Os segredos de Sakura escrita por NinjadePapel


Capítulo 14
Morrendo


Notas iniciais do capítulo

Obrigado a todos os que comentaram, sério vcs fazem o meu dia. Boa leitura.



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Sasuke foi arrancado de seu sono com tanta violência que se assustou, a respiração ofegante e o suor escorreu por sua testa. Ele tinha tido um pesadelo novamente, mas não se lembrava o que era, tudo o que restava era a sensação terrível no peito e o gosto amargo na boca.

 

Ao seu lado Sakura se mexeu no sono e Sasuke foi distraído de seu pesadelo angustiante pelo som suave da respiração dela. Ele levou a mão para afastar uma mecha cor de rosa que caia sobre os olhos e balançava suavemente com sua respiração, dormindo assim calmamente nem parecia ter aquele temperamento intempestivo e a mão pesada que ocasionalmente fazia Naruto sofrer.

 

Sasuke aproveitou a insônia para alimentar seu novo hábito, ele se deitou de lado na cama e apoiou o rosto na mão para ter uma visão completa da pessoa a seu lado. O lençol se enrolava entre as pernas flexionadas, uma das mãos estava cerrada perto do coração e a outra agarrava levemente a calça de Sasuke. Um dos lados do rosto estava oculto e o outro transparecia calma, os olhos verdes cintilantes escondidos atrás das pálpebras, as maçãs altas coradas pelo calor, os lábios cheios levemente abertos.

 

Era quase um vício agora para o Uchiha, aproveitar o sono pesado dela para observá-la dormir. Como um verdadeiro anjo, a simples imagem de sua quietude fazia todos os pensamentos do moreno se acalmarem e o coração dele se aquecer prazerosamente. As vezes não sabia se preferia a visão dela adormecida calma e tranquila ou sua visão feroz e desnuda enroscada com ele quando faziam amor. Era o tipo de dualidade que só Sakura poderia ter, como um anjo dorminhoco e uma pecadora insaciável, como um bálsamo de cura e o furor da destruição de suas mãos, com seu sorriso e toque gentil e seu temperamento irritadiço.

 

Sasuke não sabia quando aconteceu exatamente, mas em algum momento entre a noite do casamento de Naruto e agora, ele havia se tornado um viciado. Ele esperava por vê-la dormir e ressonar tranquilamente, ele aspirava pelos raios de sol alcançarem seu rosto e o momento em que ela abriria os olhos esmeraldinos banhados com a luz solar e envergonhar a estrela diante da luz de seu próprio sorriso, de subjugar o rouxinol ao dizer o simples bom dia a ele. Sasuke ansiava por ela, por suas mãos delicadas em sua pele, por seus lábios macios em sua boca, por seus olhos ardentes semi-cerrados, pela pele cremosa, por Sakura inteira…

 

Ele a havia amado por anos a distância, e sob todo o peso do ódio e da vingança, ele havia reprimido todo aquele sentimento por tanto tempo que agora temia ser completamente inundado com ele, as vezes ele mal se continha em sua devoção por Sakura. Tão doce, tão gentil, tão linda, tão irritada, agressiva e temperamental…

 

Irritantemente perfeita para ele.

 

Irritante, irritante, irritante… Sua irritante. Sempre despertando os mais incômodos e inapropriados sentimentos nele, mesmo quando ainda eram genin, lhe cuidado e apoiando mesmo quando ele teimava em ser arrogante e desajuizado. Ele passou os dedos levemente pelas pontas de seu cabelo curto e não pode deixar de recordar a primeira vez que a viu com o cabelo cortado, ferida e protetora como uma tigresa, cuidando dele e de Naruto da melhor forma que podia. Ela o protegeu de si mesmo ao lhe impedir de cruelmente massacrar aqueles ninjas do som com seu abraço gentil e sua súplica. Ela queria tirá-lo do exame chunin independente da vontade dele, apenas para assegurar sua proteção, ela quis afastá-lo de Orochimaru com todas as forças que tinha e as que não tinha.

 

Uma vida inteira de dedicação ininterrupta dele não seria suficiente para agradecê-la por todo o seu amor, por tudo o que havia feito por ele. Sinceramente Sasuke não se importaria em fazê-lo, não quando ele não se via mais longe dela.

 

Não quando não suportaria mais estar longe dela.

 

Sakura se mexeu de novo, desta vez mudando a posição, agora de perfil para Sasuke e com a barriga para cima, o moreno observou o movimento levantar levemente a camisa que ela usava, que era dele, e a pele leitosa da barriga plana aparecer. O Uchiha adorava a curva acentuada da cintura dela, o encaixe perfeito para o braço dele.

 

Na superfície lisa da barriga duas linhas se destacavam. Uma mais a esquerda era fina e tinha pelo menos cinco centímetros, Sasuke havia traçado a linha delicadamente uma vez enquanto ela contava a história da, naquela época, única cicatriz que tinha, fruto da luta contra o Akatsuki das marionetes. A espada havia sido destinada a outra pessoa mas foi Sakura que recebeu o golpe.

 

A outra linha era mais recente, também fina porém mais longa, pelo menos dez centímetros, na diagonal logo acima do umbigo, ainda avermelhada. Assim como a outra cicatriz essa havia permanecido apenas por que a lâmina era envenenada e Sakura havia demorado para tratar corretamente, fruto da missão que ela havia feito a quase uma semana. Um frio percorreu a espinha de Sasuke com a lembrança de esperar junto a Naruto na sala de espera do hospital, de ver Sakura completamente pálida, Sakura, a médica com um jutsu capaz de curar qualquer ferimento, machucada e debilitada.

 

Ela estava tão pálida e com um aspecto adoentado, o estômago de Sasuke revirou na hora e apenas a lembrança o fazia suar frio. Ela havia usado a maior parte do chakra usual e do chakra do selo na testa para lutar contra o inimigo e curar os companheiros de equipe, Naruto incapaz de parar de tagarelar comentou como ela havia quase se esgotado na missão da lua para salvá-lo, e que ela tinha esse péssimo costume. Ele ouviu junto de Naruto da sala de espera os berros de Tsunade lembrando a ela que o papel do ninja médico era ficar para trás e dar apoio, berrando para ela que parasse de se jogar na frente do perigo e gritou tanto que ele imaginou se a força lendária da Godaime também se aplicava a sua garganta.

 

Sasuke ficou completamente irritado pela falta de auto preservação de Sakura, por sempre se achar menos importante e passível de todo ferimento em prol da saúde alheia. O pensamento tirou Sasuke de seu bom humor, mesmo observando Sakura em seu sono tranquilo, olhar para ela agora era estranho, apenas aquela linha avermelhada na barriga parecia saltar aos olhos do moreno, um lembrete perpétuo de que ela quase não voltou pra casa, de que ela quase não voltou para ele. 

 

Ele fechou os olhos na esperança de dormir um pouco antes do sol nascer, mas como uma praga sua mente conjecturou cenário após cenário de Sakura ferida, ensanguentada e incapaz de voltar para Konoha. Ele balançou a cabeça espantando aqueles pensamentos inconvenientes e absurdos, Sakura era uma ninja como poucos, não apenas uma kunoichi brilhante, uma shinobi brilhante, que ainda tinha a seu favor sua expertise como médica além da capacidade como lutadora.

 

Ainda sim, por mais que Sasuke tenha repetido isso seguidas vezes para si mesmo, as imagens que sua mente inquieta criava e as possibilidades continuaram a impedir que a calma chegasse para ele, até que por fim ele começou a dar importância aos pensamentos perturbados.

 

 E se algum dia, em uma missão qualquer, ela não voltasse?

 

Ainda que não fosse devido a uma missão, se por alguma ocasião de má sorte Sakura morresse prematuramente?

 

Como se tivesse sido invocado, as imagens embaçadas do pesadelo lhe encheram a mente, e agora ele conseguia discernir e entender por que havia acordado tão angustiado. Era Sakura, boiando em uma poça do próprio sangue, olhos verdes opacos, a pele acinzentada, toda a vida sugada de si como o sangue a seu redor.

 

O coração do moreno se apertou diante do pensamento, o ar faltou, a espinha gelou, foi como se o próprio quarto sumisse e Sasuke não tivesse onde se apoiar. Ele rolou do colchão para o chão e sentou apoiando as costas na cama. Não era apenas o pensamento de sua Sakura morta, era as imagens em sequência que seu subconsciente traumatizado produziu para atormentá-lo ainda mais. Amaldiçoou sua capacidade de lançar genjutsu e sua mente fértil e criativa para gerar sofrimento, agora tinha todo o talento voltado para si mesmo.

 

Aquele não tinha sido o primeiro pesadelo desde a volta dela da missão. Todas as noites ele sonhava com Sakura morrendo, de diferentes formas. Dessa vez o sonho também o mostrou a loucura, a dor e o desespero que lhe inundou veias e artérias. A solidão aterradora que se seguiu a sua morte.

 

Ele levou a mão ao rosto, sua respiração ainda mais rápida, as batidas do coração estrondosas contra as costelas.Gradualmente os cenários de Sakura ensanguentada foram sendo substituídos por lembranças, não apenas ilusões perturbadas. Primeiro a noite do massacre, dos rios de sangue que correram por todo o complexo Uchiha, do sangue escarlate manchando o haori que seu pai usava naquele dia, a dor estampada nas feições delicadas de sua mãe enrijecidas pela morte.

 

Sasuke esfregou a mão com força na calça que usava, a pele pegajosa com o suor lembrava demais o sangue de seus pais daquele dia. Seus pais, seu clã, seu irmão eram tudo para Sasuke, e quando foram arrancados tão violentamente dele, o vazio que ficou quase o enlouqueceu. Saber do sacrifício de Itachi depois realmente lhe lançou a loucura, e em sua insanidade ele quase matou Sakura. Ele quase havia tirado de si mesmo a pessoa que mais amou desde sua infância

 

Ela quase morreu por suas próprias mãos.

 

E agora, que Sakura era tudo pra ele, como seria perdê-la? Como seria nunca mais poder observá-la no sono, nunca mais poder tocar sua pele, nunca mais sentir seu cheiro suave, nunca mais ouvir sua voz doce e cheia de carinho e amor, como seria perder a pessoa que mais lhe amava no mundo todo?

 

Ele não suportaria.

 

Não suportaria perder mais ninguém precioso, principalmente Sakura.

 

Ele se levantou em um rompante, incapaz de pensar direito.

 

Havia sido um erro desde o começo. Não devia ter se deixado levar tão facilmente, quase implorando por ter o coração dilacerado outra vez. Onde estava com a cabeça ao estreitar tanto um laço?

 

Sasuke não era capaz de lidar com aquilo. Se lembrou da época em que vivia sozinho depois do massacre e quando vivia sob a asa de Orochimaru, onde sua única preocupação era sua vingança e não havia ninguém com quem se importar, ninguém cuja saudade poderia corroê-lo até a loucura. Deixaria tudo para trás, apenas para não passar por aquilo outra vez.

 

Ele rapidamente juntou a capa que estava sobre a poltrona dela, onde havia jogado mais cedo, observou a camisa envolvendo o corpo de Sakura, cerrou os punhos irritado. Tolo, ele havia sido um tolo ao pensar que poderia ser feliz ali, era um tolo por ter se deixado levar por amor e paixão. O fantasma de seus traumas sempre o assombraria e ele nunca se permitiria ser tão dependente de alguém novamente, porque pessoas traem e pessoas morrem, e quem fica para trás sofre.

 

Ele não sofreria de novo.

 

Jogou a capa por cima dos ombros, passaria no apartamento rapidamente apenas para buscar o necessário, seria menos irritante ter Naruto na cola então avisaria a ele ou Kakashi, o que estivesse mais fácil. Precisava sair dali o mais rápido possível.

 

Andou até a varanda e abriu a porta de vidro, a mão travou na maçaneta metálica e ele não conseguiu deter o impulso de olhar para trás. A imagem de Sakura enrolada nos lençóis tão alheia a sua epifania, sem sequer imaginar a loucura ao qual o estava levando. Ativou o sharingan e eternizou a imagem dela adormecida em sua memória. Precisaria viver sem ela, com o tempo talvez se habituasse a sentir sua falta, duvidava disso, mas não podia se arriscar a se tornar ainda mais dependente dela, precisava aprender a viver sem Sakura.

 

Mesmo que aquilo não fosse vida.

 

Ele estava viciado agora, completamente ansioso por estar com ela, mas como um viciado em tratamento ele se afastaria. Doeria no começo, a abstinência dela iria irritá-lo e deixá-lo completamente nervoso e sensível, iria fazer com que desejasse a morte, mas ele preferia passar por isso a se tornar completamente dependente, preferia sofrer com a distância a sofrer pela completa ausência. Ele iria torcer, ainda que de longe, para que ela vivesse por muitos anos mais, mas não iria se arriscar a uma morte prematura dela.

 

Eles eram shinobi afinal, morrer faz parte da profissão, por isso haviam tão poucos jounins, não apenas pela escassez de indivíduos talentosos o suficientes, mas porque mais da metade dos ninjas morria entre a formatura na academia e as missões chunin. Jounins como Kakashi e agora Sakura, realizavam missões arriscadas e com alta taxa de mortalidade. Ele poderia simplesmente acorrentá-la a cama ou pedir que não fizesse mais esse tipo de missão, mas jamais seria tão mesquinho, não tinha o direito.

 

Sasuke sabia no entanto, que se fosse embora agora ela jamais o perdoaria, não agora, não depois de tudo o que havia acontecido entre eles.

 

Ele iria sofrer por abandoná-la, mas não sofreria com sua perda.

 

Ao menos foi o que pensou.



&



As portas do hospital se abriram com o chute que Jung deu nelas e logo uma comoção se formou quando ele gritou por ajuda, o fato de uma Sakura completamente coberta pelo próprio sangue em seus braços deve ter sido um fator de impacto.

 

Sasuke se sentia meio tonto ainda com a imagem, ele vomitou quando Jung tirou o corpo inerte de Sakura de seu colo, um pouco atrás deles Sarada chorava copiosamente. Quando o ruivo tentou tirar a rosada do abraço de Sasuke, o moreno olhou com tanto ódio para ele que o outro recuou, estava um pouco desorientado e só queria manter Sakura perto. O ruivo teve que pedir pacientemente para o homem traumatizado que soltasse a Haruno antes que ela morresse pela perda excessiva de sangue. 

 

Sasuke queria ele mesmo levantar e carregar Sakura até Konoha, até o hospital, mas as pernas não o obedeciam. Toda a concentração do seu corpo estava em mantê-la perto de si, um senso protetor imediatista. Quando o peso dela se foi o corpo dele se curvou e Sasuke colocou o conteúdo do estômago para fora no chão da clareira. O corpo tremia ao relembrar as imagens de Sakura tremendo e se afogando no próprio sangue. 

 

Ouviu Jung falar alguma coisa e em seguida sumir na direção da vila com Sakura nos braços, ainda com sangue escorrendo pelo nariz e pela boca, um filete fino e escarlate pingava de sua orelha, Sasuke ignorou o frio na espinha ao notar a palidez da pele, ela pareceu tanto com um cadáver…

 

O sol brilhou contra a poça de sangue que Sakura deixou ao redor dele, as mãos de Sasuke estavam banhadas em vermelho, pegajosas do sangue coagulando nelas. Foi como voltar a infância, foi como ter o sangue de seus pais mortos em casa em si novamente, como cutucar a mãe tentando acordá-la daquele sono sem fim.

 

Uma mão trêmula tocou seu ombro trazendo-o de volta a realidade, ele se deparou com uma imagem tão desolado de sua menina marrenta que seu coração se quebrou um pouco mais. Sarada nunca pareceu tão pequena e desamparada, nem mesmo quando o confrontou sozinha naquela floresta morta a semanas atrás, os grandes olhos estavam vermelhos de chorar, lágrimas gordas molharam sua face infantil, o lábio tremia.

 

— A mamãe - a voz tremeu e uma nova onda de lágrimas inundou a voz dela - a mamãe vai morrer?

 

— Não - a negação foi dita rápida como um reflexo, ele não aceitaria a morte de Sakura tão pacificamente dessa vez - Ela vai ficar bem.

 

— Mas e se ela não ficar? 

 

Sasuke tomou fôlego, ele não era nem capaz de pensar nessa possibilidade, limpou a mão o melhor que pode na calça e se levantou, sentia seu chakra correndo por seu corpo novamente. A distância ou a inconsciência devem ter anulado a técnica de seu oponente, bom, ele precisava correr para Konoha, ele precisava ser forte por Sakura e principalmente por Sarada, ele não seria covarde como da última vez.

 

— Ela vai ficar bem - tentou ser o mais firme que pode e agradeceu aos anos de prática em reprimir os sentimentos, se curvou para ficar mais próximo de sua altura - Eu estou aqui agora, não vou deixar que nada de ruim aconteça.

 

Ainda com o lábio trêmulo, Sarada assentiu e tentou limpar as lágrimas. Sasuke se ajoelhou de costas para ela - Suba, precisamos correr - A única confirmação que teve foram os braços pequenos rodeando seu pescoço e em seguida as pernas se enroscando em seu tronco, ela fungou tentando conter as lágrimas que ainda caiam e ele começou a correr.

 

Por todo o caminho ele procurou a cabeleira ruiva a frente mas Jung havia sido rápido e ele agradeceu por isso. Sarada permanecia calada, Sasuke podia sentir o coração dela martelando contra suas costas, podia ouvir os soluços chorosos reprimidos, ela estava apavorada com a imagem da mãe sangrando. O que podia dizer a ela quando ele também se sentia destroçado por dentro? Como Sakura havia feito isso por todos esses anos? Ser forte para Sarada quando estava tão quebrada…

 

Ele não era um tolo, Sasuke sabia que ele havia quebrado seu coração quando a deixou. E mesmo assim por quase uma década ela foi uma mãe forte e protetora, o porto seguro de Sarada. Ele não estava certo de que estava pronto para ser um pai tão bom quanto Sakura era, mas ele passaria a vida inteira aprendendo se fosse necessário, ele seria forte por Sarada e eles iriam superar isso, e Sakura estaria lá para ver.

 

Ele acelerou o passo e chegou ao hospital junto com Jung, a tempo de ver o ruivo invadir a recepção e berrar por Tsunade. As enfermeiras agiram rapidamente trazendo uma maca, ainda com Sarada as costas o moreno se posicionou ao lado do leito quando Sakura foi depositada na superfície acolchoada. Ouviu sua filha arquejar próximo a seu ouvido, um médico que ele não conhecia ordenou que Sakura fosse levada para a Emergência imediatamente e ousou pedir que eles se retirassem.

 

Sasuke ignorou o homem e abordou a primeira enfermeira que reconheceu, ela costumava fazer a ronda quando Sakura ficou internada logo após ser resgatada - Chame Tsunade imediatamente - alguma coisa na voz dele deve ter indicado seu estado de espírito nada amigável, pois ela arregalou os olhos e acenou vertiginosamente enquanto corria para buscar a loira.

 

Jung estava discutindo fervorosamente com o médico e Sakura estava sendo levada para a ala de emergência quando outra loira emergiu dos corredores do hospital.

 

— Mas que merda é essa aqui! Dá pra ouvir as vozes do centro cirúrgico vocês acham que - as palavras morreram na boca de Ino quando ela viu quem estava na maca, ela correu em direção a amiga - o que aconteceu?

 

— Ela teve uma crise severa, precisa chamar a Godaime, ela esta a par da situação dela.

 

Sasuke ouviu as palavras do ruivo e aquilo não soou nada surpreso da parte dele, ele sabia de algo.

 

— Crise? - foi Sarada quem perguntou - Mas nunca foi assim antes…

 

Jung arregalou os olhos para Sarada, a expressão surpresa dele disse a Sasuke que o quer que fosse isso Sarada também não deveria saber, mas ela sabia que era sua filha antes do que ele pode imaginar, o moreno tinha dúvidas se dava pra esconder algo dela- Sério? Vocês acharam que eu nunca percebia a mamãe vomitando as tripas e ficando doente do nada? Eu sou uma criança não uma retardada.

 

— Sarada…

 

— O que está acontecendo aqui? O que você não está contando? - Sasuke quase tremia diante da ignorância, o que estavam escondendo ainda?

 

A expressão de Jung se fechou para Sasuke quase rancorosa - Por que está preocupado agora? Você não estava lá antes, e agora quer exigir respostas? Pois saiba que por mim você não vai saber.

 

O sangue de Sasuke ferveu perante a verdade contida nas palavras do ruivo, raiva de si mesmo e dele por jogar sal naquela ferida. Ele deu um passo desafiador na direção do outro homem - Não seja idiota, se existe algo que os médicos precisam saber é melhor contar a eles, além do mais, eu tenho o direito de saber o que está acontecendo com a mãe da minha filha.

 

—Direito? - Jung avançou mais um passo na direção de Sasuke - O único direito que você tem é de ficar calado. Você abandonou ela, abandonou Sakura grávida e ainda se acha no direito de alguma coisa?

 

— Padrinho! - Sarada choramingou.

 

Sasuke sentiu as unhas contra as palmas das mãos, o ódio encheu suas veias, ele odiou Jung por estar certo e jogar aquilo na sua cara, mas odiou a si mesmo mais do que tudo. Ele tinha razão, Sasuke não tinha direito a nada. Mas ele não precisava demonstrar ao ruivo que ele estava certo - Eu estou aqui agora e não pretendo sair de perto dela ou de Sarada, o que significa que você já pode ir, porque você sabe não é? Você foi só um substituto esse tempo todo.

 

— Pai!

 

A provocação funcionou como Sasuke quis, ele estava frustrado e não se importou nem um pouco com o fato de estar sendo um idiota arrogante.

 

— Vocês dois aí! Seus idiotas, Sakura a ponto de ter um choque hipovolêmico e vocês tendo um concurso de machos! 

 

Sasuke desviou sua atenção do ruivo e perscrutou o local em busca da maca com Sakura mas não a encontrou em lugar algum. Uma pedra de gelo parecia ter se depositado no estômago dele quando mirou a Yamanaka que berrava - Onde está Sakura? 

 

— A caminho da sala de emergência, vamos conter as hemorragias enquanto Tsunade-sama não chega - ela andou até onde Jung e Sasuke estavam, sua expressão irritada escondia a preocupação com Sakura. Ela destinou sua atenção para Sarada que ainda se agarrava a Sasuke como um macaquinho - Como vai pequena? Você nos deu um belo susto não é mesmo?

 

A moreninha apenas assentiu em resposta a Ino que continuou - O que você acha de descer daí pra eu dar uma olhadinha em você?

 

— Eu estou bem.

 

—Tenho certeza que sim, você deve ser tão forte quanto sua mãe - a voz de Ino era calma e gentil ao falar com Sarada - Mas você foi sequestrada e faz parte do protocolo que seja examinada, é só pra nos deixar mais tranquilos.

 

— Mas e se minha mãe acordar e eu não estiver aqui? E se ela… ela perdeu tanto sangue…

 

— Não se preocupe, os melhores médicos estão aqui pra cuidar dela, olha para o seu pai, ele só tinha um braço depois da guerra e agora anda por ai exibindo os dois pra todo lado.

 

Ela olhou desconfiada de Ino para Jung e então para Sasuke e por fim suspirou - Tudo bem

 

Sasuke se abaixou e ela desceu, lançou um olhar reprovador para os dois homens - Comportem-se os dois.

 

Ino a pegou pela mão e entregou Sarada a uma enfermeira que a levaria ao pediatra. A loira acenou para Sasuke e Jung a seguirem e ambos andaram até a mulher que tinha a expressão muito fechada para eles. Eles andaram por um corredor longo e Sasuke estava a ponto de ter um ataque cardíaco, ele queria ver Sakura, queria ter certeza que ainda estava viva, a lembrança de sua palidez o estava corroendo, o estômago estava se revirando, ele estava suando frio e a poucos minutos esteve a ponto de entrar em uma briga com Jung, dizendo coisas que em situações normais ele jamais teria dito, mostrando seu lado mais frágil e inseguro. 

 

Era por causa de Sakura ele sabia. Por tantos anos ele viveu, ou melhor, sobreviveu, achando que ela estava morta e quando finalmente as coisas pareciam estar se encaixando, não apenas Sarada foi levada deles como agora Sakura estava em um estado grave no hospital. Era uma sensação tão frustrante de estar tão perto e tão longe ao mesmo tempo, ele era alguém sedento incapaz de saciar sua sede mesmo com uma fonte tão próxima. 

 

Ino parou em frente a uma fileira de cadeiras e indicou para que os dois sentassem - A sala de cuidados emergenciais privativa fica bem ali - ela apontou para a porta logo em frente a eles - Sakura está lá agora, e pelo que pude identificar seu estado é crítico pra dizer no mínimo - os punhos cerrados da loira diziam a Sasuke o quando ela estava nervosa, e aquilo o fazia ainda mais desolado, nunca era bom quando o médico estava assustado - eu acho bom os dois se comportarem ou vou expulsá-los do hospital, entenderam?

 

Sasuke assentiu e Jung concordou com um som rouco, o moreno estava prestes a questionar o homem a seu lado sobre o que estava acontecendo com Sakura e por que ele parecia tão controlado, o que era apenas uma fachada Sasuke sabia, os dedos trêmulos dele, o cenho franzido e sua postura retraída mostravam para o Uchiha que Jung estava preocupado, nervoso e assustado. Ainda sim ele sabia de algo, ele parecia quase esperar aquilo quando agiu tão prontamente na clareira. No entanto antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa a Godaime irrompeu quase correndo do corredor por onde ele havia entrado.

 

Os olhos cor de mel da mulher estavam sombrios e sua expressão era algo entre a raiva e o terror - Preciso de você Ino! - foram as únicas palavras que ela se dignou a dizer antes de entrar como um furacão na sala e começar a gritar ordens.

 

Ino não pensou duas vezes e correu para dentro em seguida. Um silêncio sepulcral caiu entre os dois e Sasuke nunca odiou tanto o silêncio. Ele podia ouvir cada som insignificante com muita clareza e isso o deixava apenas mais ansioso. 

 

Sakura.

 

Sakura.

 

Sakura.

 

Tudo o que vinha a sua mente era ela, lembranças antigas da época de genin, de sentar em um quintal arrancando ervas daninhas e vê-la correr atrás de Naruto, sorrindo para ele quando tinha oportunidade e batendo no loiro, foi a primeira vez que percebeu o quanto os olhos de Sakura eram lindos, lembrou do sorriso infantil e da forma como ela ficava completamente vermelha ao receber um olhar sequer dele, lembrou dos braços dela lhe devolvendo a sanidade na floresta da morte, de sua voz suplicante e o calor que o ancorou no mundo. Sasuke ainda se lembrava de cada palavra que ela havia dito a ele na noite que ele deixou a vila, e de como assim como prometeu, todos os dias daqueles quatros meses que ele passou com ela foram felizes, e de como ele jogou tudo fora.

 

Jung estava certo, ele não tinha direito algum, ele a abandonou e agora o arrependimento e o remorso estavam a ponto de enlouquecê-lo, do outro lado daquela parede Sakura estava doente e ele nem sabia o porquê ou como, ele não estava lá para saber. A porta se abriu e Tsunade gritou para um enfermeiro que preparasse o centro cirúrgico imediatamente, ele saiu correndo e Sasuke teve um vislumbre rápido dela debruçada sobre o corpo inerte de Sakura, desespero manchando seu rosto. Alguém fechou a porta e Sasuke ouviu o ruivo a seu lado xingar.

 

Sasuke viu Jung se curvar ainda sentado e descansar o rosto nas mãos, diante da reação do homem ele se sentiu tão desamparado quanto quando se tornou um órfão, e cavou fundo em seu orgulho antes de perguntar - Sakura vai morrer?

 

A pergunta pareceu chocar e tirar o ruivo de seu próprio desespero, ele encarou Sasuke com aqueles profundos olhos violeta e todo o sarcasmo havia ido embora, apenas dor permanecia - Eu não sei.

 

Um grito soou de dentro da sala, e dessa vez não era de Tsunade. Foi feio, como o som de tecido se rasgando, foi gutural e produzido no fundo da garganta, doloroso e sôfrego. Era um grito de Sakura.

 

Ele e Jung se levantaram por reflexo, Sasuke olhou para a porta com olhos arregalados e estático, paralisado de medo. Outro grito soou e foi ainda mais desesperador, um som agudo e cortante, longo e de ferir os ouvidos, como agulhas, era a expressão da mais pura e torturante das dores, outros se seguiram a esse e antes que Sasuke pudesse sair de seu estado de choque a porta se abriu novamente.

 

Uma imagem que seria fonte de pesadelos até o fim da vida de Sasuke se seguiu à sua frente. A maca era empurrada por duas enfermeiras, Tsunade estava em pé com as mãos pressionadas contra a cabeça inquieta de Sakura o chakra médico emanando de suas palmas, Ino estava sobre ela, ajoelhada em cima de Sakura, uma perna de cada lado do corpo, as mãos brilhando verde sobre o peito da mulher abaixo. Sakura continuou a gritar, olhos verdes arregalados e quase saltando das órbitas, ela se debatia contra as mãos das outros dois médicos que imobilizaram seus braços e pernas. 

 

Tudo era vermelho sobre a pele dela, sangue escorria de seus olhos como lágrimas, e de seu nariz um corrente fina ainda escorria, os gritos desesperados que escapavam da garganta dela eram o som da pura dor e tormento. Os pés de Sasuke se moveram mais rápido que seus neurônios e no segundo seguinte ele estava acompanhando a comitiva, de perto Sakura parecia ainda mais lamentável, em um ímpeto ele agarrou a mão dela e sentiu a torrente de desolação e agonia com o aperto de sua mão acompanhado de um dos gritos desesperados, a pele era fria e quente ao mesmo tempo, sangue faltava e uma febre a consumia. Ele se agarrou a mão dela como a uma âncora e buscou os olhos tentando desviar de todo aquele sangue.

 

Talvez tenha sido pior, em seus olhos afogados em mágoa, dor e angústia Sasuke viu o fim. A esclera antes branca era tomada pelo vermelho dos vasos sanguíneos estourados, o verde de seu olhos que ele sempre associou as coisas mais lindas e preciosas parecia invocar a própria morte. Foi em meio a aquela dor que ele viu o desejo de morte, de fim e de descanso nos olhos dela.

 

—Solte Sasuke! Nós precisamos operar agora! - era a voz de Ino que enchia seus ouvidos e ele percebeu que tinham parado em frente as portas duplas do centro cirúrgico. Ele olhou para a loira desorientado e viu as lágrimas que caiam em cascata dos olhos azuis, urgência estampada alí. Ele olhou de novo para Sakura, ela soluçava e gemia de dor.

 

—Solte Moleque! - era a Godaime agora. Ele precisava soltar, mesmo que sentisse que se soltasse talvez nunca mais poderia toca-la com vida novamente. Mas se não soltasse ela nunca teria chance, mesmo que seu olhar suplicante implorasse a morte. Então em meio a tantas coisas para se dizer, Sasuke aproximou o rosto no dela e disse, surpreendendo a si mesmo com a raiva na voz.

 

— Não ouse morrer Sakura, não ouse me deixar de novo - então ele soltou mão e as portas se abriram engolindo todos.

 

As pernas de Sasuke enfraqueceram e ele caiu de joelhos no chão lustroso do hospital manchado de sangue. Enquanto ela ia pra mesa de cirurgia lutar pela vida, e Sasuke entrava em um torpor sem fim, a única coisa que permaneceu na mente dele foi o fato de que jamais disse a Sakura que a amava. 

 

Ele nunca disse “eu te amo” e poderia nunca mais ser capaz de dizer a ela.



&



— Quanto tempo uma cirurgia pode durar? - Naruto estava inquieto como sempre, andando de um lado para o outro no corredor.

 

Ele havia chegado em algum momento depois da quarta hora de cirurgia, três horas depois e as únicas vezes que as portas se abriram foi para que os enfermeiros passassem correndo com bolsas de sangue e outros suprimentos médicos.

 

Era madrugada e esse era o único motivo para o Hokage poder permanecer alí, Jung estava sentado nas cadeiras de espera na parede oposta a que Sasuke estava encostado sentado no chão. Ao lado do ruivo a anciã que veio com eles se mantinha firme, em algum lugar do hospital o outro homem estava se recuperando do ataque sofrido naquele mesmo dia.

 

Sarada estava deitada no banco a esquerda da mulher mais velha, a cabeça repousava no colo dela. A menina havia chegado logo após o sangue de Sakura ser limpo do chão e ele era imensamente grato por isso, a moreninha não sabia muito além do fato de que Sakura estava em cirurgia e se recusou a deixar o hospital antes de ter notícias de sua mãe. Ela dormiu no colo de Sasuke após muita luta contra o sono, havia se sentado a seu lado no chão e agarrado o tecido de sua calça como uma tábua de salvação. A verdade era que a presença da filha alí era a única coisa que ainda mantinha Sasuke são quando tudo o que ele queria era correr pra longe, acordar daquele pesadelo, se libertar daquilo que só podia ser um genjutsu de tortura feito sob medida para lhe tirar a sanidade.

 

As portas do centro cirúrgico se abriram quase nove horas depois do início da cirurgia e duas cabeleiras loiras saíram de lá. Sasuke se levantou com um pulo assim como Jung, Naruto se juntou a eles quando cercaram as duas médicas em busca de respostas, elas estavam visivelmente esgotadas, ainda com o conjunto azul de calça e camisa que usavam durante a operação, pálidas e fracas. Ainda sim o coração de Sasuke estalava contra as costelas, a ansiedade impedindo de se afastar delas sem respostas.

 

— Ela está viva - foi Tsunade quem quebrou a tensão - Ao menos por enquanto.

 

— Como assim baa-chan? Você não curou a Sakura-chan?

 

— Não é tão simples assim Naruto - Ino se sentou no banco vago ao lado de Sarada - Sakura morreu duas vezes na mesa.

 

— O que? - a voz de Sasuke nunca soou tão quebrada a seus próprios ouvidos, o estrondoso timbre de Naruto o acompanhou na indagação.

 

— O que Ino quer dizer é que ela teve duas paradas cardíacas durante a cirurgia - a Senju limpou um resquício de suor da testa - A cirurgia demorou tanto por que precisamos abrir ela, todos os órgãos vitais estavam comprometidos, Ino e eu estivemos curando e reconstruindo fígado, pâncreas, rins, estômago, coração e muitos músculos durantes as últimas oito horas, tentando conter a hemorragia generalizada enquanto um terceiro médico cuidava para que ela não tivesse um trauma neurológico.

 

—  Não me interessa os termos médicos, apenas me diga se Sakura está bem - Tsunade olhou para Jung e todo o cansaço e frustração dela caiu como uma tonelada sobre os ombros de Sasuke.

 

— Ela está viva - suspirou - mas tivemos que induzi-la ao coma, seu corpo está muito debilitado, sem falar nos canais de chakra que estão em frangalhos, estamos manipulando seu metabolismo para se concentrar nos processos de cura e não em processos que por hora são dispensáveis como a consciência. Sakura ainda corre perigo de vida mas por hora está estável.

 

Jung suspirou aliviado, e por mais que Sasuke estivesse imensamente agradecido por Sakura estar viva, nada daquilo soou para ele como uma resolução esperançosa. Ele permaneceu encarando Tsunade, ainda haviam muitas coisas a serem esclarecidas.

 

— O que foi isso? Por que Sakura ficou assim?

 

— Eu estou muito cansada Uchiha, depois. 

 

A sennin tentou passar por ele mas Sasuke se pôs a frente da mulher impedindo sua passagem e recebendo um olhar afiado dela - Agora.

 

— Eu não estou entendendo? Como assim o que foi que deixou a Sakura-chan assim? Isso não foi resultado da luta contra os sequestradores?

 

— Sakura nem mesmo se arranhou durante a luta. Ela esmagou o inimigo com uma facilidade inacreditável, como se fosse invencível. Ela ficou assim depois.

 

— Nani? - o loiro parecia completamente confuso olhando da Godaime para Sasuke - O que foi então?

 

—É isso que eu quero saber, e eu sei que você sabe Tsunade, quando chegamos foi por você que o ruivo ali chamou, ele disse “ela está a par da situação” - Sasuke deu mais um passo em direção a mulher - O que significa isso?

 

Tsunade encarou Sasuke furiosamente, eles nunca se deram bem, algo sobre como Sasuke era um moleque mimado que fazia Naruto surtar e Sakura chorar, mas ela não podia negar a verdade a ele. Depois do que pareceram longos minutos ela bufou e disse para eles lhe seguissem. Naruto, Sasuke e Jung marcharam atrás da mulher, Ino ficou para trás com a outra anciã e Sarada.

 

Alguns corredores e lances de escada depois eles se encontraram no escritório de Tsunade, a placa indicando sua supremacia no hospital estava fixa na porta de madeira avermelhada e em cima da mesa. Ela ordenou que eles esperassem enquanto se trocava, minutos se passaram e Naruto permanecia inquieto e cheio de perguntas, Jung estava muito calado ao lado da janela, braços cruzados e expressão pensativa.

 

Tsunade não demorou em sua troca de roupas, tomaria banho depois foi o que declarou, e se sentou atrás da mesa em sua cadeira.

 

— Bem, diante do que aconteceu não vejo mais como Sakura pode esconder isso, e por mais que ela tenha me pedido segredo, principalmente por causa de Sarada, a situação se tornou insustentável - ela massageou as têmporas, estava cansada mas o jutsu que a mantinha nova não permitia que o cansaço afetasse tanto sua aparência. - Ainda sim acho que ela vai me odiar quando acordar.

 

— Ela vai - a voz do ruivo era profunda e cheia de pesar.

 

— Desembucha logo baa-chan!

 

— Certo - ela suspirou novamente, cada segundo era como se mais uma pedra de gelo se depositasse no estômago de Sasuke - Sendo bem direta, curta e grossa, Sakura está morrendo.

 

A mente de Sasuke ficou em branco pelos segundos que se seguiram, nem mesmo Naruto falou nada. As palavras se desenhavam na frente do moreno mas ele era incapaz de assimilar ou aceitar seu significado - O que?

 

— Isso é impossível baa-chan, a Sakura-chan acabou de voltar ela não pode morrer assim de repente.

 

Sakura está morrendo.

 

Sakura

 

Morrendo

 

— O problema é que não é de repente - o ruivo foi quem respondeu ao invés de Tsunade - Ela está morrendo todos os dias, um pouquinho por vez, a oito anos.

 

Sasuke tremia, isso não podia ser verdade.

 

— Nani? - a voz do loiro era apenas um sussurro - A Sakura-chan está doente? - Em muito tempo Naruto não pareceu tanto como quando eram jovens.

 

— Sim e não - Tsunade se mexeu na cadeira - Seu corpo está sofrendo com lesões sucessivas pelos últimos anos, os órgãos estão sendo afetados pois seu chakra os tem atingido. Em termos simples, o chakra de Sakura a está matando, de dentro para fora.

 

O suor nas palmas de Sasuke se tornou muito gelado - Mas eu pensei que o chakra circulasse apenas pelos canais de chakra…

 

Morrendo

 

Morrendo

 

Sakura está morrendo

 

— Em condições normais sim, mas os canais de Sakura estão quase completamente destruídos. Seu chakra está fora de controle e a está matando.

 

Naruto caminhou pela sala lentamente - Mas por que isso está acontecendo?

 

— Por causa daquele desgraçado é claro - a raiva na voz de Jung era venenosa.

 

— Sakura mentiu quando disse que destruiu toda a fórmula estabilizada da toxina que Yoshiro criou, a sétima remessa, aquela que ela aperfeiçoou, a fórmula perfeita para os propósitos dele, capaz de forçar a abertura dos canais de chakra para o corpo sem matar o ninja instantaneamente, havia uma amostra que foi deixada para trás. Obviamente no entanto houve complicações.

 

— Você está dizendo que… - Sasuke não conseguiu terminar a frase, a simples possibilidade daquilo ser verdade o fazia querer sair de Konoha a caça do homem sem se importar com as consequências.

 

Morrendo

 

Sakura

 

Morrendo, deixando ele de novo...

 

— Como uma última forma de comprometer Sakura, antes que ela destruísse tudo Yoshiro injetou a fórmula estabilizada nela, e isso a está matando.



Morrendo,

 

Sakura estava morrendo.












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Notas finais do capítulo

Então? Estou ansiosa pra saber a opinião de vcs sobre esse capítulo!
Provavelmente eu vou demorar um pouco pra atualizar, mas não se preocupem, não vou abandonar a história, são só minhas provas da faculdade kkkkk. Até!



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