Rain escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 15
Dia 16




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Soldados

Dia 1 de dezembro 23:55

Ouvi o som abafado e distante de hélices vindo por cima de nós.

—Ele chegou, vamos tentar conseguir o que precisamos antes do navio sair do porto.

—Nós vamos. Hahaha...

Os corredores eram frios, o metal e as portas fechadas não permitiam as energias serem dispersas, o ar pesado pela ferrugem e pólvora.

Nesse labirinto claustrofóbico e com iluminação baixa, havia uma grande fonte de luz e som ao longe, numa porta.

Fiz alguns sinais para Rots, devíamos nos aproximar com toda a cautela.

Estávamos no limite, mais um pouco e estaríamos de frente para a porta, era uma conversa da tripulação.

—O doutor deve ter chegado, recruta, vá até o convés e traga o doutor para cá o mais rápido possível. Você tem 10 minutos.

—Sim Major!

Olhei para ela.

— (Temos que nos esconder)

— (Não precisava nem trocar olhares por isso)

A primeira coisa que vimos foi a mais conveniente, um armário vazio e entreaberto.

Botei os pés e me estiquei um pouco.

— (Entra logo!)

Rots se esgueirou para não mover a porta enferrujada e atrair atenção para nós, movendo um pouco as pernas estávamos cabendo perfeitamente no armário.

O militar passou direto numa marcha rítmica, parecia não só uma marcha de treino, ele parecia estar numa parada militar.

— (Rots, vamos sair e espiar a sala)

Fui primeiro, me abaixei ao chão e esgueirei pouco a pouco para o lado.

Era uma sala de conferência, com uma mesa redonda e várias cadeiras, não tinha armas.

A segunda ação foi passar num deslize pela porta.

—Viram isso? Foi impressão minha ou algo azul e amarelo passou bem rápido de fora da sala?

— (Corre!)

Demos passos apressados ainda inclinados para diminuir nosso perfil.

—Rots, tive uma ideia, vamos conseguir tudo que precisamos nos próximos 10 minutos e voltar, vamos aparecer no meio da reunião e resolver nossas diferenças.

—Assim você está falando a minha língua. Hahaha...

Achamos um corredor e viramos sem pensar se havia outro caminho.

—Vamos correr, se essa reunião está acontecendo eles não terão muitas pessoas nessa parte do navio, só quem pode ouvir está aqui e esse grupo deve ser bem recluso.

—Melhor para nós, vamos!

Labirinto

Fomos mais fundo daquele navio, imaginando o que seria aguardado para nós.

Intersecções, salas desinteressantes e nada mais que isso por um tempo, até virarmos para um corredor e notar...

Longe, tinha alguém lá, estava entrando em outra sala.

— (Deve ter algo)

Corremos até lá, de canto, mas não pude ouvir passos, olhei com o canto do olho para dentro e... era uma quarto.

Aquele homem estava limpando o quarto, tirando poeira, ajeitando os lençóis.

“Vendo assim, é bem luxuoso para um quarto num navio de guerra, esperaria isso de um cruzeiro, na verdade, nem um quarto desses navios devem ser tão bons assim”

— (Esperar ou atacar, Yuki?)

— (Não temos apenas 10 minutos?)

— (Correto. Você pode ir pela esquerda)

Entramos ao mesmo tempo, correndo.

Pela direita, peguei a vassoura e bati na cabeça dele.

Pela esquerda, Yuki se jogou no chão e derrubou ele com uma rasteira.

O homem desmaiou depois de uma pancada a mais.

Yes! Essa foi ótima!

—Eu sei! Eu sei!

Demos só mais um bate aqui e voltamos a seriedade.

—Será que vamos achar algo de importante nesse quarto? É apenas um palpite, mas acho que seria muita coincidência o quarto estar sendo limpo logo agora, deve ser do professor.

—Vamos procurar de todo jeito... só comece logo —Yuki estava arrastando o homem nocauteado para de baixo da cama.

—Você esconde tudo incriminador de baixo da cama?

—É bem conveniente.

Tinha, por mais estranho que soe, um armário, também estranhamente, ele estava totalmente vazio.

De baixo da cama, nada, fora o homem que colocamos lá.

Nas gavetas, nada.

Nem na estante de livros.

Até então, sob os vários livros da escrivaninha, tinha um documento.

—Encontrado.

O documento era sobre o próprio navio, ele realmente não era da marinha francessa, era o USS Eldridge... ou como o documento dizia, uma imitação.

—Ninguém sabe o porquê de o Doutor Lazúli ter pedido o navio dessa exata forma, nem como ele veio a ser tão semelhante a um navio que estava sendo construído quase ao mesmo tempo, o USS Eldridge, ao perguntarmos ele meramente responde ser uma imitação, contudo não estamos em posição de recusar nada do que ele pede. No dia 15 de setembro ele nos pediu para o ceder esse navio para um experimento próprio, quando recusamos ele fez ameaça de descontinuar seu suporte, preferimos o ceder, no dia 1 de dezembro ele partira para o mar e diz voltar em menos de 1 ano, nenhum detalhe de seu novo experimento foi cedido.

—Esse nome... é o mesmo doutor que estamos enfrentando?

—Incorreto, o navio original foi construído em 1943, ele não pode ser a mesma pessoa, se fosse teria que ter pelo menos 70 anos agora, não importa o quão absurdo isso seja, 70 anos é um mínimo.

—Mas olha o que está dizendo, 1 de dezembro ele partira, isso é hoje.

—Assim... isso colocaria que “Lazúli” é ainda outro nome falso, mais, que aquele doutor tem pelo menos 70 anos, mais realisticamente 90, o que para mim e para você, soa absolutamente impossível.

—Guarde esse papel, temos de continuar.

—Correto!

Dia 2 de dezembro 00:01.

Unidade

Olhando da visão de outras pessoas, dos nossos aliados, pode ser bem útil ter a visão deles nesse meio.

Novamente, não estava lá no momento, porém o que houve me parece claro como um diamante.

Dia 1 de dezembro 23:51

Os três devem ter ido num caminho principalmente reto, apenas com uma ou duas intersecções, sem encontrar nenhum tripulante no meio do caminho.

Acho que a melhor pessoa para me basear na narração seria... Dravo.

Finalmente uma porta trancada, se algo está trancado, é obrigação da RAIN o abrir.

Dei um sinal de mão e Bomil entrou na frente, após alguns segundos ela destrancou a porta com um clipe de papel desmontado.

—Muito fácil, mas sendo velho assim, não me surpreende.

Entramos, era exatamente o que estávamos buscando ali. A sala de arquivos.

Tinha pilhas de gavetas, por dentro muitos papeis, algumas estavam vazias, outras completamente cheias e com papeis saltando para fora, além de tudo entre esses extremos.

Fechamos a porta, as luzes não funcionavam.

Sacamos lanternas e começamos a procurar, a nossa regra é não deixar nada para trás, tudo deve ser investigado.

Tive de passar por muitos papeis até achar algo, um sobre o verão.

—Sobre as figuras misteriosas, eles são várias pessoas, um grupo de pelo menos 30, todos com aparente treino militar, eles carregam armas de fogo, parecem conseguir aparecer onde e quando quiserem, porém, se restringiram até agora a apenas aparecer quando o Professor Lazúli estava em perigo, sendo confrontado por um grupo autoproclamado “RAIN” o qual motivos são ainda desconhecidos. Desde a captura do Doutor eles não apareceram novamente, assim como não apareceram para impedir sua captura, mesmo sendo a noite, os motivos são desconhecidos, o estranho comportamento do grupo de cobrir seus rostos ao estarem expostos a luz também não é entendido por completo.

—Eles não souberam sobre a tempestade? —Foi a pergunta de Bomil.

—É uma cidade pequena...

—Olha, achei mais uma.

—Leia para nós, Arc.

—No dia 31 de outubro um suposto membro do grupo misterioso foi achado, morto após cair de uma torre próxima, a arma dele parecia ser um modelo contemporâneo, ele tinha toda a face queimada, ao tentarmos analisar seu DNA, o corpo dele mostrou alterações estranhas, tudo levou a crer que essas pessoas desse grupo não são desse tempo, são de um futuro distante em que humanos sofreram uma evolução muito sutil. O equipamento dele, o qual parecia ser uma armadura, não é entendido ainda, pois parece ter destruído vários circuitos importante em algum tempo antes da sua recuperação, possivelmente após a morte do usuário.

—O que...? Uma sombra estava fazendo o que nesse dia?

Sem entender o que foi esse evento, continuamos procurando papeis sobre o verão.

Até achar um que podia responder tudo.

—O Professor Lazúli finalmente se pronunciou sobre aquelas pessoas, ele disse se tratarem de viajantes do tempo, os quais foram enviados para impedir sua morte...

O que vi após isso parecia apenas mentiras, porém continuei a ler, já tinha ido bem longe nisso tudo, entrei para buscar a verdade afinal.

“A ‘rain’ foi referida por ele como os vilões dessa história, eles são pessoas definitivamente de intenções malignas e que deveriam ser eliminadas. Excluindo apenas uma dessas pessoas, o Professor então deu a ordem de os matar no próximo inverno, quando voltarem a cidade, não se deve poupar esforços ou recursos contra eles, pois se deixados livres, o destino pôs eles como responsáveis do fim a humanidade como conhecemos”

A verdade era essa.

Vilões

Dia 2 de dezembro 00:01

Enfim, Dravo não pode aceitar o que ele leu, guardou de volta o arquivo e disse que não devia haver mais nada de interessante no lugar.

O interpretou apenas como uma mentira para nos pôr como alvos, sabendo do que o doutor disse no hotel, nada do que ele dizia poderia receber crédito de nenhum de nós, não mais.

Então se prepararam para ligar para mim e Yuki.

Segredos

Para minha narração novamente:

Dia 2 de dezembro 00:02.

Descemos algumas escadas, elas levavam a intersecções e mais escadas, pensando na lógica de tudo que se esconde está mais para baixo, continuamos descendo.

Nós dois achamos outra porta com console para pôr um código.

—Você lembra do código da outra porta?

—Como? —Rots já estava colocado o código, olhando para mim.

E tal qual era esperado, a porta abriu para nós.

—Achamos...!

Não mais um mero arsenal, ou sala de conferência, esse era o laboratório do professor de vários nomes.

Era a maior sala do navio, com certeza.

Um local tão frio que nossa respiração ficava visível, comecei a tremer de imediato com aquilo.

Fora a temperatura, o clima era opressor, tudo estava escuro, andamos para um ponto iluminado e era uma mesa, cheia de instrumentos científicos, desde coisas médicas como bisturis até ciência mais típica na forma de microscópios e computadores.

—Com certeza é aqui.

Tinha uma escada de ferro levando ao deque, não podia discernir o que havia.

Até, indo para cima, me deparar com uma das coisas mais aterrorizantes que já vi.

Uma pessoa, não notei antes pois seu rosto estava coberto por um pano preto.

—O que...

Corri e tirei o pano do rosto dele, Yuki pulou para chegar seu pulso.

Estava... bem, ele não tinha nenhum ferimento.

Era um garoto saudável, parecia ter menos de 20 anos, ainda assim estava com um terno manchado.

—Ah...? Quem é?...

—Ei, silêncio, nós vamos te salvar.

Vendo bem, havia várias cordas ligadas as costas dele, elas iam para muito longe da luz e por isso não sabia do que se tratava.

—Você?... É a polícia?

—Não importa, como você parou aqui?

—É... estava numa... no casamento da minha irmã... sim, então quando ia entrar no carro... parei aqui, mas não lembro de nada. O que houve? —“Isso... soa estranho”

—Nada? Quando foi o casamento?

—Essa terça.

—Isso não diz nada! Qual o dia do mês?

—Não sabem...? Não eram da policia?

—Só diga!

—Ok, foi dia 16 de setembro, já estamos no 17?

“O que... se passaram meses e ele não lembra de nada? Talvez o que ocorra aqui seria ainda pior do que imaginava? ”

—Não importa, vou tirar essas cordas de você e...

—Pare —Rots segurou meu pulso quando tentei alcançar os fios.

—O que foi agora? Temos de levar ele conosco.

—Não podemos.

—Por que não?

—Fiz algo de errado? Isso é culpa minha?

Yuki soltou minha mão, olhou para ele friamente.

—Quando olhei... você não tem mais pulso, seu coração está parado.

—Hum... é... digo, como?

—Você já está morto, foi trazido para esse laboratório, feito de cobaia até morrer, agora tudo que lhe permite falar são esses fios, nada mais. Você não pode mais dizer que está vivo.

—O que...?

Ele estava estranho, tinha falas esquisitas, mas isso é insano.

—Yuki, isso é alguma piada? Como ele está falando então? O que ele disse... ele está fazendo expressões, mexendo os olhos, não tem como dizer que alguém assim está morto.

—Bem, talvez você possa dizer que ele está vivo e morto ao mesmo tempo, se não acreditar em mim puxe as cordas, se ele continuar vivo, isso significa que apenas não vi direito.

—Sim! Isso está me assustando, quero voltar logo para casa, puxe esses fios e vou poder me aliviar, sei que estou vivo, mas... isso é assustador.

“Mas se puxar e... ele estiver morto? ”

—Vamos! O que está esperando? Me salve logo —“E se não puder mais”

—Espere, isso, tenho que pensar um pouco.

—Não se preocupe, se estivesse morto não poderia falar assim, você mesmo disse, pode puxar, vou sair desse... lugar com vocês.

—Só uma coisa... qual o seu nome?

—Shi, S-H-I. É assim que vocês pronunciam e escrevem meu nome, mas ele vem do chinês, os caracteres são bem diferentes por isso.

“Agora... não tenho mais escolha”

—Lá vou eu... irei puxar.

—Finalmente, espero que consigamos fugir.

Podendo estar vivo, ou morto ao mesmo tempo, só posso descobrir isso após uma observação, assim que puxar as cordas, essa verdade será determinada, sem mais nem menos.

Arbitrariamente o destino escolherá qual deles Shi estará, se estiver morto, não há nada que a agência possa fazer sobre uma vítima, nesse caso, meu único trabalho é puxar os fios, descobrir a verdade.

Puxei todos os fios das costas dele.

E... nada, ele parecia ainda como antes.

—Ah... ele então estava vivo.

—...

—Shi? Você tomou um susto por acaso? Sua confiança era falsa?

—Shi...?

—Fils. Ele está morto.

Os olhos dele se afundaram no pescoço, sua pele ficou pálida de um instante para o outro, depois a pele se rompeu sozinha, por todo o rosto havia aberturas deixando camadas mais profundas da pele expostas, as artérias pareceram inchar e deixavam marcas por todo o corpo

—Não tinha o que fazer, não é Rots? Assim que você morre, o que nós poderíamos fazer sobre isso?

—Agora que está feito, é inútil pensar nisso.

—Só me diga...! Havia o que fazer? Devia ter deixado ele continuar daquele jeito?

—Claro que não. Sem seu coração bater ele não tinha como estar realmente vivo, era só uma máquina, um cérebro e apenas isso, se está perguntando se aquele estado era decente de se viver, você está errado em considerar aquilo como vida.

—Mas... podia haver uma forma de fazer seu coração voltar a bater?

—Isso vai além do meu conhecimento, muito além.

—Está, essa resposta foi bem sensata.


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