Rain escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 12
Dia 12




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Escola

Nas aulas, por razões óbvias, nada aconteceu. Yuki não sabe ler ou falar a língua nativa.

Por outro lado, as pessoas notaram a estudante misteriosa de imediato, alguns sussurros por todos os cantos foram ouvidos, isso foi apenas o começo.

Assim que veio o intervalo, percebi que qualquer outra coisa, senão acompanhar Yuki seria negligência da minha parte.

—E agora Yuki? Se quiser fugir antes de arranjar problemas com as autoridades, essa é a hora.

—Mas foi para isso que vim!

—Ah... é claro, claro.

Se ela queria problemas, resolvi ajudar ela.

Fiz um tour pela escola, gostava bastante dela, portanto não foi incomodo algum.

—É bem bonito, não acha? Se lembro bem foi fundada no século 19, claro, acho que passou por muitas reformas e já podíamos usa-la de exemplo para um navio de Teseu, mesmo assim, adoro essa arquitetura.

—Navio de Teseu?... Eu imagino se isso pode se aplicar a RAIN...

—Como assim?

—Se nossos objetivos mudarem, se nós mudarmos, mas continuarmos juntos, ainda podemos dizer que compomos a RAIN?

—É claro, apesar de tudo. O que realmente importa são os membros da agência, não ela em si.

Pensando tão profundamente nessas questões além do meu entendimento, quase não vi um grupo de alunas se aproximando.

—Ei, agora se vire com isso.

—O que?!

—Acho que vai fazer algum sucesso, você parece uma femme fatale. Tem charme um charme americano.

Assim que elas passaram...

—Ei meninas! Vocês não vão cumprimentar a estudante nova? Ela é uma amiga minha de outro país.

—Ah... eu vou te matar depois disso...

—Pode tentar.

“Realmente, nunca vi ela” “De onde ela veio? ” “Por que veio em novembro? ”

Todas essas e muitas outras perguntas foram respondidas por mimica, ocasionalmente sentia algum remorso e respondia por ela, claro, a fim da resposta provocar mais perguntas depois.

O intervalo acabou, enquanto voltamos para sala.

—Aliás, ainda vai ter outro intervalo.

—Como!?

—As aulas vão até as 5 da tarde, tem educação física hoje também, conseguiu um uniforme para isso também?

—Não...

—Boa sorte conseguindo, peça para Jestiv, talvez ela tenha um reserva.

E com isso, o dia na escola passou, tudo da forma mais divertida possível.

Como esperava, saímos nós 3, ninguém iria notar que aquela aluna misteriosa, aparentemente da América, que não sabia falar alemão, tinha invadido a escola no meio de uma viagem.

Depois de tudo isso, devia ser hora de acabarmos a diversão.

Atriz

Dia 8 de novembro.

—Esse adeus não vai durar quase nada em.

—Felizmente.

Rots estava prestes a pegar o seu avião, estar do lado de fora era pior do que lembrava.

—Foi um bom tempo Yuki, você vai aparecer no esconderijo de novo, certo?

—É claro Bomil, se não fosse... seria o maior crime que já cometi.

—Obrigado por nos ajudar no dia das bruxas, não tive tempo de falar isso, mas é verdade que nenhuma tática minha teria nos salvado daquilo.

—Não precisa ser modesto Leich, claro que teria servido, só precisava de mais um tempo.

—Correto... agora pode ir, não tenho mais nada para falar que não possa esperar mais um mês.

—Nem eu.

—Nenhum de nós.

Ela entrou no avião, repeti seu gesto e acenei até saímos de vista.

Assim que isso aconteceu, Bomil pareceu ter perdido o equilíbrio repentinamente.

Segurei ela em reflexo.

—Perdão por ter feito isso, ela não podia me ver.

Novamente, aquele monstro disfarçado de pessoa apareceu.

Meu corpo inteiro entrou num pico de energia, só existia uma opção quando ele aparecia, essa é a de fugir, o mais rápido e o mais longe possível.

—Não me ignore, nem todos os problemas do mundo podem ser resolvidos se você apenas fugir. Ainda mais quando se trata do destino, não diria que ninguém pode escapar dele, mas você está fora da lista dessas pessoas que o desafiam.

—Quem você acha que é...?

—Não acho, tenho certeza, estou sempre correto quando se trata de mim mesmo. Portanto aceite seu destino, assim que o alcança, vai entender como sua forma de viver agora é insignificante, você sabe que o doutor ainda vai tentar matar vocês todos, não é? Isso não é uma revelação, era óbvio para você desde o verão.

—INCORRETO! O professor era uma pessoa boa, diferente de você, diferente de mim! Ele está caminhando no caminho absolutamente certo, são aquelas sombras os maus, ele não conhecia as sombras, nada do que eles fizeram era culpa dele.

—É bom ser jovem, acreditar no bem e mal absolutos. Não digo que esteja errado, a sua visão é apenas um pouco errada. Diria que 1%.

—Não tenho nada a mais para dizer.

Carreguei Bomil para o quão longe podia.

Fugi daquele monstro, fugi do meu destino, fugi daquela realidade.

Se não o fizesse, ela não mudaria, ela me engoliria de uma única vez, fugindo, ao mínimo tinha ainda a esperança de mudar algo, essa pequena chama me deixaria continuar lutando.

Calendário

Assim os dias se passaram.

Dia 23 de novembro.

Nesse dia tomei um tempo checar fóruns de ocultismo, já pensando em qual mistérios resolveríamos no inverno, então...

Pessoas desapareceram, houveram sequestros em cidades da França.

Olhando os nomes, elas pareciam ir de Saint Veran até o litoral ao sul.

Dia 27 de novembro.

Assim percebi pelos fóruns franceses, eles estavam muito agitados, claro, nem todas aquelas histórias deviam ser verdadeiras, porém o que aprendi com a agência é, onde há fumaça, há fogo.

Dia 30 de novembro.

As aulas acabaram, iria para a mesma cidade dos últimos 3 anos.

“Precisamos ter outra conversa”

Golpista

Dia 1 de dezembro.

Estávamos com as roupas certas para o inverno, a neve caiu sobre toda a cidade.

Tinha várias pessoas para acharmos antes de fazer a reunião de retorno da agência.

Primeiro que achei foi...

—Boa noite.

—Boa tarde —“Dravo...”

—Incorreto. Você não pode responder assim. O sol já se pôs, não dá para vê-lo mesmo do observatório, é absolutamente noite.

—No entanto, dizer isso seria quase como falar que nosso dia já terminou, porém acabamos de chegar e nós temos muito para fazer hoje, não é Fils?

—Você está certo em dizer isso, porém ainda há o dia de amanhã para fazermos algo, nossas vidas não vão terminar hoje, ainda são... acabou de dar 8 em ponto. Aliás, mesmo se nossas vidas terminassem hoje, o que justificaria responder assim?

—Pois se disser boa noite, iremos deixar nossa agência de lado, não apenas a RAIN, nossas vontades em si. Por isso preciso dizer boa tarde, só assim posso garantir a sobrevivência da nossa agência.

—Incorreto. As duas coisas não têm conexão alguma.

—Eu juro... por essa neve que nos rodeia!

—Recuso, há neve assim por todo o mundo, essa não tem nada de especial.

Ele se abaixou, pegou um pouco de neve.

E jogou no meu rosto.

—Aceito esse juramento.

—Já estou indo ao esconderijo.

—Obrigado.

Neurológa

A segunda a ser encontrada era Arc Soutien.

—Arc! Finalmente te achei, preciso que vá logo ao esconderijo.

—Hum, sinto que você mudou um pouco nesse tempo, não foi?

—Apenas um pouco, acho que tive de confrontar algumas coisas complicadas e só isso poderia ter me feito aprender o que aprendi.

—Não preciso perguntar o que aprendeu. Já sei que foi construtivo.

—Obrigado pelo o que você fez por mim no verão, Arc-sama, se me permite.

—Na próxima, use meu nome de verdade e talvez me sinta um pouco respeitada.

—Está certo... vá para o esconderijo, a reunião vai começar quando todos estiverem lá.

—De imediato!

Mestra

E mais uma, Yuki Rots.

—Te achei, foi só um mês, mas nem parece que nos vimos.

—Sentiu minha falta tanto assim? Fico lisonjeada.

—Hum, sem essa e dessa vez nem tenho papo para jogar fora, vá para o esconderijo da RAIN. A reunião vai começar.

—De novo, você sempre foi um pouco apressado de mais, não que isso seja ruim. Hahaha...

Exploração

Após vários meses, a RAIN se encontrou novamente para suas férias de inverno.

Todos estavam lá.

—Aqui estamos de novo, já começando com o importante, algum de vocês tem um mistério para esse inverno? Um bem assustador de preferência —Comecei a reunião.

De volta ao esconderijo abaixo da terra, escuro, quente mesmo naquele inverno. O que ocorreria naquele esconderijo era muito mais do que o mesmo valia, ao menos assim vejo.

—Tenho uma ideia —Yuki olhou para mim— É sobre...

Independente de qual mistério ela iria propor ali, não importava, pois o que recaiu sobre nós foi o peso do que não resolvemos, da negligência que cometemos e o gatilho para nosso futuro.

Vi um brilho em vermelho entre as caixas a qual usávamos de cadeiras, como um fanático por teorias da conspiração, a utilidade daquilo era óbvia para mim.

Era uma bomba.

“Uma explosão... é assim que eles vão nos matar. Sabemos demais, somos perigosos para eles”

Joguei Bomil para longe, corri.

“Só uma pessoa podia dar essa ordem, o doutor o fez”

Dei um pulo.

“Aquele homem que selou meus lábios e fez Bomil perder a consciência num instante, fui, fui... tolo. Era óbvio que ele estava certo, agora a única coisa que posso fazer...”

PULEM!

“É morrer por eles, irei escapar desse destino”

Pulei em cima da bomba, ela estava bem abaixo do meu abdômen, todos os fragmentos seriam parados pelo meu corpo.

Em apenas um segundo, meu peito foi perfurado por todos aqueles fragmentos, partes do meu corpo voaram e se prenderam pelo teto e pelas paredes.

“Nem aquela cura do futuro poderia fazer algo sobre isso... já não sinto dor, não vejo nada... estou morto”

Devia ter morrido ali, mas as vezes...

Milagres podem ocorrer.

Corda

Estava num canto escuro, numa sala rodeada de paredes pretas, só eu mesmo e meu corpo estavam lá, em perfeito estado, minhas memórias estavam vagas, fora de lugar.

Só sabia quem era, mas nada das últimas horas, dias, talvez meses.

—Você...

Uma criatura olhou para mim, essa, só de olhar sabia quem era.

A morte.

—Olá... por que estou aqui?

—Para voltar à vida.

—Sim... talvez ver você realmente não seja um bom sinal.

—Vamos logo aos negócios.

Um longo estralo ecoou por toda a sala, infinitamente.

O som acendeu vários focos de um brilho azul flamejante, os quais pude entender, eram almas.

Eram inúmeras, dezenas por coluna, centenas de filas, estava além do que podia contar apenas por observação.

—Escolha. Uma dessas é a sua alma, caso escolha a sua, voltará a viver, do contrário, sua morte será definitiva.

—Não deve adiantar discutir...

Olhei ao redor, passei por cada coluna, esperando que uma dessas me chamasse a atenção, porém aquilo não funcionava.

—Tem certeza que a minha está aqui?

—Sim.

—Hum...

“Portanto... qual...? ”

—Você tem todo o tempo do mundo. Não se apresse —A voz da morte era calma, não tinha rispidez, era leve, porém afiada.

—Obrigado.

Olhei em detalhes cada uma das almas.

O fogo não ardia de verdade, apenas incomodava um pouco.

Continuei dando voltas, olhando uma por uma.

Passei o que parecia dias para olhar tudo, semanas então, por fim meses.

E não encontrei, nenhuma delas parecia diferente.

—Só tenho uma chance, não é?

—Correto.

—Minha última pergunta, nesse mundo, posso morrer novamente, digo, este corpo pode morrer?

—Mesmo que morra, ainda poderá se mover com ele, estamos além das regras do seu mundo.

—Ótimo.

Fiz uma garra com minhas mãos.

Enfiei ela no meu peito.

“É, quase não sinto dor”

De lá, arranquei algo, parecia meu coração, porém não pulsava, em vez disso, minha mão queimou.

Arranquei o que havia ali.

—Aqui está. Essa é a minha alma.

—Muito bem, pode voltar.


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