Rain escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 4
Dia 4




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Tosse

 

Dia 15 de julho.

—MALDIÇÃO! IMPOSSIVEL!

As coisas estavam saindo do controle.

Quando voltei ao acampamento e comecei a traçar as linhas lógicas e ver as ações que nosso inimigo podia tomar, percebi a situação que estávamos.

Era pouco depois das 9 da manhã, num horário desses as sombras não poderiam aparecer ao céu aberto, no entanto, eles não hesitaram antes, quando estávamos invadindo a casa do doutor.

Eles provavelmente têm algum método muito além de nós para saber quando devem aparecer para ajudar o professor, não podemos engana-los.

O doutor com certeza vai usar isso, nas próximas noites, se não nessa ele vai chamar reforço dos militares para ir embora, há muitos observatórios pelo mundo, esse daqui sequer é o mais alto da Europa, é o segundo e o segundo é muito longe para conseguirmos persegui-lo.

Sombras e militares, apenas as sombras poderiam ser incapacitadas agora com as lanternas e sinalizadores, mas soldados normais não tem essa fraqueza.

“Tenho que pensar em algo”

Achar o laboratório seria bom, mas no momento parece ser quase impossível vasculhar tanto em apenas um dia.

Temos aproximadamente 10 horas para agir antes do sol baixar.

E claro, sendo lógicos, mesmo achando o esconderijo, se entrássemos a facção das sombras poderia aparecer dentro, não seria difícil para eles eliminar as fontes de luz artificial.

Assim mandei 3 membros procurarem o esconderijo dessa vez, cada um separado, enquanto o sol nos protege.

Foi nesse pensamento que finalmente achei a chave.

A única pessoa que não mandei para a busca estava fazendo algo no acampamento, mexendo por papeis, fazendo anotações, usando vários equipamentos mais tecnológicos para decifrar o código.

“Sim... os papeis”

O professor parecia preocupado com os papeis, ele os mentiu para tentar recupera-los.

As sombras não atiraram quando estava subindo as escadas da forma automática de antes, aquilo não foi surpresa, eles nunca se surpreenderiam.

É os papeis, não faço ideia do que eles são, mas parecem ser de alguma importância.

Se eles sabem a importância disso, eles sabem o conteúdo.

Talvez ele tente escapar hoje, por achar que não conseguiremos decifrar o código, ou por não o achar importante suficiente, em ambos os casos, decifra-lo nos trata uma vantagem de informação.

Também é possível que ele esteja agindo justamente para recuperar os documentos.

E todas essas possibilidades me dão só uma opção, resolver o código.

Esperar que Bomil cuide disso seria pedir muito, portanto arquitetei um plano, ele nos dará uma chance de resolver o código bem mais rápido.

Velocidade

Liguei para Yuki, disse que deveríamos nos encontrar a sós no vilarejo.

Ela veio, fomos para um beco escuro conversar.

—Yuki Rots, essa é uma missão que só você pode executar.

—Hum? Sério?

—Claro.

—Diga então.

—Não queria pedir isso também, mas nenhum dos outros membros pode saber disso, pelo menos não enquanto não tivermos resolvido esse mistério.

—O que você pensou?

—Precisamos capturar uma sombra, são eles que tem o código daqueles documentos.

—O que?... Mas como?

—Você é a única pessoa que pode fazer isso, já montei um plano, por favor me siga.

—Está com...

—Não se preocupe, quando chegarmos lá vou te dar uma lanterna e o sinalizador, isso deve bastar.

—Vou acreditar no que você diz.

—Por favor.

Encantamento

Nós chegamos no esconderijo da RAIN, lá dentro tinha uma lanterna e um sinalizador, devia ser o bastante.

Dei os dois para ela, comigo havia apenas uma caixa de fósforos.

—Vamos subir.

Enquanto estávamos nas escadas, em parte como considerei possível.

Um raio caiu bem à frente da rua, o trovão foi ouvido logo depois.

A chuva torrencial começou, aquilo não era um verão normal.

Do forte brilho daquele raio, as vitrines e janelas se iluminaram e onde há luz, tem de haver uma sombra.

—Eles vieram! Los!

Puxei o braço dele e fomos subindo a rua.

—Essa chuva não vai demorar muito tempo! Temos que segurar eles até lá.

—O que?!

—Apenas me siga!

No meio da chuva pesada, dentre raios e trovões, a luz e som dos tiros estava abafado, era a hora perfeita para o ataque.

Imaginei que eles usariam essa chance para fazer um ataque contra algum de nós, nesse caso, pela maldição de Yuki, nós teríamos esse fardo.

As balas batiam por perto do chão onde estávamos. A chuva também estava servindo para atrapalhar a mira deles.

Isso eles tentaram resolver

Duas sombras vieram, uma de cada esquina.

—AAHHHH!!!

Yuki puxou seu sinalizador e apontou para frente.

Ela atirou.

Por alguns segundos eles apontaram as armas para cima enquanto cobriam os rostos com os braços.

Apenas segundos, pois com a chuva, o sinalizador apagou ainda enquanto estava no ar.

—AAHH!

—É uma defesa perfeita! Nós vencemos eles por causa do sinalizador, eles não cairiam no mesmo truque duas vezes!

Continuamos subindo a rua.

Yuki usou a sua lanterna para imobilizar uma das sombras, então entramos pela esquina que ela estava e impedimos que a outra pudesse atirar.

Entramos pela direita na primeira chance que nos apareceu, mas havia uma sombra logo em frente.

Imaginei isso.

Consegui pular e segurar os braços dele, todos os tiros foram pelo céu.

Numa resposta ele soltou um dos braços.

Alcançou uma arma menor, como uma pistola.

Usei o que estava mais perto, tentei chuta-lo, mas recebi um golpe fortíssimo de volta.

Voei até uma parede até bater e cair no chão.

Sem tempo para reagir, a sombra tinha posto a arma na minha direção, mais um instante e ela teria feito um quinto da sua missão.

Não houve mais esse instante.

Uma bola de fogo veio de fora da minha visão, ela preencheu o rosto nunca visto da sombra e assim se alastrou.

GUAAHH!

Ainda com isso, duas balas foram atiradas, elas foram muito para cima então nenhuma me acertou. “Ele tentou terminar essa missão...”

Pareceu que a sombra desistiu, ou melhor, esqueceu sua missão.

Correu para onde estavamos seguindo até ficar exposto a chuva e o fogo apagar.

Yuki tinha atirado, logo depois ela parecia ainda tentar entender o que houve.

—Eu o matei... d... d... d...

—INCORRETO! Vamos logo! Ele apenas desmaiou por falta de oxigênio, algum médico vai encontra-lo logo!

—...

Se ela não respondesse, teria que usar força, então a puxei para longe, tínhamos que continuar subindo.

Chegamos no topo da vila.

Nos jogamos para trás de uma casa assim que vimos mais sombras vindo.

—E agora?! A chuva ainda não parou! O que nós vamos fazer?!

—Incorreto, a pergunta é o que você vai fazer... —Espiando pelo canto— São apenas duas sombras, vamos levar um desses para o topo da montanha, deixei algumas cordas lá.

—O que... por que você ainda está calmo...?

—Por que agora não é comigo, Rots, dê as ordens, não importa o que seja, eu as executarei com todo meu corpo e alma, diga como derrotar aqueles dois.

—Não! Você faz os planos, por que não pode fazer um agora?!

—A situação saiu bastante do cenário previsto, por isso só você pode fazer algo agora... —Eles estavam perto e correndo, diria que tínhamos menos de 30 segundos.

—Eu não posso! Eu não posso!

—Claro que pode! Você tem que fazer isso.

—Não quero, eu não vou conseguir fazer nada...

—Então morra, é isso que eles querem!

—Como...?

—Se não tem um plano, apenas me mande encarar eles de frente! Prefiro morrer lutando do que me escondendo de sombras!

—Eu não posso te mandar para a morte! Eu não posso matar alguém!

—Você pode! Se quisesse teria matado aquela sombra! E esses idiotas não são nada diferentes, se eles vieram nos matar, é apenas nosso direito lhes tirar a vida de volta!

—Ahn... Hahaha... Sim! Entendi, Fils!

—Sim!

—Pule e vá com tudo, não tenha medo daqueles brinquedos nas mãos deles!

Pulamos e fomos ao ataque.

As sombras abriram fogo.

“Vocês pegaram os inimigos errados”

Era como se as balas se desviassem do nosso caminho, elas não poderiam ir contra a RAIN, alguém agindo por motivos mesquinhos jamais poderá.

Mas isso não significava que poderíamos vencer, em mais alguns segundos teríamos que os atacar de mãos vazias.

Talvez eles tivessem pensado nisso, estavam completamente errados. Até certo ponto.

Um outro raio caiu,.

—É por isso que precisávamos subir, quanto mais alto você está, mais fácil é de um raio cair por perto.

As sombras fizeram conforme seu nome honrava e cobriram seus rostos.

Yuki pulou num deles, tomou sua arma, bateu nele com a coronha e atirou para que o recunho botasse ele fora de combate de uma vez.

Eu fui até a segunda arma que eles carregavam, para trás e então atirei nas costas dele uma vez.

—GAH!

Quando parecia que a sombra cairia no chão, ele pareceu ter abaixado a mão até o peito e...

Ele sumiu, foi como se seu corpo tivesse sido cortado aos poucos para outro ponto do tempo-espaço.

“É assim que eles somem, perfeito”

—Yuki, deixe comigo, eu mesmo carrego o desgraçado!

Pôs ele nas minhas costas e corri montanha acima, conseguimos o prêmio.

Lealdade

Após subir a montanha, amarrar a sombra e remover o dispositivo que parecia permitir a fuga deles.

—Yuki, antes de começarmos o interrogatório... obrigado, aquilo foi um pouco intenso...

Hahaha... sou eu a agradecer... agora entendi o que você quis dizer naquele dia.

—Sim, sua “maldição” é mais um “encantamento”, ele é um encantamento cruel sim, porém, as vezes pode ser útil para nós.

—Entendi, posso usá-lo para proteger vocês...

—Mas tome cuidado, nós não somos assassinos, nem soldados, ainda somos apenas detetives. Por isso vamos sempre dar a chance das sombras fugirem, você foi estranhamente criativa para isso, não deve ser problema algum.

—É claro, fazer eles desaparecerem desse tempo é quase o mesmo que os matar, não é?

—Você percebeu? Estou impressionado.

—É como Dravo disse, por mais que você não saiba mentir, você consegue usar meias-palavras, omitir informações, jamais mentir diretamente, mas indiretamente.

—Sim, ainda bem então, ao menos isso posso fazer...

Orgulho

A sombra finalmente acordou, como uma espécie de sinal de respeito, cobrimos seu rosto com um pano.

—Ahn? —Ele tentou se mover, foi parado pelas várias cordas.

—Alô? Você entende alguma língua do nosso tempo?

—AHHHHH! Como?! O que vocês?... —“Parece que sim”

—Ei, ei, nós não vimos seu rosto —Mostrei o dispositivo de fuga dele— Tenho uma oferta, vocês estão todos nos caçando por causa dos documentos que roubamos, certo?

—S-Sim... enquanto não entregarem, iremos continuar, vamos conseguir, eventualmente... lhe matar...

—Tenho minhas dúvidas sobre isso, mas aqui a oferta, resolva o código para nós e te libertamos, já estamos mais ou menos na metade do processo mesmo, só estamos com um pouco de pressa.

—O que... NÃO! Vá embora! —Ele parecia ter medo de nós, era como se fossemos monstros.

—Não, não, diga tudo que sabe e aí nós jogamos isso para você e vamos embora, até lá vamos esperar, esperar o tempo que for necessário.

—Jamais contaria algo para vocês!

Mesmo com as várias cordas, ele as quebrou e investiu contra mim.

—AAAAAAHH!

Tentei segurar, mas ele estava muito forte e roubou de volta o dispositivo de fuga.

Caimos no chão, o viajante começou a mexer na peça que tinha recuperado.

Yuki não ia chegar a tempo.

Ele apertou o botão e parecia ter começado a ser cortado desse ponto.

Não pensando, tendo uma estratégia em mente, ou algo que faria tendo mais do que segundos para agir.

Era o único que podia alcançar ele.

Pulei e meu braço se conectou ao dele.

Indo do braço, pelo ombro, meu pescoço, minhas pernas, todos eles foram cortados de forma perfeita. Estava indo com ele para outro tempo.


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