Rios Fluem Até Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 2
A metade que falta


Notas iniciais do capítulo

Voltei rapidinho! Fiquei muito feliz com os comentários, com o favoritos e com os acompanhamentos de vocês ♥ Obrigada pelo apoio, seus lindos ♥, só assim para curar meu coração depois de TROS (sim, ainda estou chorando por aquele final)



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As mãos trêmulas de Rey tocaram cautelosamente aquela face que ela tanto ansiara ver. 

Ele respirava. Ele era real. Ele estava vivo.  

— Ben! — um grito de alegria, escapou de seus lábios. — Ben! — repetiu certificando-se que não era um daqueles sonhos que já tivera tantas vezes. — Você voltou! Você está aqui! 

Rey se atirou naqueles braços fortes e protetores. Ele estava realmente lá, em carne, sangue e ossos.  

Todo o corpo de Rey foi invadido pelo calor que os braços de Ben transmitiam.  

Não era somente Ben que voltara a vida. Rey também voltara a viver naquele exato instante.  

Pela primeira vez em anos, Rey sentia-se plena e feliz. Ela finalmente encontrara a metade que faltava em sua alma. Estava completa novamente. 

— Ben! — murmurava ela, sem soltá-lo dos braços.  

— Quem é você? — A voz confusa e distante chegou até ela. 

Rey se desprendeu daqueles braços como se acabasse de ser atingida por um sabre de luz exatamente no coração.  

— Ben, sou eu, Rey! — disse, olhando para aquela face que tantas vezes a visitara nos sonhos.  

— Ben? Quem é esse tal de Ben?  

Olhou-o, confusa. O que estava acontecendo? Dentro de segundos subira nas nuvens e despencara dentro de um abismo. Era a mesma sensação que experimentara daquela vez em Ahch-To, quando entrara naquela caverna. Sozinha novamente no mundo.  

— Não, eu sei que você é o Ben. Eu posso sentir! Você é Ben Solo!  

— Não, eu não sou esse tal de Ben — reafirmou ele, recuando alguns passos. 

Não, ela não poderia perdê-lo novamente, agora que ele estava ali em sua frente. A mão de Rey procurou alcançá-lo, mas ele já estava fora do seu intervalo. Ela deu alguns passos em direção a ele.  

— Ben — pronunciou com a voz repleta de tristeza. Era como se ele estivesse partindo pela segunda vez diante de seus olhos.  

Ele a olhava com uma expressão atônita, procurando compreender aquela estranha.  

— Eu não sou esse Ben — afirmou ele novamente.  

Havia gentileza no tom dele apesar de tudo. Uma voz gentil e agradável… exatamente como a de seu Ben. Não havia dúvida. Ele era Ben. Estava tão certa como estava de que respirava. Mas, por alguma estranha razão, ele não a reconhecia. E isso doía.  

Doía tanto que a pessoa que ela mais amava em todo o universo não a reconhecesse. Doía o fato de que ele estava lhe tratando como uma estranha.  

Rey fechou os olhos, concentrando-se na Força. Procurava por aquele vínculo que existia entre eles. Respirou fundo, acalmando os batimentos agitados de seu coração. Mas, o que encontrou lhe deu medo.  

O vínculo não estava ali. Não havia nada ali.  

Como aquilo era possível? Ele era Ben. Aquele que estava diante dela era o seu Ben, a pessoa que ela mais amava em toda o universo. Os dois compartilhavam aquele vínculo especial. Ninguém nunca compartilhara um vínculo como aquele. No entanto, ele não estava lá. Apenas o vazio gelado e angustiante.  

Ben não estava mais na Força.  

Rey deu alguns passos para trás, em completo estado de choque.  

— A hora do almoço acabou, novato! — alguém falou ao longe.  

— Já estou indo — respondeu ele, sem retirar os olhos dela. — Você está bem?  

Uma lágrima tão pequenina como sua alma naquele momento escorregou pela face dela.  

— Vem, Yuri, temos um monte de caças para consertar! — reclamou um homem com um macacão cáqui, vindo na direção deles. — Ah! — O homem deteve-se um tanto encabulado. — Não sabia que Rey Skywalker estava aqui. Perdão.  

Rey escondeu o rosto do estranho por um momento. Tentando recuperar um pouco de calma.  

— Veio ver algum caça? — perguntou o homem, sem aparentemente notar o clima estranho que se instalara. — Temos os melhores caças para uma piloto como você. Me sinto tão honrado de ver nossa heroína Skywalker por aqui! — disse, apontando para os caças. — Posso te mostrar todos os caças que temos por aqui. Temos muitos caças — falava cheio de empolgação e orgulhoso de seus caças. —Tenho certeza que um vai te agradar.  

— Morpheus, a gente não precisa consertar aquele caça do General Dameron? — interferiu Ben que, para ela, sempre seria o único nome pelo qual ele deveria ser chamado, mesmo que ele se recusasse a ser reconhecido como tal. 

— Isso pode esperar. Temos coisas mais importante por aqui. Não é todo dia que recebemos Rey Skywalker em nossa humilde oficina.  

— O General Dameron não queria este caça pronto ainda hoje? — insistiu Ben, com uma voz que possui um quê de comando, não admitindo nenhuma espécie de replica.  

— Agora parece que você quer trabalhar, não é? — resmungou Morpheus. — Vamos consertar esse maldito caça — praguejou ele.  

Rey observava a cena, aturdida demais até mesmo para balbuciar alguma palavra. Não havia conseguido se recuperar de todas as emoções que experimentara nos últimos minutos.  

— Fique à vontade, Skywalker, para olhar o que quiser — disse Morpheus, afastando-se.  

Ben lhe lançou um pequeno olhar antes de lhe voltar as costas. Rey observou-o afastar-se, incapaz de fazer qualquer movimento para detê-lo, enquanto sentia que parte de sua alma ia com ele.  

 
 

******************** 

Rey revirava-se na cama, seu corpo parecia incapaz de conter todos os sentimentos que o habitavam naquele momento. Ela havia encontrado Ben naquela tarde, e ele não era um fantasma da Força. Pudera tocá-lo, sentir sua pele quente  e suave entre os dedos. Ele era real. Mas... o que havia acontecido com ele? Por que o vínculo não estava ali? Por que não podia senti-lo na Força? Por que ele não se recordava dela? 

Levantou-se da cama, estava claro que não iria conseguir dormir nem mesmo por um segundo naquela noite. Vagara pelas ruas até tarde da noite, quando voltara para a base da Resistência, o elegante prédio, mais alto que todos os demais, que ficava no centro da cidade, já era muito tarde da noite. Agradeceu o fato de Finn estar ocupado com algum problema e não estar por perto. Precisava ficar sozinha para pensar.  

Pegou os sagrados textos dos Jedi para ver se encontrava algo. Eles eram difíceis de ler, estavam escritos em uma língua antiga que demandava muito tempo para ser traduzida. Passou a noite nesta tarefa. Deveria existir algo que explicasse o que acontecera, uma explicação por mais mínima que fosse.  

— Rey, você está aí? — perguntou Rose, dando pequenas batidas na porta. 

— Pode entrar — respondeu, dando-se conta que há muito o sol já nascera. Seus olhos ardiam e estavam secos.  

— Finn pediu para avisar que pode se atrasar para o almoço... — disse ela, aproximando-se. — Ele perguntou por você hoje no café da manhã... Eu disse que você estava ocupada... estudando... 

— Obrigada — agradeceu, realmente grata pela ajuda da amiga. 

— O que houve com você? Você está com umas olheiras... horríveis.  

Rey olhou para Rose, hesitando. Ela precisava contar para alguém sobre aquilo. Normalmente, ela guardava todos os sentimentos para si mesma. No entanto, o que acontecera fora tão extraordinário que precisava garantir que aquilo era real, que não estava maluca. Rose era a pessoa mais indicada para esta tarefa. A amiga era serena, dona de um lado racional que certamente a ajudaria a pensar com mais clareza. E, principalmente, ela não a julgaria, não diria que estava louca e que tudo era uma ilusão.  

— Eu... eu encontrei Ben. 

— Como? — Ela se assustou. — Ele... Você o trouxe de volta?  

— Não... quer dizer... eu não sei como ele voltou. Sei apenas que ele está de volta... que ele está vivo.  

Rose deu uma longa volta pelo quarto. A sempre racional Rose estava tentando compreender a situação toda.  

Rey despejou tudo, como ela o encontrara na sub-base da Resistência — a base de Lis — como ele aparentava ter nenhuma lembrança dela. Só não contou sobre o vínculo. Aquela parte era terrível demais para ser dita em voz alta. 

— Você tem certeza que é ele? — indagou Rose, sentando-se na cadeira em sua frente.  

— Sim — disse cheia de convicção. — É ele. Eu sei.  

— Ele está trabalhando na base de Lis, não é?  

Rose pegou um pequeno aparelho em seu bolso e digitou uma senha.  

— Yuri... vejamos — disse, olhando para a lista de nomes que se projetou entre elas. — Aqui, Yuri Snow...  

Ela apertou um botão e uma ficha com os dados do empregado surgiu entre elas.   

— Ele foi contratado há dois meses, como assistente técnico na oficina de caças. Aparentemente é um bom trabalhador e... essa é toda informação que temos dele.  

— Preciso ver Ben! — disse Rey, saltando da cama em que passara a noite e parte da manhã cercada de livros. — Ele vai me ouvir... eu vou explicar tudo a ele e... 

— Ei, Rey, acalme-se — falou Rose, pousando as mãos nos ombros da amiga. — Você precisa pensar com mais calma. 

— Não, Rose, eu já pensei demais e por pensar demais é que aconteceu tudo aquilo. Se apenas eu não tivesse hesitado tanto... — lamentou em um tom quase inaudível. — Não, eu não vou hesitar mais. Não vou perder Ben novamente. Desta vez, eu vou fazer de tudo para não cometer os mesmos erros — jurou, repleta de convicção. 

Rose a olhou por um longo instante e soltou um longo suspiro. Ela sabia que a amiga não iria voltar atrás de sua resolução.  

— Por favor, não conte nada para Finn sobre isso — pediu Rey. — Preciso primeiro resolver certas coisas... 

Finn e Rose eram os únicos seres na galáxia inteira para quem ela havia revelado sobre o relacionamento dela com Ben. Finn sabia porque após de presenciar o que acontecera naquele dia fático, a procurara por explicações. O amigo que sempre a entendera perfeitamente em diversas questões, nunca conseguira a compreender sobre seu relacionamento com Ben. Para ele, aquilo era algo estranho, quase um pecado que sua amiga cometera, embora ele nunca tenha lhe falado aquilo diretamente, ela sabia que era exatamente o que Finn pensava sobre seu relacionamento. Praticamente, todas as brigas que tivera com ele fora sobre esse tópico. Já Rose descobrira porque, bem, ela era Rose, a pessoa mais perspicaz entre seus amigos. 

— Não falarei a ninguém sobre Ben — prometeu Rose, tocando no medalhão que pertencera a sua irmã.  

— Obrigada.  

Ben era a metade que faltava da alma de Rey. E jamais ela iria deixar que sua outra metade fosse embora novamente. 

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Rey vai conseguir seu objetivo?
Espero nos vermos em breve ;)