Rain escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 5
Dia 5




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Desespero

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Fui junto dele para um longínquo futuro.

Ao voltar, estava caído no chão, me levantei de imediato e tentei reconhecer o local.

Paredes e tetos foscos, todos da mesma cor, chão preto, de um material misterioso, iluminação que não parecia ter uma fonte.

Atrás de mim, capsulas maiores que uma pessoa, várias delas, formando uma parede.

Tentando circular, vi o outro lado da parede, com outro conjunto de várias cápsulas.

Era difícil de respirar, parecia estar engolindo metal e gelo a todo minuto.

Ouvi uma batida, metal rangendo entre si.

Vinha de trás da parede, nem precisava, nem podia espiar por ela.

“Droga! Acabei de entrar na fortaleza deles”

Dei meia-volta e corri o quanto pude, aquele ar metálico não estava ajudando meu caso.

Uma porta, nem pensei na funcionalidade dela, dei um pulo e a derrubei com o peso de todo meu corpo.

Era um canto muito parecido com um quarto de hospital, não tive tempo para ver cada detalhe.

Passei por uma mesa, peguei uma caixa com o desenho de uma cruz vermelha.

“Vou precisar”

Abri. Ela tinha um botão verde e brilhante ao redor do interior preto.

Eles chegaram, armas a postos, iriam me executar sem hesitação.

Apertei o botão.

Logo ouvi os tiros.

Num instante, mais de 20 balas atravessaram meu corpo como se fosse feito de papel.

Nunca na minha vida tinha sentido aquilo, pois a dor durou apenas um segundo, senti meus ossos partidos ao meio, todo o sangue que perdi naquele instante, mas por apenas aquele momento. Cai sem perceber. Meu corpo não estava mais registrando as perdas.

A dor serve para evitarmos certas situações, para sabermos se estamos em perigo, assim sobreviveremos, porém isso é inútil assim que a morte já está à espreita, esperando mais alguns segundos para lhe levar.

Minha visão estava se perdendo, um por um, senti os sentidos me deixando.

“Não deu tempo...”

Cura

Minhas pernas voltaram, minha visão também.

Não tinha mais ninguém na sala, deviam ter saído a pouco.

Me virei, comecei a me arrastar para a próxima porta.

Pensei estar à beira do meu último suspiro, mas a cada segundo, me sentia mais forte.

Me levantei, voltei a correr, ainda sentia uma dor imensa, no entanto meu corpo funcionava perfeitamente, não, funcionava ainda melhor do que antes.

A próxima sala era como uma cozinha, parecia ter sido evacuada a pouco, pelo menos as cadeiras e instrumentos do futuro jogados ao chão me faziam acreditar nisso.

“Tenho que sair desse tempo o mais rápido possível, é provável que todos na proximidade tenham a mesma hostilidade a mim”

Porém ao pensar nisso, nada vinha em mente, não fazia ideia de como sair de lá, estava sendo perseguido por pessoas que atirariam de imediato.

“A menos que...”

Botei um chapéu de cozinheiro, arregacei as mangas e vesti um avental.

“Ainda bem que ainda usam isso, deve ser por tradição, ou coisa assim, depois tenho de pensar”

Sai da cozinha, havia várias pessoas do futuro com roupas parecidas a minha, andando apressadas para outra sala.

Me apressei para me misturar a multidão.

Esses não eram sombras, vi os rostos deles, a maioria parecia bem normal, na verdade, tirando ocasionais cicatrizes e sinais de doenças, nada parecia ter mudado comparando ao meu tempo.

“Não parece um tempo ruim de se viver, isso é, se você não estiver sendo caçado por sombras”

Pensando com calma, conclui que seria bom justamente achar uma dessas sombras, parece que são eles a viajar pelo tempo.

Havia um ao lado de uma das portas.

Nem precisei agir, ele mesmo se aproximou de mim.

—Está ferido? Já aplicou o primeiro-socorro?

—Ah! Sim, claro! Você está bem? Sua máquina do tempo está funcionando?

—O que? Claro que está, espera... —“Depois de uma fala dessas, com meu carisma, não tinha como ele não perceber... ao mínimo achei minha saída”

Usei uma pessoa da multidão como parede e subi em cima da sombra, tentei alcançar seu pescoço e sufoca-lo até desmaiar.

“Incrível! Essa manobra foi muito boa! ”

Como a diferença de força ainda era de um adolescente com alguns músculos para um soldado, ele pegou meus braços e fui jogado para longe.

Claro, isso foi considerado.

Quando a sombra apontou seu rifle, já havia entrado no meio das pessoas de novo.

A multidão estava confusa pelo ataque, as reações eram muitas para lembrar, porém, elas serviram muito bem para o que precisava.

Passei pelo meio deles, o soldado não devia fazer ideia de onde estava.

Provavelmente esperando outro ataque no pescoço, porém pensei além disso, iria direto para o dispositivo de fuga no peito dele, não era certeza, mas talvez pudesse usá-lo para voltar ao meu próprio tempo.

Assim que o avistei, fiz meu pulo, peguei o dispositivo e voltei para o mar de pessoas.

Muitas tropeçaram em mim, continuei me arrastando pelas pernas da população do futuro e saquei o item roubado.

Só havia um botão laranja.

“É pegar ou largar”

Ia apertar ele.

NÃO! POR FAVOR NÃO!

Ouvi uma arma sendo jogada no chão.

A multidão se afastou de mim, a sombra estava no outro canto.

—Por favor!... Não importa o que aconteça, não aperte o botão, nós vamos te mandar de volta, só por favor não aperte ele... —Aquela expressão... era sincera, ele não estava temendo por algo mesquinho, senti que apertar o botão botaria muitas pessoas em risco.

—Está bem. Mas vou continuar com isso até lá.

—Certo... —Um dos olhos dele se embranqueceu— Estou me comunicando com o major... pronto —Menos de um minuto passou para isso.

—...

—...

—...

—Ahn?

Assim que olhei para os lados, estava num local novo.

Era uma plataforma flutuante, estava formando um círculo com várias outras pessoas em plataformas iguais a minha.

Todas eram... normais... roupas esquisitas, mas provavelmente normais para aquele tempo.

—Err... o que foi isso...? —Chequei e ainda estava com aquele item, o levantei e pôs o dedo perto do botão.

—Não! Já dissemos que isso acabou! —Foi um homem com medalhas no peito, talvez o tal major...

—Comecem a explicar. Respondam cada pergunta minha de forma imediata, se mentirem eu aperto o botão, se demorarem farei o mesmo.

Uma rajada de tiros veio em minha direção, me virei para defender o item.

“Previsível isso...”

Aquilo foi obviamente uma rajada forte suficiente para me deixar num estado de quase morte de novo.

E como da última vez, em alguns segundos, já tinha me recuperado.

Aquele major tinha feito minha plataforma se mover, ele estava indo recuperar o que roubei.

“Muito descuidado”

Levantando e dando um chute apenas, o joguei para fora da plataforma.

Ele gritou, porém não ouvi mais nada depois de um tempo, acho que ele foi teleportado para um local seguro.

Quando voltei a encarar as pessoas formando o círculo, elas estavam pálidas, definitivamente não esperavam essa reviravolta.

—Ele deve ter usado algo da ala médica em si... —Uma mulher de jaleco falou, baixo.

—Sim, sim, agora vocês vão responder minhas perguntas? Na próxima rajada eu vou apertar nem que seja a última coisa que eu faça.

—Parem as armas! Vamos negociar com o criminoso! —“Criminoso? ”

Ouvi um barulho como o de trens parando bruscamente, talvez tenha sido as armas.

—Ótimo. Agora podem falar.

—Um momento, nós não podemos lhe contar nada, como você já sabe, esse é um futuro longiquo, a seu ver ao menos, por isso não podemos dar informação alguma a você.

—Incorreto. Vocês tentaram me matar pelo menos 3 vezes, não me interessa o que vocês podem ou não fazer. Nem me interessa o que acontece depois de que eu aperte esse botão.

—Ah... ah... —Um desses líderes caiu no chão, parecia ter desmaiado pelo estresse.

“Será que eles me confundiram com algum criminoso do tempo?...Essa reação foi bem exagerada, não lembro de ter feito nada extraordinário assim”

—Você precisa entender, se contarmos, todos os humanos desse tempo estão em risco... —Os outros pareciam estar com medo do que fosse responder.

—Bem... —“Levando tudo em conta... acho que tenho uma boa opção sobrando, uma forma de todos saírem ganhando”— Então me expliquem o que era aquilo na ala médica e me deixem levar isso de volta ao meu tempo, esse é meu ultimato.

—Está certo... —Finalmente parecia que eles tinham se acalmado.

—Não vou entrar em detalhas técnicos, mas se entendi bem... você usou uma caixa inteira... nesse caso pelos próximos... o que seria para você, 5 ou 10 meses... seu corpo vai se curar um tanto mais rápido, você não pode se recuperar de tudo, mas você viu que tiros de bala somem em alguns segundos... —Explicou, o homem de jaleco.

—Ótimo. Apesar de tudo, acho que posso agradecer a vocês, isso vai ser bem útil de volta no meu tempo.

—Adeus. Por favor nunca mais volte...

O cara de jaleco disse isso, isso que só entenderia anos depois, quando a tecnologia roubada já havia a muito perdido efeito.

Estupidez

Dia 15 de julho.

Estava no mesmo lugar de antes, caído no chão.

—DROGA! Ele escapou!

—Ah... que coisa...

“Ainda não entendo muito de como essa viagem temporal funciona, é um grande mistério.

—Yuki, calma, ele não fugiu... de certa forma...

Contei a ela tudo o que houve naquele tempo.

—Hum... mas no fim, você não conseguiu o código dos papeis.

—Não faz o meu estilo, porém essa tecnologia roubada será nossa carta na manga. Já tive uma ideia de como resolver esse caso.

Hahaha... Agora isso me animou.

—É a intenção, só preciso de mais alguns dias.

—Quantos você diria?

—Hum... essa estimativa... melhor não pensar nisso. Vamos apenas voltar ao acampamento, por enquanto vamos aproveitar as férias, nada do que houve aqui precisa ser compartilhado com nossos companheiros de equipe, por enquanto.

—Okey dokey.

Descanso

Dia 16 de julho.

Acordei pela luz do sol atravessando nossa barraca.

Tinha um som de algo queimando do lado de fora.

Sai da barraca, não era difícil imaginar quem faria isso, era tão frequente que me irritava.

—Bom dia Navire.

—Boa tarde.

—Ei, não tente me enganar, sei muito bem que sou uma pessoa matutina, não acordo depois das 8.

—Sim, porém não dormi essa noite, estava lendo um livro realmente bom, depois percebi o quanto as estrelas são bonitas por aqui, portanto, da minha visão, usando meu relógio interno como referência, já é de tarde.

—Incorreto. Você não trouxe livro nenhum consigo, mais, mesmo se tivesse, o que te justificaria me responder assim?

—Para ajustar meu fuso-horário, agradeceria se respondesse com boa tarde também, assim dormirei mais cedo hoje.

—Incorreto. Você dormiu hoje, seu fuso-horário está em perfeito estado.

—Eu juro... por esse peixe que estou assando.

—Recusado, esse juramento é muito fraco.

—Juro por esse peixe, o qual pesquei usando uma técnica especial da família, o qual meu bisavô usou para impedir seus 6 irmãos e irmãs de morrerem de fome durante as crises causadas pela primeira guerra.

—Boa tarde —Me sentei— Me dá um pouco desse peixe?

—Claro.


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