Rain escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 2
Dia 2




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Casa

 

Estava voltando para o hotel, fui de imediato para o salão principal, lá toda a comida era gratuita para os hospedes, não era exatamente chique, mas tinha alguns doces e bastante carne.

Pôs o quanto pude dos dois no meu prato e sentei, não tinha como me importa com os outros turistas me julgando.

Alguém sentou minha mesa.

Bem na hora que tinha colocado um brigadeiro na boca, mordi minha língua pelo susto.

—Arg! —Ainda assim estava apreciando o gosto do brigadeiro, era diferente dos que tinha comida antes, mais tarde me arrepiei com o pensamento de ter sido o sangue que gotejou da minha língua até o doce.

—Não tome um susto por qualquer coisa, você é um homem ou é um rato?

—Jestiv... eles não têm problema em levarmos os pratos para os quartos, certo?

—Quer descobrir?

Na minha cabeça pensei nas possibilidades, tudo que poderia acontecer com chance acima de 0,1% foi considerado para a minha resposta final.

—Vamos lentamente, tenho certeza que isso não está escrito em lugar nenhum, como um hotel, é obrigação deles explicar esses detalhes, não é como se nós fossemos franceses, não podemos adivinhar suas regras de etiqueta.

Conseguimos ir para o quarto com ainda mais doce do que quando levantamos.

Por medo, mandei uma mensagem para Navire:

“Se não mandar outra mensagem em 20 minutos, venha correndo para o meu hotel”

Só ele poderia me salvar do caso em que nós somos postos diretamente contra o pessoal do hotel, o qual compreende 63,9% das possibilidades que estimei.

Jestiv sentou na cama e imediatamente pôs os dedos perto dos cílios, então num movimento veloz, foi para seu olho esquerdo e retirou uma lente.

Apenas do olho esquerdo.

—Você realmente acha isso tão ruim? Já vi pessoas com problemas mais feios, o seu é no máximo um pouco assustador, igual um urso de pelúcia com voz sussurrante.

—Daqui até minha morte, você é o único que pode ver isso.

Ela me encarou com ambos os olhos, um par de gemas diria, uma esmeralda, verde e brilhante, com um diamante, forte, parecia inquebrável.

—Falando assim faz parecer que esse olho tem algum poder especial, mas isso é só uma anomalia genética, heterocromia.

—Não quer ter essa exclusividade? Você já pensou como suas prioridades são definidas?

—De forma lógica e absolutamente fria, você não se incomoda com essa lente?

—Sim, mas...

—Com calma, não estou com bom humor para ouvir uma história, se me dessem um livro com mais de uma sentença agora, eu o partiria no meio e queimaria os restos.

—Isso é uma reação muito destrutiva, onde você adquiriu esses impulsos perigosos?

—É o efeito do seu olho maligno, ele desperta os instintos básicos nos seres humanos, por isso finalmente entendi que não sou um estrategista —Imitei um artista marcial de filmes— Sou um guerreiro! —Mas então...

Senti uma dor, provavelmente por causa das duas investidas falhas que realizei mais cedo.

—ARG! Cai da minha pose de forma ridícula.

—Fils! O que houve?! —Ela atravessou aquela cama que ia além de uma simples cama de casal para chegar até mim.

—Calma...

Me ajeitei e voltei a sentar na cama, encostado dessa vez, já pensando quando poderia dormir de novo.

—O que foi que houve afinal? Você se machucou antes do meio-dia?

—É apenas parte da vida de um guerreiro. Não se preocupe.

—Háháhá! Comece a falar.

—Não pense que vai ser tão fá... —Ela ajeitou o vestido que ia até os pés e então deu algumas duas batidas nas pernas.

“Entendo o que é isso, é uma oferta, se eu aceitar terei que contar tudo, porém hoje ela disse que era a única pessoa que ela confiava para contar aquelas coisas, se o fizer irei trair essa confiança. Sendo um cavalheiro, jamais poderia fazer algo assim”

Imediatamente me ajustei e joguei minha cabeça sobre o colo dela.

“Como disse, sou um traidor de nascença”

Obviamente, ocultei aqueles pedaços, posso não saber mentir, mas ocultar a verdade é uma habilidade que aprendi com o melhor professor, o universo.

—E foi assim que machuque meu queixo, pernas, dedos e cotovelos.

—Agora, qual a explicação perfeitamente lógica e absolutamente fria para um comportamento ridículo como esse?

—Não posso mentir para você...

—Imaginei —Havia um motivo, não podia conta-lo, mas nada me impedia de omitir a verdade.

—Por que isso soou um pouco preocupado? Ou melhor, desgastado.

—Ela me preocupa, apesar de eu mesma ter trazido para cá, sinto algo ruim vindo dela, definitivamente é uma boa pessoa, mas...

Imediatamente me levantei, tinha que a encarar para perguntar isso:

—Espere, o que você está dizendo? Como assim ela é uma boa pessoa?

—É um problema? Imaginei que você gostaria disso, não é você que sempre fala como há pessoas definitivamente boas e pessoas definitivamente más?

—Correto, mas não creio que as diferenciar seja fácil, tendo apenas uma visão de fora e sem detalhes.

—Que coisa, quando você me contou isso pensei que você conseguia enxergar a aura das pessoas, desde então te observei para aprender. E agora posso encontrar uma pessoa boa só olhando.

—Bem... ótimo —“Como assim? Será que posso explicar isso com ciência? Isso não foi uma piada ou brincadeira, é algo absolutamente real, no entanto... pelo o que a própria Rots disse...”

—Você acha que ela é uma má pessoa?

—Não diria tanto, só que... as vezes não sei por que ela está conosco.

—É algo assim que me incomoda, é mais por ela esconder o motivo do que pelo motivo em si —“Essas observações são impressionantes, preciso ir mais a fundo”

—É outro mistério para nós, mas esse precisamos deixar para depois do caso atual.

—Sim, sim... isso...

—Você tem algum problema com o que estamos fazendo? Ontem senti alguma hesitação.

—Não é bem isso, não me interesso tanto sobre a ética, nós não queremos machucar ninguém, vamos entrar e sair sem ninguém ver, o problema todo se encontra no perigo que vamos enfrentar. Percebi isso tarde demais, porém com o tempo nossas aventuras ficaram mais perigosas, cada vez vamos nos colocar em mais risco pelos mistérios, imagino se algum dia isso...

—Não vai. Observe minha lógica perfeita e minhas ações absolutamente frias —Agarrei ela pelas bochechas.

—Irritante.

—Nada vai acontecer conosco, eu prometo. Se qualquer dia durante alguma aventura, você sentir que estamos em perigo repita isso três vezes “Viver! Viver! Viver! ” Entendeu?

—“Ms” “isxo” que dizer que “prexiso” falar “novi” “vezesx”?

—No mínimo, quanto mais melhor. Assim terei mais motivação para salvar você.

—Certo, isso é uma promessa em.

—Correto. Não poderia deixar de fazer isso.

Perdidos

Dia 8 de julho, mais tarde.

Nós fizemos a reunião para revisar o plano passo a passo para garantir o sucesso, no dia seguinte esperaríamos uma oportunidade e invadiríamos a casa.

Dia 9 de julho.

Chegamos, a rua estava vazia mesmo as 3 da tarde, o dia nublado novamente, nós estávamos atrás de uma arvore, esperando por horas a nossa chance, trocando de vigia a cada 12 minutos.

Até, finalmente ter acontecido.

O cientista de pele escura, alto e forte saiu.

—Está na hora!

Janela

Junto de Yuki, subimos por algumas cavidades da construção e entramos pela janela, os outros tinham o trabalho de observar as ruas, avisar caso ele voltasse, alguém entrasse na casa, ou se alguma rota de fuga fosse comprometida.

Passamos por todos os cômodos, dando atenção a locais interessantes de esconder coisas, eventualmente acharíamos algo.

A casa era normal, tanto por dentro, quanto por fora, tirando uma coisa, algo que só notei após vasculhar ela de cima a baixo.

Relógios, eles estavam por toda parte, relógios e calendários.

Não vi um corredor sem pelo menos dois desses, no momento não posso afirmar ou negar se isso é um elemento importante, ou apenas uma esquisitice daquele cientista, ele realmente parecia um pouco pirado.

Como era destinado de ocorrer, achamos uma pasta cheia de documentos científicos de baixo da cama dele.

—Rots, vamos pela rota principal, Jestiv, ela é segura?

—Afirmativo —Estávamos usando telefones para comunicação.

Nós andamos apressados pelos corredores até a janela, dali nos pularíamos e voltaríamos ao esconderijo.

Perto daquela janela, havia uma porta, a porta de um quarto vago, vazio, era tão vazio que olhando por um segundo já pude entender que ele não tinha passagem secreta alguma, mesmo se tivesse o dono já teria esquecido dela por anos já.

Dos vãos entre a porta e o portal dela, alguns brilhos vieram, barulhos que só ouvi uma vez em toda minha vida.

Vazio

A porta foi derrubada, uma figura envolta de sombras surgiu... com uma arma.

Sem se revelar, sem perguntar nada, ele abriu fogo.

—O que?!

Cruzei os meus braços e pulei para o lado.

Me separei da Yuki por termos pulado para direções diferentes.

— (Corra pela outra rota Rots, vou ir pela outra)

— (Vá!)

Trocamos olhares e nos viramos.

Meus pés tocavam o chão por menos de um instante, meu sapato parecia estar escorregando pela madeira.

Não tinha como ter homens armados lá, aquilo não fazia sentido.

O impossível nunca vem sozinho, devia ter imaginado que haveria outros.

Mais uma silhueta pulou do outro corredor e abriu fogo.

Num golpe de sorte, deslizei, evitando os tiros e ao mesmo tempo empurrando uma mesa contra o homem, ouvi a arma dele caindo no chão e o dei as costas de imediato, havia outra janela para pular.

Faltando segundos para ser fuzilado.

Pulei, enquanto estava no ar ouvi ele puxar o gatilho.

Me agarrei nas bordas da janela, fiz um de 90 graus e voei pela janela.

Até bater numa parede e cair de costas num monte de lixo.

“Queria morrer agora, seria bem mais fácil”

Me levantei sem pensar, corri para o quão longe puder.

—Vocês 3, vão para o esconderijo! Não façam mais nada! Só se escondam!...

Continuei correndo, mas ainda tinha uma pessoa para pensar.

—Yuki, você está bem?

—Sim... eles pararam de me perseguir depois que sai da casa.

—Ainda bem. Vá para o esconderijo, mas garanta que não está sendo seguida, vou assim que despistar eles.

—Certo. Continue correndo.

Não parei até estar do outro lado do vilarejo.

Dessa vez a cidade parecia ter sido afetada pelos acontecimentos, várias pessoas comentaram dos tiros, mas nenhum avistamento dos homens.

“Eles não querem ser vistos por algum motivo... talvez isso tenha nos ajudado”

Fui para o esconderijo, ninguém estava me perseguindo.

Mistério

Nós passamos pelos vários papeis e... códigos.

Estava tudo usando uma cifra irreconhecível para nós.

Vendo o quão inútil nossa tentativa foi, Jestiv pegou os papeis para tentar decifrar por frequência de símbolos, já reconhecendo que era possível o código ter sido construído considerando evitar que alguém o decifrasse com um método simples assim.

Eu, tinha que pensar mais, remontar o quebra-cabeça e entender o que podia estar acontecendo.

Livros

Dia 10 de julho.

Estava andando em círculos pela vila por horas, sem conseguir entender nada, já havia aceitado que aquele mistério não podia ser resolvido ainda, mas fora isso não podia fazer nada, se ficasse parado me sentiria ainda mais miserável, por isso andei por cada canto da cidade, esperando um milagre, uma epifania.

Meu telefone tocou, não esperava por isso.

—Boa tarde, quem fala?

—Seu hábito de não checar quem liga antes de atender é muito perigoso, muito, muito mesmo —Jestiv.

—Sim... o que houve?

—Acabei tendo uma ideia, essa cidade não tem uma biblioteca?

—Bem... —Olhei ao redor, a epifania, o milagre havia acontecido— Sim. Estou bem na frente dela inclusive. Chame todos os outros, vamos virar esse lugar de cabeça para baixo.

—Então minha ligação foi bem conveniente, agora posso servir de secretaria para você, fazer ligações e tudo.

—Se quiser, chame-se de assistente, soa mais pessoal, pelo menos para mim.

—... —O som me disse que ela desligou.

—Tudo bem. Eu ainda te amo...

—Como?

“Ela não desligou”

“Eu imaginei o som? ”

“Ela fez ele? ”

—NÃO! Não foi isso que eu quis dizer! Era só uma piada! Uma brincadeira!

—Você faz piadas assim... sozinho?

“Todo homem da minha família eventualmente encara essa escolha, ser estigmatizado para sempre como uma pessoa esquisita, ou fazer uma confissão de amor meia-boca”

—De forma alguma. Meu amor é puro como água benta, tão puro que minhas lagrimas poderiam matar vampiros.

—A pior coisa de você ser um péssimo mentiroso é que não tenho como realmente me enganar catalogando essa frase como uma mentira.

—Uma vantagem para mim. Aliás, ainda bem que você não tinha desligado, preciso lhe dar instruções precisas de como informar aos outros membros da agência.

—Passe as instruções então.

—Primeiro ligue para a Yuki, peça para ela ligar para o Dravo, enquanto ela liga para ele, você, ao mesmo tempo que Yuki faz sua ligação, ligue para a Arc, a mensagem é para todos virem para a biblioteca, você está incluída, venha também.

—Por que tão... especifico?

—Velocidade é tudo —Não era uma mentira, era uma meia-verdade, uma meia-falsidade.

—Suas ordens serão seguidas.

Ela então, desligou de verdade dessa vez.

—Não cometerei o mesmo erro duas vezes.

Entrei na biblioteca.

Passei pelos 3 andares e por cada prateleira, procurando tudo que parecia poder guardar alguma pista.

Levei uma pilha de mais de um metro para a mesa e comecei a folear por cada um deles.

Vi uma silhueta se aproximando por fora da visão das letras do livro, mesmo na visão turva, sabia quem era.

—Boa tarde, Navire.

—Bom dia também.

—Espera, de novo isso, te dei um “boa tarde” e você respondeu com um “bom dia”

—Obviamente, pois acordei há apenas algumas horas, por isso tenho que dizer bom dia.

—Incorreto, você talvez tenha perdido o sono com o que houve ontem, mas nesse caso você é o tipo de pessoa que apenas não iria dormir.

—Eu juro por esse livro —Ele pôs as mãos sobre a pilha.

—Esse juramento é muito fraco, se fosse uma bíblia até consideraria, mas isso é um livro sobre a história da revolução francesa.

—Juro pela história desse livro, dos meus ancestrais que aceitaram se sacrificar por uma causa maior.

—Correto. Pode começar a ler.

Um por um, todos os membros chegaram.

Rabisco

Por horas.

Incorreto, pelo resto daquele dia, até o dia seguinte.

Dia 11 de julho.

Nós ficamos na biblioteca lendo diversas pilhas de livros incessantemente, buscando a solução do caso.

Um papel caiu de um livro que abri, mal notei por causa do sono.

Ele tinha cerca de 8 centímetros de largura e 10 de comprimento.

Havia rabiscos.

Pontos com nomes de planetas, várias estrelas com nomes feios.

—Ei, olhem isso...

Todos estavam quase desmaiando.

Apenas eu notei, por isso era o único com um pico de energia para investigar.

Vi o livro que aquele papel estava, era sobre cartas celestes, mapas de constelações, estrelas e outros objetos.

Comparando o rabisco e o mapa moderno do livro.

—Eles... não são iguais... mais que isso...

Estrelas

Passei tudo para Arc, ela é uma cientista de corpo e alma, quando comparou os mapas mais tarde naquele dia, imediatamente entendeu o que aquilo podia ser.

“Esse rabisco não pode estar representando nenhum mapa do passado ou do futuro próximo, é muito detalhado, esse nível de nuance só poderia chegar vendo uma década a frente no máximo”

Assim, pedimos vários mapas e livros sobre o assunto, nós dois cuidaríamos de estudar aquilo e deduzir o que o rabisco estaria representando.

Estávamos sozinhos na biblioteca, ela ficava quase sempre vazia, as vezes parecia que ninguém trabalhava lá.

Arc é a pessoa que menos converso, mas uma que ainda admiro.

Seu visual vai além de decoração, é uma expressão.

Ela tem vontade de desvendar os mistérios do universo, a curiosidade de uma criança e a prudência de um adulto, é disso que se constitui a cientista perfeita para a RAIN.

—Ei, Arc, creio que isso não é diretamente relacionado ao assunto, no entanto é vagamente relacionado.

—Indiretamente então? Inutilmente nessa ocasião? —“Que violento! Essa rima é muito poderosa! ”

—Por acaso fiz algo de errado? Você me odiou desde o momento que cruzamos olhos pela primeira vez?

—Não dessa forma, mas entorna.

—Então não foi algo que fiz de errado, pelo menos não nas exatas palavras que usei.

—Por definição, vem a confusão.

—Hum... por essa lógica... não gosto da conclusão que cheguei.

—No caminho da verdade haverá aflição, no caminho da amizade terá enganação.

—Portanto... não algo que fiz, mas algo que posso fazer, você não me acha confiável.

—Vruum! Vruum! Seu trem está a todo vapor.

—...

—...

“Sem... não, onde estão as rimas? ”

—Teve alguma rima? De alguma forma ela passou despercebida por mim?

—Não. Afinal, não sou uma criatura mística obrigada por um contrato mágico a sempre falar com rimas e você, sendo a primeira pessoa a me ouvir falar normalmente terá de se tornar meu servo por toda a eternidade.

—Ótimo, posso encarar como um prêmio pelo menos?

—Tudo pode ser encarado como um prêmio, desde que químicos certos sejam liberados pelo seu cérebro em relação a algo.

—Sim, cientificamente falando, no entanto Arc, você espera que algo como... ‘dopamina’ seja liberada por mim, que meu cérebro aceite isso como um prêmio?

—Não pensei nisso, todas as suas conversas param em assuntos assim?

—Não todas, digo, seria... de qualquer forma. Você prefere fantasia ao invés de ficção cientifica, Arc?

—Ah, sim, como soube?

—Mais cedo você fez uma brincadeira, ela não era sobre máquinas do tempo, ou sobre robôs com código malicioso, era sobre contratos que lhe forçam a fazer algo, relações de servo e mestre quase simbióticas, viver pela eternidade, tudo o que me parece mais com uma história de fantasia.

—Algum problema?

—Claro que não, mesmo se tivesse, talvez você tenha se distraído pela minha voz suave e cabelos loiros, mas poucos minutos atrás você desconfiava de mim a ponto de apenas falar em rimas, por mais que isso não necessariamente soe como algo ruim.

—Obrigado por me lembrar.

—Apenas notei isso porque você é nossa cientista, você que pode entender o significado da pista, você usa roupas que misteriosamente se parecem com a de um cientista, não sei explicar bem como, mas sim, realmente parece.

—Se pareço com um cientista, então deveria demonstrar interesse na ciência real, não na ficção.

—Claro, claro, não estou dizendo o contrário, mas a ficção... —“Se falar mais... vou soar como ele

—A ficção pode ser divertida, mas ela não me dá tantos desafios, para mim o que importa é a escalada, não a vista do topo.

—Falando em escalada, era esse o assunto original o qual queria falar com você, não está diretamente ligado, mas está vagamente ligado.

—Indiretamente então? Inutilmente, nessa ocasião?

—Como disse antes e dessa vez me repeti. Não indiretamente, vagamente. A diferença é uma minucia que pode ser difícil para você compreender, mas garanto que ela existe.

—Melhor falar logo, não me importo disso se tornar um monologo —“Ela voltou? ”

—É sobre sonhos, Arc-tan....? Você é do Japão, não é? Vocês colocam essas palavras depois dos nomes, não sei bem o que a que disse significa, então faça o favor de perdoar minha ignorância.

—É isso que me preocupa, você não se esforça para ser você mesmo —“Repetição não conta como rima”

—Como assim “ser você mesmo”? Não, na verdade há um ponto maior, por que fazer esforço? Ser você mesmo não era para ser algo absolutamente natural? Não deveria ser necessário fazer esforço algum para isso acontecer!

—Isso é errado, por mais que seja um esforço insignificante, o qual 99.99999999624% da população sequer saber que o faz. Essa pequena exceção, no entanto, sequer é capaz de executá-lo com perfeição.

—Essa exceção da situação hipotética, seria eu?...


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