Manta no ichinichi escrita por KillerAngel


Capítulo 1
Uma princesa em apuros


Notas iniciais do capítulo

Obs: Como essa história se trata de uma realidade alternativa, ela mistura eventos do mangá com outros somente existentes no anime de 2001. É uma mistura de ambos, por assim dizer... Pois ela segue o final canônico do mangá, porém eu cito eventos que acontecem no anime antigo (um exemplo bobinho, a cena em que Manta está brincando na neve com Anna e Tamao na pousada).

Espero que goste, e uma boa leitura!



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Algumas semanas haviam se passado desde que Yoh e os outros xamãs partiram em viagem para a América, em busca da Aldeia Patch para competir nas finais do Shaman Fight, Manta agora tinha apenas a companhia de Anna e Tamao na pousada depois da escola. Ele demonstrava uma grande melancolia por haver tido que ficar para trás, afinal, tinha o desejo de acompanhar seus amigos até a última luta.

Em um dia qualquer, assim que as aulas já haviam terminado, Manta caminhava sozinho e distraído pelo corredor, olhando para um ponto indefinido no chão, como sempre fazia quando estava pensando em algo. De repente, se deparou com uma garota de longos cabelos verdes parada à sua frente, acompanhada por dois garotos de sua classe, cada um de um lado dela, porém um passo atrás, como se fossem seus guarda-costas. Manta sabia que essa garota era Jadeen Eliss Moetsëng, a aluna de intercâmbio vinda de Kangga-Thai que também estudava em sua classe, muito conhecida por todos, já que era filha dos imperadores; ou seja, uma princesa imperial em seu país de origem. Até então, eles nunca haviam chegado a se falar, principalmente por falta de oportunidade, pois, sendo a garota mais popular da turma, ela estava sempre rodeada de pessoas na escola. Jadeen abriu a boca e disse, o que fez Manta parar de andar, erguer o rosto para os três e piscar de maneira confusa:

— Você…! Er…

— Oyamada — sussurrou um dos garotos para ela. O loirinho de olhos claros e rabo-de-cavalo, que estava à sua direita.

—… Oyamada! — Repetiu Jadeen. — Desculpe o incômodo, mas gostaria de solicitar sua ajuda.

Manta a encarou com um misto de surpresa e curiosidade. Como ela… Ou melhor… Como ALGUÉM poderia precisar de sua ajuda?

— Er… Sim? No que posso ajudar? — Disse ele, erguendo uma sobrancelha.

Jadeen não o respondeu de imediato. Por um momento, ficou apenas olhando para ele, pensando em como diria aquilo… Mas depois olhou para seus “acompanhantes” por cima dos ombros, primeiro para um e depois para o outro. Então disse:

— Poderiam nos dar licença, fazendo o favor?

— Hum… Sei não, princesa — disse o loiro. — Acho que devíamos ficar aqui com você.

— É… Não é por nada não, mas… — O outro garoto, o de cabelo castanho-escuro, chegou mais próximo ao ouvido dela para sussurrar, porém não baixo o suficiente para que Manta não escutasse: —… Esse garoto é meio estranho. E ele também fica meio violento às vezes…

— Por favor… — Jadeen bufou, revirando os olhos. — O que acham que ele vai fazer?? Morder minha canela?

Duas vezes… Duas vezes Manta foi insultado, e por bem menos que isso já teria se irritado, ele até chegou a sentir uma pequena veia pulsando ao lado de sua testa. Mas dessa vez conseguiu se conter, respirou fundo e forçou um sorriso com os olhos fechados.

—… Eu ainda estou aqui — disse em voz alta, chamando a atenção dos outros três para ele novamente. — Então… No que posso ajudar? — Repetiu a pergunta. Depois disse, um pouco mais baixo, em um tom confuso: —… Ou tem que ser a sós?

Jadeen respirou fundo e expirou de modo bastante audível, fechou os olhos por um instante e lançou para os dois garotos, que AINDA continuavam ali plantados, um olhar impaciente. Dessa vez, ela nem precisou dizer nada para que eles entendessem.

— Tudo bem, então… Estaremos esperando lá fora — com um sorrisinho claramente falso, o loiro começou a se afastar em direção à saída da escola, andando meio de costas enquanto apontava com o polegar por cima do ombro.

— Qualquer coisa, grita! — Disse o de cabelo escuro, antes de ser puxado por seu amigo, e os dois finalmente sumiram ao dobrar para o corredor à esquerda.

Jadeen não disse nada até ter certeza de que eles estavam longe o suficiente. Ficou alguns segundos encarando o corredor, com os braços cruzados e um olhar de saco cheio, e então se virou para Manta, dizendo:

— Me desculpe por isso… — E deu um fraco suspiro.

Pela expressão em seu rosto, ela parecia aborrecida, como se não aguentasse mais esse tipo de situação. Manta amenizou sua tensão, meio que a compreendendo, e suavizou seu sorriso, tentando mostrar a ela que estava, realmente, tudo bem.

— Tudo bem… Acho que já estou meio acostumado — fechou os olhos, soltando um leve, baixo e curto riso.

— Ok, é o seguinte…

Quando Jadeen ia, finalmente, começar a dizer o que ela queria, antes de prosseguir, ela parou e olhou de um lado para o outro, querendo se assegurar de que não havia ninguém por perto. Todos os alunos — ou pelo menos a maioria deles — já tinham deixado o prédio, o corredor em que estavam, com a exceção dos dois, encontrava-se vazio. Então não, não havia mais ninguém. Mais uma vez, Jadeen respirou bem fundo, puxando bastante ar, antes de simplesmente soltar a bomba:

— Está bem, serei direta: Você é a única pessoa desta escola que eu sei que consegue ver espíritos. Isso é… Também tem aquele cara esquisito dos headphones, mas ele sumiu, então acho que você é minha única alternativa. Acha que conseguiria… FALAR com um deles?

— Quê?!

Manta esperava por tudo, menos isso. Ele franziu a testa e novamente ergueu uma sobrancelha, agora ainda mais surpreso e curioso com esse inusitado pedido. Claro que Jadeen sabia sobre ele e Yoh; depois de seu escândalo sobre os espíritos do cemitério, todos da classe sabiam! Agora, a pergunta dela o deixou confuso… Falar? Nunca havia tentado “falar” com espíritos, apenas acontecia naturalmente com Amidamaru, os outros espíritos guardiões e os que habitavam a pousada.

—… N-Não sei, imagino que sim… — Respondeu. — Mas… Poderia me explicar melhor por quê?

Jadeen continuava olhando ao redor, com seus olhos inquietos percorrendo todas as direções, e às vezes até virava o rosto um pouco para trás. Porém não parecia apenas ter receio de que algum aluno ouvisse a conversa sobre espíritos e a achasse maluca, parecia mais que ela estava… Com medo de estar sendo seguida?

— Eu e meus colegas do clube de teatro estamos montando uma peça de fim de ano. Não somos um grupo muito grande, então, sabe como é, né? Além de atuar no papel principal, também ajudo como posso, com o figurino, cenário e o que mais for preciso. Estou dando tudo de mim por esse espetáculo! Por isso ontem eu decidi ficar no auditório depois dos ensaios, pra repassar minhas falas mais algumas vezes e praticar um pouco sozinha… E foi quando eu o vi… Digo, não parei pra ver direito como ele era, porque fiquei com tanto medo que saí correndo, e depois disso não consegui mais voltar ao auditório. Eu não consigo entrar lá sabendo que tem um espírito…! Inventei uma desculpa pra ter faltado ao ensaio de hoje. Mas, como eu disse, faço o papel principal, e por isso NÃO POSSO continuar faltando! Isso é muito importante pra mim, então… Acha que conseguiria me ajudar? Só peça pra ele ir embora, por favor… Estou disposta a te recompensar da maneira que preferir! — Ela juntou as mãos em um gesto de súplica.

Manta encarava Jadeen surpreso com o relato, piscando seus grandes olhos de vez em quando. Já era a terceira vez que essa garota o surpreendia, e só fazia alguns minutos que eles estavam conversando. Manta nem fazia ideia de que Jadeen também podia ver espíritos! Mas ela parecia estar mesmo falando sério. Era comum os colegas zombarem dele sempre que esse tema de aparições e fantasmas vinha à tona, mas ali estava a primeira pessoa, além de Yoh e seus amigos xamãs, que estava tratando o assunto com seriedade. Na verdade, ela parecia apavorada! O que deu nele um pouco de pena… Manta conseguia entender bem aquele sentimento.

Mas o que ele podia fazer?, pensou. Sim, podia ver espíritos, e até falar com eles… Mas ele não era um xamã! Nem sabia exatamente como “espantar” um espírito. O mais sensato seria pedir ajuda à Anna, Manta sabia que Itakos são capazes de realizar exorcismos, mas ela já havia ido embora fazia algum tempo, ele ainda estava ali fazendo umas atividades extras. Aparentemente, ele era a única pessoa da escola, no momento, que poderia ajudá-la de alguma forma. E como poderia dizer não? Principalmente depois daquela súplica… Para Manta, já era muito difícil dizer “não”, era mais difícil ainda quando alguém implorava!

— Entendi. Por favor, fique calma! — Ele disse, notando o nervosismo da garota. — Olha, eu não sou especialista como o Yoh-kun, mas… Se estiver tudo bem pra você, posso tentar te ajudar.

Não sabia bem o que estava dizendo, apenas disse o que parecia ser o certo. Jadeen precisava muito de um apoio naquele instante, alguém que lhe passasse confiança… E Manta COM TODA A CERTEZA sabia que não era a pessoa mais apropriada para essa tarefa. Mas, confiando em seus conhecimentos adquiridos desde que conhecera Yoh, faria o possível para ajudá-la. Ao ouvir as palavras de Manta, Jadeen acabou abrindo um pequeno sorriso. Embora tivesse dito apenas que iria “tentar”, ele não negou o pedido — teve medo de que ele pudesse negá-lo… Então não saberia a quem mais recorrer —, e isso a deixou muito feliz.

— Vai mesmo? Muito, muito obrigada! Poderia então me acompanhar até o auditório, por favor? — Ela disse, se virou e foi indo na frente, esperando que ele a seguisse.

Tinha um pouco de pressa porque, se tudo desse certo, estaria bem para voltar aos ensaios no dia seguinte e recuperar o tempo perdido. Ela tinha esperança de que Manta conseguiria falar com o espírito e pedir para que ele fosse embora.

— Ah, a propósito… Como é mesmo seu nome? — Olhou para ele e perguntou. Com um pouco de vergonha… Pois não havia decorado o nome de todos da classe.

Manta começou a segui-la tão logo percebeu-a andar. Esperava realmente conseguir ajudá-la, porém mal aceitou o pedido e já estava duvidando de si mesmo. Balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos negativos.

— Eu me chamo Manta — disse sorrindo educadamente, se apresentando a ela. — Oyamada Manta. Desculpe, mas como devo chamá-la?

— Eu me chamo Jadeen Eliss Moetsëng. Mas pode me chamar só de Jadeen.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado por ler! Aceito opiniões, críticas e comentários ^w^



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