comento o interrompendo — Ela também ficou assustada por ter encontrado com um assim tão perto…

— Sim...

— Maggie tem um coração de manteiga, não se preocupe — digo sorrindo e me afastando dele.

Retorno para casa no intuito de pegar meu arco e flecha e assim o faço. Discutia comigo mesma se sairia para caçar para alimentar os zumbis do meu pai ou apenas para caminhar um pouco. Antes que eu pudesse tomar uma decisão, escuto gritaria do lado de fora da casa. Olho pela janela do meu quarto e encontro todo o fica da discussão.

O grupo de Rick estava ao redor do celeiro.

— Merda! Puta merda! — digo descendo às presas a escada, lutando contra os meus pés e a gravidade para não cair de cara no chão. 

Quando saio de casa corro em direção a Rick.

— Não é o que parece, Rick...

— Não se preocupe, eu e meu grupo não faremos nada… Onde está o Hershel?

— Dentro da casa — digo, desconfortavelmente. 

— Certo, obrigado... — ele fala sem olhar para a minha cara, parecia ter nojo de mim

"Droga", penso. Eu sei muito bem o que meu pai faria com aquele grupo se eles estragassem o celeiro, seria rua, Carl teria que ir embora sem está cem por cento curado. Rick entra dentro da minha casa. Os dois teriam uma discussão feia… Escuto os dois se exaltando:

— Minha esposa está grávida! Ela precisa de um lugar para as nossas crianças! Você precisa reconsiderar

— O assunto acabou! — exclama Hershel.

— Você sabia disso? — uma voz ameaçadora alcança os meus ouvidos.

— Daryl...

— Então sabia — ele sibila me olhando nos olhos.

— Eu juro que... 

— Você cria zumbir, Chris — Daryl exclama ficando de costas para mim — Eles não são pessoas. 

Tento falar, mas minha garganta trava. Tudo era culpa de Hershel e de sua fé e de sua incapacidade de dizer adeus. Fico de pé na frente da porta. A conversa foi curta e Rick sai visivelmente magoado. Sem falar nada comigo, ele parte em direção ao celeiro.

— Pai! Por favor, não faça algo que você vai se arrepender! Pelo bem dessa família — digo assim que entro em casa.

— Eles são um grupo forte!

— Eles tem uma mulher grávida! — retruco.

— Ou eles tem um dos homens que você dormiu?

— Não fuja do assunto, Hershel — sibilo, o fuzilando com o olhar

— Desde de quando eu sou responsável por eles, Christinne? — fala o meu pai, se sentando em sua poltrona velha.

—“Ame o próximo como a ti mesmo”, foi isso que você me ensinou, pai. Espero que ainda se lembre de como essa frase funciona! — assim que termino de falar saio de casa e me sento nos degraus da varanda.

Jimmy passa por mim correndo. Isso significa que há zumbis perto demais do nosso terreno e sério necessário uma equipe para guiá-los até o celeiro.

Não iria ajudar o meu pai como de costume. Estava com raiva demais, chateada demais. Observava o celeiro, lembrando do dia em que coloquei o que era para ser a minha família. Solto o meu cabelo para aliviar a tremenda dor de cabeça que estava tendo.

Apoio minha cabeça entre as minhas mãos. Essa discussão é estúpida demais: se é perigoso demais e incapaz de ser contido, mate! Simples assim. Não temos mais o luxo de pensar e repensar esses tipos de situações.

Vejo Maggie e Glenn discutindo. Glenn é um garoto legal e inteligente. Os dois gostavam muito um do outro, era perceptível. Quando os vejo juntos me lembra do tempo que passei com Daryl. As noites ardentes e as manhãs amáveis. Era tudo o que eu precisava, talvez até o que eu preciso atualmente.

Carl e Lori se aproximam da casa e são bem acolhidos por Beth e Patrícia. Maggie e Glenn se sentam juntos na varanda, como um casal de pombinhos. A fazenda parecia estar se tornando calma como era antigamente. Andrea e T-Dog aparecem, caminhando a passos firmes.

— Onde está o resto do pessoal? — a loira pergunta

— Alguém viu o Rick? — indaga Glenn se juntando ao pessoal de seu grupo.

— Ele saiu com o Hershel e disse que voltaria logo, mas já se passaram horas… — diz T-Dog.

Rick estava coletando os zumbis para o meu pai, meu instinto me dizia isso. Sinto o meu coração acelerar, espero que eles ainda estejam vivos!

— Era para vocês terem iniciado a busca por Sophia horas atrás… - fala Daryl se aproximando, me olhando com estranheza, parecia que estava decidindo se me xingava ou não.

— O que está acontecendo? — pergunta Carol, que caminhava com o Dixon.

O grupo discutia sobre o resgate de Sophia, eu permanecia em silêncio, observando, sentada em um banco mais distante de todos. Shane aparece com uma sacola de armas, ele parecia estar extremamente aborrecido e agressivo. O moreno começa a dar um discurso de como estavam desprotegidos e que isso chegaria ao fim. Ele entrega armas para o seu grupo. Ele me olha e atira uma pistola em minha direção, pego-a no ar, a encaixando perfeitamente em minha mão e mirando-a exatamente na testa de Shane.

— Meu pai não vai ficar satisfeito com isso? — alerto me levantando e descendo as escadas em sua direção. 

— Nós temos que ficar, Shane! — Carl choraminga. 

— Nós não vamos sair daqui, amigão — Shane fala e continua a distribuição das armas

—Dá para você parar?! — diz Maggie claramente irritada

— Escutem, o Hershel vai ter que entender, ok? Precisamos achar a Sophia e precisamos estar seguros — ele se ajoelha na frente de Carl e lhe entrega uma pistola preta — Estou certo, não estou? Isso é para você, Carl. Pegue e mantenha-se a salvo, você e sua mãe!

Lori intervém. Quando olho para o lado, vejo meu pai, Rick e Jimmy guiando dois zumbis. 

— Merda! — sibilo, alterando meu equilíbrio entre os dois pés, incerto do que Shane faria.

Com a fúria de Shane, Deus sabe o que ele faria com o meu pai. O homem dispara na direção de Hershel e Rick e eu faço o mesmo, Minhas pernas queimam, porém tento afastar a sensação,  Precisava ficar perto do meu pai, protegê-lo. Meu coração acelera, mas eu não deixo o medo me dominar.

Sou a primeira a chegar e me aproximo do meu pai. Ele levava a suposta senhora Lou, uma fazendeira que morava perto de nós, conhecida de muitos anos de Hershel, que agora era uma zumbi ensopada.

— Por que o seu pessoal está armado? — pergunta o meu pai, preocupado com a situação.

— Te dou dois segundos, pai — sibilo ficando de seu lado, segurando a pistola que me foi dada com força.

— Está brincando comigo? Tá vendo? — diz Shane rodeando a situação. 

— Pai... — tento falar, mas sou interrompida.

— Estão vendo o que ele está segurando?! — grita Shane

— Estou vendo em quem eu estou segurando! — retruca Hershel

— Não, cara! Você não sabe!

— Se afaste, Shane! Deixa a gente fazer isso e depois a gente conversa! — fala Rick controlar o zumbi e falhando miseravelmente.

— Do que você está falando, Rick? Estás coisas não estão doente! São monstros! Estão mortos!

A discussão continuava até que Shane atira diversas vezes no zumbi, ele se cansa e atira de forma certeira o crânio do monstro. Ele estava descontrolado, tomado pela raiva e pelo medo. Vejo meu pai cair de joelhos no chão, sem expressão. Shane se vira para o celeiro e destila o seu ódio. Miro a pistola perfeitamente, seu eu atirasse ele morreria com uma bela bala no meio de sua testa.

— Controle-se, Shane — sibilo, ficando na frente de meu pai — E vai por mim, eu nunca erro.

— Chega de arriscar as nossas vidas por uma garotinha que já está morta! Chega de viver ao lado de monstros que estão tentando nos matar! Já chega! — seus olhos encontram os meus e ele sorri como um maníaco — Se vocês querem viver vocês tem que lutar.

Shane fica completamente de costas para todo nós e começa a tentar arrombar a porta do celeiro.

— Pai, é só o senhor falar que eu atiro.

— Não! Não, por favor! — Rick pede tocando o meu ombro.

E então as portas se abrem, liberando a pequena horda de zumbis que estava lá dentro. Me viro para meu pai, ele estava ajoelhado, em silêncio, estático.

— Porra...

 

Vejo minha madrasta e meu meio-irmão saírem do celeiro, eles tinham uma aparência horrível, magros, com a pele meio verde, destruídos por conta do tempo. Acerto a cabeça dos dois, os matando. Seguro as lágrimas, precisava ter todo o meu foco no celeiro e nas criaturas que meu pai chama de amigos e familiares.

Balas são disparadas, o barulho ecoava e o cheiro da pólvora entope o meu nariz. E então uma pequena garotinha sai do celeiro. Ela estava suja e sangrando, rosnando. O pequeno zumbi caminha tropegamente até nós. Desvio o olhar.

Já chega.

Estava farta disso.

Rick a mata com um tiro certeiro.

—Satisfeito, Shane?! - grito encarando-o.

Me viro para o meu pai e ajudo-o a levantar e guio-o de volta para a nossa casa. Ele e Beth estavam devastados. Shane andava atrás de nós, gritando falácias, alegando que nós sabíamos que Sophia estava lá dentro. Meu pai se vira para tentar explicar para ele que nós não sabíamos e rapidamente Shane aponta seu dedo na cara do meu pai.

Eu me sinto explodir. Queria acabar com a raça daquele desgraçado. Soco Shane com força no seu maxilar. Ele cai com tudo no chão e subo em cima dele. Arrebentava a cara dele com força até que sinto mãos me puxando pela cintura.

—Não! Eu ainda não acabei com ele! — grito, me debatendo, tentando me soltar.

Sou lançada para longe de Shane, mas antes que eu pudesse correr para cima dele de novo Daryl fica no meu caminho. 

— Eu não quero ter que te tirar de cima dele de novo! — ele sibila.

Fuzilo o caipira com o olhar. Naquele momento eu queria matar Shane. Respiro fundo, junto uma quantidade expressiva de saliva na boca e cuspo na cara do careca.

— Nos deixe em paz, Rick! — grita Maggie.

— Fora da minha terra, todos vocês! — diz meu pai.

Rick ajuda Shane a se levantar. Daryl me guia para dentro da casa, mas fujo de seus braços, caminhando em direção a qualquer lugar, longe de todos. Me sentia esgotada. Só queria ficar sozinha, precisava ficar sozinha. 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



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