For Grissom escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 9
Prontos para dizerem adeus?


Notas iniciais do capítulo

Fala, galera, cheguei atrasadíssima com mais um capítulo! Tô quase mudando meu nick pra Delay das Estrelas, mas vamo que vamo. Obrigada a todos pela paciência!! Curtam mais um capítulo com título polêmicoooo



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— Você está bem? — perguntou Sara ao ver o namorado um tanto avoado.  

Deitados à cama para assistir a um filme, Grissom parecia não se demonstrar afetado pelos acontecimentos daquele dia de trabalho. Passou por um perrengue horas atrás. Prestes a encerrar um caso, acompanhado de Brass num mandado de prisão e motivado a resolver aquilo de uma vez, Grissom encarou um revés inesperado. Ficou sob a mira do revólver de um criminoso perturbado que não hesitou anteriormente e matou duas pessoas, resultando no caso de Grissom. Não era a primeira vez que o supervisor se viu daquele jeito e não seria a última, porém, diferente das circunstâncias anteriores, o homem que segurava a arma não apresentava lampejos de hesitação. Seria apenas uma questão de tempo para puxar o gatilho. 

Por sorte, Brass e os outros oficiais conseguiram contornar a situação e o assassino foi contido, levando dois tiros e conduzido ao hospital logo depois. Grissom não se feriu, todavia recebeu uma chamada severa do policial, que sendo seu amigo ainda por cima, acusou o supervisor de agir imprudentemente. 

Ao ser questionado pela namorada, Grissom se virou para ela e arqueou ligeiramente as sobrancelhas parecendo intrigado. 

— Você não comentou muito sobre o que aconteceu. Quer falar sobre isso? — Ela perguntou. 

— Não há muito o que dizer — respondeu serenamente. — De repente me vi sob a mira de uma arma e minutos depois o suspeito foi contido. Foi algo rápido. — Ele explicou. 

— E não sentiu medo? 

Grissom arqueou a sobrancelha novamente. Após isso olhou para frente, trazendo a si a memória de horas atrás. 

— Não sei se o que posso dizer foi medo... Apenas sabia que aquilo iria terminar ali. Acho que... não tive tempo de pensar em ter medo. 

Ouvindo aquilo Sara fez um gesto negativo com a cabeça. No começo não escondeu o incômodo por saber da notícia da boca do policial em vez do supervisor, porém se conteve quando se pôs em seu lugar e imaginou a pressão que deve ter sentido. 

— Ainda quer continuar a trabalhar sem uma arma, Gil? — Sara se virou para ficar frente a ele e, carinhosamente, deslizou a mão sobre seu braço. 

— Me sinto melhor assim. — Ele respondeu sem hesitar. — Se volto a carregar uma arma haverá um momento em que vou ter de usá-la. E não sei no que isso pode resultar.  

Grissom nunca tirou uma vida sequer. Não imaginava a si mesmo trazendo consigo um revólver ou uma pistola novamente e ter que atirar em alguém, ainda numa circunstância pela qual passou. Então tentou se imaginar horas atrás quando o suspeito apontou arma para sua cabeça, criando uma narrativa na qual ele mesmo também apontasse uma arma para o suspeito. A cena poderia terminar numa tragédia ou numa marca da qual Grissom não iria se esquecer tão facilmente. 

— Você me deu um susto — desabafou Sara quando percebeu a oportunidade. — Quando soube pelo Brass eu quis na mesma hora confrontar você lá na sua sala. — Ela disse sorrindo, mas com um fundo de verdade no meio disso. 

Equilibrar trabalho e vida pessoal, ou melhor, relacionamento pessoal era algo novo para o supervisor, apesar da idade. De vez em quando se deixava escapar o fato de que tinha uma namorada, e ao mesmo tempo, colega de trabalho. Na maior parte do tempo Grissom se fechava para os outros e às vezes até mesmo para ela. 

— Me desculpe. — Ele declarou em voz baixa, percebendo finalmente a dimensão do que passou. — Não foi minha intenção te deixar preocupada. 

— Eu sei. — Sara aproveitou para ficar mais próxima dele. — Mas imagina só se algo grave tivesse acontecido e eu soubesse apenas horas depois. 

O supervisor apenas assentiu e de olhar baixo respirou fundo. O arrependimento lhe falou alto. 

— Acha que eu tô pronta para dizer adeus? 

Aquela pergunta o fez se virar para ela na mesma hora. Uma frase que ficou guardada em sua memória como num filme. O coração palpitou de surpresa e o homem ficou sem reação. Não sabia se sorria ou se lhe mostrava uma feição de arrependimento. 

Sara passou a mão por seu rosto e em resposta Grissom fechou os olhos. Ele adorava sentir o toque de sua pele quente e aconchegante. Era sua âncora que o mantinha firme no mar aberto. Seu lar. A única pessoa que compreendia sua forma de enxergar o mundo. 

Ela veio a beijar seus lábios com afeição e depois acariciou o canto de sua face mais uma vez. Grissom não esboçava reação porque se via encantado pela mulher ao seu lado. 

— Prometa que não vai mais me assustar desse jeito. Ok? 

— Eu... — O supervisor sorriu por um instante. — Não posso prometer algo assim. 

A CSI fez uma careta para que ele deixasse suas respostas abertas de lado desta vez. 

— Tome cuidado ao menos. Está bom para você? 

Grissom não se conteve e sorriu novamente. Sentia-se cada vez mais querido por ouvir frases como aquela e cada vez mais apaixonado por sua namorada e colega de trabalho. Melhor amiga, ainda por cima. 

— Está bem. 

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Armado ou não, nada preparou o supervisor para o que veio anos depois. Ninguém poderia imaginar que o crime aconteceria num momento fora do trabalho, no momento em que a guarda era baixa, havia pouca preocupação. Coincidência ou não outro incidente ocorreu justamente com Sara. Foi pega de surpresa pela assassina das miniaturas e se viu entre a vida e a morte debaixo daquele carro e depois em pleno deserto. Pegos de surpresa numa hora que ninguém esperava. Ironicamente, após o sequestro de Sara, o supervisor se dedicou quase de modo exagerado em prezar pelo bem-estar de sua namorada. Uma preocupação excessiva que precisou ser conversada. Grissom pensou tanto em cuidar de Sara que acabou se esquecendo de olhar por si mesmo. 

Todavia, diferente da serial killer, o agora ex sub-xerife deveria ser, teoricamente, alguém de confiança; não o homem mais honesto do mundo, mas ao menos carregar consigo um pingo de integridade junto daquele distintivo. Mais uma vez foram surpreendidos no momento em que ninguém duvidaria ou teria suspeitas. 

—|- 

Sara retornou ao Memorial já que não conseguia pregar os olhos deitada numa cama. A casa lhe trazia boas memórias, porém não era o suficiente. Havia uma falta que ambiente nenhum iria suprir senão a presença dele. A casa era pequena demais para a ansiedade do tamanho do mundo. Seu corpo lhe pregava peças e mais peças e o desejado repouso não chegava. A qualquer momento poderia ter notícias do resultado da cirurgia do noivo. 

A decisão foi tomada em conjunto entre ela, Catherine e Brass, porém a palavra final veio da ex-CSI, ainda que oficialmente o detentor deste direito fosse o detetive. Recomendada a voltar para casa e dormir um pouco enquanto o procedimento era realizado, Sara não passou 4 horas inteiras sobre a cama. Acordava em intervalos irregulares e às vezes mal completava um ciclo do sono. Tomada pela insônia, Sara resolveu que ficar no hospital fosse a melhor opção. Então assim o fez. 

Sem noção de quanto tempo receberia alguma notícia, ela abriu mão do café e resolveu aguardar numa sala de espera; quem sabe o sono não lhe fizesse uma visita e proporcionasse um pouco de descanso. Seu maior desejo era despertar com a notícia de que a cirurgia se encaminhou bem e que em poucas semanas Grissom já estivesse acordado, perto de voltar para casa. 

Mas ela sabia que a realidade e o futuro eram incógnitas. 

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Trabalhando junto de Greg, Nick pegou o caso de Catherine para que ela fosse ao Memorial. Ao retornar, praticamente um hora depois, a supervisora assistente os deixou atuando juntos para que o trabalho não fosse interrompido novamente. 

— Soube que a audiência do McKeen é hoje ou amanhã — falou o CSI Stokes enquanto os dois analisavam evidências na sala do layout. 

— O quanto antes melhor. — Ela respondeu sem tirar os olhos da evidência.  

— Se depender de mim aquele desgraçado não sai de lá — comentou ele. 

Greg teve de sair por um instante. O momento foi a oportunidade de Catherine buscar entender o que se passava na mente do subordinado. 

— Você queria ter atirado nele, não é, Nick? 

Surpreso, o homem parou o que estava fazendo e encarou a superior com certo espanto. De repente ela veio com uma pergunta certeira, que permeava os pensamentos do CSI por um bom tempo desde que McKeen foi preso. 

— Quem não queria? 

A mulher riu. 

— Eu fico aliviada que você não tenha se deixado levar ou iria se igualar a ele. 

Só de pensar naquilo um calafrio percorreu a espinha de Stokes. Querer atirar em McKeen e terminar o trabalho ele queria, sim. Todavia Nick era um homem ético e seu senso de justiça falou mais alto naquela hora. De cabeça quente, se arrependeu de ter cogitado puxar o gatilho ao mesmo tempo em que se arrependeu de não tê-lo feito. 

— E o Grissom? 

— Sem notícias. Ainda está na cirurgia. 

— Se o Gil não conseguir... — Nick fez uma pausa para continuar. Ele cerrou o punho direito e se segurou para não extrapolar — A agulha vai ser muito pouco pro McKeen. 

— Um pouco de fé ajuda nessas horas, Nicky. — Mesmo delicadamente, Catherine lhe chamou a atenção. 

— Metade do que eu tenho pensado tem sido na recuperação do Grissom, Cath. — Ele argumentou. 

— Tá. Só que você tem que ter cuidado. — A mulher o alertou novamente. — Se dedicar boa parte do seu dia pensando nisso vai se deixar levar, Nick. E você sabe que isso não é bom. 

Falar era fácil. Catherine se portava do jeito que o seu cargo pedia, mas seus pensamentos seguiam quase o mesmo caminho dos de Nick. Quem da equipe não pensou em pagar com a mesma moeda no ex sub-xerife? O pessoal do turno da noite era tratado que nem família e o ocorrido com Grissom foi como ter um parente querido atacado. McKeen não ganhou apenas desafetos no laboratório, como ganhou diversos olhares agressivos na própria Corporação. Seu nome virou objeto de desgraça, daqueles que até de ser citado era motivo de repulsa. 

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— E então, nada? — Warrick segurando-se para frear a ansiedade na voz. — Tá, ok... Me liga quando tiver notícias dele. 

Na sala de interrogatório, Warrick, junto de um oficial obteve a confissão da suspeita após ter apresentado provas concretas de seu crime. A mulher foi presa e retirada da sala junto de seu advogado, deixando apenas os dois peritos por ali. Warrick esperou que os outros fossem embora para com Sara e pedir resposta.  

Um minuto e meio se passou mais ou menos e então Greg entrou na sala, vendo que o interrogatório havia terminado. 

— O que ela disse — perguntou o CSI mais jovem. 

— O Gil ainda tá na cirurgia — replicou ele. — Sem previsão de quando vai acabar. Talvez daqui a algumas horas. 

— Não tem uma pessoa aqui que não esteja mandando boas energias a ele. — O perito falou, tentando arranjar algum motivo para ter esperança. 

— Eu realmente espero que isso funcione, Greg. — Ele fez um movimento negativo com a cabeça a lamentar. 

Grissom era a alma daquele laboratório para alguns, mesmo que não fosse o mais popular entre os empregados ou o mais carismático. Sem ele o ambiente de trabalho permanecia um tanto inóspito. Não havia o semblante sério e focado em seu próprio mundo; seu caminhar preciso e seus momentos dos quais ficava concentrado demais para prestar atenção em quem o chamava. Muita gente, ao menos por uma vez, já teve algo a agradecer ao supervisor. 

— Realmente espero.  

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E as horas foram passando. Duas e dezessete da tarde, parte da equipe do turno da noite continuava a trabalhar no laboratório para estender as horas enquanto outros voltaram para casa. Greg, um dos que voltou para descansar, seguiu para o Memorial em busca de informações sobre a cirurgia. Ansioso, não pensou em retornar à sua casa até saber de alguma novidade. Chegando lá encontrou Sara, que há pouco chegou até lá após almoçar em um restaurante próximo. 

Sara acabou cochilando por algumas horas até acordar, procurar por respostas não obtê-las. Sentindo fome acabou saindo para comer alguma coisa. Mal saboreou o almoço direito, ansiedade lhe falava mais alto, principalmente quando olhava para a tela apagada do celular em cima da mesa. Nenhuma novidade. Quando voltou Sara tratou de buscar informações novamente. Perdeu as contas de quantas vezes solicitava novidades sobre a cirurgia de Grissom. Uma agonia sem fim. Ao notar Greg quase frente a ela a mulher tomou um breve susto. Ela o convidou para lhe fazer companhia enquanto aguardavam, bom para ambos ter alguém próximo para conversar. 

— Califórnia tem feito bem a você. Até pegou uma corzinha. — Greg brincou, fazendo-a sorrir por um instante. 

— Pra alguém que mal trabalhava com a luz do sol direito... — Ela replicou no mesmo tom. 

— É bom te ver aqui, mesmo que não seja num bom momento. — O CSI se inclinou para a frente e baixou a cabeça. Alguns segundos se passaram e Greg voltou à posição original. — Como tem estado lá? 

Mesmo tentando camuflar, Sara notava certa melancolia na voz de Greg. Não sabia se era por causa de Grissom ou por sua saída do trabalho, consequentemente seu regresso à Califórnia. 

— Bem — respondeu sem dar muita ênfase ou desdém. — O trabalho novo foi um desafio no começo... mas eu gosto de desafios. Até me pediram que voltasse para a perícia de São Francisco quando retornei, só que eu preferi encarar outros caminhos. 

— Eles têm sorte de ter você. — Greg sorriu para ela. 

— Hum. E você? 

— Estou bem por aqui. Me especializando para tentar ganhar uma promoção. 

— Fico feliz por ouvir isso, Greg. — Amigavelmente, Sara encostou a cabeça em seu ombro. 

— Aprendi muito com você e com os outros — comentou agradecido.  

— Tenho certeza que parou de dar trabalho ao Gil. — Ainda apoiada em seu ombro a ex-CSI caçoou, rindo logo em seguida. 

— Isso aí eu... não posso te dar certeza. 

A resposta causou uma onda de riso entre os dois.  

— Espera. Não devia estar em Los Angeles por causa do seu livro? — Lembrando-se do projeto que Greg contara anteriormente, Sara ficou espantada de repente. 

— É... — Ele tocou na nuca por mania. — Eu cancelei o encontro com as editoras. Deixei pra outro dia, quem sabe. — O jovem CSI deu de ombros. 

— Mas, Greg... Era uma ótima oportunidade para você. — Sara o questionou ainda sem entender. 

— Tenho outras prioridades. — Greg apontou em direção ao interior do hospital. — Não tinha como eu pegar um voo com o Gil nesta situação.  

— Sabe que se ele tivesse acordado ele iria te despachar, não sabe?  

— É, eu sei. 

Os dois não seguraram o riso e voltaram a gargalhar. Não tanto por causa do local, mas o suficiente para se distraírem e espantarem os fantasmas do presente. 

— Obrigada por ficar aqui — desabafou. 

— Vai dar tudo certo, Sara. 

Notando que suas palavras pareciam não ser suficientes, Greg abraçou a amiga com força. De forma alguma ela rejeitou o gesto, deixando uma lágrima escapar por emoção. Sara precisava muito de um abraço acolhedor e Greg chegou na hora certa. Por um momento chegou a se lembrar do episódio ocorrido com ele, quando foi linchado quase até a morte. Aquilo abateu a equipe, mas não os fez desanimar. A fé de que Greg ficaria bem sempre esteve por perto. 

Mais ou menos quatro minutos se passaram após o abraço entre os dois quando ao longe uma figura surgiu dentre outras: o cirurgião responsável por Grissom. Ninguém precisava adivinhar se ele viria na direção deles para lhes dar uma resposta, foi isso mesmo que aconteceu. 

Sara se ergueu assim que viu o cirurgião próximo; Greg fez o mesmo em seguida. Olhares e posturas tensas, a mão começava a suar e a feição do médico não indicava boa ou má notícia. Foram segundos longos, como se mundo estivesse rodando em câmera lenta. 

— Senhorita Sidle, boa tarde — falou o doutor ao cumprimentá-la e a Greg. — Terminamos a cirurgia agora há pouco — informou o cirurgião, apontando para trás. — Vim direto para cá dar a notícia. Foi um sucesso! 

O semblante de Greg e Sara mudaram da água para o vinho em poucos instantes. Um sorriso de alívio e felicidade moldou seus rostos e o grito ficou entalado na garganta. Muito por emoção e pelo respeito ao local onde estavam. O tipo de emoção que não cabia no corpo, que os consumia por completo. Poucas palavras foram necessárias para lavar-lhes a alma. 

Apesar do estado grave e da cirurgia que poderia não terminar bem, Grissom sobreviveu. Era tudo o que importava para eles. 

 

 


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Notas finais do capítulo

É isso, o Gil não morreu dessa vez kkkkk desculpem o trocadilho e não desistam de mimmmmm

Desculpa se eu enganei alguém com o começo do capítulo, era só um flashback mesmo jkjaksjaksa

Mais uma etapa que deu tudo certo. O Grissom foi firme e resistiu à cirurgia de alto risco, vitória, claro para todo mundo. Agora o que resta a todos é torcer para que ele se recupere e volte. Vamos lembrar que ele ainda tá num estado delicado e havia toda uma incerteza por conta desse procedimento.

Muito obrigada a todos que leram!!! Um beijão e até o próximo capítulo!!!



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