Rios Fluem Até Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 31
São e Salvo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, reylos! Espero que vocês estejam curtindo essa maratona kkkkkk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785230/chapter/31

As leves batidas na porta fizeram Rey despertar do torpor em que se encontrava.  

O quarto estava um completo caos, deu-se conta. Os textos jedi se encontravam espalhados por todos os cantos.  

Já era muito tarde da noite.  

As batidas se intensificaram. Elas vinham da entrada independente do quarto. Ela levantou-se do chão, as pernas doloridas de tanto ficar na mesma posição por horas seguidas.  

Rey abriu a porta. O coração disparou e uma sensação boa, a primeira daquele dia infinito e nublado, espalhou-se pelo corpo.  

— Rey — disse ele, olhando-a.  

Ela atirou-se naqueles braços fortes e calorosos. Ela finalmente podia se refugiar nos braços protetores dele. Finalmente estava no lugar ao qual realmente pertencia. Os braços dele eram cálidos e transmitiam um calor que aquecia todo o seu corpo. Ela se encontrava segura e salva lá.  

Era um abraço diferente de todos os outros que já haviam compartilhado, havia angustia e necessidade. Os dois deixaram-se ficar abraçados por um longo tempo, perdidos no calor que emanava de seus corpos.   

Um pouco do peso que estava sobre os ombros de Rey havia sido levado por aquele abraço. Ela podia finalmente respirar melhor.  

— Yuri — disse ela, se desprendendo com dificuldade daqueles braços fortes que a acolhiam tão bem. — Por que você sumiu? 

 Estranhamente, ela não estava mais zangada com ele. Toda sua zanga se fora no instante em que o vira parado com as mãos no bolso em frente à porta. Só estava preocupada.   

— Desculpa — pediu ele, a voz era um vago sopro. — Eu sinto muito.  

Ela olhou para aqueles olhos tristes, aqueles olhos que pareciam guardar toda a tristeza da galáxia.  

Ben levou a mão até seu rosto e o tocou com as pontas dos dedos trêmulos e frios.  

— Você está aqui agora — disse ela, colocando a mão sobre a dele e a segurando contra seu rosto.  

— Aconteceram algumas coisas... precisei voltar para Jakku... 

— Algo grave?  

— Nada... era algo que precisava falar com Declan... — respondeu ele vagamente. — Não se preocupe com isso, sim? Eu já resolvi. 

Ele envolveu Rey mais uma vez em seus braços, apertando-a com força. Ela colocou a cabeça em seu peito e ouviu o coração dele batendo em um ritmo forte.   

— Desculpa, Rey — pediu ele novamente. — Eu não queria ter te deixado daquele modo, sem nenhuma explicação. Foi algo horrível da minha parte... Me perdoa? 

Ela não respondeu, apenas se envolveu ainda mais no corpo dele.  

— Você está bem? — indagou ele, acariciando suas costas levemente.  

— Não — a resposta escapou dos lábios de Rey sem que pudesse detê-la.  

— O que aconteceu? — perguntou ele, com a voz cheia de preocupação. — Foi porque eu sumi...  

— Um pouco — contestou ela. 

— Desculpa. Eu prometo que não irei fazer mais isso, ok? 

Ela balançou a cabeça como uma garotinha assustada e esticou o pescoço para olhar em seus olhos. Somente com Ben, ela permitia que aquela faceta dela viesse à tona. Aquele lado frágil e assustado. Com ele, Rey podia mostrar toda sua vulnerabilidade, algo que ela deixava que apenas pouquíssimas pessoas vissem.  

— Promete?  

— Prometo! — jurou Ben, passando as pontas dos dedos pela bochecha dela. — Mas, isso não é tudo, não é? Aconteceu mais alguma coisa?  

Rey se desprendeu dos braços de Ben e começou a andar por aquele quarto caótico. Ela abraçou a si mesma, perdida.  

Ben a observava com um olhar preocupado.   

— Eu sinto um desiquilíbrio na Força — falou ela, após algum tempo. — O lado negro está muito forte.  

Ele caminhou até Rey, com uma expressão que ela não pode decifrar. Algo... sombrio... Porém, logo aquilo se desvaneceu, como se ela apenas tivesse imaginado tudo aquilo. Provavelmente, tinha imaginado mesmo. Naquele dia, com todas aquelas sensações e sentimentos que a atacavam constantemente, estava sendo difícil interpretar a realidade, distinguir o que era real e o que era falso.  

— Você sabe... o que está causando isso? 

— Não — contestou ela. — E tenho medo de descobrir... — murmurou, perdida em seus pensamentos. 

Na verdade, ela tinha uma hipótese. Mas aquilo lhe causava tanto pavor que até mesmo a mera ideia de a formular em um nível mais racional deixava-a cheia de uma espécie de terror primitivo. 

— Eu preciso ver alguém... Você vem comigo? — Ela olhou para ele com os olhos em expectativa. Aquela pergunta era mais um pedido.  

— Claro — assentiu ele.  

— Obrigada! — agradeceu aliviada e grata.  

Ela se pôs na ponta dos pés e enlaçou seu pescoço, trazendo-o para mais perto. Seus olhos se encontraram.  

Os olhos dele... Havia algo lá. Por um breve instante, chegou a pensar que ele estava hesitando... Mas, os lábios dele procuraram pelos dela e aquela impressão foi completamente esquecida.  

Era uma daqueles beijos que fazia o corpo de Rey se derreter como um cubo de açúcar no café quente. 

— Sério que vocês não vão mais parar de fazer isso? — disse uma voz que provocou um susto neles, fazendo seus corpos se afastarem. 

— Poe! — exclamou Rey completamente perplexa.  

— Nós estamos... — começou Ben. — A gente pode explicar... Só estávamos... 

— Poupe suas desculpas, amigão. Vocês são mesmos uns grandes idiotas se pensam que podem enganar alguém! Estava na cara que vocês estavam se pegando bem embaixo de nossos narizes — afirmou Poe, olhando-os de modo divertido e malicioso. — Vocês não são nenhum um pouco discretos! 

Rey obrigou-se a se recuperar da surpresa.  

— Desde quando você sabe? — perguntou ela, sabia que negar não era o melhor caminho a tomar.  

— Vejamos... desde aquele beijo perto do banheiro no bar que eu levei vocês... ou antes disso... eu vi a forma que vocês se olham, tenho dois olhos, ok? Era difícil ignorar aquilo. Não sei como alguém não iria perceber. Vocês são realmente péssimos em esconder essas coisas — declarou ele, divertido.  

Poe os analisou por um instante. Ben e Rey trocavam um breve olhar. 

— Não se preocupem, eu não vou revelar o pequeno segredinho de vocês para ninguém, apesar de achar que só mesmo uma pessoa muito ingênua não pode ver isso... Quem seria o grande babaca que não notou o que se passa entre vocês?  

— Poe! Onde você está? — A voz de Finn chegou primeiro a eles do que ele próprio. — Você já chamou a Rey para... — ele se calou ao avistá-los — O que ele está fazendo aqui? — disse, raivoso, segurando as taças e a garrafa de vinho que trazia, com verdadeira fúria. — Alguém pode me explicar?  

— Eu chamei o Yuri aqui — adiantou-se Poe.  

— Como? Já é tarde da noite? E foi você mesmo que sugeriu para chamarmos a Rey para a gente tomar um vinho, já que ela parecia um pouco estressada hoje... 

— Poe chamou o Yuri porque eu precisava falar com ele — falou Rose, entrando no quarto. A voz autoritária e de quem sabia muito bem o que estava fazendo de Rose fez Finn se calar imediatamente.  

— Mas, Rose! — começou Finn a protestar. — Você não... 

— Venha comigo, Yuri — disse Rose, ignorando o General.  

Ben lançou um breve olhar a Rey, ela devolveu-lhe o olhar com um pedido de desculpa. Ela não queria o ter metido naquela situação. Porém, aquele momento não era o adequado para revelar a Finn sobre seu relacionamento. As coisas já estavam complicadas o suficiente e Finn tendia a ser um pouco dramático demais. Drama era o que ela menos queria naquele momento. Precisava focar em resolver aqueles problemas, depois, com mais calma, cuidaria de Finn.   

Rose e Ben saíram do quarto.  

Finn olhava para Poe e Rey alternativamente, tentando ler a situação.  

— Vamos, Finn! — disse Poe, dando pequenos soquinhos nas costas do amigo. — Essa garrafa de vinho aí não pode ser desperdiçada! Não podemos cometer esse crime de jeito nenhum!  

— Mas... 

— Mas, nada, meu amigo! Vamos acabar com este vinho! — ordenou Poe, pegando a garrafa. — Se você não quer, eu vou cuidar desta belezinha sozinho, hein? Deixa a minha florzinha cuidar dos assuntos dela.  

Finn lançou um pequeno olhar a Rey. Ela tratou de retribuir o olhar sem fazer qualquer expressão. Estava ficando especialista de esconder do amigo os seus segredos.  

— Vão logo! — falou ela. — Eu preciso dormir.  

Poe passou o braço pelos ombros do amigo. 

— Vem, amigão! Vamos tratar de nossos assuntos! A gente sabe quando não é bem-vindo, não é? — disse Poe, dando uma discreta piscadela para Rey.  

Finn se deu por vencido e acompanhou Poe.  

Rey começou a recolher os textos jedi que estavam espalhados. Se ela fosse fazer aquilo, precisava agir rapidamente. 

Rose e Ben voltaram para o quarto dela. A amiga tinha um olhar preocupado. Rey precisava falar com Rose sobre o que sabia. Esconder sobre aquele problema não iria adiantar nada. Aliás, poderia só piorar as coisas. E Rose era a pessoa adequada para saber de seus planos.   

— Rose... — começou ela. — Tem uma coisa que preciso contar... 

A Comandante da Resistência entrou em ação rapidamente, enquanto Rey lhe contava sobre o distúrbio que sentia na Força.  

— Você acredita que estamos em grandes problemas? — indagou Rose, olhando seriamente para a amiga.  

— Não sei ainda o que é... Mas, acho que precisamos ficar em alerta. Pode não ser nada... 

— Mas também pode ser algo muito grave — completou Rose.  

Rey assentiu.  

— Eu vou reforçar nossa tropa e deixar as coisas preparadas. Por enquanto, não vou ligar o sinal de alerta. Mas, me mantenha informada, Rey. 

— Manterei — afirmou ela. — Agora, eu preciso ir. Você pode cuidar das coisas por aqui? E também de Finn e Poe?   

— Não se preocupe com eles — assegurou a Comandante. — Eu cuido deles.  

— Obrigada, Rose — agradeceu Rey, dando um longo abraço na amiga.  

— Eu já vou preparar tudo para vocês partirem o mais rápido possível. 

As duas se despediram e Rose saiu do quarto. Conhecendo Rose como conhecia, ela já deveria estar colocando o plano em ação.  

Rey olhou para Ben, que observara tudo em silêncio.  

— Desculpe por te colocar você nessa situação... 

— Não precisa pedir desculpas, Rey. Não há pelo que se desculpar.  

Ela respirou aliviada, estendendo a mão para ele. Ben entrelaçou os dedos nos dela. Tinha ele agora. Não estava mais sozinha. O peso do mundo podia ser dividido. 

O calor da mão dele aqueceu a sua e Rey sentiu uma pequena chama de esperança se espalhar por seu peito.  

Estava sã e salva ao lado dele.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?
Amanhã tem mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rios Fluem Até Você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.