Rios Fluem Até Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 9
Entre os sonhos e a realidade


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo chegando e com algo que vai tornar as coisas ainda mais interessantes kkkkk



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Yuri acordou cedo naquele dia, antes mesmo do sol nascer. Passou as horas, antes do trabalho começar, arrumando o quarto. Depois tomou um banho, vestiu o uniforme cáqui e foi para a oficina.

Ele passou a manhã entre consertar alguns caças e arrumar as ferramentas, já que Morpheus havia feito uma verdadeira bagunça naquilo. À tarde, consertou três veículos que haviam chegado na oficina pela manhã.

— Você fez um ótimo trabalho com aqueles caças, Yuri — elogiou Morpheus. — Agora, que estamos sem Rey, temos que fazer um pouco mais de esforço por aqui.

Rey... Não que ele tivesse notado a ausência dela aquele dia... Idiota, a quem estava tentando enganar? É claro que ele notara a ausência dela.

Ela não via Rey desde aquele encontro na floresta, no dia anterior... Ela estava preste a beijá-lo. O que aconteceria se Morpheus não tivesse chegado naquele exato momento? Aquele pensamento não deixava de martelar em sua cabeça. Ela realmente teria o beijado?

Lembrava-se perfeitamente da sensação do corpo dela sobre o seu, do toque da mão dela em seu peito, delicado e firme. Os lábios dela estavam tão próximos dos seus, apenas mais alguns centímetros e suas bocas se encaixariam uma na outra...

Idiota.

Ela apenas via nele aquele cara que havia morrido, aquele tal de Ben Solo. Ela claramente não estava interessada em sua pessoa. Não, absolutamente, não era ele quem Rey queria, era o outro.

Por um breve instante, tão efêmero como um pensamento inapropriado deveria ser, desejou que aquele tal de Ben nunca houvesse existido, então, talvez...

Tolo, no que estava pensando? Ela era a heroína da guerra. Ela era a última Jedi. Ela era adorada por todos. E ele era apenas um mecânico de um planeta esquecido por todos. Um ninguém.

Rey até mesmo não viera trabalhar naquele dia. Certamente, havia se dado conta do que fizera no dia anterior.

O melhor que tinha a fazer era se concentrar no trabalho. Havia ainda muitos caças para consertar. Não poderia perder tempo com Rey Skywalker.

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Rey olhava as gotas de água deslizarem pela janela, enquanto Rose informava sobre os assuntos que tratariam naquela noite. Aquele era um jantar de negócios. Realmente, não sabia o que estava fazendo ali, a diplomacia não era, com toda a certeza, uma de suas habilidades. Porém, Rose insistira tanto e a amiga estava trabalhando tão duro para fazer com que as negociações com Búri funcionassem que ela não pode recusar.

— O Governador já deve estar nos esperando — disse Rose. — Você está pronta?

Rey assentiu, olhando-se no espelho. Haviam a colocado em um luxuoso vestido (escolhido pessoalmente por Rose), bem diferente dos trajes que usava normalmente. O vestido era enorme, o que dificultava os seus movimentos. Certamente, se tivesse que lutar naquele momento, perderia imediatamente.

— Não faça essa cara, Rey — advertiu Rose. — Esse vestido ficou perfeito em você e você não gostaria de andar por aí, pelo palácio do Governador, com suas roupas habituais...

— Você está parecendo Finn — resmungou ela. — Minhas roupas são ótimas!

— São ótimas para uma luta e não para um jantar formal em um palácio de Búri. Vamos, Rey, por favor, me ajude. A Resistência está precisando desta aliança com Búri — pediu a amiga, fazendo um gesto de súplica.

Rey sorriu, cedendo as chantagens de Rose.

— Vamos terminar logo com isso, então — disse Rey. — Mas, eu não sei por que tenho que estar neste jantar. Você é bem melhor do que eu nestas coisas diplomáticas.

— Eu não sou a última Jedi — ponderou ela de bom-humor. — E tudo fica melhor quando temos nossa heroína presente. Sorria, Rey!

Rey suspirou e fez o que a amiga pedia. Sabia que sua mente tentaria escapar o tempo todo daquele jantar, indo parar em outro local. Se ainda ela tivesse aquele vínculo da Força com Ben... Era preocupante que ainda não houvesse encontrado qualquer pista nos textos jedi sobre o desaparecimento do vínculo.

Certa vez, desejara com todas as suas forças e fizera de tudo para que aquele vínculo não existisse. Agora, quando mais precisava dele, já não estava mais lá. Talvez, fosse uma espécie de punição por tudo o que fizera para se desfazer do vínculo. A Força deveria ser uma sádica.

No entanto, não era exatamente sobre os textos jedi que estava pensando naquele momento. Ela quase o beijara no dia anterior. Estivera tão perto de mergulhar naqueles lábios e perder-se neles... O que ele faria se ela tivesse o beijado? Ele a beijaria de volta? Ou... ele a repeliria?

Espantou seus pensamentos com um balançar de cabeça. Era preciso se concentrar no jantar. Não queria decepcionar a amiga que lhe dera aquela missão tão importante.

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Yuri não podia deixar de notar o silêncio da oficina. Era o terceiro dia que a oficina estava mais vazia. Rey não havia voltado ao trabalho (não que ele estivesse contando ou algo assim). Morpheus havia lhe falado que ela havia ido a outro planeta em uma missão diplomática ou algo do gênero.

Será que ela voltaria ao trabalho? Ela era a última Jedi, certamente tinha coisas muitos mais importantes do que trabalhar naquela pequena e insignificante oficina, consertando caças.

Talvez, ela não voltasse mais.

Talvez, nunca mais visse Rey Skywalker. Por algum motivo, sentiu uma sensação estranha com este pensamento, quase uma dor.

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Yuri aproveitou a hora do almoço para ir até a floresta que cercava a sub-base de Lis. Ele gostava daquele lugar. Longe de um Morpheus sempre disposto a mantê-lo informado das últimas fofocas, mesmo que ele não estivesse nenhum um pouco interessado. Um lugar silencioso, onde poderia esvaziar sua mente daqueles pensamentos agitados que o tinham acometido naqueles últimos dias.

Escolheu uma daquelas grandes árvores, com mais anos que alguém poderia contar, e sentou-se em uma das raízes, encostando-se no tronco. Suas pálpebras se tornaram pesadas, o silêncio, apenas o murmúrio da água lá longe... as coisas ao seu redor foram ficando pequenas e apagando-se, transformando-se em borrões... adormeceu.

Uma garota, que ele não conseguia ver o rosto, estava ao seu lado. Os dois estavam de mãos dadas, andando por um lugar totalmente verde, repleto de árvores e com um grande lago no centro. A garota lhe cochichou algo no ouvido: "você não está sozinho". Aquela voz era familiar e querida para ele. Um calor se espalhou por todo seu corpo. Uma felicidade, que não nunca havia experimentado antes, apossou-se dele.

Ele abriu os olhos repentinamente, ainda imerso nas brumas dos sonhos. Rey estava ali, o olhando. Ela sorria para ele. O sorriso dela era como o de um pequeno sol. Sorriu em retribuição aquele sorriso.

Alguns fios de cabelos de Rey haviam se desprendido dos coques. Uma luz tênue e dourada batia no rosto dela. Os olhos dela pareciam dois rios convidativos que fluíam até ele. Não conseguia escapar daqueles olhos e nem desejava isso. Queria apenas que aquele fluxo calmo e profundo o tragasse.

Ela aproximou-se dele, ainda com aquele sorriso. Era um sorriso que continha todas as coisas boas da galáxia. Um sorriso que penetrava em sua pele, caía em suas veias, chegava até seus ossos e iam parar no âmago de sua alma.

Ele estendeu a mão querendo tocar aquela face. Rey aproximou-se ainda mais. Tocou com a ponta dos dedos a suave pele do rosto dela.

Rey inclinou a cabeça, fechou os olhos e tocou seus lábios com os delas.

Os lábios dela eram macios e doces.

Sentiu como se estivesse debaixo de uma chuva morna em um dia de primavera. Uma chuva que o envolvia e o aquecia.

Dos lábios de Rey fluía um calor, aquele mesmo calor que sentira a pouco. O calor fluía até ele, impregnando-se em seu sangue, em sua carne, em seus ossos, em sua alma. 

Um único ponto de seu corpo transformou-se no centro. Eram dos seus lábios que irradiava todas as sensações. Por um instante, eles se tornaram o centro do mundo.

Uma mistura de sensações atravessava o seu peito. Sentia-se calmo, mas também agitado, tudo ao mesmo tempo e com a mesma intensidade.

Ele puxou-a para mais perto de si, querendo deixar-se perder naquele beijo.

Então, ele notou, aquele não era um sonho.

Ele estava beijando Rey.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram do beijo do nosso casal? Eu queria dar um clima de sonho, algo que beirasse a um velho conto de fadas, sabe, o príncipe que beijou a princesa e a despertou kkkkkk. Eu pensei bastante em como seria esse beijo... me deu um trabalhão em decidir e acabei optando por essa versão mais romântica. O que vocês acharam?